Quase dois anos após seu assassinato, do Cemitério do Caju, é possível que em breve Marielle Franco erga os braços, aponte o dedo para os Bolsonaros e possa, finalmente, descansar em paz.
Luís Nassif - Jornal GGN * 04/05/2020
Peça 1 – Bolsonaro faz a aposta final
Ontem, na frente do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro jogou sua cartada final, com dois movimentos perigosos.
O primeiro, o repto às instituições. Disse que chegou ao limite, não aceitaria mais interferências de outros poderes no Executivo. Invocou as Forças Armadas, que estariam “ao lado do povo”. E anunciou que não aceitaria mais restrições a seus atos.
O segundo, o comportamento cada vez mais agressivo de seus seguidores, atacando jornalistas, montando manifestações em frente a hospitais, atravancando o tráfego de ambulâncias e espalhando fake news sobre a pandemia. A reincidência e o aumento da agressividade não deixam espaço para mediação.
1] Bolsonaro pretenderia indicar novamente Alexandre Ramagem para diretor-geral da Polícia Federal.
2] Pretenderia substituir o comandante do Exército brasileiro, general Edson Pujol, legalista, pelo general Luiz Eduardo Ramos, bolsonarista e atual Secretário de governo.
Para bancar sua aposta, Bolsonaro escudou-se em uma reunião que manteve no sábado com comandantes das Três Forças, mais o Ministro da Defesa, na qual teria havido concordâncias nas críticas a algumas decisões do STF. Em cima desses sinais, Bolsonaro teria se convencido do apoio das Forças Armadas contra os demais poderes. Com a manifestação em frente ao Palácio, exacerbou o discurso e contou bravatas.
De seu lado, o STF demonstrou um alinhamento inédito na condenação tanto das bravatas quanto das agressões verbais de Bolsonaro aos Ministros e das agressões físicas de seus correligionários a jornalistas. Nos últimos dias, o STF barrou uma série de medidas de Bolsonaro, das restrições à Lei dos Dados Abertos à nomeação do delegado geral da PF, da liminar impedindo a expulsão dos diplomatas venezuelanos à competência para determinar saída do isolamento social.
Por trás dessa reação, há o receio de Bolsonaro em relação a dois processos: a CPMI das Fake News e a delação do ex-Ministro Sérgio Moro, em depoimento na Polícia Federal no dia anterior. Some-se as investigações das "rachadinhas", que pegam Flávio Bolsonaro. E ainda o envolvimento com a morte de Marielle Franco.
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