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sábado, 29 de agosto de 2015

Greve Federal: mais do mesmo pouco é proposta final do Governo

Na preparação da atual greve nacional da FASUBRA, em conversa com colegas da UFPR (principalmente na Biblioteca Central), debatíamos sobre as perspectivas de vitória de um movimento assim este ano.  Todas as greves são difíceis, mas, a depender da força e habilidade do movimento, por um lado, e da conjuntura geral do país, por outro, pode haver conquistas significativas.

Pois já conversávamos então que a conjuntura mundial e nacional é um mar que não está para nós peixes do serviço público federal.  A crise mundial começada em 2008 continua (pobres gregos...) e ela bateu com força no Brasil também, desde 2014.  O Governo Dilma-2 optou pelo pior caminho, o retorno de uma política ortodoxa neoliberal, com fortes contenções de gastos públicos, que acaba de jogar o país em estado oficial de recessão ("crescimento" negativo do PIB).

Sem dúvida, como em toda crise capitalista, trabalhadores pagam o pato.  Na esfera privada, o pato é diminuição da renda salarial, redução de direitos, demissões.  Na esfera dos trabalhadores federais, em especial os pior remunerados, como os TAEs, não se poderia nutrir altas esperanças.

Pois, assim, depois de certas enrolações em três ou quatro reuniões, o negociador do MPOG, secretário Sérgio Mendonça (foto acima), limitou-se a reapresentar a proposta original no último 26/08, que consiste, para os TAEs, em:

1. O acordo terá vigência por quatro anos: 2016, 2017, 2018 e 2019.

2. As tabelas serão reestruturadas considerando uma expansão de 21,3%, nos seguintes percentuais: 5,5% em 2016; 5,0% em 2017; 4,75% em 2018; e 4,5% em 2019.

3. Reajuste dos benefícios: o auxílio-alimentação passa de R$ 373 para R$ 458; na assistência à saúde, o valor per capita médio passa de R$ 117,78 para R$ 145; na assistência pré-escolar (auxílio-creche) o valor per capita médio passa de R$ 73,07 para R$ 321; e

4. Nos ofícios às entidades sindicais dos diversos setores serão indicados pontos específicos que atenderão, em alguns casos, a pauta das categorias. 


Que fazer?
Agora cabe ao Comando Nacional de Greve da FASUBRA, assim como às assembleias de base, decidir o que fazer com essa oferta de "mais do mesmo" (miserê).  Depreende-se que o governo federal vá incluir na lei orçamentária os valores acima e nada mais, não se sabe se independente de cada categoria fechar ou não um acordo formal de fim de greve.

Já foi dito pelos sindicatos federais que não aceitam acordo para mais que dois anos e que os valores de reajuste são pífios, perdem de longe para a corrosão inflacionária. 

Entre aceitar um acordo com valores muito rebaixados, ainda ficando preso nele por quatro anos, parece ser a opção mais digna recusar esse tipo de proposta, caminhando ordenadamente para uma suspensão do movimento este ano e entrando de cabeça erguida para novo movimento de pressão em 2016.

Porém, desde já, também é necessário criticar e combater a política econômica federal, as medidas recessionistas do ajuste fiscal, as seguidas altas de juros, exigindo mudança de rota imediatamente. Isto só se pode fazer com ampla unidade dentro do movimento sindical, sem exclusivismos e aventureirismos isolacionistas, realizando ações fortes de resistência dos trabalhadores, para retomar o desenvolvimento e a valorização do trabalho em vez do  grande capital financeiro.

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