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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Reflexões sobre a reta final da disputa eleitoral presidencial

Reproduzo análise de Renato Rovai, da Revista Fórum:

Datafolha anunciado ontem aponta Dilma com 46%; Serra, 28%, Marina, 14% e outros candidatos 1%. Isso dá 46% pra Dilma e 43% pro resto [dos votos válidos].  O segundo turno passa a ficar na margem de erro.

Na mesma época, em 2006, o Datafolha apontava Lula 49%; Alckmin 33%; Heloisa Helena 8%; Cristovam Buarque 2%. Lula estava um pouco melhor que Dilma. Ele tinha 53% dos votos válidos. Dilma tem pelo Datafolha de ontem 52%.

Mas há diferenças substanciais daquela eleição para essa. Naquela, no dia 29 de setembro, ou seja, no equivalente à edição de amanhã, o Jornal Nacional da TV Globo deixou de noticiar a queda do avião da Gol, o maior acidente aéreo da história do país, para mostrar uma pilha de dinheiro do caso dos "aloprados".

Além disso, Lula já vinha sangrando há alguns dias. Por conta daquele escândalo que surgiu no dia 15 de setembro. E havia decidido que não participaria do último debate da Globo. Talvez seu maior erro naquela campanha. Além disso, é preciso registrar que em 2006, todos os outros institutos davam números semelhantes aos do Datafolha.

Desta feita, o instituto da família Frias tem apresentado resultados mais favoráveis aos interesses tucanos. Por que não faria isso nesses últimos dias? O IG/Vox Populi de hoje deu, por exemplo, 56,5% dos votos valídos a 43,5% para Dilma. É uma diferença ainda muito grande. Dilma tem 49% contra 24% de Serra e 13% de Marina.

Outra diferença desta reta final para aquela é que em 2006 Alckmin roubou os votos de Lula. Agora, os tucanos, ao que tudo indica, não vão conseguir empinar Serra. Se alguém pode vir a crescer, esse alguém é Marina. 

E como vai ficar claro até sábado que ela não tem chances de ir ao segundo turno, o voto anti-Serra pode funcionar no domingo.

Ou seja: “se você votar na Marina, vai ajudar o Serra”. Esse discurso de voto útil, se bem explorado pode garantir no Nordeste, em Minas, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul a diferença que Dilma precisa para liquidar a fatura no domingo.

Preciso registrar, porém, que o amigo Pierre Lucena, do site Acerto de Contas, que entende mais de estatística do que eu, está apostando em segundo turno.  Ele diz que “a curva de Dilma se deteriorou muito nos últimos dias”. E que ela “caiu de 60% para 57% dos válidos em dois dias”. Pede também para que eu leve em consideração que a pesquisa é dividida em quatro dias. Ou seja, a situação de ontem pode ser ainda pior.

Ele, porém, acha que não há tempo para Marina ultrapassar Serra. E acrescenta que o tucano está morto no segundo turno.  Ou seja, mesmo que Dilma não finalize a eleição no domingo. Tem tudo, tudinho, para ganhar no dia 31.

Este blogue, porém, acha que, se Dilma não for mal no debate de quinta, a eleição presidencial acaba agora.  Além disso, não se pode desprezar a militância do PT e dos partidos aliados nesta reta final. E ela entrou no jogo. Basta ver o que aconteceu ontem (27) no Anhembi, onde 20 mil pessoas enfrentaram a chuva e fizeram uma bela festa.
Se Dilma não sofrer um bombardeio, ela é até capaz de crescer um pouquinho nos próximos dias.  De qualquer forma, a reta final vai ter emoção. E isso deixa o processo democrático mais vivo.
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Fonte: Renato Rovai/Revista Fórum

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