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domingo, 11 de dezembro de 2011

Surpresa sacode o julgamento do processo Sindisney

O processo dos acionistas-filiados da empresa artístico-imobiliária Wassalt SinDisney a respeito da indenização paga ao vice-presidente Sidônio Lero-Leris foi agitado hoje pelo depoimento de uma testemunha inesperada, interrogada pelo advogado do ministério público.


ADVOGADO: A testemunha tenha a bondade de declarar o seu nome.
TESTEMUNHA: Mickey Mouse.

A: Por favor, diga para a corte qual o seu trabalho.
T: Roedor animado.

A: Você tinha relações de amizade com Winston Marshalis?
T: Não diria de amizade... fomos jantar juntos algumas vezes em churrascarias daquela avenida... como é mesmo o nome... Torres, algo assim. Numa delas, ele e sua esposa levaram Minnie e a mim para sua casa.

A: Você conversava sobre negócios com ele?
T: Estive presente num café da manhã com o senhor Marshalis, Zachary Axel-Rose, Pluto e Pateta.

A: Onde ocorreu esse café da manhã?
T: No Hotel Mabu.

A: Houve mais alguma testemunha?
T: O cara que fez a “Era do Gelo” passou em nossa mesa para dar um alô... ah, e o Patolino.

A: Você conhece o Patolino?
T: Patolino e eu nos conhecemos na casa do advogado Maurice Galopant, alguns meses atrás, e ficamos amigos.

A: Suponho que o senhor Marshalis não tenha aprovado seu relacionamento com o Patolino, não é verdade?
T: Discutimos várias vezes por causa disso.

A: E o que aconteceu no final?
T: Parei de me encontrar com o Patolino quando ele aderiu à cientologia e à ala vermelha do PSTU.

A: Vamos voltar ao café da manhã.  Lembra o que foi discutido ali?
T: O senhor Marshalis disse que planejava trazer o senhor Sidônio Lero-Leris, agente da firma de artistas criativos Blurckendorfins.

A: Como você reagiu a isso?
T: Fiquei surpreso, mas Pluto teve uma reação mais forte.  Pareceu desalentado.

A: Por que desalentado?
T: Estava preocupado porque o senhor Lero-Leris tinha um relacionamento muito estreito com o Pateta, e Pluto achou que o seu tempo em cena poderia ficar mais reduzido.

A: Portanto, você tem conhecimento de um “relacionamento especial” entre o senhor Lero-Leris e o Pateta?
T: Eu sei que, quando o senhor Lero-Leris agenciava, havia cortejado o Pateta e, se não estou enganado, os dois dividiam uma casa em Shangri-la.

A: E veio um momento em que os dois ficaram mais ligados?
T: O senhor Lero-Leris defendeu o Pateta quando ele foi em cana em Ipanema.

A: É verdade que o Pateta tinha um problema com drogas?
T: Era viciado em Doril e música sertaneja.

A: Quanto tempo isso durou?
T: Pateta começou a tomar analgésicos depois de um tombo que levou num desenho animado. Caiu do alto do Hotel Bristol com um guarda-chuva aberto, que serviu de paraquedas, e machucou as costas.

A: E depois?
T: O senhor Lero-Leris foi o responsável por levar o Pateta ao hospital Pinel.

A: Alguma vez você comentou com o senhor Marshalis a sua apreensão sobre os planos dele de contratar o senhor Lero-Leris?
T: Minnie e eu conversamos sobre isso.  Sabíamos que os dois iam entrar em choque.

A: Você levantou a questão com mais alguém, além de sua esposa?
T: Dumbo, Bambi... na verdade não consigo lembrar. Ah, sim, Grilo Falante, um dia, na casa de Ivete Sangalo.  Ela deu uma festa para o Grilo quando ele comprou um sitio em Piraquara.

A: E chegou-se a alguma conclusão?
T: Dumbo achava que o Pato Donald devia falar com o senhor Marshalis sobre as nossas preocupações, porque o senhor Marshalis sempre pareceu dar atenção ao que Donald dizia.  Nas palavras dele, Donald era “um dos patos mais inteligentes que já conheci”.  Os dois ficavam um bocado de tempo juntos, no laguinho do Donald.

A: E essa atitude era recíproca?
T: Ah, sim.  Donald morou na casa do senhor Marshalis durante seis meses, quando ele e a Margarida se separaram.  Donald teve um caso com a Petúnia, a porquinha namorada do Gaguinho.  Na empresa Sindisney, era mais do que proibido ter relações sociais com criaturas de empresas concorrentes, mas, no caso de Donald, o senhor Marshalis preferiu fazer vistas grossas, o que irritou muitos sócios acionistas.

A: Foi esse o caso a que você se referiu no seu depoimento?
T: Sim.  Minha memória é nebulosa quanto a isso, mas creio que Donald foi apresentado a Petúnia na casa de Paul V. Vidal.

A: Você estava presente?
T: Sim.  Eu, Tom Cruise, Rodrigo Santoro, Wagner Moura.  Acho que Selton Melo, o Coiote, o Papa-Léguas...

A: Tom e Jerry?
T: Não, naquele fim de semana eles estavam em Itapoá.

A: Seis meses depois, o senhor Vidal e o senhor Marshalis envolveram-se num processo judicial.  Você se lembra dos detalhes?
T: Tinha a ver com ofensas do senhor Marshalis ao Pernalonga.

A: E o Pernalonga ?
T: Pernalonga se defendeu por conta própria.  Mas, naquela época, ele queria tirar um ou dois anos de férias para escrever um romance.

A: Vamos voltar à festa: lembra-se do que aconteceu depois?
T: Sim.  O Pato Donald ficou bêbado e tentou dar uma cantada na Nicole Kidman.  Foi extremamente embaraçoso, porque aconteceu numa época em que  ela e Tom Cruise ainda estavam casados.  Donald foi muito hostil com Tom, e achou que Tom estava recebendo todos os papéis que ele queria.  Lembro que o senhor Marshalis, nessa festa, levou o Pato Donald para fora a fim de acalmá-lo.

A: Lembra o que aconteceu depois?
T: No gramado da casa do senhor Vidal, Donald encontrou Petúnia, a porquinha.  Achou-a linda e muito sensual, e eu sei que os dois gostavam das mesmas duplas sertanejas.  Donald sempre teve dificuldade em lidar com a raiva.  Ficou tomando Prozac durante anos porque estava convencido de que sua carreira estava parada e em pouco tempo ele ia acabar como figurante no cardápio de um restaurante chinês.  Apesar do conselho do senhor Marshalis, Donald começou a encontrar a namorada do Gaguinho às escondidas.

A: Até onde o senhor sabe, quanto tempo o caso durou?
T: Um ano, mais ou menos.  Petúnia disse para o Pato Donald que não podia continuar a encontrá-lo porque tinha se apaixonado profundamente por Rodrigo Santoro e ele por ela.  Você deve lembrar, Rodrigo levou-a ao Festival de Gramado.

A: Houve um momento em que a Margarida pôs o Pato Donald para fora de casa?
T: Sim, e o senhor Marshalis o acolheu e deixou que morasse na casa dele, até que Donald e Margarida finalmente concordaram em morar juntos outra vez, mas passaram a ter um relacionamento sexualmente aberto.

A: Portanto, até onde o senhor se lembra, alguém alguma vez disse ao senhor Marshalis que talvez não fosse uma boa idéia contratar o senhor Lero-Leris?
T: No dia da entrega dos brindes do almoço de fim de ano, eu levantei a questão com o professor Pardal, mas ele não quis se envolver.

A: Portanto o senhor está dizendo que nem o professor Pardal nem ninguém mais preveniu o senhor Marshalis de que ele e o senhor Lero-Leris talvez fossem uma dupla incompatível.
T: Até onde eu sei, isso é correto.

A: E quando a parceria não deu certo, levantou-se a questão da indenização do senhor Lero-Leris, pela sua demissão, no valor de 400 mil reais? O senhor Lero-Leris alguma vez achou que era uma quantia excessiva?
T: Só sei que o Grilo Falante vivia pendurado no ombro do senhor Lero-Leris e sempre o aconselhava a deixar que sua consciência o guiasse.

A: E depois?
T: O resto é história.

A: A testemunha é sua.
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Créditos deste texto em 99% para Allan S. Konigsberg

3 comentários:

FORMIGA ATOMICA disse...

Parece que conheço historinha parecida, só que BEM REAL!!

Aqui qualquer semelhança NÃO e mera coincidência!!

Um brinde a quem identificar os personagens...

Romanus! disse...

Trata-se de uma novela, seriado ou romance???
Ao menos na semelhança desses personagens alinhados com história similar em um determinado sindicato, pode-se acreditar tratar-se de um DRAMA!!!
Drama para todos os personagens e para a base que nunca vai saber o real desfecho. Durma com um barulho desse...rsrsssrsr.

Fora do eixo!!! disse...

Acho que o personagem "roedor animado" é uma comparação com o atual Presidente do Sindicato, pois com a implantação do controle eletrônico, o cara "roeu" a categoria. Nem Assembléia fez para tomar a decisão. Parabéns pela conquista Sr Roedor Animado!!
Claro que estou na suspeita de que esse personagem seja quem eu imaginei. Se não for, ao menos tem uma certa semelhança!!! Rsrsrssss.
Parabéns pela conquista do controle eletrônico Sr Presidente e Sra Carla Colbachini, a categoria, através da Reitoria agradece de forma muito grata mesmo!!!