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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Crônicas do Abacateiro - 3


A revoada de morcegos e o sagu

Minha casa era mesmo um pequeno universo. Observado de longe por meu gigante amigo abacateiro explorei seus “microbiomas” como, por exemplo, o do porão, povoado por aranhas, ratazanas e algumas cobras inofensivas. Mas um que amei, ainda mais depois que meu padrinho presenteou-me com aquele livro sensacionalista alemão “Eram os deuses astronautas”, era o telhado da minha casa. Em meu quarto, abri um alçapão para subir ao sótão. Dali, desloquei duas telhas e – pronto! - estava com acesso ao telhado da casa.

Sobre aquelas telhas podia dormir ao relento, sob ameno vento (como fiz algumas vezes), ver o céu estreladíssimo de Paranaguá, torcendo por flagrar um OVNI sobrevoando. Nunca vi. Além de umas chuvas de Perseidas e vagalhões de morcegos herbívoros fazendo suas migrações de meu quintal para outros. Jamais me picaram. Ou hoje eu seria… um vampiro chupador de frutinha?

De manhã cedo, pegava um tubo vazio de caneta Bic e um punhado de bolinhas de sagu, ali no alto do meu telhado e me divertia atirando as bolinhas no cabelo dos incautos que passavam na calçada em frente a minha casa. Coisa de piá. Mas, lá do alto e do fundo do quintal, meu amigo abacateiro me observava solerte fazendo as traquinagens.

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