-->

domingo, 25 de agosto de 2024

Um debate aquém... mas Mezzadri e Cristina venceram

Um comentário:


Talvez pelo formato do evento – com perguntas temáticas algo secundárias e questões meio particularistas enviadas pelas direções das entidades da comunidade universitária – o primeiro debate entre as chapas concorrentes à Reitoria, a mim pareceu, ficou aquém do que poderia alcançar. O Encontro deu-se no auditório do prédio da administração do Centro Politécnico, em 23/08, à tarde, que estava lotado de alunos, docentes e técnicos.

Na mesa estavam os(as) candidatos(as) a reitor e vice, com uma jornalista mediando o processo. Estive acompanhando pessoalmente o debate, para sentir melhor o “heat of the moment” (o calor da hora), e fiquei sentado logo atrás de minha antiga amiga e ex-chefe do SIBI, Lígia, a quem prezo e respeito, ela que é esposa do candidato Sunye.

Ao longo dos blocos de perguntas, fui ficando enfastiado. Perguntas pontuais e localizadas neste ou naquele setor da vida da Universidade, que recebiam comentários assim assim igualmente localistas e pontuais. Quem assistir à gravação do debate provavelmente também ficará enfarado.

No entanto, poderá esse espectador perceber que a minha cara amiga Graciela, com seu vice Trovon, mostraram-se, afinal de contas, em plano secundário, quase como concorrentes que participam de uma corrida só por correr. Notar os reiterados gaguejos do candidato Sunye para responder às questões e comumente se amparando numa firmeza maior de sua vice, Camila Fachin. Assim como também verificando que a chapa Mezzadri/Cristina se mostrou mais segura nas respostas, em tabelinha acertada entre os dois postulantes à Reitoria. Por isto, entendo que, se for para definir um pólo vencedor do debate de 23/08, ele é o composto por Mezzadri/Cristina, independente da claque oposicionista mercenária.

Não obstante, o ponto de que senti falta nas apresentações das três chapas foi o de explanar como veem a Universidade Pública (a UFPR e todas as outras) atuando como elemento estratégico, formulador de ideias e programas, para a conformação/implementação de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que supere a atual fase moribunda do capitalismo neoliberal. Ir adiante, com reforço da soberania e da democracia, realizando sem peias a justiça social, é a fase que precisamos atingir. E a Universidade Pública tem grande papel a cumprir nessa caminhada.

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Quem financia o nazismo em Santa Catarina?

Nenhum comentário:

Chegou à ONU a preocupação com a expansão de células nazistas em Santa Catarina. O argumento de que esse é o Estado mais branco do Brasil não serve como explicação para um fenômeno que se intensifica há mais de uma década.

Por Moisés Mendes, em seu Blog - 19/08/2024

Agora, quem se preocupa é a relatora especial da ONU sobre racismo, a indiana Ashwini K.P., que pesquisa sobre o assunto. Ela esteve este mês em Florianópolis, Brasília, Salvador, São Luís, São Paulo e Rio de Janeiro.

Santa Catarina foi o Estado que mais a impressionou. Ashwini K.P. fará um relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o que ouviu e que aciona sempre a mesma pergunta.

É possível que jovens se articulem em grupos nazistas no Estado, sem o apoio financeiro de gente disposta a dar sustentação a esse ativismo?

A indiana disse, depois da visita a Florianópolis: “Estou chocada por saber da presença de grupos neonazistas disseminando discurso de ódio e crimes de ódio e também preocupada com relatos de islamofobia direcionados a migrantes, incluindo pessoas refugiadas e solicitantes de asilo, particularmente em Santa Catarina”.

Segundo ela, em Santa Catarina “o discurso de ódio e o racismo não são abordados da mesma forma” que nos outros Estados. “É um lugar onde há falta de política de cotas, falta de ação afirmativa. Há uma certa negação neste estado em relação a política antirracista e antinazista”.

O que não cabe a ONU investigar, mas à polícia e ao Ministério Público, que já fazem um trabalho elogiável nessa área no Estado, é se grupos nazistas não são financiados pelos mesmos patrocinadores de ações fascistas e golpistas e até hoje impunes.
Não seriam os protetores e estimuladores de jovens nazistas, com apoio financeiro, afinados com os empresários que patrocinaram ações golpistas, entre as quais os bloqueios de estradas, em Santa Catarina, depois da eleição?

Não estariam eles conectados com os mesmos que financiaram a formação, em Itajaí, do maior acampamento do país de manés e patriotas pelo golpe, no entorno da Delegacia da Capitania dos Portos, que chegou a ter mais de 5 mil pessoas? Vindas de onde? Com que dinheiro?

Santa Catarina está sendo estigmatizada como terra do bolsonarismo e da violência extremista porque os próprios bolsonaristas, identificados com grupos supremacistas, ajudam a propagar essa imagem.

O estigma não é criado pelos que denunciam a expansão do nazismo, mas por um ambiente de tolerância e conivência das comunidades com a ação dos extremistas. O nazismo é uma mancha na história de Santa Catariana porque é real e cada vez mais ameaçador.

Ei, Gaudí aí, me dá um consolo aí...

Nenhum comentário:

Pavilhão universitário, obra de Antoni Gaudí (1877), na Catalunha (Espanha)

Depois do primeiro turno da eleição presidencial de 2018, na qual saiu perdedor, o então presidenciável Ciro Gomes não quis apoiar Fernando Haddad no segundo turno contra Bolsonaro e foi se refugiar em Paris.  

Foi bastante criticado por se omitir a somar forças com o campo progressista para derrotar a tragédia que viria a ser Messias Bolsonaro e seu desgoverno antipovo.  Deu desculpas aos trapos para sua atitude, que a muito poucos convenceram.

Dois anos depois, outro perdedor ressentido também foi esfriar a cabeça na Europa, em Barcelona e outras paragens, Paris etc.  Chorar as pitangas diante das belas obras do arquiteto catalão Gaudí é uma boa, não? Enquanto isso, o atual genocida inelegível pintava e bordava para cima das Universidades brasileiras, mas enfrentando a resistência das comunidades universitárias.

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Pode a toxina de uma lesma marinha mortal tratar diabetes?

Nenhum comentário:

As lesmas cônicas podem parecer bonitas, mas é melhor admirar de longe os belos padrões de suas conchas. Estas lesmas marinhas venenosas estão entre os mais tóxicos animais do planeta, capazes de paralisar e matar um ser humano com uma única picada de seus dentes em forma de arpão.

Pode este veneno mortal ser usado para o bem? De acordo com uma nova pesquisa, as lesmas cônicas podem ter a chave para tratar diabetes e distúrbios hormonais - condições patológicas que às vezes são fatais.

No passado, cientistas já tinham experimentado usar o veneno da lesma cônica para achar alternativas menos viciantes aos opioides ou para desenvolver melhores tratamentos para diabetes. Agora, em um novo estudo, os pesquisadores relatam que o cone geográfico - a espécie mais venenosa das lesmas cônicas - produz uma toxina que imita, ou mimetiza, o hormônio humano somatostatina, que evita que o açúcar no sangue do organismo suba a níveis perigosos. A toxina da lesma cônica, chamada consomatina, também reduz a glicemia, permitindo à lesma rapidamente atordoar sua presa. 

Conforme se verificou, a consomatina é realmente mais estável e atinge o açúcar do sangue e os hormônios mais precisamente do que sua contrapartida humana, fazendo dela um modelo ideal para o design de medicamentos. Ao passo que a toxina propriamente dita é perigosa demais para ser usada como tratamento, o estudo de sua estrutura química pode ajudar pesquisadores a projetar medicações mais efetivas para diabetes e outras patologias endócrinas. "Os animais venenosos tem, através da evolução, componentes venenosos de sintonia fina para atingir um alvo particular na presa e derrubá-la", explica a autora sênior Helena Safavi em um release para a imprensa. Estas misturas venenosas comumente acabam sendo relevantes nas doenças, fornecendo um "atalho" para os pesquisadores. O importante autor Ho Han Yeung coloca de outra maneira: "As lesmas cônicas são mesmo realmente boas químicas".
------------------------------
Fonte: ScienceAdviser de 21/08/2024

Reitorável guaiamum

Nenhum comentário:


O reitorável que foi pró-candidato bolsonarista de quatro anos atrás (em 2020, o professor Horácio Tertuliano) resolveu fazer gracinha em seu instagram.  Em vídeo, faz alusão a suas calças de cano mais curto, referidas como "pula brejo".  Com efeito, em meio ao brejo da falta de ideias progressistas, é preciso sair pulando.

Caranguejos costumam andar de lado, quando não para trás, se defendendo da tese de "Avançar".

Segundo a wikipédia, caranguejo guaiamum é "uma espécie de crescimento lento em comparação com a maioria (...)".  No caso, crescimento político do reitorável.  Mas poderia bem disputar o cargo de diretor do Centro de Estudos do Mar.

 

terça-feira, 20 de agosto de 2024

A grande mídia está se alinhando com a “nova face do bolsonarismo”

Nenhum comentário:

O ex-ministro José Dirceu (PT) publicou um artigo na Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (19) na qual comenta a série de reportagens dos jornalistas Glenn Greenwald e Fábio Serapião que tem como alvo o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e mensagens supostamente comprometedoras trocadas por seus assessores. Confira trechos:

"Causa estranheza o destaque dado pela Folha à denúncia de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, teria agido fora dos ritos ao solicitar, por meio de auxiliares, que o Tribunal Superior Eleitoral — do qual à época era presidente (ele dirigiu a corte de agosto de 2022 a junho de 2024) — produzisse relatórios para embasar o inquérito das fake news. O inquérito foi aberto por ele ainda em 2019, contra jornalistas e comunicadores que insistiam em disseminar notícias falsas contra o sistema eleitoral, os tribunais superiores e seus ministros, pregando o discurso do ódio. (…)"

"É importante notar que a denúncia foi muito bem embalada para ter ampla repercussão. A reportagem que a sustenta tem coautoria de Glenn Greenwald, jornalista estadunidense responsável pela denúncia da Vaza Jato, cujos documentos foram fundamentais para anular os processos contra o presidente Lula, reconhecer sua inocência e restituir seus direitos políticos. Imediatamente, os bolsonaristas passaram a pedir o impeachment de Moraes e defender que todas as punições dadas por ele sejam revistas. Querem, ainda, anistia para os golpistas de 8 de janeiro de 2023 e para o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro — tanto em torno dos primeiros quanto do segundo o cerco vai se fechando.(…)"

"Também chama a atenção que a denúncia tenha repercutido nas redes de direita no exterior e tenha sido comentada por Elon Musk, dono do X (ex-Twitter) e crítico de Moraes, a quem acusa de cercear a liberdade de expressão com seu inquérito das fake news, através do qual determinou a suspensão de contas de extremistas em redes sociais. Musk, um sul-africano que se fez bilionário nos Estados Unidos e é dono de várias empresas de tecnologia, é apoiador declarado de Donald Trump, que, como Bolsonaro e seus seguidores, é adepto da disseminação de mentiras nas redes sociais. (…)"
 
"Não resta dúvida de que a denúncia, que já começou a refluir, mostrou que a extrema direita está muito ativa e atenta a todos os movimentos de que possa se aproveitar para fortalecer sua posição em direção ao seu projeto de poder para 2026. Mostrou também o quanto setores da sociedade e da mídia tentam se alinhar com a nova face do bolsonarismo, que responde pelo nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas — a “suíte” [no jargão jornalístico, reportagem que explora os desdobramentos de um fato noticiado] saiu da Polícia Civil paulista. (…)"
----------------------
Fonte: via Diário  do Centro do Mundo, de 19/08/2024

De onde veio o matador de dinossauros

Nenhum comentário:

O asteroide que exterminou os dinossauros foi formado para além da órbita de Júpiter. Quando o objeto espacial impactou a Terra onde hoje é a localidade de Chicxulub, no México, há 66 milhões de anos, a enorme explosão espalhou uma camada de material do asteroide por todo o planeta. Os pesquisadores observaram um elemento químico preservado nessa camada,o rutênio, e descobriram que ele combinava com a conformação do tipo de asteroide que se formava fora do sistema solar, mais do que os do tipo que era formado na região interna do sistema.

Comentário para reflexão: a evolução de macacos antropoides até chegar no Homem atual vem de cerca de 8 milhões de anos para cá, até que nossa espécie se tornasse dominante sobre a Terra. Agora, pensemos: se aquele asteroide matador de dinossauro não tivesse caído no planeta há 66 milhões de anos, seria de se prever que as espécies várias de dinossauros continuariam evoluindo, inclusive seus cérebros. Poderiam ser eles a espécie dominante hoje e não os seres humanos?
--------------------
Fonte: com informações da revista Nature, de 16/08/2024

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

É a boca de urna, cara!

Nenhum comentário:

Parafraseando uma expressão que ficou famosa em disputas eleitorais à presidência dos EUA - "É a economia, estúpido!" (o que definiria a eleição presidencial) - aqui está a questão de fundo que motiva boa parte da diretoria atual do Sinditest a criar atritos com a Apufpr e a própria CPC por causa do método de votação, se online ou presencial. Atritos com infeliz troca de Notas ríspidas entre as entidades sindicais dos TAE e dos docentes, que ameaçam a estabilidade de funcionamento da CPC e colocam em risco o próprio bom termo da eleição direta à Reitoria.

Vejam só: a direção do Sinditest afirma que o método online "prejudicaria" a participação na eleição direta de dois segmentos apenas: trabalhadores do HC e aposentados. Só não explica como.

Hoje, o governo federal Lula instituiu (na verdade, deu continuidade, com melhorias) a plataforma Gov.br, sendo obrigatório a TODOS os trabalhadores públicos federais entrar nela para ter acesso a uma série de serviços (marcar férias, por exemplo). Isto implica que todos tem que ter um domínio básico de internet para usá-la (ou pedir ajuda a algum parente ou amigo). Por que seria diferente para participar em uma plataforma online para votar para reitor(a)?

A base de trabalhadores do HC e o segmento dos aposentados são duas áreas onde alguns dos atuais diretores do Sinditest tem bastante influência. E, sabe-se, a maioria dessa diretoria sindical já está posicionada ao lado de uma das candidaturas, aquela que apoiou o candidato bolsonarista a reitor quatro anos atrás.

Portanto, fica patente que a exigência de votação presencial APENAS dessas duas categorias tem por trás o interesse de que elas vão até a UFPR, façam fila para votar, e, nessa ocasião, os acólitos daquele reitorável possam fazer assédio aos eleitores que chegam e se enfileiram, a bem conhecida "boca de urna". Nada mais é que isso.

O lero-lero de "melhorar a participação" dessas categorias não se sustenta diante de fatos da realidade. Numa votação presencial, aposentados - que não raramente podem estar adoecidos ou com dificuldades de deslocamento físico para fora de casa - terão que ir até o local de uma urna presencial na UFPR para votar e enfrentar fila. Assim também para trabalhadores do HC, que precisariam largar seu serviço por 20, 30, 40 minutos para entrar numa fila de votação, e isso pode complicar a rotina do hospital.

Na votação online, desde que bem organizada e em plataforma com interface amigável, o aposentado pode votar sem sair de casa, rapidamente. E o pessoal do HC, em cinco minutos, a partir de seu próprio terminal, pode manifestar sua opinião sobre as candidaturas.

Portanto, deixem de enganar os incautos.

domingo, 18 de agosto de 2024

Eleição direta à Reitoria da UFPR pode estar correndo grave risco

Um comentário:


Por que esta advertência? Porque estão ocorrendo sérias desinteligências e atritos entre direções das entidades Sinditest e Apufpr, com isto se estendendo para dentro da Comissão Paritária de Consulta (CPC), organizadora da eleição para escolha de novo reitor ou reitora, marcada para 10-11 de setembro.

Antes de tudo, assinale-se que o processo para realização da consulta direta, na montagem da CPC, já começou com equívocos e atropelos. Ao invés de as direções sindicais aproveitarem as massivas assembleias da recente greve para ali, aberta e democraticamente, elegerem os respectivos representantes para compor a CPC – como é a tradição de décadas no processo – não o fizeram. Nem sempre havia assunto concreto da greve propriamente dita para debater nas assembleias, logo, havia espaço na pauta para tratar da eleição direta da Reitoria. Mas, não, as três entidades preferiram indicar representantes a portas fechadas em seus gabinetes. Da parte dos alunos, mal se sabe como foram indicados os componentes discentes, pois inexiste atualmente diretoria do DCE formalmente constituída.

Agosto principia e, no dia 7, acontece uma ríspida troca de “Notas” entre as diretorias do Sinditest e da APUFPR, com acusações recíprocas. A primeira Nota, publicizada pelo sindicato dos TAE em seu site, acusa a APUFPR de “impor” unilateralmente o sistema online para todos os eleitores da UFPR e o tipo de plataforma eletrônica receptora de votos que será usada. Argumentam que esse método de votação dificultará a participação de eleitores aposentados e trabalhadores do CHC, nos seguintes termos:

(...)queremos colocar que não concordamos com o formato da eleição como está sendo proposto pela APUFPR que representa os docentes. Entendemos que a escolha da plataforma foi precipitada, pois não houve o devido estudo e amadurecimento quanto as [sic] características técnicas (…) a forma de votação escolhida na CPC poderá prejudicar a participação democrática da nossa categoria de aposentados(as) e do CHC, pois o formato proposto dificultará muito [sic] participação dos(as) técnicos(as) da ativa RJU, dos trabalhadores(as) da EBSERH, bem como dos(as) aposentados(as).”

E a direção do Sinditest acrescenta:

defendemos que o modelo e a forma de votação sejam revistos e este enorme erro corrigido. Ainda que por meio de um sistema de urna online, é necessário a garantia de uma estrutura física presencial para a votação dos trabalhadores RJU e EBSERH do CHC bem como uma urna para aposentados(as) (…)Pelos motivos expostos os nossos representantes votaram contra (…)”.

Pouco depois da emissão dessa Nota, a APUFPR publica sua réplica, chegando a caracterizá-la como Nota de Repúdio às “acusações mentirosas do Sinditest”. A Nota é longa mas pode ser lida na íntegra aqui, junto com a Ata da reunião da CPC. Relata que, na segunda reunião da CPC, ocorrida em 26/7, o coordenador geral do Sinditest, Wilson Messias, irrompeu em meio à reunião criticando a decisão que se tomava ali, contestando até a indicação dos próprios representantes do Sinditest atuando na CPC e reivindicando para si ser reconhecido também como membro ativo da Comissão. A Nota da Apufpr diz que a decisão sobre método de votação teria sido aceita por “unanimidade” pela CPC e refuta participação de Messias (mais um Messias…) nessa Comissão, haja vista ele ser publicamente reconhecido como ativo apoiador do candidato de oposição à Reitoria, quebrando assim a neutralidade da CPC quanto às candidaturas a reitor(a).

A presidenta da APUFPR (e da CPC), Andréa Stinghen, na Nota acusa as falas de Messias de “machistas” e o convida a retirar-se da reunião. O bate-boca todo, ao que parece, levou a que a reunião fosse suspensa, e uma nova foi marcada para 9/8, cujo teor até agora desconhecemos. A Nota de Repúdio finaliza com comentário áspero:

“Lamentamos o método desonesto escolhido pela direção do Sinditest-PR para manifestar seu posicionamento fora da CPC, o qual é meramente destrutivo e tem o intuito de fragilizar todo o processo”.

Notem a gravidade: o método é desonesto, destrutivo e tem o intuito de fragilizar todo o processo.

Eu, Paulo Adolfo (Dodô), que já participei de mais de uma CPC, presenciei nelas debates acalorados, mas nunca, ao longo de quase 40 anos, chegando ao ponto que, me parece, da quase ruptura de relações entre entidades sindicais, o que fragilizaria a CPC. Este estado de coisas pode, de fato, comprometer o andamento do processo eleitoral e – tomara que não – até levar pessoas a questionarem sua legitimidade. Torço para que o ambiente na CPC e entre as entidades se acalme, e se restabeleçam relações de respeito e cooperação efetivos. Sobretudo pensando na UFPR e na defesa da democracia universitária, jamais se deixando levar ao sabor das ondas dos  intereses de grupos politicos internos.

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Muitas pessoas em coma estão conscientes

Nenhum comentário:
Diagnóstico por imagem de cérebro de uma pessoa que teve um AVC (hemorrágico), causa comum de coma,  mostrando coleções de sangue extravasado (em vermelho, colorido artificialmente). 
Credito: Zephyr/Science Photo Library

Um estudo com cerca de 240 pessoas com lesões cerebrais, que estavam fisicamente não-responsivas, descobriu que 1/4 delas estavam realmente conscientes. Os pacientes passaram por um escaneamento cerebral e solicitadas para que se imaginassem jogando tênis, ou para que abrissem e fechassem as mãos - 25% mostraram ter atividade cerebral, indicando que poderiam consistentemente responder mentalmente a comandos.

O grupo responsivo tendia a ser mais jovem, a ter lesões decorrentes de trauma físico (isto é, não causados, por exemplo, por um AVC ou um tumor cerebral) e a ter convivido com suas lesões por mais tempo que os demais. A real proporção de pessoas passando por esse estado de "dissociação motora cognitiva" é provavelmente ainda mais alta do que foi mensurado pelo teste, diz o neurologista e coordenador do estudo Nicholas Schiff. "Eu passei por exame de imageamento por ressonância magnética (MRI, na sigla em inglês), fiz essa experiência, e é dureza".
-----------------
Fonte: revista Nature, de 15/08/2024

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

A bolha metafísica offline

Nenhum comentário:
Republico aqui artigo veiculado neste Blog em 29/07/2020, quando se deu a última consulta direta a reitor da UFPR, porque acho que ele mantem traços de atualidade e que expressam aspectos da maneira de pensar/fazer política universitária do atual candidato de oposição professor Marcos Sunye, na atual eleição da reitoria, neste ano da graça de 2024.

******************************
"A bolha metafísica offline"


"Em 23/07 deste ano (2020), o diretor do setor de Ciências Exatas da UFPR, professor Marcos Sunye, concedeu entrevista ao jornalista Rogério Galindo, do jornal online 'Plural'. A matéria publicada mostra com nitidez, infelizmente, traços de ressentimento em Sunye, ecos do resultado da eleição direta para a Reitoria em 2016, que deu vitória ao atual reitor Ricardo Marcelo. O que talvez explique sua análise incompleta e algo distorcida do quadro atual da disputa pela Reitoria.

O velho professor alemão Georg Hegel (1770-1831), em suas lições, desenvolvendo a antiga dialética de alguns gregos clássicos, discorria sobre a misteriosa interconexão geral de fenômenos e objetos da realidade. Este elemento de sua Lógica, e alguns outros, compunham um conjunto que Engels chamava de “leis” da teoria do conhecimento e do movimento, inspirando ele próprio e um colega jornalista crítico da crítica crítica a embasar na dialética hegeliana, devidamente depurada do idealismo, aquilo que depois se chamou marxismo.

Na entrevista dada ao Plural, o professor Sunye sustenta sua tese de que seria possível aguardar o fim da pandemia da COVID-19 (cuja data é incerta mesmo para os melhores epidemiologistas do mundo), para, depois disso, realizar a consulta direta para a Reitoria de forma presencial, em oposição ao método virtual aprovado pelo Conselho Universitário em junho.

Até o arrefecimento da pandemia (de data incerta, reiteramos), o mandato do atual reitor Ricardo Marcelo expiraria em 18/12/2020 e sua vice, professora Graciela Bolzon, assumiria a condução da UFPR até a hora de fazer a consulta presencial (antes de março/2021, quando acaba também o mandato da vice), a única forma efetivamente virtuosa e democrática a garantir plena participação dos membros da comunidade universitária.

E não haveria qualquer risco político ou administrativo de o fascista desgoverno Bolsonaro nomear um interventor pro-tempore. Para isso, apoia-se em alguns dispositivos legais em defesa de seu argumento para não se fazer a consulta direta virtual.

É pelo menos curioso ouvir de um dos expoentes da área da Informática da UFPR a maniqueísta contraposição de que o recurso às tecnologias propiciadas pela internet é impróprio, antidemocrático e inviabiliza o “amplo” debate no seio da comunidade apta a votar, enquanto que o tradicional método presencial seria pleno de virtudes e o único capaz de assegurar democracia interna e legitimidade à chapa eleita. Hoje, aliás, por causa da pandemia, os principais poderes da República (Congresso, STF, STJ) fazem suas sessões virtuais e – oh, sacrilège! - nelas deliberam rumos para o país!

Isso, no entanto, é de menos quando se constata, vindo do grupo liderado por Sunye, a subestimação flagrante dos riscos reais de intervenção federal na UFPR, se não cumpridos certos prazos legais para a sucessão na Reitoria.

Não terão ainda, para o grupo desistente do processo, sido suficientemente educativos politicamente os 19 meses do desgoverno Bolsonaro, pleno de arbitrariedades e descumprimento de dispositivos legais? Ou, mais especificamente, os meses de estupidez, desfaçatez, inépcia e deboche do pior ministro da Educação das últimas décadas, o fugitivo Abraham Weintraub? Desministro metido a engraçadinho do Twitter que cortou fundo verbas e bolsas de pesquisa das Universidades Federais e tentou emplacar o privatizante projeto “Future-se”? Seria preciso ainda mais disso para que os subestimadores do autoritarismo bolsonarista entendam que de modo algum vivemos tempos de normalidade democrática?

Sob o desgoverno Bolsonaro, muita coisa de anormal já ocorreu, ao arrepio das leis e do chamado republicanismo, até usar e abusar do entulho da Lei de Segurança Nacional (vinda da ditadura) contra seus opositores. Logo, não se pode dar “chance pro azar” neste processo sucessório da UFPR, ele tem que ser realizado dentro de prazos legais, para não abrir flancos jurídicos, e, neste momento de incertezas sanitárias, terá de ocorrer pelo método eletrônico virtual (possivelmente trazendo maior quorum de presença de eleitores do que o presencial).

Mais: o candidato de oposição nesta consulta direta marcada para setembro é um bolsonarista, mesmo que diga que não é. Vem à mente aquele dito: tem cabeça de porco, rabo de porco, patas de porco, mas não é porco… Não se pode formar opinião acerca de uma pessoa por aquilo que ela diz de si mesma, mas sim pelo que faz concretamente. Recomendamos aos leitores a leitura da entrevista intitulada "Candidato a reitor diz que UFPR é doutrinadora e assistencialista", no mesmo jornal Plural em 20/07, dada pelo candidato da direita, Horácio Tertuliano. Nessa matéria se vê como o professor Horácio manifesta diversos pontos de vista em evidente afinidade com aqueles que Bolsonaro vive tagarelando. Ele sonha entrar na lista tríplice que irá para o MEC, mesmo que seja mal votado na consulta direta, e aí contar com a caneta Bic amiga do seu Jair.

Assim, o caro professor Marcos Sunye, com seu grupo de apoio, parecem fechar-se em uma bolha metafísica, compartimento estanque que analisa a UFPR isoladamente do cenário nacional repleto de instabilidade. E uma bolha offline, desconectada da multiplicidade de fenômenos do Brasil e do mundo em que está inserida a UFPR. Ainda há tempo de mudar."

Varíola do macaco: declarada emergência de saúde pública na África

Nenhum comentário:



Uma preocupante cepa do vírus da varíola do macaco (em inglês ‘monkeypox’, ou, abreviado, ‘mpox’) tem-se espalhado rapidamente na região da África central nos últimos meses (ao menos países já com vários casos da infecção). O surto fez com que os Centros Africanos para Prevenção e Controle de Doenças declarassem pela primeira vez emergência de saúde pública em 13/08 e a Organização Mundial de Saúde (OMS) está reunida agora, para verificar se a Mpox para debater se lança uma declaração global. 

Lesões cutâneas da Monkeypox

Essas movimentações refletem uma séria preocupação dos cientistas de que o surto da doença pelo vírus da Mpox possa evoluir para uma epidemia que se dissemine por todo o continente africano – e, possivelmente, para além dele.
------------

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Crônicas do Abacateiro - 3

Nenhum comentário:

A revoada de morcegos e o sagu

Minha casa era mesmo um pequeno universo. Observado de longe por meu gigante amigo abacateiro explorei seus “microbiomas” como, por exemplo, o do porão, povoado por aranhas, ratazanas e algumas cobras inofensivas. Mas um que amei, ainda mais depois que meu padrinho presenteou-me com aquele livro sensacionalista alemão “Eram os deuses astronautas”, era o telhado da minha casa. Em meu quarto, abri um alçapão para subir ao sótão. Dali, desloquei duas telhas e – pronto! - estava com acesso ao telhado da casa.

Sobre aquelas telhas podia dormir ao relento, sob ameno vento (como fiz algumas vezes), ver o céu estreladíssimo de Paranaguá, torcendo por flagrar um OVNI sobrevoando. Nunca vi. Além de umas chuvas de Perseidas e vagalhões de morcegos herbívoros fazendo suas migrações de meu quintal para outros. Jamais me picaram. Ou hoje eu seria… um vampiro chupador de frutinha?

De manhã cedo, pegava um tubo vazio de caneta Bic e um punhado de bolinhas de sagu, ali no alto do meu telhado e me divertia atirando as bolinhas no cabelo dos incautos que passavam na calçada em frente a minha casa. Coisa de piá. Mas, lá do alto e do fundo do quintal, meu amigo abacateiro me observava solerte fazendo as traquinagens.

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Crônicas do Abacateiro - 2

Nenhum comentário:

O batuque noturno da oficina


Coisa boa no escritório arborícola (ora, não viemos deste meio vegetal há 2 milhões de anos atrás?) era estar no começo da noite - mãe reclamando que eu não voltava pra casa pro jantar - ouvindo o batuque de candomblé na oficina mecânica na esquina vizinha. Ali, a coisa de uns 30 metros do fundo do meu quintal, operava uma oficina mecânica, que, depois de terminar seus serviços diurnos, abria uma sala para o pessoal do candomblé fazer seus rituais, inspirados por música. Eu, que nunca fui lá (deveria ter ido), ouvia de longe as batucadas e treinava sobre o tampo da minha mesa improvisada no abacateiro as batidas, tentando acompanhar.

Isso me marcou, mas, claro, não foi a única influência, pois música a gente aprende de múltiplas fontes. Aquele batuque, no entanto, ficou para sempre no coração, nos pulsos aflitos e tamborilantes. E sem isso, sem sentir fundamente a pulsação, você não pode batucar espiritualmente no ritmo.

Assim, coisa a mais que no escritório em meu abacateiro aprendi foi percussão e, anos mais tarde, treinei melhor a fazer em diversos instrumentos.

Filho, desce dessa árvore, já é noite, vem pra casa jantar!” - bradava minha mãe dos fundos da cozinha. Ela não sabia ainda bem o quanto de Humanidade eu estava aprendendo a partir do fundo do meu quintal e de minha árvore amiga, espectadora daquilo tudo.

Crônicas do Abacateiro - 1

Nenhum comentário:

CRÔNICAS DO ABACATEIRO
Fins de julho * 2024

Um imenso quintal no centro de Paranaguá. Povoado por mato, claro, mas com muitas árvores frutíferas. Graças à faina agricultural da matriarca da família dona da propriedade, plantando essas árvores e hortas, criando galinhas, patos, marrecos. E, junto, uma vastidão de insetos, morcegos, passarinhos, aranhas, cobras, sapos.

No extremo desse quintal levantava-se colossal abacateiro, de uns 40 metros, um arranha-céu de árvore. A folha mais ao topo dele orgulhava-se por ser a mais próxima do céu azulíssimo da cidade. E o responsável por essa grandeza, acima de todas as demais árvores menores do quintal, também gabava-se de, em todos os verões, produzir frutos volumosos, de riqueza paladar irrecusável.

Pelas tantas dos anos 70, um novo animal se achegou ao abacateiro. Um bicho humano, de pouco mais de um metro e quarenta, que olhou para aquela imponente expressão da Natureza e decidiu conhecer melhor seus galhos, folhas, recônditos. O abacateiro, impassível, aceitou aquela inédita excursão por seu interior. O bicho humano subiu até o topo da árvore, de onde se podia enxergar as muitas ruazinhas próximas, e o mais alto prédio da cidade da época, o “Palácio do Café”, sede de muitos escritórios comerciais da vida econômica do município.

Imaginoso, o tal bicho humano encontrou em casa um pedaço de madeira, que era um tampo de mesa de máquina de costura que a mãe dele não mais usava. A custo, escalou com o artefato o abacateiro e achou, a cerca de 10 metros do chão, um entrecruzamento acolhedor de galhos onde conseguiu encaixar firmemente aquela improvisada mesa, sem riscos de cair.

Desde então, todo dia, à tarde, o animal humano subia ao abacateiro até seu “escritório ecológico” encravado entre os fortes galhos. Ali fazia parte de suas lições escolares e lia os livros das estantes do pai dele. E passou a conversar com o abacateiro. Sobre si próprio e sobre as ideias de diversas leituras. Assim, o abacateiro passou a conhecer – além das lições escolares – Sartre, Voltaire, Graciliano, Rosa, Camus, Nietzsche e as aventuras dos mosqueteiros de Alexandre Dumas.

Aquela árvore nunca mais foi o mesmo ser plantado 30 anos antes de ser semi-habitado pelo tal animal humano. Tampouco este animal, que sou eu, depois de fazer amizade com uma maravilhosa criação da Natureza(*), meu amigo abacateiro.
-----------------------------------------------

(*)Spinoza, sempre citando Deus, como muito em sua “Ética” (1677), na verdade considerava o ente divinal como sendo a Natureza toda, o Universo materialmente existente; por este materialismo pré-marxista foi muito execrado em sua Amsterdam do século 17. Assim, em meu quintal, e convivendo com caranguejos no litoral, conheci “Deus” mais do que em minhas aulas de catecismo católico na respeitável Diocese de Paranaguá.