A sucessão na Reitoria da UFPR este ano é deveras diferente de todas as anteriores. Transcorre numa situação excepcional, após um reitor desordenadamente abandonar seu mandato a meio do caminho, e quase na entrada das férias de julho.
Forma-se a tradicional Comissão Paritária de Consulta (CPC), em princípios de julho. Mas, já de cara, a maioria de seus membros carecem de maior legitimidade democrática, pois não foram tirados no forum plural de uma assembléia amplamente convocada, exceção feita aos professores. Os técnicos e alunos, indicados por instâncias restritas, não representam a pluralidade de opiniões de suas respectivas categorias.
Ao mesmo tempo, o Conselho Universitário (COUN) principia sua ação com um equívoco, que só vai corrrigir 1 mês depois: acha que pode ditar prazos e regras para as entidades que tradicionalmente organizam a eleição direta.
Desses elementos forma-se um ambiente no qual brota uma profusão de desentendimentos e confusões. De um lado, a CPC pedia mais prazo para os debates e a eleição, do outro o COUN inicialmente não quer conceder. Enquanto o COUN definia a eleição apenas para reitor, a CPC exigia para reitor e vice.
Até que a CPC, em 31/7, publicou suas normas com um cronograma, determinando eleição por chapa completa no dia 27/8. O COUN, percebendo corretamente haver necessidade de maiores entendimentos, decide em 5/8 propor um adiamento de todo o processo. Com isso, a data mais propícia para a eleição poderia ser achada e muito mais debates poderiam ocorrer, esclarecendo melhor a comunidade universitária.
As diretorias das entidades reagem ao adiamento já no dia 6/8 e levam a maioria dos membros da CPC a afirmar que a consulta direta marcada para 27/8 será feita de qualquer maneira, jogando no lixo o aceno do COUN por mais entendimentos. O presidente da CPC, prof. Emmanuel Appel, entende o adiamento proposto pelo COUN como interessante para uma realização plenamente democrática da consulta, mas, a partir daí, é isolado pelos membros técnicos e alunos da CPC, que, em maioria, começam a tomar decisões a seu bel-prazer, sem sequer consultar o prof. Appel.
Membros dos técnicos são trocados conforme o arbítrio único da Diretoria do Sinditest. Os alunos indicados pela Direção do DCE revezam-se, como se ninguém fosse membro fixo da CPC e sequer indicados por assembléias. A Direção da APUFPR também resolve nomear professores para a CPC conforme sua conveniência política, igualmente sem o crivo de uma assembléia plural. Nesse rodízio de membros, as decisões são tomadas sem maior cuidado com procedimentos democráticos. Por exemplo, a CPC afirmava ser o prazo finalíssimo para inscrição de chapas o dia 6/8, mas um subgrupo da CPC, excluindo o seu presidente Emmanuel Appel, envia um ofício em 8/8 aos professores Bracarense e Bona, estendendo - somente para eles - o prazo para que inscrevam suas chapas até o dia 11/8! Um outro ofício, supostamente da lavra dessa "CPC" rotatória, usando sem consentimento o nome do prof. Appel e exibindo apenas uma rubrica ilegível, solicita materiais da imprensa universitária, como se tudo estivesse na maior normalidade e isso não cheirasse a falsidade ideológica.
Para dar uma aura de legitimidade democrática aos diretores do Sinditest indicados para a CPC, a diretoria dessa entidade convoca às escondidas uma assembléia geral e somente divulga a convocatória na internet menos de duas horas antes do começo da própria. Um servidor que se prestou a capacho da manobrista diretoria do Sinditest propõe meramente referendar, sem discusssão ou apresentação de outros nomes, os diretores sinditestianos já presentes na CPC e todas as suas decisões, consumando a pantomima de "democracia".
E assim a CPC foi aos poucos tomando ares de casa-da-mãe-joana, com atitudes e elementos aliás que fazem lembrar a origem histórica dessa gíria... E é essa Comissão de coroneizinhos estudantis e sindicais que se arroga organizar uma consulta direta séria numa comunidade acadêmica de três dezenas de milhares, pretendendo que daí surja o novo reitor da UFPR, num processo a ser engolido com ou sem farinha pelo Conselho Universitário.
Aos membros do COUN, a começar da vacilante reitora, está colocado o repto de mostrar o grau de ética, dignidade e compromisso realmente democrático de cada um, quando a joanina maioria da CPC a eles se dirigir com o resultado apurado no simulacro eleitoral do dia 27.
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9 comentários:
É indescritível e lamentável que a PRIMEIRA UNIVERSIDADE DO BRASIL - a nossa tão querida e prestigiada UFPR- esteja passando por momento tão vergonhoso, precário, reacionário e conturbado como este que prepara a consulta do proximo reitor. Membros do emérito Conselho Universitário, que para si sempre chamaram a ordem, a democracia, a ética e a retidão agora estão prestes a sucumbir a acordos e caprichos de gente que pensa ser democratica, que adota discursos completamente dissociados das ações e que vem apostando na desordem, no impasse e no embate. Sim, diretoria do SINDITEST, do DCE e, mais recentemente da APUFPR, na figura de sua Presidenta, fazendo papel de palhaços e enxovalhando o nome da UFPR, quando mostram, através de suas atitudes, o descaso com o movimento de eleições diretas para Reitor conquistado há mais de 20 anos! Pessoas que se acham líderes, mas que não abrem mão de nada, que não negociam e sequer conseguem manter o mínimo de respeito àqueles que dizem representar. Essa CPC está sim desrespeitando a si mesma, quando permite rodízio de pessoas-membros da mesma, pessoas estas completamente destituídas de qualquer legitimidade. Com que direito levantam sua voz e pedem democracia? Com que direito julgam membros do CoUn de golpistas? Com que direito se apregoam porta-voz das categorias que representam?
Deveriam envergonhar-se!
Um bom líder é aquele que sabe ouvir, ponderar, ceder, conciliar! Líder que é lider, jamais impõe! m Imposição - isso é coisa de ditadores, que nao podem dar espaço a outros, por medo de perder o palco, de cair do pedestal!
Infelizmente é desta maneira que vejo as pessoas dessa CPC e sinto náuseas!
Caja, sua análise deveria ecoar pelas entranhas da CPC para que houvesse a mínima chance de se chegar á uma resolução consensual onde todas as pessoas que quisessm concorrer tivessem as suas inscrições deferidas de forma democrática e de acordo com os requisitos regimentais.
Falou e disse CAJA.
De acordo espurio em acordo espurio eles chegam lá.
Agora eu entendo pq a direção do Sinditest disse que ninguem teria condições de levar adiante os trabalhos da comissão eleitoral. Certamente sabiam que muito poucos iriam se prestar a esse papel. Só teriam apoio daqueles que fecham os olhos pr imoralidade em nome de interesses maiores.
Tenho um grande amor pela instituição onde passei os últimos 25 anos de vida me dedicando. Difícil ter que concordar que um grupo de arruaceiros transformou o símbolo da cidade em casa da mãe joana.
A verdadeira "ZONA" eleitoral
Que coisa deprimente...
Chega de putaria,
Bona na Reitoria!
agora entendi porque o debate entre um candidato que faz questao se dizer de oposição (Cid) e outro que não quer reconhecer que participou da gestão Moreira (Zaki) foi tão chocho, sem graça e com tão pouca gente. Já vi muitos debates entre reitoráveis antes, e este do dia 13 foi o espelho dessa confusão e do desinteresse da comunidade. 150 pessoas assistindo sonolentas a um debate de 2 candidatos é um sintoma de democracia doente.
"Aos membros do COUN, a começar da vacilante reitora...'
Bota vacilante nisso! Bota bundamolismo nisso! Uma dirigente que se deixa pressionar por sindicalistazinhos metidos a besta tem mais é que se ferrar.
Vai ser mole assim lá na lama das Biológicas!
Falou e disse, Clovis!
Ritora frouxa, mas na verdade torcendo desesperadamente para não ter confusão e o seu queridinho Zaki ganhar logo a eleição direta pra ser nomeado e ela ficar tranquila como vice até acabar seu mandato...
Só o manezão do Cid não percebe que sua única utilidade nessa eleição é mostrar que houve uma disputa, mas já tá tudo armado pro carequinha ganhar numa boa e ser reitor. Esquema com o Sinditest, esquema com a APUFPR e os babacóides do DCE assinando em baixo mesmo sem saber.
Hahahahahaa, nessa história dançaram o Cid, o tal do Bracarense e o diretor das Agrárias.
Como dizem no orkut... Zaki wins!
É de direita, mas é legal, hahaha!
Pela primeira vez na história do movimento estudantil um DCE que se diz de esquerda será responsável pela eleição de um reitor totalmente de direita.
Amanhã estarão todos comemorando junto com o Zaki lá no chazinho do Sinditest.
E viva a democracia...!!!!
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