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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Greve da FASUBRA continua. Mas corre risco de desidratação

Em reunião na 2a.feira (19), em Brasília, a resposta do governo à espera da FASUBRA foi desapontadora, em especial no tocante à demanda financeira. Segundo o Informe de Greve (IG) do CNG-FASUBRA de 20/05, o Secretário de Relações de Trabalho (SRT) do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, informou que “consultou ministros e a junta orçamentária, para verificar a possibilidade de alguma margem de manobra que permitisse avançar em proposta para dialogar com a FASUBRA.” No entanto, dessa consulta nada resultou, pois o governo “mantem a posição anterior, ou seja, entendem que estão sob a égide de um acordo [o da greve de 2012] e que a margem de manobra é zero.

Mais adiante, nesse mesmo IG, se lê que o MPOG afirma estar “convencido de que o governo fez uma boa política para os trabalhadores do serviço público” e que existe incompreensão por parte da FASUBRA nessa negociação. Acrescentou, no entanto, que entende ser “preciso uma alteração no processo de relação que temos hoje na mesa de negociação, pois considera que o mesmo se esgotou, está falido, e que há necessidade de rever alguns conceitos, talvez no segundo semestre deste ano”. Finalizou indicando a “necessidade da regulamentação das convenções 151 [negociação coletiva e data-base no serviço público] e 154 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), do direito de greve, o efeito dos acordos, a relação com o parlamento”.

Nessa conversa, pelo menos o MPOG reconhece a importância de se regulamentar de vez a Convenção 151 da negociação coletiva, pelo qual, todo ano, haverá uma data-base para se avaliar necessariamente o reajuste salarial.


Posicionamento do CNG e desdobramentos
Depois da frustrante conversa de 10/05, o CNG reuniu-se para avaliar e, por unanimidade, seus atuais membros votaram pela continuidade da greve nacional. O IG de 21/05 (último disponível hoje) considerou que a posição do governo foi de desrespeito. Em seguida, vem alguns parágrafos com uma tentativa de análise de conjuntura econômica nacional (ligeira, superficial).

Sem abordar o quadro completo e real do nível de mobilização das bases sindicais, o CNG então orienta “ampliar a greve, com ações que devem ser sincronizadas e cumpridas por todos para que deem visibilidade e forcem o governo a atender nossa pauta e para isto é preciso que cada companheiro da base venha fortalecer o movimento, como por exemplo, o que aconteceu na UFAL, onde os trabalhadores decidiram suspender os pagamentos a empresas, como água, luz etc para pressionarmos o governo a abrir as negociações.” Fora isso, não há indicativos mais concretos de como e quando realizar-se uma iniciativa com o condão de pressionar contundentemente a intransigência atual do governo, tal como pretendido no CNG.

Apesar de ser necessário, para preservar a dignidade do movimento dos trabalhadores, manter a greve no momento imediato à reunião frustrante, ainda não se viu uma análise realista do nível de mobilização em todas as IFES onde se considera haver paralisação. Nesse mesmo IG, de um total de 38 entidades sindicais com bases ditas em greve (5 não estão em greve), apenas 24 delas tem representantes hoje presentes no CNG. Onde estão as demais 14 entidades em greve? Também tem havido muito poucos informes de base nos IG's relatando ações massivas e radicalizadas da paralisação.

No caso da UFPR e outras bases do Sinditest, por exemplo, o quadro real da paralisação é muito insatisfatoriamente conhecido. O que realmente está paralisado, em cada setor e campus, em que grau? A atividade no RU Central, o único parado, nas últimas semanas parece ter mesmo se resumido às assembleias ordinárias de terças e quintas (e não consta registro de ter havido assembleia ontem). No HC, grande foco de atenções e tensões da greve, o percentual de grevistas estaria em quanto? 5% do total?

Outro problema é que, tomando aos poucos conhecimento de que o governo pode ter definitivamente batido a porta na cara da FASUBRA para novas negociações este ano, a parcela paralisada da base da categoria tome paulatinamente a iniciativa de retornar ao trabalho, sem esperar que seus dirigentes sindicais resolvam recuperar contato com a dura realidade.

Em resumo, pelo CNG a greve nacional continua. Mas pode estar se desidratando a pouco e pouco nas bases.
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Foto: site da FASUBRA

2 comentários:

Rita de Cassia disse...

Uma greve sem presente e por isso sem futuro.

Anônimo disse...

Qual a solução para a jornada de 30 horas? O próprio MPOG disse em seu parecer que a nossa lei 11.091 nada fala quanto a jornada. Se lá estivesse estipulando que servidor TAE terão jornada de 30 horas ressalvados aqueles com legislação específica, teríamos uma solução imediata. Mas preferem ficar no jogo político. E colocou muito bem, a Fasubra espera que os servidores desistam.
Vamos ver como fica depois da copa.