A quantia de R$ 1,4 trilhão gasta com juros exorbitantes nos últimos 12 anos poderia ter dobrado, nesses 12 exercícios, os orçamentos autorizados pela Lei de Orçamentária Anual (LOA) para Saúde, Educação, Saneamento, Habitação, Cultura, Transportes e Segurança Pública.
Os juros foram mantidos numa média de 18,7% entre 1997 e 2008 por conta do regime de metas de inflação, como mostrou o economista Amir Khair. Se a taxa média tivesse ficado em mais civilizados 13,6%, a dívida interna poderia ter ido a zero.
De acordo com Amir Khair, desde o início do funcionamento do Copom (Governo FHC) até 19 de julho de 2006, a taxa Selic esteve acima de 15% ao ano, com média neste período de 20,5%, com inflação de 6,9%, ou seja, uma taxa real de 12,8%. Só a partir de 20 de julho de 2006, ou seja, há três anos, a Selic passou a ficar abaixo de 15% ao ano.
"Os gastos com juros acabam concentrando a renda, o que não teria ocorrido se o país praticasse taxas mais baixas. Apenas umas poucas famílias têm condições de investir em títulos públicos", disse o cientista político Lucidio Bicalho, assessor do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).Bicalho lembrou ainda que a estrutura tributária é regressiva no Brasil: "O dinheiro é arrecadado dos que não têm renda e vai para os que ganham com juros. São duas lógicas perversas", resumiu.
O R$ 1,4 trilhão desviado para o pagamento de juros no período representa R$ 116 bilhões anuais. Essa quantia, em valores atuais, equivale à soma das rubricas Saúde (R$ 54 bilhões), Educação (R$ 36 bilhões), Saneamento (R$ 2 bilhões), Habitação (R$ 1,4 bilhão), Transportes (R$ 16 bilhões) e Segurança Pública (R$ 8,2 bilhões).
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Fonte: DIAP/Monitor Econômico
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