Nelson Teich foi mais um ministro da saúde expelido pelo despresidente Bolsonaro, por se recusar a atender à vontade dele de acabar com o isolamento social e de liberar amplamente o uso de cloroquina/hidroxicloroquina para tratar a infecção do SARS-CoV-2.
Na edição de 7 de maio da renomada revista médica New England Journal of Medicine foi publicado artigo relatando pesquisa sobre eficácia da hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19 em um grande hospital de Nova York. O estudo foi realizado em função de que essa droga vem sendo amplamente administrada a pacientes de COVID-19 mas sem evidência robusta que sustente esse uso disseminado. O texto integral do artigo (em inglês) pode ser visto aqui.
Como método no estudo, foi examinada a associação entre uso de hidroxicloroquina e o evento de precisar ser feita intubação e/ou de ocorrer óbito. Os pesquisadores compararam estatisticamente os desfechos clínicos em pacientes que usaram essa droga com os desfechos dos que não a tomaram.
O estudo acompanhou 1.376 pacientes hospitalizados (cujo tempo médio de internação foi de 22,5 dias), que receberam 400 mg de hidroxicloroquina por dia, administrada principalmente aos casos mais graves. Na análise principal final, não houve associação significativa entre o uso de hidroxicloroquina e os eventos de intubação ou de morte, isto é, a droga não influiu sobre esses desfechos.
Em outras palavras, a administração de hidroxicloroquina não foi associada nem com um risco grandemente diminuído ou risco grandemente aumentado de ocorrência de eventos como intubação e/ou morte. Desse modo, a orientação clínica naquele grande centro médico novaiorquino foi atualizada no sentido de remover a sugestão de que pacientes de COVID-19 sejam tratados com hidroxicloroquina.
É, porém, necessário realizar mais estudos clínicos controlados randômicos com hidroxicloroquina em pacientes de COVID-19. Ressalvam os pesquisadores que os resultados de seu estudo não sustentam o uso de hidroxicloroquina na atualidade, a menos que outros estudos clínicos venham comprovar sua eficácia.
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Fonte: New England Journal of Medicine, ed. de 07/05/2020
DOI: 10.1056/NEJMoa2012410
Autores: Geleris, J. et al. (2020)
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