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terça-feira, 22 de abril de 2025

Como a idolatria a Trump tomou conta de Washington


Dirigindo-se a partir de uma sacada da Casa Branca na manhã de hoje (20/4), o presidente Trump, ao lado de um coelho em tamanho de um adulto, recepcionou milhares de crianças na cerimônia anual de Páscoa.

Antonia Hitchens - The New Yorker - 21/04/2025

Pela primeira vez na história de cento e cinquenta anos do evento, ele também saudou um certo número de patrocinadores corporativos (empresariais) que haviam estado em uma "ativação de marca". No meio de quase 30 mil ovos coloridos que foram espalhados pelo Gramado Sul havia um "Palco de dança Bunny Hop", patrocinado pelo Youtube e uma "Experiência com tecnologia IA e oportunidade de fotos", cortesia da Meta. Um "Cantinho de Leitura" patrocinado pela Amazon apresentava contação de histórias pela secretária de Segurança Interna Kristi Noem e pela Procuradora-Geral Pam Bondi.

Mesmo antes de Trump assumir, seu fundo para a cerimônia da posse levantou um montante recordista de 239 milhões de dólares, incluindo doações dos líderes dos acima mencionados patrocinadores do domingo de Páscoa. Eles, assim como outros barões das Big Techs, pareciam querer publicamente abraçar o homem que muitos desses antes tratavam com desprezo. Washington sempre foi uma cidade de transações, mas Trump, em seu segundo mandato, levou as coisas para novas alturas. Nos dois últimos meses, passei um tempo pelo Capitólio, contando minha história no número desta semana da revista - conversando com diplomatas, membros do Congresso, consultores políticos, novos influenciadores das mídias sociais dentro da sala de reuniões da Casa Branca, e muitos mais - e juntando as peças do funcionamento do ecossistema baseado na bajulação que se instalou na nova era Trump. A atmosfera carnavalesca e açucarada da Casa Branca existe, é claro, no contexto de uma Administração que está à beira de desafiar o Supremo Tribunal. E quanto mais o mundo do lado de fora critica o presidente, tanto mais aqueles próximos a ele oferecem elogios generosos. Segundo comentou uma fonte, "é a bajulação Norte-coreana".

Recentemente, um grupo de proeminentes republicanos e membros do primeiro mandato de Trump assinou uma carta aberta comparando-o a um "déspota real". O insulto, no entanto, pode não ter chegado a Trump, que, em 19/02, postou “VIDA LONGA AO REI", referindo-se a si próprio. Mas o elogio a um rei muitas vezes vem, pelo menos em parte, junto com uma sensação de medo pelo poder que ele exerce. "Estamos todos com medo", disse na semana passada Lisa Murkowski, senadora republicana pelo estado do Alasca. "Eu lhe digo, frequentemente eu própria me sinto ansiosa quando falo, porque a retaliação é real". Quando perguntei a pessoas no acampamento do presidente sobre este temor - e a deferência que ele inspira - insistiram que eles não faziam ideia do que eu estava falando. No mundo deles, a troca de favores é impecável. "Não é: 'se eu me aproximar do Trump, vou ganhar alguma coisa'", disse-me uma pessoa. "É: 'talvez eu consiga salvar o meu país'."

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