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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

São Paulo: o ato em sete atos

O ato contra o ajuste fiscal e a direita, e pela democracia, realizado na noite desta quinta (20), em São Paulo, superou todas as expectativas dos organizadores. Os motivos são os seguintes:

Por Gilberto Maringoni(*), via Facebook, no site DCM


1. A própria coordenação da manifestação – que saiu do Largo da Batata, em Pinheiros, e percorreu 5 quilômetros até o MASP – esperava um público de 40 mil pessoas. Pois ainda em seu início, a Polícia Militar avaliou os número de presentes em 60 mil.

2. O tom do ato foi nitidamente crítico ao governo, pela esquerda. Como disse Guilherme Boulos, logo na abertura, “Viemos às ruas para combater a direita. Não viemos defender nenhum governo, viemos denunciar o ajuste fiscal!”.

3. A fala do líder do MTST pautou o evento. Nenhum dos oradores fez defesa aberta do governo. Representantes de entidades marcadamente próximas à administração federal – como a CUT, a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), ligada ao PCdoB, e o MST – decidiram centrar fogo na política econômica e defender a democracia, sem se comprometer com a conduta geral da gestão Dilma.

4. Havia uma profusão de bandeiras e símbolos do MTST, MST, CUT, Intersindical, PSOL, PCdoB e PCO, este último guindado à súbita notoriedade pelo apoio aos governos petistas. O notável é que quase não havia estandartes do PT, embora muitos militantes vestissem a camisa do partido.

5. Ao contrário do que falava uma ultraesquerda purista, o ato não foi dominado pelo governismo. Ativistas do PT e pró-governo se adaptaram a uma cena marcadamente crítica.

6. A unidade obtida em São Paulo não se replicou em outros estados. No Rio, por exemplo, aconteceram duas manifestações, uma de oposição, pela manhã, e outra governista à tarde. Nenhuma parece ter obtido grande expressão.

7. A junção de parceiros tão díspares é um tento importante nesses tempos de desalento. O feito pede agora um fio de continuidade. Ele pode se dar através da constituição de uma frente orgânica de todos os setores presentes no ato. Juntar setores dispersos para a luta contra o giro ultraliberal do governo Dilma, o ajuste fiscal e a Agenda Brasil, entre outros temas é tarefa que está caindo de madura.

Como dizia Antônio Maria, “A noite é grande e cabe todos nós”.
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(*)Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da UFABC e candidato do PSOL ao governo de São Paulo, em 2014.

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