Merece saudação entusiástica dos movimentos sociais progressistas, incluindo o sindical, a criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), aprovada pelo Senado na última quarta-feira (16/12). Além de ser mais uma escola pública criada pelo governo Lula, a UNILA representa potencialmente a oportunidade de ser um pólo referencial para os povos explorados da América Latina afirmarem suas culturas originais e sua soberania diante da crônica subjugação político-cultural do imperialismo europeu e norte-americano.
"Ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil, não vai fazer deste lugar um bom país" - nestes versos de uma canção de Milton Nascimento está expressa a postura historicamente subordinada, servil, deslumbrada das elites burguesas brasileiras (assim como das burguesias de outros países da AL) diante de tudo que vinha da Europa e dos EUA, supostamente tudo sempre mais 'civilizado' e verdadeiramente culto. Assim criou-se uma mentalidade colonizada, que aceita geralmente sem questionar muito lixo que vem das grandes potências européias e principalmente dos EUA.
A UNILA funcionará em Foz do Iguaçu, na fronteira com Argentina e Paraguai, abrindo inicialmente 500 vagas para alunos brasileiros e outras 500 para alunos de toda a AL, num esforço de construção do qual participa a UFPR. A UNILA pode vir a ser um dos centros que abrace o ideal de Jose Martí, intelectual cubano do final do século 19 (inspirador da revolução cubana), defensor ardoroso de que os latinoamericanos desenvolvessem suas próprias culturas e potencialidades, em vez de ficar importando idéias e modelos da Europa. Se a UNILA caminhar nessa senda, será mais um baluarte na histórica luta do Brasil e da AL para se livrar da dominação multifacetada do imperialismo.
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