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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Acerto Reitoria-Santander mixou. Mesmo?

O Blog NaLuta foi o primeiro a denunciar um semidesconhecido acerto entre o banco privado espanhol Santander e a Reitoria da UFPR para fazer novos crachás de alunos e servidores.  As críticas apareceram nas postagens do Blog NaLuta  "UFPR promove banco estrangeiro" de 10/01/2012 e "Misterioso Banco Santander..." , de 16/01.

Depois disso, muito mais membros da comunidade universitária da UFPR passaram a debater o tema.  O blog MobilizaUFPR, editado pelo servidor Fernando Oliveira, agarrou essa bandeira e buscou investigar mais os documentos do tal acerto entre o reitor Akel e os espanhóis.  Levado à assembleia de fnal de janeiro do Sinditest, o acerto foi objeto de unânime moção de repúdio dos servidores presentes no Anf. 100. O DCE teve posições contraditórias e a APUFPR só se manifestou há poucos dias, condenando a intenção de entregar ao superbanco europeu o acesso à potencial clientela da UFPR.

A Assessoria de Comunicação Social da UFPR, em matéria de 05/01, havia anunciado para março próximo a troca dos crachás de identificação dos servidores e estudantes.  Passado um mês e meio, vem a mesma ACS, em nota de 17/02, anunciar que a "UFPR revoga chamada pública", em que se informa que:

"O reitor da Universidade Federal do Paraná, Zaki Akel Sobrinho, revogou no dia 13 de fevereiro o Edital de Chamamento Público no qual o Banco Santander passaria a fornecer os crachás de identificação dos servidores e dos alunos."

com a justificativa de que

"...a legislação não permite que as instituições públicas tenham conta em instituições bancárias privadas, mesmo que seja uma conta de transferência de dados."

Contraditoriamente, no parágrafo a seguir, a nota da ACS "esclarece" que:

"Apesar de cancelado, o procedimento seguiu todas as normas da Lei 8.666, a chamada Lei Geral das Licitações, e foi considerado dentro da legalidade e transparente."

Dá para entender isso?  A Reitoria num parágrafo diz que o acerto com o Santander foi cancelado "porque a legislação não permite" e, no parágrafo seguinte, informa que o procedimento "foi considerado dentro da legalidade". Um surto de esquizofrenia parece estar acometendo a administração superior... ou é receio mesmo de posteriores consequências do barulho que a comunidade (principalmente técnicos) conseguiu fazer neste esvaziado período de férias. 

Contudo, dessa esquizofrênica nota da ACS-Reitoria, ainda se extrai mais alguma coisa.  Ela ainda lamenta no final:

"A implantação do cartão permitiria a economia de recurso financeiro da universidade empregado com as carteiras de estudante e com as identidades funcionais."

Quer dizer que, depois da montoeira de recursos da União recebidos através do Programa REUNI (de 4 anos para cá), esta superhiperultra-bem-administrada Universidade não planejou alocar uma partezinha, uma só, para algo tão básico como identidades funcionais e estudantis em período de expansão?  Quer fazer economia, tercerizando, privatizando, promovendo parcerias nada transparentes da instituição pública com um dos vilões da crise econômica mundial como esse megabanco europeu??  

Assim, reiteramos as perguntas que já apontamos na primeira postagem em janeiro denunciando o acertinho Gestão Akel/Santander:

- não tem a UFPR recurso e tecnologia próprios para fazer seus próprios crachás?
- se fosse o caso de fazer parceria com instituição bancária, não poderia ser com um banco público, como CEF ou BB?

Em que pese a nota da ACS de 17/02, segundo a qual "mixou o lance" entre esses banqueiros bonzinhos e o melhor administrador da UFPR, reservamo-nos o direito de esperar mais um pouco para saber se mixou mesmo, e se mixou tudo.

4 comentários:

Valter Antonio Maier disse...

O caso Santander e a posição das entidades de representação da UFPR
Por Valter Antonio Maier

A retomada da luta pela democratização do país contra o arbítrio do regime militar teve início no serviço público a partir do momento que movimentos organizados de professores e funcionários conseguiram tomar as suas entidades de representação.

Com a vitória das chapas “Movimento dos Professores” na APUFPr em 1981 e “Movimento dos Funcionários” na ASUFEPAR em 1983 e mais com a refundação do DCE em 1979 todos as entidades estavam alinhadas com aqueles que queriam mudanças na universidade. Foi a época da luta pela manutenção da universidade pública e contra o seu sucateamento e pela busca de eleições do seu dirigente máximo: o que só foi conquistado em 1985.

A consolidação de diretorias democráticas nas associações de classe e o direito à sindicalização foram passos que naturalmente acompanham nossas entidades. A luta pela construção da greve geral contra Sarney, a busca da formação da central sindical. As constantes greves por melhorias das condições de trabalho e salariais fizeram com que nossas entidades fossem referência no meio sindical paranaense.

A chegada ao poder de grupos mais à esquerda fazia acreditar que nossas entidades jamais descansariam enquanto os administradores de plantão tentassem qualquer ato que atentasse contra a manutenção da universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente construída.

Porém, se engana quem acredita que foram nossos diretores, sempre atentos nos sindicatos das categorias, que foram para a linha de frente no combate contra a implantação do contrato da UFPR com o banco privado Santander.

Primeiro a denunciar a falcatrua foi o “Blog na luta” ligado ao PC do B e que está afastado de todas as diretorias sindicais e estudantis. Fez a denúncia, mas não se aprofundou. Quem realmente assumiu a luta de frente foi o “Blog MobilizaUFPR” que divulgou o edital e o contrato. Que mostrou a conivência entre a direção do DCE e a Administração Superior da UFPR. Foram ainda membros do MobilizaUFPR que foram ao Ministério Público Federal fazer a denúncia do contrato entre a universidade pública e o banco privado que “jamais” foi discutido dentro da instituição.

E o que fizeram nossos sindicatos? A APUFPr não fez nada além de uma nota que foi publicada no dia 17 de fevereiro. O SINDITEST aprovou a moção de repúdio na assembléia do dia 31de janeiro e ficou negociando com o Zaki a liberação de diretores, será que não haveria uma troca de favores? O DCE foi mais capacho, fez nota de apoio e quando o chefe tinha desistido da idéia, então simularam uma mudança de opinião e até uma denúncia no MPF, que ninguém sabe ninguém viu.

A preocupação que fica deste episódio é saber se nossas entidades vão manter essa mesma postura diante da reitoria quando se tratar das eleições. Será que pro pessoal de esquerda é importante que tenhamos um reitor democraticamente eleito? Por que a calmaria sobre o encaminhamento da consulta popular? Por que nossos eternos combatentes agora se encontram tão calados?

Sebastião disse...

Sua preocupação com as eleições na Reitoria tem sentido Sr. Valter. Afinal, as coisas estão muito serenas, até parece que as entidades representativas de classes estão "dormindo em berço esplendido". Será que teremos CHAPA ÚNICA?!

Dodo disse...

Valter, em seu comentário acima, voce assinalou o mérito deste Blog NaLuta em ser o que primeiro publicizou e denunciou o acerto entre gestão Akel e Santander, ok, obrigado pela sinceridade. Mas, quando escreve que este Blog "fez a denúncia, mas não se aprofundou. Quem realmente assumiu a luta de frente foi o Blog Mobiliza UFPR, que divulgou o edital e o contrato", desnecessariamente parece querer produzir uma querela sobre a "paternidade" do enfrentamento do tema. Digo desnecessário porque interessa mais que todos se unam para combater o que nos parece daninho ao interesse público do que ver quem foi mais combativo do que outro.

Ora, o Blog NaLuta publicou a denúncia em 10/1 e repetiu críticas em 16/1. Tendo encontrando pessoalmente os diretores do Sinditest Bernardo, Judit e Cristiane em ato político na Boca Maldita de solidariedade às vítimas do massacre da comunidade Pinheirinho (antes da assembleia que aprovou moção de repúdio ao acerto Z-S, chamemos assim), eu os avisei do assunto, que merecia um encaminhamento do sindicato. O correto foi feito: em assembleia geral, nossa entidade aprovou aquela moção, tornada pública depois, para ciencia também da reitoria, obrigando DCE e APUFPR a igualmente se posicionarem.

É positivo que o Blog Mobiliza, que o Fernando edita desde Nov/2011, tenha corrido atrás dos documentos do "Acerto Z-S", e sido produzida aquela ação junto ao MP; o Blog NaLuta reconhece isto tudo como tambem servindo de pressão sobre o reitor.

Positivo também que surjam mais blogs de opinião da UFPR e UTFPR, amenizando a relativa "solidão virtual" que o Blog NaLuta aguentou desde fins de 2007 combatendo o peleguismo das duas gestões "Sindicato Para Todos E TAMBEM A GESTAO AKEL, que criticamos já antes de ser eleita. Nosso arquivo, de mais de mil postagens, o atesta.

Como diz o companheiro Altamiro Borges, do Centro Barão de Itararé: "que floresçam mil blogs", e o debate se amplie e enriqueça com a diversidade de opiniões.


Dodo
Pela Editoria do Blog NaLuta

Valter Antonio Maier disse...

Camarada Dodô, mil vezes saudado, pelo arrojo e independência.

Propus o texto acima para continuar e problematizar nossa relação com as entidades sindicais e estudantis.

Vejo que o grupo sindical CSP-Conlutas (com adeptos em ambos os sindicatos, docente e dos técnicos) "come muito peru e arrota muita farofa". Tem um discurso dito por você como trotskista mas a prática nesse começo de ano é algo similar ao Democratas-PSDB.

Explico: 1. Pouco estão fazendo para que as discussões do congresso da Fasubra sejam feitas de forma democrática (visto que já tenham demonizado as correntes da CUT e CTB e endeusado as correntes ligadas ao Conlutas.

2. No caso Santander/Zaki, por mais que tenham aprovado em Assembléia Geral a Moção de Repúdio, pouco fizeram contra o tal contrato. E acho que a letargia tem relação com a liberação de diretores do sindicato pela Administração Zaki.

3. Outro ponto que me preocupa é como estes grupos vão conduzir o processo eleitoral para a reitoria. Temos que exigir que as duas teses sejam debatidas nas assembléias que definiram critérios para as eleições. Ouvi dizer que eles irão aprovar os representantes dos técnicos na Comissão Eleitoral na assembléia do dia 29 de fevereiro no HC.

4. Temos que cobrar mais agilidade com relação às eleições pra reitor, mas que elas aconteçam com transparência e democracia. Abraços