A percepção de Jair Bolsonaro como um genocida se consolida na Europa. “Nova demissão de um ministro da Saúde no Brasil diante da negligência do presidente Bolsonaro”, diz a manchete de abertura do noticiário da TV franco-alemã Arte deste sábado.
Willy Delvalle - DCM * 17/05/2020
“O Brasil é um dos países mais atingidos pelo coronavírus, com 14 mil mortos, mas Jair Bolsonaro continua incitando os brasileiros ao desconfinamento”, segue o jornal. “Para o presidente de extrema-direita, o que conta é a saúde… da economia”, afirma a âncora, em tom carregado de trágica ironia.
Ao comentar o pedido de demissão de Nelson Teich, um repórter observa que “aparentemente com Jair Bolsonaro nada mais dá certo”. “Teich não disse porque pediu demissão mas seu desacordo com o presidente é flagrante, como por exemplo sobre a cloroquina, para cujo uso Bolsonaro é favorável, enquanto Teich e pesquisadores a consideram ineficaz (para o tratamento do coronavírus)”.
“Bolsonaro compara o coronavírus a uma "gripezinha", opõe-se ao confinamento social e decreta a reabertura de academias e salões de beleza sem informar o ministro, tudo isso em nome da economia”, diz a reportagem.
“Em termos de saúde, o Brasil nunca adotou uma linha clara e coerente”, afirma. “Essa cacofonia no Ministério da Saúde cai na pior hora, quando só ontem o país registrou mais de 15 mil novos casos”, observa.
“Na Amazônia, os mais ameaçados são os povos indígenas”, aponta, sob imagens de uma etnia sendo examinada face à evocação de um sistema imunológico mais “frágil”. Contornos genocidas dados, a sequência de reportagens torna mais clara a percepção do horizonte político brasileiro.
A reportagem seguinte aborda a expulsão de um ex-neonazista do partido de extrema-direita alemão AfD, que perde apoio na sociedade ao passo que aumenta a percepção popular de uma boa gestão da crise pela primeira-ministra Angela Merkel.
Brasil e Alemanha, duas federações com concepções diferentes da crise sanitária por seus poderes federais. Países assombrados pelo genocídio e pelo nazismo, que veem florescer manifestações contra o confinamento.
Por enquanto, nem para o nazifascismo, nem para o coronavírus há cura. Aguardamos.
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Fonte: texto do site Diário do Centro do Mundo; figuras e título da postagem deste Blog.
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