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domingo, 25 de abril de 2010

Conselho nacional da UNE na UFRJ debate destino do pré-sal e eleição presidencial

Diante de um auditório lotado, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, abriu oficialmente na manhã da quinta-feira (22) o 58º CONEG (Conselho Nacional dos Estudantes). O encontro vai até domingo, 25, no Centro Tecnológico da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e reúne cerca de 500 lideranças estudantis de todo o Brasil, representantes de DCEs, Uniões Municipais e Estaduais dos Estudantes, além de Federações e Executivas de cursos.

A mesa de abertura reuniu autoridades em torno da reivindicação do movimento estudantil por uma nova lei do petróleo, com destinação de 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a Educação. Um percentual “justo e possível” na avaliação do presidente da UNE. A cota está prevista em emenda que tramita no Congresso Nacional, assinada pela senadora Fátima Cleide, presidente da Comissão de Educação do Senado. “Vamos lutar juntos pela aprovação”, defendeu Caio Varela, que representou a senadora no CONEG.

O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Fernando Siqueira, explicou, de forma técnica, a importância da descoberta do Pré-Sal. “Em pouco tempo a demanda por petróleo vai superar de forma drástica a oferta e o Brasil vai ter um poder de barganha muito grande”, disse. O problema, segundo ele, é que de acordo com a legislação atual a União fica com apenas 20% da renda gerada pela produção de petróleo. A maior fatia vai para consórcios estrangeiros através dos leilões. “Precisamos dos brasileiros nas ruas. A UNE foi o baluarte da campanha do petróleo na década de 50. E tem a chance de repetir o fato histórico”, concluiu.

Além da UNE, a ideia da retomada do monopólio estatal sobre a exploração do petróleo também é defendida pela UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG). Segundo Yann Evanovick, presidente da UBES, “não podemos deixar acontecer com o Pré-Sal o que houve com outros ciclos econômicos como o Pau-Brasil, quando a riqueza não foi distribuída”. A presidente da ANPG, Elisangela Lizardo, acrescenta que “é necessário criar um só discurso, em defesa da educação, em defesa do Brasil. Vamos juntos, de mãos dadas”, concluiu, parodiando o poeta Carlos Drummond de Andrade.

O diretor da Federação Única dos Trabalhadores (FUP), Abílio Tozini, engrossou o coro. Para ele, “o atual modelo entrega nossas riquezas para as multinacionais. Não podemos mais permitir isso”. Waldir Gallo, que representou a ANP (Agência Nacional do Petróleo), considerou que “a discussão é salutar e precisa ser feita de maneira ampla”.

O encontro também teve a participação do presidente do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Joaquim Neto, e do diretor executivo da CONTEE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino), José Carlos Padilha.

O presidente da Associação dos Dirigentes de Instituições de Ensino Superior (ANDIFES), Alan Kardec, reforçou o apoio à UNE. “Os reitores de todo o país estão com vocês”, afirmou. E o coordenador nacional da Campanha pelo Direito à Educação, Maurício Fabião, lembrou: “quando os movimentos sociais se UNEm, a direita treme!”.

Os encontros anuais do CONEG são marcados pela discussão e elaboração de propostas aos candidatos a presidente da República, mas, neste ano, o movimento estudantil vai debater a possibilidade do apoio da entidade a uma das candidaturas à presidência, decisão que será tomada na plenária final, momento em que são votadas e deliberadas as principais propostas dos estudantes.

A votação acontecerá no terreno da UNE, na Praia do Flamengo,132, local histórico onde funcionou a sede da entidade até ser incendiada e demolida pelo Regime Militar de 1964. Na ocasião, será exposta a maquete do arquiteto Oscar Niemeyer da nova sede que será construída no local. Na última terça-feira 20, foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado o projeto que vai indenizar a UNE em 15 milhões de reais pela destruição do prédio. Esse valor deve ser usado integralmente na reconstrução da sede.
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Fonte: UNE e CartaCapital.
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Atualização em 26/04: o Conselho da UNE não votou apoio a nenhum candidato a presidente da República, mas aprovou uma plataforma de propostas de viés nitidamente antineoliberal. Apenas uma corrente petista minoritária (a "Articulação de Esquerda") propôs que a UNE votasse apoio a Dilma Rousseff, mas retirou a proposta antes de levá-la a votação. A UNE, assim, fica relativamente neutra diante dos candidatos a Presidente, reivindicando de todos que assumam as proposições da entidade estudantil.

3 comentários:

Milton-UFPR disse...

Essa lideranças estudantis são o futuro da nação...Vide de quem lá saiu...

Roberto disse...

As lideranças do movimento estudantil, muitas delas são sim futuras lideranças políticas. ocuparão postos de executivos, serão deputados, vereadores, juízes. Algumas em partidos progressistas, outras em partidos conservadores. A UNE é uma escola de formação política prática, e isso é muito bom.

Luis Otávio disse...

É Miltom.. alguns sairam de lá e foram direto pro sinditest.