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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Eleição direta na FASUBRA e certas ilusões sobre democracia sindical

Com alguns querendo reinventar a roda, volta e meia aparecem propostas que, à primeira vista, parecem muito bonitinhas para aperfeiçoar a democracia numa entidade sindical. Vendo sob vários ângulos e comparando com experiências passadas e atuais de outras entidades, aí a coisa pode mudar bastante de figura.


É isso que acontece com a proposta de alguns grupos que lançaram teses ao CONFASUBRA, defendendo que a Direção Nacional da Federação seja escolhida por eleição direta em cada base sindical. Por termos, como grupo da UFPR ligado à CTB, recebido mandato de assembléias do Sinditest para atuar no CONFASUBRA, desde já adiantamos que somos contra esse método e justificamos a seguir.
  • Organizar uma eleição direta num país enorme como o Brasil consome muito dinheiro e também o tempo e energia dos ativistas sindicais, que poderiam empregar tudo isso nas lutas pelos direitos dos trabalhadores. Por experiências anteriores, como a da UNE nos anos 80, sabe-se que 2 meses são despendidos só com atenções voltadas para a organização e para a disputa entre as chapas. Se ocorrem denúncias de fraudes e contestação do resultado eleitoral, aí então é um deus-nos-acuda. O método direto para eleição numa entidade de âmbito nacional não funciona do mesmo modo que a eleição da diretoria de um sindicato de base e pode provocar séria divisão interna.
  • Os grupos político-sindicais que estejam organizados no país inteiro, com militantes em todos ou na maioria dos estados onde existem Universidades, levam ampla vantagem, em detrimento de grupos que só tenham expressão regional ou local. Os grupos grandes, com maior capacidade de arrecadação financeira para a campanha de suas chapas, saem com vantagem para distribuir material propagandístico farto e de melhor qualidade que grupos menores. Assim, por exemplo, a eleição direta tende a favorecer bastante os grupos ligados ao PT.
  • É ilusão achar que o mero fato de haver uma eleição direta numa Federação sindical nacional propicie automaticamente melhor qualidade no debate das propostas de cada chapa, pois sabe-se que ainda existem muitos eleitores que votam em tal ou qual chapa apenas porque viram propaganda (marketing) maior e melhor dela.
  • Independente do que o Congresso da FASUBRA aprovar como Plano de Ação para o próximo biênio, cada chapa na eleição direta país afora vai poder fazer proselitismo em sua campanha do que bem entender, inclusive de propostas que tenham sido rejeitadas no CONFASUBRA, e isso pode gerar mais confusão na cabeça dos eleitores das bases.

Portanto, julgamos que a escolha da nova Direção da FASUBRA deve continuar ocorrendo através de eleição dentro do seu Congresso bianual (eleição direta intra-congresso em que votam todos os delegados eleitos nas bases). Pois os delegados passam 5 dias do Congresso ouvindo, debatendo e analisando as propostas dos diversos grupos, acumulando maior conhecimento para bem decidir na hora do voto. Além disso, o CONFASUBRA define os principais pontos da política da FASUBRA para os próximos dois anos, e essa plataforma de ação terá que ser posta em prática pela Chapa eleita no final do Congresso.

Um comentário:

Rita de Cassia disse...

Gostaria muito de saber qual a posição dos diretores do Sinditest em relação a esse assunto já que estarão todos no Confasubra.
O que parece é que eles vão até lá pra fazer turismo e não estão nem aí pras questões sindicais