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sábado, 2 de maio de 2020

Fila única de leitos, a solução ignorada na pandemia


Há centenas de pessoas no Brasil aguardando por leito dentro de uma unidade de tratamento intensivo. No país, três estados já atingiram o limite da sua capacidade de internação na rede pública graças à epidemia do novo coronavírus. 

O primeiro foi o Ceará, onde o governo acaba de anunciar a abertura de 22 mil covas num cemitério público. Depois aconteceu no Amazonas, de onde chegam cenas chocantes de enterros coletivos e histórias de pessoas que morrem em casa por falta de atendimento. Na quarta-feira 29 de abril, vazou a informação de que havia 186 pacientes em estado grave aguardando por uma vaga de UTI em Pernambuco. 

Outros estados devem enfrentar o mesmo problema muito em breve. Também na quarta-feira, a capital do Maranhão, São Luís atingiu 100% de ocupação no SUS. Em todos esses lugares, os governantes tentam abrir mais leitos, seja comprando equipamentos essenciais, como respiradores, seja planejando a contratação de profissionais de saúde. Mas, a cada dia, fica mais claro que nada disso vai acontecer rápido o suficiente. E pior: enquanto os doentes da covid-19 sofrem nas filas dos serviços públicos, há leitos vazios na rede privada. 

Países como Espanha, Irlanda do Norte, França, Itália e Austrália decidiram que, em uma pandemia, todos os recursos disponíveis devem ser esgotados para que se salve o maior número de vidas possível. Essas nações lançaram mão de uma importante estratégia: a unificação da gestão de leitos públicos e privados. 

No Brasil, esse caminho é previsto na Constituição Federal, na lei 8080 (que criou o SUS) e na legislação recém-aprovada que decreta estado de calamidade pública. E é a solução que tem sido defendida desde março pela campanha “Leitos para Todos”, que já recebeu o endosso de nomes ilustres, como Chico Buarque, e apoio institucional do Conselho Nacional de Saúde. Mas mesmo diante da barbárie, a discussão está travada. 

Outra Saúde conversou com Leonardo Mattos, pesquisador do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ e membro da campanha. Ele nos ajuda a entender como os governos podem usar esses leitos, explica algumas experiências que, mesmo tímidas, já vão nesse sentido e comenta a atuação das empresas para barrar esse processo. Ouça a entrevista inteira no Tibungo, o podcast do site Outras Palavras.

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Fonte: Seção "Outra Saúde", do site Outras Palavras

outrasaude@outraspalavras.net

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