-->

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Nas entrelinhas dos recentes documentos sobre a greve da FASUBRA

Na assembleia geral de ontem fomos todos pegos de surpresa com a proposta de suspender a greve nacional da FASUBRA, sugerida pela  votação da maioria dos membros do Comando Nacional de Greve (CNG), uma votação não definitiva, apenas indicativa, a ser referendada ou recusada pelas assembleias das bases. Infelizmente, a mesa da assembleia de ontem da UFPR não leu o arrazoado do CNG que explicava essa orientação. A partir apenas da leitura do documento do Governo e de um informe dos delegados de base do Sinditest no CNG, a assembleia da base do Sinditest deliberou pela continuidade de greve.

Sabemos que o pique do movimento de greve na UFPR está bom. E isso impele ao prosseguimento da greve, até que se alcance a perspectiva de algum ganho concreto por suas reivindicações.  Além disso, há uma pauta local para cobrar coisas do reitor inepto da UFPR.  Foi por essa perspectiva que a assembleia de ontem votou majoritariamente no sentido da manutenção da greve.

Entretanto, se quisermos pensar racionalmente o rumo do movimento grevista, temos que entender todos os seus elementos.  E um elemento, constante do informe do CNG-FASUBRA do dia 5/7 (clique aqui para ler), não foi apresentado ao debate de nossa assembleia da UFPR/UTFPR de 7 de julho.

O citado informe da FASUBRA está publicado no site da FASUBRA e também no Blog da Greve, e parece que um trecho importante dele não foi abordado pela maioria dos servidores que fizeram falas na assembleia de 7 de julho.  Afinal, por que é que 52 pessoas no CNG acharam melhor suspender a greve agora?  Serão todos "pelegos" do governo, ou estavam considerando todos os elementos da conjuntura da greve?

Nesse informe, há um trecho interessante, que diz que:

"O CNG-FASUBRA, sem abandonar a emoção, optou pela razão necessária em momentos de impasse, para não expor a categoria a uma situação de risco,  permanecendo na Greve, sem perspectiva de negociação, em função da posição final do governo, de não negociar em Greve, mesmo com todos esforços e ações desenvolvidas nesses 30 dias de Greve," [grifo em negrito deste Blog]

Ora, o que quer dizer esse informe? Como é possível que 52 delegados de base tenham achado apropriado suspender a greve?  Um dirigente sindical irresponsável e xingador, membro da Diretoria do Sinditest, na assembleia de base de 7 de julho, chegou a inventar a versão maldosa (típico dele) de que haveria delegados de base no CNG "recebendo por fora" para encerrar a greve - uma versão obviamente fantasiosa, além de demagógica.

Pois bem, no informe do CNG-FASUBRA acima reproduzido fala-se que existe uma "posição final [do governo] de não negociar em greve".  No mesmo informe, é relatado que TODAS as demais categorias de servidores federais - inclusive os auto-intitulados super-radicais dos professores da ANDES - estão sentadas, bonitinhas e fora de greve, negociando com o Ministério do Planejamento.  Menos os técnicos das IFES da FASUBRA, por estarem em greve...

A leitura nas entrelinhas, tanto do documento enviado pelos Ministérios à FASUBRA como desse Informe de Greve da FASUBRA, pode ser resumida no seguinte: o Governo está negociando seus recursos para as folhas salariais das diversas categorias dos SPF e anuncia que não reservará nada para os técnicos por não quererem negociar.  No "sorteio do bife", os técnicos se arriscariam a ficar sem nada por estarem em greve...

Claro que é uma postura sacana do Governo.  Mas é do jogo. É da luta entre patrão e empregado. Cabe ao movimento debater a situação e ver a melhor atitude para obter conquistas reais, ao invés de preferir batendo o pé em não encarar nova mesa de negociação com o MPOG, o que nos conduziria ao resultado nulo da greve principista de 2005.

8 comentários:

Unknown disse...

É....eu vi o vídeo da Assembléia ontem,aliás,tanto o som como a imagem estavam legais. Bem com relação ao debate então quem estava correto na avaliação,foram os Servidores:Max que se absteve e o Paraná que votou contra a continuidade da Greve....ou melhor quem interpretou corretamente a posição dos delegados,afinal 52 delegados estando lá no fervo levarem deliberadamente todo uma categoria Nacionalmente ao erro,seria o cúmulo.Por outro lado Eta !!! Nosso SINDICATO, le mal,avalia pela metade e quase mata todo mundo é uma piada e o Grã-Dirigente Mor então pra lá de maldoso em sua colocação, mas há que se compreender,afinal aqui na UFPR eles fazem e acontecem e nada é cobrado,esta tudo bem e correto.rsrsrsrs.Ainda Bem que houve interessado em esmiuçar o doc. da Fasubra e graças a este Blog, que não dorme de toca,tartou de esclarecer os fatos e em tempo rodar a categoria para nova Assembléia que será determinante dia 12/07/2011.É parece ser esta a segunda mancada do SINDICATO em relação a GREVE NACIONAL.

PARANÁ disse...

no dia de ontem e hoje, fui questionado por muitos Companheoiros (as) que estranharam meu posicionamento na assembléia, expliquei os reais motivos e sem excesão todos concordaram comigo, sabem porque! foram exclarecidos. e acredito que haverá na terça e na quinta que vem muito mais gente compártilhando desta mesma linha de pensamento.

realmente sem desmerecer os 3 delegados da base, mas dar enfase a opinião pessoal deles, e deixar de lado o documento do COMANDO NACIONAL DA GREVE, isso para mim é pura sacanagem com a categoria. quando xerocam 200 cópias deste documento e não repassam a categoria o verdadeiro documentio que deveria ser debatido.

é muito chato ser vaido quando esponho minhas opiniões, mas mais triste ainda é poder enchergar as CANGAS no pescoço de muita gente de bem. são enganados, usados e não percebem. é realmente uma pena que isso ainda aconteça.

mas nada melhor que um dia após o outro, vai chegar uma hora que esta turma será desmacarada em público, ai eu quero ver como responderam quando forem pegos em suas mentiras, enganações e contradições.

Luis Otávio disse...

Engraçado
Quando ninguem faz greve eles fazem, quando a maioria diz pra parar eles permanecem.
Quanta auto-suficiência..!!!
São tão bons, tão competentes, tão donos da verdade que se fizerem greve sozinhos vão garantir reajuste pra todos.
Está na hora dos cegos de amor pelo Neris e sua turma darem uma olhadinha no site da Fasubra e tentarem entender o que realmente está acontecendo.

Judit disse...

Vejam, saímos de greve com uma pauta nacional e outra local, é impensável retornar às nossas Unidades sem sequer termos discutido a pauta local: jornada de 30 horas, eleições para pro reitoria de gestão de pessoas e para direção do hc, entre outros itens tão importantes quanto os mencionados. Sabemos que o Reitor tem autonomia para deliberar sobre estas questões internas à UFPR/UTFPR.
Penso que "largar a corda" da categoria neste momento em que há uma forte adesão ao movimento é querer colocar canga em nosso pescoço.
abs.

judit

Dodo disse...

Judit,
Sua ponderação tem razão de ser, no que toca a haver duas pautas no movimento.
Existe possibilidade de que uma maioria de assembleias de base delibere pela suspensão da greve nacional (o quadro ainda não está fechado, ao que parece). Mas, havendo uma pauta local, cabe exclusivamente à assembleia da UFPR decidir se prossegue o movimento paredista somente por essa pauta a ser negociada com o reitor Akel.
É preciso debater isso.

Anônimo disse...

A greve não deve parar.
.
Vamos todos unidos à vitória definitiva.

Regina disse...

Sair da greve sem qualquer resultado da pauta local e sem uma garantia de que o governo vai negociar um índice mínimo de reajuste pro proximo ano ou uma contra proposta da pauta nacional é mostrar que somos fracos. Confiar cegamente é ingenuidade.

Guaracira disse...

No primeiro momento em que soube da possibilidade de suspensão da greve fui contra, radicalmente contra. No entanto, quando li na íntegra o documento do CNG, principalmente no seu último paragrafo, passei a refletir melhor. O governo diz que "não negocia com categoria em greve" E sabemos que não negociará mesmo, isto é uma jogada deste e de todos os governos. Me senti "encurralada" com isso, uma vez que nossa greve é justa e também porque já demos uma "chance" ao sr. Duvanier e ele nos tratou com verdadeiro descaso. Isso é revoltante. Mas faz parte da estratégia dos governos, de todos eles!

Então, fico a pensar que a LDO deverá ser encaminhada ao Congresso até final de agosto e é ai que devemos ter assegurado algum aumento salarial, ou alguma de nossas reivindicações que implique em recursos orçamentários. Isto é um fato, que não poderemos mudar, seja em greve ou não.

Somos a única categoria de servidores públicos em greve; as demais categorias estão negociando com o governo.

Corremos o grave risco de ficar fora da previsão da LDO, de não termos incluído no orçamento de 2012 nenhum aumentinho salarial e amargarmos mais um ano sem quaisquer reajuste. É isso que se quer? É para isto que estamos em greve? É para isto que nos mobilizamos? Claro que não! Mas o governo sabidamente nos empurra para uma emboscada: "se ficar o bicho come, se correr o bicho pega". Se suspendermos a greve agora, há possibilidades de conseguirmos algo, ainda que minguado; se insistirmos em permanecer em greve, há grandes possibilidades de não conseguirmos nada, absolutamente nada!!!

Precisamos de bom senso, cautela. As vezes fazer uma retirada pode parecer fraqueza, mas é a melhor ou única estratégia inteligente!

Pensemos nisso!