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sábado, 29 de novembro de 2014

A puta com doutorado

Um comentário:
Adaptado de um conto do cineasta Woody Allen, de quem estou na condição de fã irretratável, aqui vai uma historinha dele parodiada para solo brasileiro. Woody não ficará chateado de semiplagiá-lo descaradamente, inclusive porque ele também plagiou a seu jeito os irmãos Marx.

A PUTA COM DOUTORADO

Uma coisa que todo detetive particular deve aprender é acreditar nos próprios palpites. Assim, quando um sujeito divertidamente panaca, chamado Weverton Fallstaff adentrou meu escritório e pôs sua história na mesa, eu devia ter prestado atenção no calafrio que me percorreu a espinha.

- Max, ele perguntou, Max Pine?
- É o que diz na minha licença, respondi.
- Você tem que me ajudar! Estou sendo chantageado. Por favor!

Estava tremendo mais que as banhas de uma gorda de 200 quilos dançando a dança do ventre. Passei-lhe um copo sujo e uma garrafa de Natu Nobilis que deixo à mão para fins não-medicinais.

- Que tal se você relaxar e me der o serviço? Me conte tudo.
- Promete que... que não conta à minha mulher?
- Sou legal. Mas não posso fazer promessas, Fallstaff.

Tentou servir-se de uma dose, mas podia-se ouvir o barulho da garrafa contra o copo do outro lado da rua. Acabou derramando o uísque no sapato.

- Sou contador. Fabrico contabilidades falsas para pelegos em sindicatos. Sou bom nisso, ninguém desconfia. Você sabe.
- Sei. E daí?
- Essas contabilidades falsificadas são muito apreciadas por diretorias de sindicatos pelegos. Mas também pelas que se dizem radicais de esquerda. Até em sindicatos de universidades...
- Não enrole, vá logo ao assunto.
- Bem, o fato é que vivo viajando. Sinto-me só. Oh, nada do que você está pensando. Sabe, Max, no fundo eu sou um intelectual. Claro, um sujeito pode ter todas as bundas que quiser. Mas uma mulher inteligente, ah, isso é difícil de encontrar!
- Continue.
- Pois é. Aí ouvir falar de uma garota. Dezoito anos. Estudante da PUC. Por um certo preço ela sai com você e discute qualquer assunto – Marx, antropologia, Hannah Arendt, até Olavo de Carvalho. Troca de idéias entre dois adultos. Já viu aonde estou querendo chegar?
- Ainda não.
- Quero dizer, minha mulher é bacana, não me entenda mal. Mas jamais discutiria Caio Prado Jr. comigo. Nem Gilberto Freyre. Eu não sabia disso quando nos casamos. Sabe, preciso de uma mulher que me estimule intelectualmente, Max. E não me importo de pagar por isto. Não quero me envolver, quero só uma rápida experiência intelectual, e depois que a moça se mande. Porra, Max, sou feliz no casamento!
- Há quanto tempo isto vem acontecendo?, indaguei.
- Desde 2008. Quando estou muito a fim, telefono para Valerie. É uma cafetina com pós-graduação em literatura comparada. Aí ela me manda uma socióloga ou coisa assim. Entendeu?

Ele era um daqueles caras com um fraco pelas intelectuais. Senti pena do otário. Imaginei que devia haver bandos de trouxas como ele, ansiando por um pequeno intercâmbio cultural com o sexo oposto, dispostos a gastar uma nota.

- E agora ela está ameaçando contar tudo à minha mulher, disse o aflito Weverton.
- Quem?
- Valerie. Grampeou o telefone do motel e gravou minhas conversas com a moça. Em algumas fitas, discuto “Raízes do Brasil” ou “Casa Grande e Senzala”, e às vezes cheguei a colocar alguns pontos fundamentais. Se eu não pagar 200 mil reais, ela ameaça contar tudo a Carla. Pine, você tem que me ajudar! Carla morreria se soubesse que não sou ligado no cérebro dela!



A velha jogada. Já tinha ouvido rumores de que o pessoal lá na delegacia estava atrás de uma quadrilha de fenomenologistas, mas pensei que fosse cascata.

- Ponha Valerie no telefone.
- O quê?
- Aceito o caso, Fallstaff, mas são 200 reais por dia, mais as despesas. Você vai ter de arranjar mais fregueses pra sua contabilidade manipulada.
- Não me importo, respondeu Fallstaff. Pegou meu telefone e teclou um número. Passou-me o aparelho. Pisquei-lhe um olho, estava começando a gostar dele.

Dali a pouco uma voz doce como creme Nutella atendeu e eu disse o que queria:

- Ouvi dizer que você pode me descolar uma gata com um bom papo.
- Claro, amor, respondeu Valerie. Qual a sua área de preferência?
- A fim de discutir um pouco de FHC.
- Meio fora de moda, não acha? “Teoria da dependência” ou ensaios mais curtos?
- Qual é a diferença?, perguntei.
- O preço. Os artigos mais recentes depois da ascensão do PT ao governo são por fora, naturalmente.
- Em quanto vou ter de morrer?
- 200, talvez 300 reais por “Teoria da Dependência”. Quer uma discussão comparativa – digamos, entre Cardoso e Celso Furtado? Posso arranjar isto por 200 reais.
- Falou, finalizei eu. E lhe dei o número de um quarto no Hotel Los Angeles.
- Quer loura ou morena?
- Surpreenda-me, respondi e desliguei.

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Fiz a barba e tomei um pouco de café, enquanto ouvia pelo rádio a transmissão de uma partida de curling. Menos de uma hora depois, bateram à porta. Abri e vi uma loira espremida num suéter como duas grandes bolas de sorvete numa única casquinha.

- Oi, meu nome é Christine!
Eles realmente sabiam como apelar para suas fantasias. Cabelos loiros curtos e lisos, bolsa de couro, broche de um sindicato de universidade, sem maquiagem.

- Não sei como não foi presa entrando no hotel vestida desse jeito!, disse eu. O detetive daqui conhece uma intelectual pelo cheiro.
- Molhei a mão dele antes de subir.
- Vamos começar?, convidei-a para o sofá.

Acendeu um cigarro e foi direto ao assunto.

- Acho que podemos considerar a burguesia brasileira como basicamente tendo se conformado ao papel de subordinada num sistema hegemonizado pelas grandes potências capitalistas.
- Hum, sim, interessante, mas não num sentido Werneckiano.
Eu estava absolutamente chutando adoidado, mas queria ver se ela mordia a isca.

- Não, “História nova do Brasil” não tem essa subestrutura de aceitação do imperialismo.

Ela caíra no meu golpe.

- É isso aí, é isso aí! Pô, Christine, você tem razão!, exclamei.
- Acho que FHC reafirmava as virtudes do imperialismo americano de ajudar os países em desenvolvimento de uma maneira nova, mas ao mesmo tempo sofisticada, não acha?, pontuou Christine.

Fui dando-lhe corda. Ela mal tinha 20 anos, mas já dominava muitos truques do pseudo-intelectual. Falava com extrema fluência, mas era tudo mecânico. Quando eu propunha um problema, forjava uma resposta:

- Oh, sim, Max! Claro, isso é muito profundo. A compreensão socialdemocrata da via para o desenvolvimento... como não pensei nisso antes?

Conversamos durante uma hora e então ela me disse que tinha de ir. Levantou-se e estendi-lhe duas notas de cem.

- Obrigada, amor.
- E há muito mais de onde saíram essas.
- O que quer dizer com isso?

Eu tinha aguçado a curiosidade dela. Sentou-se de novo.

- Digamos que eu quisesse... dar uma festinha?, arrisquei.
- Que espécie de festa?
- Suponhamos que eu quisesse que duas garotas me explicassem Florestan Fernandes?
- Upa-la-lá!
- Não, acho bom você esquecer o que eu disse.
- Não, não, tudo bem, mas terá de falar com Valerie, respondeu Christine. Vai te custar uma nota!

Tinha chegado a hora de apertar as arruelas. Mostrei-lhe minha insígnia de investigador e lhe disse que tinha sido uma cilada.

- O quê?
- Sou um tira, meu bem, e você não está numa boa. Discutir neoliberalismo por dinheiro está no Código Penal. Você pode pegar uns meses.
- Seu FDP!
- Acho melhor se explicar, querida. A menos que queira contar sua história para um crítico literário. E não creio que vá gostar.
Ela começou a chorar:

- Não me entregue, Max. Precisava da grana pra completar meu doutorado na PUC. Recusaram-me bolsa duas vezes. Oh, meu deus!

Vomitou tudo, a história inteira. Família grã-fina de Curitiba. Passava as férias com o pessoal da esquerda festiva do PSTU. Podia ser vista em todas as sessões dos cinemas de arte. Viciada em escrever “É isso aí!” nas postagens de Zé Maria no site do PSTU. Mas agora tinha dado um passo em falso.

- Eu precisava de dinheiro. Uma amiga minha falou de um sujeito casado com uma mulher não muito profunda. Ele era vidrado em Lênin, mas sua mulher não estava nem aí. Eu disse que topava, podia discutir Lênin com ele, mas não de graça. A princípio, fiquei nervosa. Tive de chutar de montão. Ele não se importou... Ai, se isto continuar, não sei como vai ser!

- Leve-me a Valerie.
- Valerie se faz passar por dona de livraria, disse ela mordendo o lábio.
- É?
- Como aqueles traficantes que vendem pasteis nos botecos em volta das universidades. Você vai ver.

Dei um rápido telefonema para a delegacia e disse a Christine para não sair da cidade. Ela recostou sua cabeça em meu ombro e me disse languidamente: “Posso conseguir umas fotos do Dalton Trevisan, se quiser”.

- Fica pra outra vez, lindinha.

Fui à tal livraria. O balconista, rapaz de olhos sensíveis, perguntou se desejava algum livro em particular.

- Estou procurando uma primeira edição de “A retreta”. Ouvi dizer que nem Ariovaldo Peralta tem mais um exemplar. Deu-o à sua quinta mulher, quando lhe faltou dinheiro para pagar a pensão.
- Terei de checar. Temos o número secreto do telefone de Peralta.
- Oh, nesse caso, não quer ir até os fundos?

Apertou um botão. Uma estante falsa abriu-se e entrei como um babaca naquele palácio do prazer, mais conhecido como Valerie’s.

Paredes cobertas de papel pintalgado de vermelho, decoração quase vitoriana. Bandos de moças com óculos de aros de tartaruga, estendidas em sofás, folheavam furiosamente livros da coleção “Primeiros Passos” da editora Brasiliense. Uma loura com um belo sorriso piscou para mim com ar provocante, apontou para um quarto no segundo andar e perguntou: “Vamos falar de David Harvey?”. Mas a coisa não se limitava a experiências intelectuais: as emocionais também estavam em estoque. Fiquei sabendo que, por cem reais, você poderia “estabelecer uma relação com envolvimento”. Por 200 reais, a garota lhe emprestaria sua coleção de Villa Lobos, sairia com você para jantar e depois o deixaria olhar enquanto ela tivesse um ataque de existencialismo. Por 250 pilas você ouviria clássicos em FM ao lado de gêmeas com doutorado em poesia provençal. O quente custava 500 reais: uma recém-formada em Psicologia fingiria apanhá-lo no Museu do Olho, envolver-se-ia com você numa discussão freudiana sobre o conceito de mulher, deixá-lo-ia ler sua tese de doutorado e até encenaria um suicídio – para alguns, a idéia de uma noite perfeita. Belo negócio, este. E que cidade esta, Curitiba!

- Está gostando?, perguntou uma voz atrás de mim.

Virei-me e me vi de cara com o cano de um 38. Aliás, o pior lado de um 38. Podem crer: sou duro na queda, mas confesso que desta vez quase tive um colapso. Claro que era Valerie. A voz era a mesma. Só que Valerie era um homem. Seu rosto estava escondido por uma máscara.

- Você não vai acreditar, disse Valerie, mas não tenho nem o ensino médio. Fui reprovado tantas vezes que dei no pé da escola.
- Essa é a razão da máscara?

- Bolei um plano complicado, com o qual eu me apossaria da revista Veja, mas teria de me passar por Diogo Mainardi. Fui ao Paraguai fazer uma plástica. Há um médico em Asunción que transforma qualquer pessoa em Diogo Mainardi. Claro que custa caro. Mas algo saiu errado. Ele me fez parecido com Merval Pereira, só que com a voz de Joyce Hasselmann. Foi então que me passei para o outro lado da lei.

Ele ia puxar o gatilho. Mas fui mais rápido e entrei em ação. Curvei-me para a frente e acertei seu queixo com meu cotovelo, agarrando o revólver quando ele o soltou. Valerie foi ao chão como uma tonelada de coca do helicóptero dos aecistas Perrelas. Ainda choramingava quando a polícia chegou.

- Bom trabalho, Max, disse o sargento Pereira. Quando terminarmos nosso interrogatório, acho que a PF quer ter uma conversinha com ele sobre o caso Banestado. Algo a respeito de umas privatizações a preço de banana nos tempos de FHC. Podem levá-lo, rapazes.

Naquela mesma noite, dei um telefonema para uma velha conta bancária em meu nome, chamada Maria do Rocio. Era morena. Também tinha se formado cum laude. Só que em educação física. Tive de mostrar-lhe meu diploma.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

EUA votam na ONU contra o “combate à glorificação do nazismo”

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Enquanto se multiplicam os protestos nos Estados Unidos contra a decisão do júri que livrou de julgamento o policial que matou o jovem negro Michael Brown, que já levou mais de 400 pessoas à cadeia na cidade de Ferguson, no estado sulista do Missouri, e em outras regiões dos Estados Unidos por protestar, a diplomacia acaba de marcar um “golaço” na luta contra o racismo.

Por Fernando Brito, no Blog Tijolaço

Gol contra, fique claro.

É que na sexta-feira a Assembléia Geral da ONU votou uma declaração “contrária à glorificação do nazismo e outras práticas que contribuem para alimentar formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância”.

O resultado, claro, foi de aprovação esmagadora: 126 votos a favor e três contrários, com 50 abstenções.

Os três votos contrários?

Estados Unidos, Canadá (que sempre o acompanha) e o pequeno arquipélago de Palau, na Oceania, que se declarou “estado associado” aos EUA, embora 99% dos americanos nem saibam da existência daquelas ilhotas paradisíacas, que só viraram notícia por causa de um relatório que a apontou como maior consumidora de maconha per capita do mundo.

Para quem duvidar, está aqui a folha de votação, no site das Nações Unidas.

É bom saber, para quem duvidou da matéria da BBC, de que por lá se pagam pensões a acusados de crimes de guerra na Alemanha.

É impressionante como o isolacionismo diplomático dos Estados Unidos só é comparável ao seu intervencionismo bélico.

Um país que deu milhares de vidas ao enfrentar a Alemanha nazista, que é presidido por um negro, que se constituiu com imigrantes do mundo inteiro e que tem décadas de avanço em reconhecimento dos direitos de orientação sexual, votar contra uma resolução destas?

É, nada para desagradar a cada vez mais forte direita interna e que atrapalhe o flerte com os movimentos neonazistas no Leste Europeu (Albânia, Bósnia, Bulgária, Ucrânia, República Checa, Eslovênia e Hungria, entre outros, se abstiveram).

Parece o PSDB com os “pró-ditadura” da [Avenida] Paulista.
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Fonte: Texto e ilustração do Tijolaço, em 27/11/2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Palácio Iguaçu sob cerco de professores

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Educadores organizados pela APP-Sindicato deram abraço simbólico na Assembleia Legislativa, na manhã desta quarta-feira (26), em Curitiba, lembrando a violência física contra manifestantes no último dia 4 de novembro. Foi o dia em que o governo Beto Richa (PSDB) repetiu o governo Álvaro Dias ao massacrar professores no Paraná.

Em seguida, profissionais do magistério se postaram em frente ao Palácio Iguaçu, sede do executivo estadual, simulando votação democrática em urna para escolha de diretor de escola. O governo pôs fim ao processo eleitoral, com a complacência da Assembleia, ao prorrogar o mandato dos diretores até 31 de dezembro de 2015 (clique aqui).

No começo do mês, o presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB), ordenou à segurança que desse uns sopapos nos professores que protestavam em favor da manutenção da eleição para diretor de escola. O tucano prometera, inclusive, condecorar os brutamontes pelo serviço.

As 2,1 mil escolas da rede pública do estado estão paralisadas hoje em virtude, também, de calotes do governo Beto Richa na categoria, que reivindica pagamento de avanços e progressões, melhoria no atendimento à saúde, etc.
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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Diferenças entre militontos e militantes pró-Dilma

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O militonto recebe as decisões da presidente da República e não admite qualquer crítica. Quem ousar fazê-lo, é aliado objetivo da direita.  O militante não vacila em apoiar o governo e defender a presidente, especialmente diante da escalada reacionária. Mas não abdica do direito e do dever de pensar com a própria cabeça, criticando o que lhe parece errado na estratégia adotada e concebendo essa atitude como indispensável na ação política.

Por Breno Altman, no site Opera Mundi

O militonto tudo explica e justifica através de um pacote fechado e imutável: a correlação de forças no parlamento. Serve como uma espécie de álibi para defender o governo de qualquer crítica por adotar políticas conciliatórias, mesmo as que podem ser um tiro no pé.

O militante encara com seriedade a tal correlação de forças, mas com o objetivo de alterá-la a favor da esquerda. Sabe que negociações e composições são inevitáveis, necessárias, mas deseja forçá-las ao limite.

O militonto ficou acostumado a pensar correlação de forças apenas ou principalmente como uma questão institucional, parlamentar. A mobilização social e a luta de massas não entram de verdade em seu cálculos como hipótese para pressionar as instituições desde seu exterior.

O militante não descuida da governabilidade institucional. Mas aprendeu, nesses doze anos e várias crises, que também é imprescindível a construção de governabilidade social. Sabe, a propósito, que as maiorias parlamentares de orientação progressista somente foram formadas, na história do Brasil, quando o povo organizado e mobilizado obrigou o Parlamento a dançar sua música.

O militonto costuma achar que divide a esquerda quem entra em desacordo com ações do governo. Não admite que, às vezes, pode ser o governo quem divida a esquerda com suas ações.

O militante quer a unidade da esquerda e das forças progressistas. Mas acha que a pedra angular desse processo vai além de apoiar ou não o governo: depende de um programa unificador e de uma estratégia de coalizão do campo popular.

O militonto acha que o passado fornece crédito infinito, no presente e no futuro. Por tudo o que foi feito, e definitivamente não é pouco, o governo deveria ser defendido incondicionalmente e qualquer crítica seria descabida por princípio.

O militante reivindica os enormes avanços promovidos pelo governo e se mobiliza para defendê-los, mas não acha que o passado basta para garantir o presente e o futuro, que devem ser discutidos sempre com espírito crítico e aberto.

O militonto é superlativo e hiperbólico em relação aos líderes do governo e do partido. Sua frase estruturante: “eles sabem o que fazem…”

O militante respeita e admira os chefes históricos da esquerda, mas a vida já ensinou que também são passíveis de erros e confusões. Considera, portanto, que os instrumentos coletivos são mais qualificados que as clarividências individuais e esses só podem ser construídos pelo debate franco e desabrido de todos os temas.

O militonto é governista e acha que isso basta para resolver todos os problemas.

O militante defende o governo contra a direita, mas busca ser um revolucionário, um lutador social, para quem governar é apenas parte, ainda que imprescindível, de um processo estratégico mais amplo, o da transformação do país.
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Fonte: texto e foto de Breno Altman, em 24/11/2014

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Nada de preces para Showtrick- Cap. 2

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Em Daytona Beach, litoral da Flórida, a temporada ainda não tinha começado. Menos para o casal que curtia e se espreguiçava diante das ondas do Atlântico no Regency.

Joey Axes, ex-lenhador, se impacienta com o celular zurrando em plena praia e se maldiz por não ter trocado aquele tom de chamada idiota. Por fim, atende.

- Marla?, pergunta Salvatore do outro lado.

- Não, é o Joey. O que você quer? Estamos curtindo um descanso aqui em Daytona.

- Desculpe atrapalhar, meus caros, mas vocês vão ter que dar uma chegadinha aqui em Orlando, na USCU. E logo.

- Urgente, assim? Tem certeza? Eu e Marla estamos aqui numa boa. Qual é o lance?

- Tem a ver com aquele terreno da USCU em Alafaya, vamos vender já. Prefiro não falar ao telefone os detalhes. Venham pra cá, já.

Joey disse um “OK” desanimado para Salvatore, desligou e se virou para Marla, que o olhava interrogativamente na espreguiçadeira ao lado.

- O chato do pelego do Salvatore, ele quer que a gente volte pra Orlando o quanto antes...

- Saco! - bufou Marla. O que estão aprontando desta vez?

Marla Weinstein Menganini - judia de Baltimore, morena de olhos verdes ou azuis conforme a incidência da luz, cuja pele não tão morena em Daytona Beach já dava mostras de certo excesso de exposição ao sol – posava como a intelectual da União dos Servidores. Formada em jornalismo e artes cênicas na Corners University, Marla tinha flertado com o marxismo acadêmico quando estudante, o que lhe granjeava certo destaque em discussões num meio sindical onde predominavam a mediocridade e o pragmatismo. A convivência com macacos velhos como Salvatore e Nelly, além do meio sonso Joey, seu companheiro, a estava tornando um tanto pragmática também.

- Vamos, Joey, nos livrar logo dessa chateação, atender Salvatore e ainda voltamos aqui pra esta delícia de praia, ordenou Marla, enquanto tirava a parte de cima do biquíni para convidar Joey a uma última diversão.

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- Precisamos desmembrar essa droga de terreno em Alafaya – disse Salvatore diante dos sonolentos Joey e Marla, que acabavam de chegar, bronzeados, na USCU. Sem isso nosso amigo do Box Bank de Alafaya não consegue o financiamento que facilitará para nosso laranja comprar aquele terreno.

- OK, e daí?, não entendo, aquela assembleia de otários da USCU em março mandou vender o bagulho, por que não podemos dar seguimento ao negócio? - indagou o sonso Joey.

- Porque o financiamento de 200 mil dólares pro trouxa de Alafaya é só para os componentes 4 e 5 do terreno todo, e só podemos financiar estas duas drogas se estiver tudo desmembrado em 12 lotes, seu panaca!

- Ainda não entendi - retrucou Joey.

- Não é pra entender - disse Nelly percebendo o olhar inteligente de Marla sobre seu ombro -, trata-se de inventarmos aqui um documento de retificação da assembleia dos otários da base feita em março passado, desmembrando essa droga de terreno nos seus 12 componentes! Sacou? Assinem aqui!

- Mas, então, Nelly, o Box Bank de Alafaya vai financiar somente os componentes 4 e 5 do terreno todo por 200 mil? E o resto, os outros dez lotes? - perguntou Marla.

- Venderemos tudo formalmente pelo valor de 250 mil dólares, é isso que informaremos a nossa contabilidade. Podem deixar que providenciaremos direitinho a escritura para o imóvel todo...

- Eu levo algum nisso? – indagou com um piscar de olhos um Joey de repente interessado.

- Olha, Joey, quem sabe... vamos ver – respondeu melifluamente Salvatore, soltando sua risadinha de Pato Donald.

Marla Menganini e o sonso Joey assinaram um documento chamado “Termo de Retificação”. Sabiam que aquilo era uma reinterpretação da decisão de uma assembleia de duas centenas de filiados da USCU feita meses antes, mas naquele momento seus interesses estavam mais voltados para as areias voluptuosas de Daytona Beach. O que não dimensionavam completamente é que se tratava de um endosso de cumplicidade na maracutaia que Salvatore e Nelly estavam armando.
[CONTINUA...]

sábado, 22 de novembro de 2014

Oposição vence eleição do DCE-UFPR

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Em 18 e 19 de novembro cerca de 3.100 estudantes da UFPR votaram para a nova direção do Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFPR) gestão 2015.  A apuração somente ocorreu em 20/11, revelando vitória da chapa de oposição intitulada "Quem tá passando é o bonde", com 1.674 votos.  Depois de um racha dentro da atual diretoria do DCE, a chapa que remanesceu como de situação foi a "Me organizando posso desorganizar", que colheu 1.313 votos.  O quadro de votação está abaixo (clique na figura para ampliar):

Em 2016, no segundo semestre, haverá eleição direta para a escolha do sucessor de Zaki Akel na Reitoria da UFPR.  Além da conhecida proposta do movimento estudantil da "paridade qualificada", esperamos que a nova gestão do DCE inicie o mais cedo possível em 2015 um debate amplo junto a Sinditest e Apufpr, crítico e autocrítico, sobre como vem ocorrendo as eleições de reitor na UFPR, pois existem claras necessidades de aperfeiçoamento democrático.
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Foto e planilha: página de Facebook da chapa do "Bonde".

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Boletins detonantes...

Um comentário:
Trecho do Boletim "Observatório de Notícias" da ACS-UFPR

Acaba de sair o número de novembro/2014 do Boletim “Observatório de Notícias”, sob responsabilidade da ACS da UFPR. É uma edição que trata exclusivamente de temas do Hospital de Clínicas, como o contrato recém-fechado com a EBSERH e o acordo para preservar os empregos dos trabalhadores da FUNPAR. 

A matéria de capa do Boletim é exatamente o acordo assinado entre Reitoria e Ministério Público do Trabalho para preservar os empregos dos funparianos por até 8 anos, à revelia do contrato assinado entre UFPR e EBSERH (que previa só 12 meses de manutenção), sobre o qual pode se ler neste link.

Contudo, o que chama também atenção é a cacetada sem dó na Diretoria do Sinditest. Esse tom crítico contra a Diretoria PSTUísta perpassa vários trechos do Boletim da Reitoria. No texto de rodapé da página 4 é que a porrada fica explícita, como se vê na figura acima decalcada do Boletim: “Sindicato prejudicou trabalhadores”, que trata da má condução do ACT-FUNPAR/2014 dada pela direção sindical ultraesquerdista.

Reitoria e Diretoria sindical estão em guerra há já um bom tempo, e muitos lances dessa contenda nem sempre beneficiam os TAE. 

Depois das cacetadas desse Boletim do reitor, com certeza irá a Diretoria do Sinditest queixar-se ao bispo de tamanho ataque num Boletim institucional. A ironia é que essa Diretoria pratica o mesmo tipo de ataque, com mentiras e injúrias, em seus órgãos de comunicação contra opositores da base da categoria, sem dó, e sem dar direito de resposta. 

Tal como se viu, com ataques despropositados e mentirosos contra o editor deste Blog (e outros opositores) no último “Boletim Especial” do Sinditest relativo ao “Congreço” farsante encenado no começo de novembro.

Quer dizer: Reitoria e Diretoria sindical do PSTU se merecem mesmo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Sindicato pra lutar ou pra fracassar? O fiasco da gestão 2014-2015

Um comentário:
Quando a chapa "Sindicato é pra lutar" foi eleita no final de 2013, havia certas esperanças na categoria sobre possíveis conquistas.  Na gestão anterior, presidida por Carla Cobalchini, houve uma longa greve em 2012, que obtivera um acordo razoável de reajustes trianuais, ou seja, não foi uma greve derrotada, alcançou conquistas parciais, tanto em plano nacional como local.  E uma geração de novas lideranças também havia surgido, o que é, genericamente falando, bom para o sindicato.

A realidade da prática política e de métodos da gestão atual, mandato 2014-2015, aponta na direção oposta das esperanças.  Nenhuma conquista objetiva, palpável, mas uma coleção de derrotas e recuos, um verdadeiro fiasco de gestão em todos os sentidos.

A campanha salarial e a greve nacional no começo deste ano foram uma rotunda derrota para os TAE.  Reconhece-se que o governo foi duro na negociação da pauta estritamente financeira mas chegou a fazer ofertas em março com benefícios em outras áreas também reivindicadas pela FASUBRA.  O sectarismo das lideranças ultraesquerdistas jogou no lixo a proposta do Governo Federal, que então retirou-a da mesa de negociação.  Amargamente o que a FASUBRA e os sindicatos de base agora pedem é que o Governo recoloque em negociação a proposta que o PSTU e outras correntes de ultraesquerda desprezaram no começo da greve de 2014. Patético, não é?  Pois isso é fruto da orientação errada tal como prevalece hoje na diretoria do Sinditest. FIASCO!

No plano de conquista de ações judiciais, tem alguma digna de nota? Nada.  Trocaram na surdina o escritório Trindade & Arzeno (contratado via licitação no começo de 2012) pelo escritório comandado pelo presidente estadual do PSTU, dr. Avanilson. Cuja auxiliar direta é uma advogada com registro na OAB-SP, que tem limitações para o exercício pleno da advocacia no estado do Paraná!  Recorrem aos serviços de um advogado novato, recém-formado e muito mal remunerado, segundo fontes asseguraram ao Blog. FIASCO!


Transparência na prestação de contas?  Zero vezes zero! Depois de muito protelar a apresentação do Relatório Final da Auditoria concluída em outubro/2013, a Diretoria PSTUísta do Sinditest foi forçada a fazer uma assembleia em março deste ano. Prometeram implementar de imediato recomendações daquela Auditoria, a qual, destaque-se, achou irregularidades nas transações imobiliárias da gestão Messias (da qual participou a atual presidente Carla), mas foi só conversa pra boi dormir.  NADA foi encaminhado, e o Relatório só foi apresentado em linhas gerais. Entretanto, seu texto vazou.  A Diretoria descumpriu o Estatuto quanto ao prazo de prestação ordinária de contas de 2013 (31/março/2014) e também não realizou assembleia geral para o demonstrativo das receitas e despesas do Fundo de Greve de 2014.  Transparência ZERO. FIASCO!

Mudanças democráticas no Estatuto do Sinditest?  Bagunça, confusão, farsa. Chamaram, através de ao menos três editais diferentes e com pautas diversas, um certo "Congresso" para reformar o Estatuto, ignorando apelos e contribuições das correntes de oposição para que se fizesse um processo democrático e de amplo debate com a base.  Chamaram assembleias em bases territoriais onde não há base legal para fazer no interior do estado. Não publicam nenhum regimento interno do Congresso, não se sabia se havia delegados ou era um vale-tudo.  Aproveitaram a semana da farsa congressual para chamar uma assembleia onde forçaram a filiação do Sinditest a uma "Central" sindical, a Conlutas, que representa menos de 2,5% dos sindicatos do Brasil, mas que irá cobrar religiosamente 5% da arrecadação bruta do Sinditest.  Até agora não foi publicada nenhuma notícia no site do Sinditest informando que mudanças concretas foram operadas no Estatuto sindical nem a maneira e quando isso se deu! FIASCO!

E a luta da EBSERH?  OK, ela foi travada, todos tentamos barrar a proposta pró-privatização vinda do Governo Federal, mas o comando ultra-sectário da Diretoria do Sinditest explodiu todas as pontes possíveis para tentar conversar e persuadir conselheiros vacilantes e indecisos do COUN.  Preferiram todo o tempo só o confronto, botando EBSERHistas convictos no mesmo balaio que os vacilantes. Resultado: derrota! E a EBSERH já está assumindo o HC ainda este ano, abrindo concursos em 2015 para novos servidores celetistas e não estatutários. FIASCO!

Sobre a luta do ACT da FUNPAR? Nem vamos descrever, tantas as burradas cometidas pela Diretoria e sua assessoria jurídica desde abril, levando até a um racha da base FUNPARiana e à suspensão do reajuste desses trabalhadores.  FIASCO!

Não é tudo. Tem muito mais pepinos acontecendo nessa gestão ultraesquerdista PSTUista do Sinditest. É uma diretoria que se diz "defensora dos trabalhadores", que exercita a "democracia operária".  Pois bem, o que sabemos é que de vez em quando o cacete "operário" parece que come lá pras bandas da rua Agostinho Leão, tanto que a Diretoria presidida por Carla está às voltas com sete ou mais processos trabalhistas de ex-funcionários do Sinditest, três deles por assédio moral!!  Quer dizer: mais contas para todos os filiados pagarem, pois dos bolsinhos dos diretores é que não sairá nada para responder por suas patuscadas.


Nós, da oposição aos desmandos políticos, administrativos e financeiros da Diretoria "Sindicato é pra lutar (fracassar)", quando revelamos e denunciamos isso somos tachados de "traidores", "agentes do governo", de "pelegos" e outros adjetivos de mais baixo nível.  Somos vítimas de mentiras e de injúrias publicadas no site e no jornal do sindicato que são pagos por todos nós, e não temos direito de resposta! 

Na oposição há pessoas que já estiveram à frente de muitas lutas, e de muitas conquistas do Sinditest, nesses 22 anos de existência da entidade.  Mas tudo isso é menosprezado pelos novos "reis da cocada preta" do Sinditest, os "donos da verdade" que agem como tiranos que se creem eternos no comando da entidade sindical.  Não são eternos. Não há mal que sempre dure.  A base os lembrará de que ninguém é melhor do que ninguém e chega uma hora em que precisa baixar a bola. E meter o rabo entre as pernas depois de tantos FIASCOS!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Direita brasileira tenta seu golpe de Estado

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Uma tentativa concreta de golpe de Estado, finalmente! O primeiro contra o segundo mandato de Dilma.  A política brasileira já estava ficando enfadonha!

Por Miguel do Rosário, no Blog O Cafezinho

As pessoas devem entender que golpes de Estado são sempre assim: vem de dentro.

Explora-se as contradições de um governo, fomenta-se a insatisfação entre grupos que possuem autonomia funcional (como exército, judiciário, MP e PF), sem ligação com o povo, sem voto, mas detêm poder de fogo, dá-se-lhes uma cobertura midiática favorável, um verniz de legalidade, e pronto!

Temos uma embalagem perfeita para derrubar um governo legitimamente eleito.

Por uma linda coincidência, tudo acontece no dia seguinte em que se descobre que os policiais federais que cuidavam da operação Lava-Jato faziam estardalhaço, em suas redes sociais, com informações sigilosas, espalhando ofensas contra o governo e dando loas a Aécio Neves, o candidato da oposição.

Claro, tiveram que adiantar o ataque! Ou então, o que também é plausível, fazia parte do plano levar adiante essas ações na véspera do dia 15 de novembro, quando a direita quer botar mais golpistas na rua.

O mesmo setor da PF, sob orientação dos mesmos promotores do Ministério Público e da mesma Justiça, desencadeiam uma operação espetáculo, com uma cobertura intensa da mídia, para prender figuras graúdas de empreiteiras que fizeram negócios com a Petrobrás, além de um ex-diretor da estatal, Renato Duque.

Não se fala mais de nenhum outro partido, deixando claro que a operação de hoje, midiática, sensacionalista, pode ser o primeiro grande ataque ao governo desencadeado a partir da “República do Galeão” do Paraná.

O núcleo de procuradores, agentes da PF, o juiz Sério Moro, o senador Alvaro Dias, além, é claro, do cartel midiático, não parece interessado numa investigação isenta e eficiente sobre os desvios na Petrobrás.

O objetivo é derrubar o governo...

Nada de preces para Showtrick - cap. 1

Um comentário:

- Nelly, temos que vender de qualquer jeito esse imóvel em Alafaya.

- Andei tendo umas idéias, Salvatore... acho que podemos vender e ainda nos darmos bem.

William Salvatore, coordenador-chefe da União de Servidores da Corners University (USCU) em Orlando, Flórida, espichou o pescoço para ouvir melhor seu colega vice-coordenador. Afinal, Nelly Showtrick era escolado em transações imobiliárias, já tinha vendido lotes de solo esturricado no deserto de Nevada para otários caipiras de Minnesota.

Alafaya era uma cidadezinha a meia hora de carro a leste de Orlando, onde a União de Servidores possuía um terreno sem uso. Aliás, comprado por Nelly havia uns quatro anos em mais uma de suas especiais negociações com o caixa semifalido da USCU. Desde então os filiados da União cobravam que era preciso dar uma utilidade para o tal imóvel ou vende-lo por bom preço. A cidade de Alafaya tinha recebido algumas benfeitorias do governo Bush Jr. e aquele terreno devia estar valendo bem mais do que na época da negociata conduzida por Nelly.

- Conheço um sujeito sangue-bom em Alafaya, prosseguiu Nelly, que pode nos ajudar servindo de comprador desse terreno, cara. Ele é patrulheiro rodoviário, ganha pouco, mas podemos dar um jeito de providenciar uma grana a mais pra ele ser um tipo de “laranja” no negócio.

- Como? Salvatore ficou ainda mais curioso sobre a estratégia.

- No Box Bank de Alafaya tem outro conhecido meu, funcionário de alto escalão, que responde pela análise de financiamentos. Acho que ele pode também nos dar uma ajudinha, piscou Nelly esticando a boca num sorriso maroto.

- Hum, e uma ajudinha ao nosso alaranjado patrulheiro... Acho que começo a entender. Como é o nome dele?

- Niels Rifkin, ele e sua esposa, um casal adorável. Niels, o nome é assim por uma homenagem do pai dele ao físico Niels Bohr, aquele da teoria do modelo do átomo.

- Ahn, não sou muito versado em Física, desconversou Salvatore. E os demais detalhes do plano?

Nelly empertigou-se na poltrona e começou a expor sua ideia.

- Combinamos com Niels e esposa para se apresentarem como compradores do terreno da USCU. Falamos com o funcionário do Box Bank de Alafaya para ele liberar um financiamento de 200 mil dólares para o casal mesmo sem comprovação de renda do Niels. Mas pra sair o financiamento será preciso uma avaliação do valor de mercado, que temos já para dois componentes do terreno total, só esses dois estão valendo os duzentos mil do financiamento. E Niels ainda nos antecipará 50 mil dólares em cash de sinal num “deal” de compra e venda... 

- Mas esses 250 mil só quitam dois componentes do imóvel... e os outros dez lotes?

- Os outros dez não tem o mesmo valor, compramos por 16 mil dólares anos atrás, mas agora estão valendo bem mais, com certeza.

- Ah! - Salvatore estalou os dedos - saquei o pulo do gato! Contabilizamos 250 mil como entrada de receita no caixa da USCU como o valor de venda total do terreno, mas os outros dez componentes do imóvel a gente pode deixar numa “reserva especial” nossa, escondidinha, pra combinar futuras vendas em parceria com o companheiro Niels...

- Precisamente, Salvatore! Dá aqui um “hi-five”! Pra que é que serve mesmo a nossa inteligência? Pra ajudar os homens de bem!

- Os homens de bem e de bens!

- Só que ainda tem alguns detalhes a resolver antes de botarmos a mão na massa pra valer...

[CONTINUA...]

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Deputados pedem julgamento contra lei que criou a EBSERH

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A deputada federal reeleita Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB na Câmara, junto dos deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e João Ananias (PCdoB-CE), se reuniu nesta terça-feira (3) com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para tratar da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra dispositivos da lei que criou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).

A Adin foi ajuizada no STF ano passado pela Procuradoria Geral da República, em atendimento às reivindicações de entidades de classe, como o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). Para o procurador-geral Roberto Gurgel, a lei viola dispositivos constitucionais ao atribuir à ESBERH a prestação de um serviço público.

Jandira avalia que a iniciativa do governo não resolve a crise crônica vivida pelos hospitais, só contribui para violar a autonomia universitária e ferir a dignidade dos profissionais da área.

A demanda de vir ao STF surgiu fortemente de reuniões com grupos da saúde, principalmente hospitais universitários, como o Clementino Fraga Filho, durante as eleições. Ter um prazo para julgar a Adin é de extrema importância”, adianta a parlamentar.

De acordo com Toffoli, há um pedido de audiência pública para 2015: “Atualmente, o processo está no Ministério Público Federal. Mesmo assim, há possibilidade de votar a Adin após a audiência pública pedida, depois do recesso do STF. Com o prazo legal de cada trâmite, acredito que no primeiro semestre do próximo ano o Supremo já possa julgar este caso”, afirma.

A EBSERH foi criada em 2011 com objetivo de administrar os equipamentos de saúde nas universidades públicas. Entre outras atribuições, a estatal tenta regularizar a contratação de pessoal desses órgãos. Tal medida foi tomada em caráter emergencial e não é bem vista pelos trabalhadores que somam 65 mil, nos 45 hospitais universitários do país.

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Fonte: PCdoB 

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Quem vai embalar o monstrinho da extrema-direita?

Um comentário:
A extrema direita brasileira vem sofrendo uma série de humilhações públicas após as eleições.

Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

Aécio Neves, o candidato que se acreditava a salvação contra o “bolivarianismo”, a “venezuelização” ou algo que o valha, perdeu. Na volta ao Senado, tratou o pessoal que o acolheu como uma amante grávida. “Eu respeito a democracia permanentemente e qualquer utilização dessas manifestações no sentido de qualquer tipo de retrocesso terá a nossa mais veemente oposição”, disse. “Aqueles que agem de forma autoritária e truculenta estão no outro campo político, não estão no nosso campo político”.

(Evitar as manifestações pelo impeachment obedece a uma lógica de sobrevivência política. Collor já foi impedido. Se Dilma for também, quem garante que o próximo da fila não será um tucano?)

Enquanto lhe foi útil, o PSDB alimentou esses fanáticos e não fez nenhuma crítica a discursos golpistas ou simplesmente malucos, desde que fosse contra o adversário. Agora, sinaliza fim de caso.

Uma separação doída. Coordenador da campanha de Aécio, Xico Graziano foi chamado de “petralha”, “comunista”, “safado”, “traíra” etc porque se declarou contra os protestos pelo impeachment. Alckmin disse não aceitar a defesa da “intervenção militar”. Enfim, não sobrou ninguém importante.

A última esperança que havia eram os Estados Unidos. Sim, o companheiro Obama. Qual o quê.

Os inconformados criaram uma petição no site da Casa Branca. Era um apelo para conter os planos “de estabelecer um regime comunista no Brasil – nos moldes bolivarianos propostos pelo Foro de São Paulo.” Reforçavam que “o Brasil não quer e não se tornará uma nova Venezuela”.

Mais de 120 mil pessoas assinaram. Essas petições servem para qualquer pleito. Qualquer. Recentemente, outros desocupados, mais bem humorados, requereram o desterro de Justin Bieber.

A reposta veio através de uma representante da embaixada americana em Brasília, Arlissa Reynolds, que afirmou que “petições apresentadas nessa página não representam as opiniões do governo dos EUA”.

Arlissa recordou o fato de que seu governo “publicou uma declaração parabenizando a presidente Dilma Rousseff por sua reeleição” e que “o Brasil é um importante parceiro para os Estados Unidos e estamos empenhados em continuar a trabalhar com a presidente Dilma Rousseff a fim de fortalecer as nossas relações bilaterais”. A palhaçada ficou ainda mais triste quando foi revelado que essas cartas são destinadas a “cidadãos norte-americanos”.

Com um repertório baseado em alarmismo, paranoia, golpismo barato, macartismo, anticomunismo de guerra fria, desinformação, má fé e abstinência de Rivotril, a extrema- direita ficou com um mico na mão.

Suas lideranças voltam a ser um ex-cantor parecido com Edir Macedo, um “filósofo” obcecado e um ex-comediante lotado no SBT, que levam para as ruas um deputado eleito cujo grande feito foi discursar com uma pistola na cintura, filho de um deputado que já quis fuzilar um presidente e pretende fuzilar outra.

A culpa do fracasso, pelo menos, eles já sabem de quem é. Malditos nordestinos. Maldito Obama. Malditos tucanos. Maldita democracia.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Palestina: história de genocídios e de esperanças

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Nesta quinta-feira, 6/11, a partir das 19h00, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, profere palestra em Curitiba sobre a terrível situação atual do Estado Palestino, hostilizado pela opressão fascista do Estado de Israel, invasor das terras palestinas. O local é o auditório da Uninter, na rua Saldanha Marinho, 131, centro de Curitiba.

Costeou o alambrado e...

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Certo diretor do sindicato dos trabalhadores técnico-administrativos da UFPR votou em Dilma para Presidente. 

Em assembleia geral desse sindicato realizada ontem, no HC, o mesmo diretor votou a favor da organização "sindical" nacional cuja razão de ser, ao lado da direita, é detonar o governo Dilma.

Como dizia o velho Brizola, quando o sujeito começa a costear o alambrado...

História? Que história?

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Datada de ontem, o site do Sinditest mostra uma matéria bem pachola.  Chama-se "Conheça a história do Sinditest e as ações políticas do último período" e apresenta um vídeo chatinho de 10 minutos. Se omitisse o trecho "Conheça a história do Sinditest", aí seria fiel ao conteúdo, que nada mais é que uma peça de propaganda da atual Diretoria PSTUísta, a última maravilha do showbiz ultraesquerdista.

Muitos jornalistas se metem a historiadores e alguns vão bem, mas em geral é melhor deixar a História para historiadores.  A Assessoria de Comunicação (ASCOM) do Sinditest inventou de falar em "história" do sindicato (fundado em 1992) mas só mostra mesmo fotos com musiquinha de fundo das gestões de 2012 para cá!  Ora, bolas.

Essa atitude lembra muito movimento estudantil, em que é comum que, quando uma gestão nova derrota uma antiga no Centro Acadêmico ou no DCE, se passe a borracha em tudo que ocorreu antes, como se a "história" só começasse a partir da nova gestão. É bem o que fez a gestão 2012-2014 e, mais ainda, a atual gestão de Carla Cobalchini.

Nem para fazer um mínimo levantamento documental essa ASCOM foi capaz e começou errando de cara: afirma que "Em 05 de novembro de 1992, onde é hoje o prédio do DCE, nascia o Sinditest...".

Não, caros jornalistas do Sinditest, o sindicato nasceu em uma assembleia geral realizada em 05/11/1992 no Anfiteatro 100 do Edifício D. Pedro I, não no prédio do DCE.  O Diretório Central dos Estudantes da época, solidariamente, cedeu um de seus andares para abrigar provisoriamente o sindicato que nascia, até que ele reunisse forças para ter sua sede própria.  

Uma história minimamente decente dos 22 anos de existência do Sinditest ainda está por ser escrita, mas isto requer antes de tudo a coleta paciente de documentos escritos, audiovisuais e outros desde 1992, além de depoimentos de antigos diretores sindicais, para a posterior produção de material que seja informativo e educativo para todos os trabalhadores da base, não para enaltecer esta ou aquela gestão passada ou presente.

Mais uma trapalhada do "Congreço" do PSTU na base do Sinditest

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Acima está o banner que consta no cabeçalho do site do Sinditest, na atual gestão 2014-2015. Notem que no alto, à direita, constam as IFES cujas bases seriam representadas pelo Sinditest, entre elas os campi dos Institutos Federais e da UNILA.

Para o estranhíssimo "Congreço" que a gestão PSTUísta encena, foram chamadas diversas "assembleias" no interior e na capital.  Nenhuma dessas reuniões foi realizada nos campi do IFPR e da UNILA.  Interessante, não?  Sabem por quê?  Porque o Sinditest simplesmente não tem o direito de representar os trabalhadores dessas IFES.  Isso é lógico: essas bases e respectivas cidades não são citadas no preâmbulo do Estatuto do Sinditest, que o "Congreço" quer mudar.  Então, não podem hospedar assembleias do "Congreço" do Sinditest.

Nesse mesmo preâmbulo do Estatuto, são mencionadas todas as cidades onde o Sinditest tem representação, seja da UFPR, seja do antigo CEFET, hoje UTFPR.  Porém - ah, porém -, a gestão PSTUísta chamou (e supõe-se ter realizado) "assembleias" em cidades que NÃO constam desse preâmbulo.  Querem exemplos? Abaixo um trecho do Boletim Especial da Diretoria de out/2014:

Resumindo: por não constarem do preâmbulo do Estatuto, o Sinditest não poderia efetuar assembleias nesses lugares, nenhuma decisão e nenhum "delegado" tem valor legal.  Esta é mais uma das trapalhadas do "Congreço" do PSTU na base do Sinditest.  Triste.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Renúncia do Presidente do Conselho Fiscal do Sinditest. Por que será?

3 comentários:
Enquanto em convescote do PSTU no HC hoje de manhã, cerca de 1% dos filiados do Sinditest (umas 70 pessoas) aprovavam filiação da entidade na central-mosaico CSP-Conlutas, o Conselho que deve fiscalizar as contas do sindicato ficava sem seu presidente.  Essa minoria aprovou que o Sinditest destinará 5% da arrecadação bruta, paga por todos os filiados, para essa organização notoriamente aparelhada pelo partido político PSTU.

Por que o servidor Gerson Yasbeck, lotado no Setor de Comunicação e Design, renunciou a seu cargo no Conselho Fiscal?  Leia abaixo sua justificativa, protocolada ontem (2a.feira, 3/11) na sede do Sinditest e tire suas próprias conclusões.


CARTA DE RENÚNCIA

Curitiba, 31 de outubro de 2014
À
Direção do Sinditest-Pr

A/C Sra. Carla Colbachini

            Na qualidade de Presidente eleito do Conselho Fiscal do Biênio 2014/2015 eu, Gerson Miguel Yasbeck, eleito democraticamente através do voto direto da categoria, informo por meio desta o meu afastamento do cargo.

            O motivo do meu pedido deve-se a que, durante todos os meses desde meu empossamento em janeiro/2014 até o presente momento, venho tentando cumprir as minhas obrigações de membro do Conselho Fiscal da entidade, sendo impedido de a contento cumprir com tais funções.  Deve o Conselho Fiscal do Sinditest avaliar e supervisionar ass contas da gestão da Diretoria Executiva, segundo orienta o Estatuto da entidade. Não obstante, várias foram as tentativas deste conselheiro, em conversas pessoais, e-mails e carta aos diretores, para o atendimento da solicitação de esclarecimentos, todas elas não atendidas. Requeremos a apresentação dos gastos mensais realizados nos meses do exercício de 2014, bem como os recursos recebidos pelo fundo de greve do presente ano (três meses de desconto em dobro da mensalidade), mas, de novo e infelizmente, nenhuma resposta veio da Diretoria da gestão 2014-2015.

Conseguimos, afinal, realizar reunião com a direção do sindicato em 22 de setembro do corrente ano.  Decidiu-se na ocasião que ao menos a prestação de contas de 2013 seria apresentada até o dia 31/10/2014 (7 meses além do prazo estatutário), mas isso não ocorreu.

Minha maior preocupação é pelo fato de que, ao tomar conhecimento do resultado da auditoria independente realizada em 2013, e nada mais foi feito além da apresentação feita em uma assembleia de março/2014, onde se apresentou relato sumário e uma série de recomendações de nova conduta administrativa.  Na ocasião, aprovou-se a sumária demissão do contador do sindicato (que só se consumou em setembro/2014).  Também foi aprovado que seria encaminhada uma perícia imobiliária envolvendo as transações do imóvel denominado “chácara” do Sinditest e da subsede da rua Comendador Macedo.  Estes encaminhamentos não foram efetivados. 

Como Presidente do conselho fiscal é de minha inteira responsabilidade a fiscalização da contabilidade, dos gastos e da administração patrimonial da gestão. Não posso compactuar com esta falta de transparência da atual gestão.

No dia 29/10/2014 recebi a informação da Sra. Januza Borba (administradora recém-contratada) de que a prestação de contas dos meses de janeiro a outubro deste ano de 2014 só será realizada nos próximos 45 dias, a começar em novembro pelo novo escritório de contabilidade contratado.  Com isto ela sinalizou que o conselho fiscal só teria acesso a estas contas somente no final de dezembro, o que dificultaria a reunião do conselho fiscal, bem como a verificação de toda a documentação acumulada nos últimos meses, devido ao período de férias e recessos de natal. 

Diante da situação, que acredito ser muito preocupante, ratifico minha saída como membro do conselho fiscal e aproveito para solicitar a divulgação desta minha decisão no próximo jornal do sindicato, informando claramente o motivo de minha saída, para que os associados ao Sinditest-Pr saibam da real situação.

Desde já agradeço.

Sem mais para o momento.
           
           Gerson Miguel Yasbeck
Servidor lotado no SACOD




segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Pondé, o “filósofo-pegador”, prega a “secessão política cotidiana”. Heil!

Um comentário:
A ideia de democracia acaba de ser reinventada na Folha,  pelo filósofo Luiz Felipe Pondé, que costuma gastar papel com “dicas” para jovens liberais “pegarem mulher” nas universidades. O grande pensador agora lança a tese da “secessão política”, não entre São Paulo e o Nordeste (será mesmo?) mas entre os que votaram em Dilma Rousseff e os que não votaram.

Por Fernando Brito, no Blog Tijolaço

Precisamos de uma militância de secessão: que os bolivarianos (sic) durmam inseguros com o dia seguinte, porque metade do país já sabe que eles não são de confiança”.

Sensacional, isso deveria ser objeto de análise nas universidades. Neste conceito, metade dos norteamericanos sabem que Barack Obama “não é de confiança”, metade dos franceses, dos italianos, dos portugueses, dos alemães…

A ideia de Pondé é a de que o governo eleito pela maioria é apenas o governo desta parte, enquanto a outra o “suporta”.  Suporta, em termos.

Como devem agir os jovens liberais naqueles momentos em que não estiverem ocupados seguindo os conselhos do Professor Pondé tentando “pegar mulher” em desvantagem com os charmosos esquerdistas, que as assediam, segundo ele, com “um pouco de vinho barato, quem sabe, um baseado? Um som legal, uma foto grande do Che (aquele assassino chique) na parede”?

Devem praticar a “secessão política cotidiana em todo lugar onde algum bolivariano quiser acuar quem recusar a cartilha totalitária petista”.

Segundo Pondé, esta cartilha petista está levando  a “perseguições escondidas a profissionais de diversas áreas (…) fazendo com que eles percam o emprego ou fiquem alijados de concursos e editais”. “Alijados de concursos e editais”?

Não posso crer que alguém tenha posto algo no cachimbo do professor para fazer uma afirmação destas.

Mas acho que ele deveria pegar – desculpe a palavra, professor – para assistir ao velho filme de Stanley Kubrick e ver como está ficando parecido com o “Dr. Fantástico”, impagável personagem de Peter Sellers.

À parte o delírio macartista de Pondé, que em tese é problema exclusivamente seu, dá para perceber o ódio e a intolerância que esta sub-intelectualidade está incutindo nas pessoas?

Ou imaginar o açulamento que produzem sobre uma juventude que deveria, ao contrário, ser estimulada ao debate racional e não à “secessão política cotidiana” seja lá ao que for: esquerda, direita, negros, brancos, héteros, paulistas, nordestinos, gays, cristãos, judeus, seja lá qual for o rótulo com que se queira reduzir a complexidade humana?


Não, o professor Pondé não reinventou a ideia de democracia. Ao contrário, recorreu a uma ideia bem antiga, que andou em voga nos anos 30 e 40 do século passado, onde se praticava a “secessão política cotidiana”  marcando gente com a estrela de David.

A farsa do Congreço ultraesquerdista

2 comentários:
Emblemático que um suposto “congresso do Sinditest” comece na semana seguinte ao Dia de Finados. Sinaliza bem o falecimento da democracia sindical nessa entidade da UFPR.

Aqui já se apontou o completo atropelo com que tal Congreço (grafamos errado de propósito) foi chamado, sem o menor respeito da diretoria sindical em ouvir outras correntes políticas e lideranças que atuam no movimento.  Apesar de receber uma proposta de contribuição para a metodologia e cronograma da parte da CTB e também um Manifesto assinado por mais de 70 pessoas da base, a Diretoria do Sinditest menosprezou isso e faz tudo como bem (mal) entende.

Resulta disso que não se trata de um congresso dos servidores TAE da base do Sinditest.  É apenas a reunião de militantes do PSTU e alguns acólitos deles, assistido por outras pessoas que não saberão direito o que está ocorrendo.  Um evento que não pode ser reconhecido como qualquer tipo de instância de deliberação da base TAE e cujas decisões merecem ser ignoradas.

O evento marcado entre os dias 3 e 7/11 é tão desencontrado que sua chamada foi objeto de três editais distintos, o último datando de 29/10 e mudando a pauta publicada nos dois editais anteriores. A pauta original era mudança do Estatuto do Sinditest e agora foi trocada para a filiação a uma central sindical, na única assembleia geral convocada durante a semana!

Além da barafunda dos editais convocatórios, em nenhum momento foi informado qual o Regimento Interno de funcionamento do dito “congresso”: ninguém sabe se há delegados eleitos por proporcionalidade, quorum para tomada de decisões, composição de mesa dirigente... Tudo é solto!  Ora, não existe Congresso sem delegados eleitos na base!  E nem vamos comentar o desrespeito aos termos do Art. 87 do Estatuto sindical.

Parece que a imensa confusão administrativo-financeira que reina no Sinditest perturbou as cabeças da Diretoria.  O antigo contador, aliás, já se teria demitido em setembro.  Parece que membros do Conselho Fiscal atual, sem ter atendidos seus pedidos de informação sobre estado das contas sindicais, estariam também renunciando a seus cargos, para não sujarem seus nomes com a bagunça.  

Sem dar satisfação alguma da falta de prestação de contas tanto do exercício financeiro de 2013 como do Fundo de Greve de 2014, a Diretoria ainda anunciou que pretende dobrar o desconto mensal sindical nos contracheques.  E mais: quer porque quer a Diretoria filiar o Sinditest na “central sindical” ligada ao seu partido, o PSTU, com isto criando mais um elemento de despesa, pois a CSP-Conlutas cobra 5% da arrecadação bruta de cada sindicato filiado.  Uma central que nem é só sindical, pois nela podem votar entidades estudantis e associações dos mais diversos tipos não necessariamente sindicais.  Um mosaico de central.

Portanto, é dessa encenação travestida de “congresso” que a Diretoria do Sinditest quer que os membros da base participem.  Dinheiro a rodo, muito som e muita fúria.  Para quê, ao final?  Para nada.