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sábado, 29 de maio de 2010

Servidor público: sem legislação, limites à greve seguirão jurisprudência

Por Claudia Safatle,
No Valor Econômico

O Ministério do Planejamento envia nos próximos dias à Advocacia Geral da União (AGU) a lista dos serviços públicos essenciais cujos funcionários estarão impedidos de fazer greve. De posse dessa listagem e da recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que proibiu a paralisação em atividades essenciais do Estado, o governo tentará impor limites às greves do funcionalismo, que deveriam ter sido criados por uma lei específica.

Nos quase oito anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alguns anteprojetos de lei de greve no setor público foram alinhavados, mas nunca passaram da Casa Civil.

A caracterização dos serviços essenciais terá um alcance amplo e o trabalho do Planejamento é guiado por dois núcleos básicos: os serviços de atendimento à população sem os quais o direito lhe é sonegado - do atendimento hospitalar ao direito à atividade econômica; e as atividades sem as quais o bem ou o interesse público objeto daquele serviço deixa de ser preservado - fiscalizações tributárias, trabalho escravo e defesa da União junto ao Poder Judiciário, entre várias outras.

"Estamos criando uma legislação a partir de uma jurisprudência que vem sanar as lacunas que o direito oferece", disse o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams. Ele está seguro de que, hoje, "o modelo de greve que os sindicatos estavam acostumados a conduzir não tem mais guarida nos tribunais". A começar pelo pagamento integral dos dias parados.

Primeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF), há poucos anos, decidiu que na carência de uma lei que regulasse as paralisações dos funcionários públicos, estes seriam tratados com a lei de greve do setor privado. Outra decisão da Corte foi que os movimentos dos funcionários federais são julgados pelo STJ; dos servidores regionais, pelo TRF; e dos estaduais, pelos Tribunais de Justiça. Esse foi o passo inicial para acabar com a pulverização das ações movidas pelos sindicatos por todo o território nacional.

Com a paralisação dos servidores do Ibama, no início de abril, a AGU entrou com ação no STJ contra essa greve. O STJ não declarou a paralisação ilegal, mas determinou o imediato retorno dos funcionários de áreas como fiscalização e licenciamento ambiental, consideradas essenciais pelo tribunal. Isso abriu o caminho para o Planejamento definir, em detalhes, as características e conteúdos dos serviços essenciais.

Na lista da Seplan, categorias armadas - como a Polícia Federal - estarão proibidas de entrar em greve, impedimento, aliás, que prevalece em todos os países desenvolvidos.

Em greve há mais de dois meses por causa da suspensão do pagamento da URP (Unidade de Referência de Preços, índice de 1987), os funcionários da Universidade de Brasília, em reunião no Tribunal Regional Federal (TRF), na quarta-feira, ouviram do juiz relator do caso, Reginaldo Márcio Pereira, que os funcionários do Hospital Universitário (HUB), principalmente da maternidade, teriam que retornar ao trabalho.

O juiz não considerou suficiente a manutenção de 30% dos servidores no hospital, em mais uma indicação do Judiciário de que serviços essenciais não podem parar.

Segundo o advogado-geral da União, a partir da lista que o Ministério do Planejamento enviar, cada ministério deverá "designar as suas atividades essenciais" e "evidentemente, a greve no setor público será mais limitada, pois há nele mais atividades essenciais do que no setor privado".

Segundo Adams, "ao contrário do setor privado, onde os grevistas se voltam contra o patrão, na administração pública a paralisação se volta contra a população".

Em declaração recente, ele condenou severamente a indicação de greve dos funcionários da Justiça Eleitoral para pressionar o Congresso a votar mais um reajuste, desta vez de 56% em média, para os servidores de todo o Judiciário. "Greve na Justiça Eleitoral? Para inviabilizar as eleições? Isso é um absurdo", disse ele.

O movimento, lembra Adams, "é um direito de manifestação legítimo, mas quando se torna prejudicial à sociedade, ele é inconcebível". No Judiciário, informou, o salários médio, acrescido das gratificações, é de R$ 15 mil. "Ninguém lá está morrendo de fome", comentou.

Atualmente estão em greve várias categorias profissionais da administração federal: os servidores do Serviço de Patrimônio da União, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), da área do trabalho e previdência e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

Os funcionários do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) já haviam anunciado que entrariam em greve, mas a decisão do STJ e as iniciativas da AGU, acredita, parecem ter esfriado o movimento.

Lula, que primeiro incentivou, mas no fim desistiu de patrocinar uma lei de greve para o setor público, deu aval para a AGU agir com maior dureza, agora. Afinal, todos já receberam aumentos salariais bastante generosos. Mesmo com a inflação de um dígito, para os servidores, os aumentos dos últimos anos se assemelham às correções salariais dos tempos da hiperinflação.



Fonte: Lista de discussão nacional TNS

9 comentários:

Milton-UFPR disse...

É bom que regularize a greve pois tem muito servidor que tá em greve desde que entrou no serviço público.

Renato - UTFPR disse...

Quem sabe o santo Messias vem lá do ceu pra resolver isso.

Roberto disse...

E também tem servidor que nunca lutou decentemente por seus direitos e melhores remunerações, mas depois recebeu contentinho o aumento conquistado pela greve de quem foi à luta, não é seu milton pelegão?

Luis Otávio disse...

Tem também muito servidor publico que está no sindicato desde que entrou no serviço publico. Lá no Sinditeste por exemplo tem gente que já deve ter esquecido o que é trabalhar. Tá lá há uns 20 anos e não larga o osso. Deveria haver um limite de tempo pra isso.

Fernandão disse...

Este assunto é sério e assim deve ser tratado, afinal de contas nopróximo ano já teremos embates sobre a questão salarial.
Discutir política salarial, fazer propostas, mobilizar a categoria é uma das funções primordiais de qualquer sindicato ou federação que se preze.
Direotria do Sinditest morre de medo disso, lémmde nao saber fazer, nao saber mobilizar, não caiqfe pra deflagrar e manter uma greve, por issso nem falam do assunto, pelo contrario, ate fogem.
Isso sem falar que tão de coluio com o Reitor e sua tropa.
E nois?? Vamo fica esperando...chupando no dedo..kkkk

Milton-UFPR disse...

Assunto sério. Eles estiveram com o paulo bernardo e conseguiram uma grande conquista pro HC. aqui no blog não noticiaram. tá parecendo a rede globo. em relação a greves. nunca vi uma greve decente mobilizando toda a categoria da UFPR e do Cefet agora UTFPR. Sempre meia dúzia de gatos pingados. se liguem na real.

PARANÁ disse...

Milton, realmente voce não sabe o que escreve, vá procurar se informar para depois opinar.
sabe quem escreveu o documento?
sabe quem articulou a reunião com o Ministro?
sabe quem fez todo os levantamento da questão FUNPAR?
sabe quem realmente se empenhou para garantir os companheiros da FUNPAR?

de uma coisa voce pode ter certeza, tem muita gente dizendo que fez alguma coisa, mas no fundo não fizeram nada, só consta seus nomes porque são direção da entidade, porque se não, nem apareciam.

mas o importante é que tudo indica que os companheiros da FUNPAR terão sua conquista, não pela luta de muitos, mas sim pelo empenho de poucos.

e se quiser saber de quais pessoas eu estou falando vá procurar saber, ai quero ver se tem coragem de escrever mais besteiras.

GUFLOS disse...

Paraná tem razão, sr. " Milton Sabe Tudo".
Todas essa negociata em relação ao pessoal das fundações de apoio foi articulada através do PT e muito, muito antes de qualquer assembléia ou manifestação do Sinditest e mesmo da Reitoria da UFPR. Ótimo para os colegas da FUNPAR que há muito merecem um tratamento mais justo, digno e humano, afinal, são trabalhadores tanto quanto todos os demais do HC e mesmo da UFPR, portanto, fez-se justiça e eles estão mesmo de parabéns!
Só algumas considerações:

1) este projeto é válido para todas os trabalhadores contratados através de fundações, o que ocorre em todo o Brasil; logo, os louros não são nem do Reito Zaki e tão pouco da Direotria do Sindicato;

2) i9sto foi um acordão costurado dentro do PT, com vistas à eleição e para promover GLEISI HOFFMAN - esposa do Ministro Paulo Bernardo e possível candidata ao senado - e ANGELO VINHONI, que deverá ser candidado a algum cargo também. Se não tivesse eleição,este projeto sairia???

3) se realmente foi possível acertar a vida dos trabalhadores contratados através das fundações de apoio, através da aincorporação destes ao funcionalismo federal, mesmo que em regime celestista, por que isso não foi feito antes? Que eu saiba Paulo Bernardo é ministro de Planejamento desde o primeiro mandato do presidente Lula... Por que somente neste ano eleitoral, em que o PT precisa de fortes alianças pra tentar eleger Dilma, Gleisi e mais alguns??..

4) se o Ministro tinha e ao que parece tem mesmo o poder para este tipo de "canetaço", por que não o fez antes, deixando pessoas serem demitidas, deixando pessoas trabalhar sob estresses medonho, deixnando que pessoas fossem persegudios e atemorizados? Por que? Quer dizer que, tendo o poder, eu o uso para meus próprios intereses, é isto??? Os fins ( neste caso puramente eleitoreiros) justificam os meios? É esta a política, a arte de fazer política?? Ou é mera politicagem??

5) colegas FUNPAR, novamente parabenizo a todos vocês, porque merecem...eu sei o que é trabalhar com a espada na cabeça, ameaçados, perseguidos, aterrorizados....mas muito cuidado para vocês não virarem masssa de manobra...com certeza a propaganda e cobrança para eleger os cabdidtos petista virá sobre vocês. Estejam atentos, sigam seus princípios!

Anônimo disse...

PSOL e PSTU, tudo o que restou...estamos mal...muito mal...