O empresário carioca da área de Medicina privada Nelson Teich substituiu Luiz Mandetta no ministério da saúde desde quinta-feira (16/04). O deputado federal ligado a oligarquias rurais da região centro-oeste, Mandetta, entrou em rota de colisão com o despresidente Bolsonaro, que não admite que nenhum ministro lhe faça sombra. Além disso, Bolsonaro, que é antiCiência e não entende nada de Saúde, estava pressionado por empresários para que os trabalhadores em isolamento social voltassem à labuta. O PIB de 2020, que em janeiro era previsto para crescer 2% segundo a turma do ultraliberal Paulo “Parasita” Guedes, vai terminar o ano no negativo. Ou seja, mais miséria, desigualdades e desemprego.
Ainda assim, o ex-ministro Mandetta estava dando condução razoável ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, argumentando necessidade do isolamento dos brasileiros em suas residências e desestimulando aglomerações e circulação nas ruas das cidades. Não há tratamento medicamentoso nenhum para a COVID-19 (há alguns estudos em curso, mas nada ainda comprovado e seguro) e uma vacina, com sorte, ficará pronta só dentro de um ano.
Ironicamente, por sua origem e ligações políticas, Mandetta, que é filiado ao DEM, nunca foi a favor do fortalecimento do SUS (ao contrário), mas está sendo sobretudo o funcionamento do SUS que vem evitando tragédia maior nesta pandemia. E ao custo das vidas de centenas de profissionais da Saúde. Mandetta combatia o SUS, foi contra a permanência dos médicos cubanos (do Programa Mais Médicos, do governo Dilma e votou a favor do golpe que derrubou Dilma da presidência em agosto de 2016.
Matéria de ontem no jornal Gazeta do Povo afirma sobre a posse do novo ministro:
"A menção de Bolsonaro a uma transição ‘mais tranquila possível’ é um indicativo de um potencial rumo que o Ministério pode tomar sob o comando de Teich. Apesar de o novo ministro ter declarado que tem ‘alinhamento completo’ com Bolsonaro, algumas de suas visões sobre o combate ao coronavírus são similares às de Mandetta – e que contribuíram para o rompimento entre o ex-ministro e o presidente da República."
Teich: ministério ou despautério?
Em seu discurso de posse, Teich não mencionou nenhuma vez a cloroquina, a droga queridinha de Donald Trump e de Bolsonaro. Não existe até hoje nenhum estudo sério e controlado que autorize a usar esse medicamento antimalária e antiartrite no tratamento da COVID-19; aliás, entre efeitos colaterais da cloroquina (e da forma hidroxi-) estão inflamação do músculo cardíaco (miocardite) que pode levar a infarto, danos às retinas (que pode causar cegueira) e até indução a comportamento suto suicida.
Sobre a dicotomia entre Saúde e Empregos (economia), Teich descartou isso:
"Essas coisas [economia e saúde] não competem entre si. Elas são completamente complementares. Quando você polariza uma coisa dessas, você começa a tratar como se fosse pessoas versus dinheiro, o bem versus o mal, empregos versus pessoas doentes. E não é nada disso".
Ah, é, senhor ministro? Quer dizer que numa economia estagnada, que não cresce há 4 anos, com mais de 12 milhões de desempregados (em função das políticas recessivas dos governos Temer e do começo de Bolsonaro), como acha que vivem esses na rua da amargura do desemprego? Estão em perfeita saúde, malhando nas praias do Rio de Janeiro, onde o senhor mantém sua empresa que tira lucros da exploração da Medicina privada?
O que é mais provável a ocorrer é que o novo ministro vá gradual, mas não lentamente, relaxando o isolamento social, favorecendo que mais pessoas se contaminem ao saírem de casa como se tudo estivesse normalizado. Por dados de 15/04, no país há 34.126 casos confirmados da pandemia, desses já tendo 2.141 pessoas morrido sem conseguir respirar direito. No Paraná, são 887 casos e 44 mortes. E ainda se estima que haja subnotificações, que podem ter cifras ao menos 10 vezes maiores que os casos noticiados pelos governos.
Por esses aspectos, o futuro do Brasil se desenha bem sombrio. E nessa pandemia sofrerão e morrerão os mais pobres, que nem leito vago de UTI talvez não achem mais por colapsamento de hospitais, clínicas, enfermarias. Por culpa de um despresidente sociopata e adorador da morte.
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Fonte: foto e citações do jornal Gazeta do Povo
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