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sábado, 10 de março de 2012

Restaurante Universitário recebe nome de guerrilheira do Araguaia

O novo Restaurante Universitário da UFRJ, a ser inaugurado no Centro da Tecnologia da Cidade Universitária, receberá o nome de "Áurea Valadão", estudante da UFRJ que tombou na Guerrilha do Araguaia lutando contra a ditadura militar. Em 2010, o então Reitor Aloísio Teixeira já havia inaugurado o RU do Centro de Ciências da Saúde com o nome de "Edson Luiz de Lima Souto", estudante assassinado pela repressão da ditadura em 1968 no antigo restaurante Calabouço, também no Rio.   É uma justa homenagem do Conselho Universitário da UFRJ a quem militou em defesa das liberdades democráticas.

Quem foi Áurea Eliza Pereira Valadão
Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Áurea participava do movimento estudantil da UFRJ e no começo dos anos 1970 deslocou-se à região do sul do Pará onde iria acontecer a Guerrilha do Araguaia,  local de seu desaparecimento aos 24 anos de idade.

Nasceu em 6 de abril de 1950, em Areado, sul de Minas, filha de José Pereira e Odila Mendes Pereira. Sua família morava na Fazenda da Lagoa, município de Monte Belo, onde seu pai era administrador e, por isso, Áurea Eliza teve que ir, muito cedo, para o internato. Afetiva e risonha, sempre manteve um bom relacionamento com a família durante sua infância e adolescência. Mudou-se, em 1964, para o Rio de Janeiro, para cursar o 2° grau no Colégio Brasileiro, em São Cristóvão, morando com sua irmã Iara, com quem tinha laços muito estreitos e afetuosos. 

Prestou vestibular, aos dezessete anos, para o Instituto de Física da UFRJ, em 1967, onde pretendia estudar Física Nuclear. Participou intensamente do movimento estudantil no período de 1967 a 1970, tendo sido membro do Diretório Acadêmico de seu Instituto, juntamente com Antônio Pádua Costa e Arildo Valadão - seu marido -, ambos também desaparecidos. 

No início do ano de 1974, foi vista viva e em bom estado de saúde, no 23° Batalhão de Infantaria da Selva, pelo preso Amaro Lins, que prestou estas declarações no 4° Cartório de Notas de Belém/PA. Segundo depoimento de uma moradora de Xambioá (PA), que não quis se identificar, Áurea foi vista morta na delegacia da cidade, e seu corpo estaria enterrado no cemitério local. 

Em 1991, familiares de mortos e desaparecidos na Guerrilha do Araguaia estiveram neste cemitério junto com a Comissão de Justiça e Paz e a equipe de legistas da Unicamp. Nessa ocasião, foram exumadas duas ossadas, uma de um negro, provavelmente Francisco Manoel Chaves (desaparecido) e outra de uma mulher, jovem, cujo corpo estava enrolado num pano de paraquedas com a identificação arrancada, que poderia ser de Áurea. Em 1996, os restos mortais encontrados no cemitério de Xambioá foram identificados como sendo de Maria Lúcia Petit, outra guerrilheira assassinada no Araguaia.
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Fonte: com informação do Grupo Tortura Nunca Mais.

4 comentários:

Unknown disse...

LOUVÁVEL e muito esta atitude do Reitor Aloísio Teixeira, não pelo fato de um ícone comunista estar sendo homenageado, mas pela coragem de expor seu reconhecimento histórico ,trazendo aos anais da história marco de pessoas que por determinação e compromisso tombaram acreditando que seria possível o sonho da DEMOCRACIA,cuja qual hoje vivemos e muitos destes Heróis da Resistência que se quer tiveram a oportunidade de viver este sonho.
Parabéns.

Gustavo Tanus disse...

Haveria possibilidade de conseguir o endereço de e-mail de algum de seus familiares?

Dodo disse...

Gustavo,

Não sabemos de contatos com familiares de Áurea, mas talvez duas indicações de email/site possam ajudar:

Na UFRJ, a superintendencia de Comunicação Social da Reitoria tem o seguinte email:
coordcom@reitoria.ufrj.br

A Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal tem a seguinte página de contatos, que pode levar a mais informações sobre os desaparecidos políticos do tempo da ditadura:

http://www.sedh.gov.br/clientes/sedh/sedh/fale_con

maria eduarda cavalcanti disse...

Informações sobre familiares de Áurea podem ser obtidas com o ex-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim (ES), Roberto Valadão (28-3522-5346), irmão do marido de Áurea, Arildo Valadão, que tombou junto com ela na Guerrilha do Araguaia.