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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Mudanças no ensino de Economia


Na Europa e nos Estados Unidos começaram a pipocar manifestações de descontentamento face a um modelo de ensino que não guardava nenhuma relação com a realidade dos cenários econômicos. Movimentos de alunos foram rapidamente seguidos por professores e pesquisadores, que passaram a reivindicar também mais espaço para reflexão e oxigenação de idéias. As contribuições de pensadores como Marx, Keynes, Kalecki, entre outros críticos do próprio capitalismo, se oferecem como instrumental mais adequado para compreender e explicar a própria crise.

Por Jaciara Itaim

As décadas de prevalência da hegemonia do pensamento neoliberal, em movimento que logrou se espalhar por todo o mundo, terminaram por provocar consequências significativas para a história da humanidade. Além de todas as mazelas relativas à desorganização das relações sociais, econômicas, ambientais e geopolíticas, esse período também foi marcado pela tentativa de uniformização e padronização das múltiplas maneiras de se compreender e analisar o fenômeno econômico. Um enorme retrocesso!

Essa generalização do modelo simplista de interpretação da forma capitalista de organizar a sociedade foi se consolidando aos poucos, a ponto de se transformar em uma espécie de “unanimidade artificialmente construída” junto aos espaços dos principais formadores de opinião em escala global. Essa verdadeira ditadura do pensamento único reinou absoluta no ambiente das grandes empresas, no interior das organizações multilaterais (Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, entre outros), nas manifestações cotidianas dos meios de comunicações, bem como no interior dos centros de pesquisa e das universidades.


Pensamento neoliberal: a construção da falsa unanimidade
A experiência havia adquirido fôlego e musculatura ideológica com a chegada de Thatcher e Reagan ao poder, nos dois países que representavam a essência mesma do “capitalismo mais autêntico” no início da década de 1980. Conservadores e republicanos chegavam aos postos máximos dos governos, respectivamente, da Inglaterra e dos Estados Unidos. Esse processo histórico se combina com o desmantelamento da experiência do chamado “socialismo real” nos países do leste europeu e na extinta União Soviética. A idéia de que não haveria mais espaço a outra alternativa para o futuro da experiência humana levou alguns pensadores mais apressadinhos, como Francis Fukuyama, a proporem a sugestiva interpretação do chamado “fim da história”.

Esse mesmo momento era caracterizado por crises recorrentes e sistêmicas no relacionamento entre os países desenvolvidos e os demais do mundo em desenvolvimento. Essas tensões acumuladas terminaram por transbordar em crises nas relações financeiras internacionais, inclusive em razão das dificuldades apresentadas pelos países devedores em cumprir com as cláusulas de pagamento de suas dívidas externas. Tem início uma nova fase na dinâmica econômica mundial. Tratava-se do difícil e penoso período dos chamados “ajustes estruturais”, onde o FMI, BM e demais organizações similares impuseram programas de estabilização macroeconômica aos países em desenvolvimento, sob a lógica do receituário de medidas que ficou conhecido como o “Consenso de Washington”. Sua marca era o arrocho e a ortodoxia.

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Um comentário:

Rita de Cassia disse...

Os "RICOS" se obrigam a repensar os modelos econômicos diante de tantas evidencias de que as coisa já não funcionam como esperado. É evidente a falência do modelo que polui, que não divide e que segrega.