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domingo, 18 de setembro de 2011

Braço de ferro: endinheirados contra a fila teimosa do SUS

A mídia do dinheiro garante que o governo desistiu. Não vai mais taxar bancos, operações financeiras, ricaços, iates, helicópteros, jatinhos (isentos de IPVA). A presidenta Dilma, asseveram os porta-vozes impressos da plutocracia, não quer o risco de um desgaste em ano eleitoral.

A mídia que derrubou a CPMF e subtraiu R$ 40 bilhões da saúde pública (sim, uma parte era criminosamente desviada para pagar juros da dívida pública) comunica que o governo decidiu ressuscitar a lenga-lenga do ‘fazer mais com menos'. Nada contra a eficiência do gasto público. Ao contrário. A dúvida é se no caso da saúde já não é isso que acontece até o limite do suportável quando se dispensa ao brasileiro um gasto per capita sete vezes inferior ao disponível pelos franceses, por exemplo. Estamos falando da média.

O deserto real é um pouco pior: apenas 42% daquilo que o país gasta com saúde tem origem e destino público. Sai do governo e chega na fila do SUS, que atende mais de 75% da população. Outros 58% do gasto com saúde contemplam estritamente os 25% de brasileiros que tem plano de saúde e atendimento particular.

Em países onde a saúde é um direito universal, de fato, o gasto do governo representa 75% do investimento no setor. Mas o jornalismo do dinheiro diz que o governo do PT, para não se desgastar, decidiu ‘fazer mais com menos' numa área em que se concentra a principal queixa contra a qualidade do serviço público. Nada mais falso do que opor as urnas à justiça tributária e social.

A União investe apenas 1,8% do PIB em saúde (o restante da fatia pública vem dos estados e municípios). O articulista de Carta Maior, Amir Khair, informa que nos últimos 12 meses até julho o gasto do país com juro da dívida pública atingiu R$ 225 bilhões: 5,7% do PIB. Como o superávit primário deve ficar em 3,2% do PIB até dezembro, restará ainda um rombo equivalente a 2,5% do PIB.

A diferença, maior do que o gasto com saúde, vai engordar a dívida em 2012. Em coluna publicada nesta página, o economista João Sicsu, do Instituto de Economia do RJ, lembra que mais de 47% da carga tributária brasileira (a tal ‘carga insuportável' de 35%, em nome da qual a coalizão demotucana extingiu a CPMF) advém do "consumo", que pesa sobretudo na renda dos mais pobres.

E que menos de 5% dela advém de "transações financeiras" e da "propriedade". Resta assim a dúvida: taxar o privilégio desgasta mais do que assumir o ônus de operar um sistema público de saúde com um déficit de financiamento de R$ 30 bi? Com a palavra, a fila teimosa do SUS.
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Fonte: Carta Maior

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