Esgueirando-se sinuosa pela floresta e sonhando derrubar o leão como rei dos animais, a cobra começou a empinar-se sobre a cauda para enxergar melhor. Na natureza da cobra não é dado ter pés, e, depois de se erguer acima do solo por alguns segundos, logo caía.
Numa dessas empinadas, a cobra viu uma grande ratazana cinzenta e malcheirosa. Logo tomou-se do desejo de ter o enorme roedor a seu lado, para ajudá-la a virar rainha da selva.
- Olá, senhor rato! Que surpresa vê-lo tão faceiro andando por esta intrincada floresta!
- Outros amigos ratos tem ajudado a me orientar para andar por entre pedras e matagais. Vai tudo bem, cobra?
- Quero lhe propor uma sociedade, senhor rato. Você me ajuda a virar rainha dos animais da floresta e em troca eu lhe ensino o caminho da Suprema Toca da Floresta, onde viverá em banquetes como um príncipe intocável. Topas?
- Hum, parece interessante… afinal eu já lhe ajudei antes, prendendo num puçá, no mar, um forte concorrente seu ao trono da selva. Vou topar.
Os meses se passaram e a sociedade ia bem, tornando-se a terrível cobra a mandachuva da floresta. Mas a natureza da cobra não lhe permitia conviver tanto tempo com um animal que fazia parte usual de seu cardápio, e a cobra acabou devorando a ratazana, mesmo engolida com dificuldade.
Não se passaram muitas horas e a rainha cobra sentiu tremenda dor na barriga. Assustada, viu um grande buraco ali se formar, de onde saltou para fora a ratazana, ainda dotada de poderosos dentes, que roeram a cobra por dentro.
A ratazana nunca se recuperou bem do devoramento, apesar de ter escapado da barriga da cobra. E a cobra morreu com aquele grande buraco no ventre.
MORAL da história: não sonhe com a Suprema Toca Federal (STF) confiando na palavra de uma cobra, nem ela acredite que basta um sal-de-fruta para uma indigestão.
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