-->

segunda-feira, 26 de maio de 2014

PSOL: fácil ser estilingue. Mas quando vira vidraça...

Em Macapá, o primeiro prefeito do partido elogia programas federais e faz parceria com empresas. A CartaCapital, ele conta os limites de um socialista na prefeitura e reivindica o legado petista

Por Piero Locatelli, no site CartaCapital

Em 2010, o sindicalista Clécio Luis foi eleito prefeito de Macapá e se tornou o primeiro militante do partido a comandar o poder Executivo em uma capital. Um ano e meio depois, o prefeito recebeu a reportagem de CartaCapital para discutir como está sendo a experiência do partido. Leia abaixo trechos da entrevista:

CartaCapital: O senhor ganhou a eleição em Macapá sofrendo críticas de militantes do seu partido por ter recebido o apoio de legendas como o PTB e doações de empresas. Mas tornou-se o primeiro prefeito eleito em uma capital no país. Ao que atribui essas críticas? Existe uma diferença entre o cenário que o senhor encontra na cidade e o enfrentado pelo PSOL nacionalmente?

Clécio Luís: O PSOL tem que entender as diferenças regionais, entender os “Brasis” para se auto-afirmar como um partido nacional. Não há uma receita pronta para a militância que se aplique da mesma forma em São Paulo e no Amapá. Seria muito ruim que a gente tivesse um discurso aqui que debatesse apenas grandes temas brasileiros e esquecesse da nossa realidade, como o esquerdismo quer fazer. Por exemplo: você vai numa reunião em Pracuúba, o menor município do Estado. As pessoas estão de pé no chão, descalças. Lá, tudo é muito mais difícil, o dia a dia é o que importa. Se você chegar lá e fizer um discurso da dívida externa, você fala em uma frequência que o povo não te ouve. Ou seja, nós ficamos atentos a essas peculiaridades e por isso há um nível maior de sucesso no diálogo com o povo.

CC: Sua postura na prefeitura entra em contradição com bandeiras do partido. O PSOL, por exemplo, é crítico à Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas o senhor teve de fazer cortes orçamentários para cumpri-la. Isso seria uma das peculiaridades que o senhor se refere?

CL: Isso é um debate nacional que tem de continuar, e o PSOL tem legitimidade para mudar e criticar a LRF. Agora, eu não posso fazer isso como prefeito. Não sou o prefeito do PSOL, sou um prefeito que foi eleito dentro dos marcos legais vigentes. Posso questioná-los, mas se eu não cumpri-los vou ser condenado igual a prefeito de direita. E depois de condenado, não faz diferença se eu sou de direita ou de esquerda.

CC: Isso é um argumento igual ao que o senhor usou ao receber doações de empresas durante a sua campanha eleitoral. Uma das bandeiras do PSOL é o financiamento público de campanha....

CL: Olha, aqui nós temos um bom diálogo com o empresariado local. Mas é um empresariado pequeno. O empresariado grande daqui é o pequeno do Brasil inteiro. Então, se aplica a mesma questão da LRF: esse é um debate que tem que continuar, mas nós aceitamos as pequenas doações de empresários e isso foi muito importante aqui para nos elegermos.

CC: Mesmo em um partido socialista, o senhor manteve uma Parceria Público-Privada para fazer o mapeamento de lotes fundiários na cidade, entregando este serviço a uma empresa privada. Por quê?

CL: É um negócio que nós levaríamos muitos anos para fazer, não teríamos recursos próprios. Então nós dissemos ‘toca a PPP, vamos pagar o desgaste, vamos continuar.’ Porque a gente não teria condição de fazer esse trabalho e depois legitimar os mapas. Eu sou muito acusado por causa disso, mas acho que está valendo a pena.

Um comentário:

Rita de Cassia disse...

Estão na comoda posição de só atacar sem apresentar uma única alternativa de mudança. Assim qualquer um sabe fazer política.