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sábado, 31 de maio de 2008

Democrassia direta e REUNI

A Diretoria do DCE-UFPR realizou de 27 a 30/5 uma consulta, aos membros da comunidade universitária, que chamou de "plebiscito" sobre o Programa REUNI.



O título deste texto foi grafado com erro de propósito. Tem o sentido de aludir à democracia direta de pé quebrado que a atual direção do movimento estudantil da UFPR - mesmo que, supomos, de boa fé - pôs em prática com sua coleta de opiniões de alunos e servidores sobre o Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (REUNI) aprovado pelo Conselho Universitário. Que democrassia foi essa do dito "plebiscito do REUNI" ?


Mecanismos de democracia direta
- como plebiscitos, referendos, eleições - são coisa séria, e certamente necessários para complementar e melhorar os mecanismos de democracia representativa também dentro de uma Universidade.




No entanto, pelo que se viu desse "plebiscito" sobre o REUNI, os dirigentes estudantis organizadores preferiram banalizar o instrumento do plebiscito, usando-o como mais uma ferramenta de propaganda contra o Programa do Governo Federal ao qual, todos sabem, os dirigentes atuais do DCE se opõem sistematicamente, alimentados fartamente com o combustível político-ideológico cegante produzido nos laboratórios do ANDES-SN.



Em vez de executar uma consulta organizada, ampla e séria, optou-se por uma coleta de votos "nas coxas", como diz a gíria, sem listagens informatizadas e quaisquer controles sobre identidade dos "eleitores". Para ilustrar, tome-se o caso de uma urna instalada numa mesinha ao lado da fila do RU Central: quem quisesse votar, assinava o nome, sem identificação prévia, numa folha de caderno improvisada, "opinava" numa cédula com 3 perguntas e depósitava numa caixa. Desse jeito, até um transeunte não vinculado à UFPR que passasse pela Amintas de Barros na hora do almoço poderia votar...


Não bastasse o improviso da mesa coletora, ela ainda ostentava um cartaz que citava o "plebiscito" e chamava explicitamente a votar contra o REUNI. A mesa eleitoral, teoricamente neutra, já propagandeava o voto no "Não ao REUNI"! É como se, num segundo turno de uma eleição majoritária normal, você chegasse na sua seção eleitoral e a encontrasse cheia de cartazes de apenas um dos candidatos...


Ainda mais: demonstrando uma visão maniqueísta, simplificadora sobre o tema, a primeira pergunta na cédula de papel era acerca da opinião do votante sobre o REUNI, e as opções eram apenas 3: "Contra", "A favor" e "Não sei opinar". Se o sujeito achasse no geral bom o REUNI mas tivesse ressalvas, não teria como opinar nesse tipo de cédula simplória.


Com esses elementos, parece claro que o "plebiscito" apenas se prestou a atividade de agitação anti-REUNI, cuja consequência em termos de mobilização concreta contra a materialização do programa federal não se sabe ao certo qual venha a ser, além de muitos clamores exaltados. A organização leviana e tendenciosa dessa atividade de consulta direta desmoraliza um instrumento sério como deve ser um plebiscito, não ajuda a aprimorar a democracia dentro da UFPR.

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