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domingo, 18 de agosto de 2024

Eleição direta à Reitoria da UFPR pode estar correndo grave risco


Por que esta advertência? Porque estão ocorrendo sérias desinteligências e atritos entre direções das entidades Sinditest e Apufpr, com isto se estendendo para dentro da Comissão Paritária de Consulta (CPC), organizadora da eleição para escolha de novo reitor ou reitora, marcada para 10-11 de setembro.

Antes de tudo, assinale-se que o processo para realização da consulta direta, na montagem da CPC, já começou com equívocos e atropelos. Ao invés de as direções sindicais aproveitarem as massivas assembleias da recente greve para ali, aberta e democraticamente, elegerem os respectivos representantes para compor a CPC – como é a tradição de décadas no processo – não o fizeram. Nem sempre havia assunto concreto da greve propriamente dita para debater nas assembleias, logo, havia espaço na pauta para tratar da eleição direta da Reitoria. Mas, não, as três entidades preferiram indicar representantes a portas fechadas em seus gabinetes. Da parte dos alunos, mal se sabe como foram indicados os componentes discentes, pois inexiste atualmente diretoria do DCE formalmente constituída.

Agosto principia e, no dia 7, acontece uma ríspida troca de “Notas” entre as diretorias do Sinditest e da APUFPR, com acusações recíprocas. A primeira Nota, publicizada pelo sindicato dos TAE em seu site, acusa a APUFPR de “impor” unilateralmente o sistema online para todos os eleitores da UFPR e o tipo de plataforma eletrônica receptora de votos que será usada. Argumentam que esse método de votação dificultará a participação de eleitores aposentados e trabalhadores do CHC, nos seguintes termos:

(...)queremos colocar que não concordamos com o formato da eleição como está sendo proposto pela APUFPR que representa os docentes. Entendemos que a escolha da plataforma foi precipitada, pois não houve o devido estudo e amadurecimento quanto as [sic] características técnicas (…) a forma de votação escolhida na CPC poderá prejudicar a participação democrática da nossa categoria de aposentados(as) e do CHC, pois o formato proposto dificultará muito [sic] participação dos(as) técnicos(as) da ativa RJU, dos trabalhadores(as) da EBSERH, bem como dos(as) aposentados(as).”

E a direção do Sinditest acrescenta:

defendemos que o modelo e a forma de votação sejam revistos e este enorme erro corrigido. Ainda que por meio de um sistema de urna online, é necessário a garantia de uma estrutura física presencial para a votação dos trabalhadores RJU e EBSERH do CHC bem como uma urna para aposentados(as) (…)Pelos motivos expostos os nossos representantes votaram contra (…)”.

Pouco depois da emissão dessa Nota, a APUFPR publica sua réplica, chegando a caracterizá-la como Nota de Repúdio às “acusações mentirosas do Sinditest”. A Nota é longa mas pode ser lida na íntegra aqui, junto com a Ata da reunião da CPC. Relata que, na segunda reunião da CPC, ocorrida em 26/7, o coordenador geral do Sinditest, Wilson Messias, irrompeu em meio à reunião criticando a decisão que se tomava ali, contestando até a indicação dos próprios representantes do Sinditest atuando na CPC e reivindicando para si ser reconhecido também como membro ativo da Comissão. A Nota da Apufpr diz que a decisão sobre método de votação teria sido aceita por “unanimidade” pela CPC e refuta participação de Messias (mais um Messias…) nessa Comissão, haja vista ele ser publicamente reconhecido como ativo apoiador do candidato de oposição à Reitoria, quebrando assim a neutralidade da CPC quanto às candidaturas a reitor(a).

A presidenta da APUFPR (e da CPC), Andréa Stinghen, na Nota acusa as falas de Messias de “machistas” e o convida a retirar-se da reunião. O bate-boca todo, ao que parece, levou a que a reunião fosse suspensa, e uma nova foi marcada para 9/8, cujo teor até agora desconhecemos. A Nota de Repúdio finaliza com comentário áspero:

“Lamentamos o método desonesto escolhido pela direção do Sinditest-PR para manifestar seu posicionamento fora da CPC, o qual é meramente destrutivo e tem o intuito de fragilizar todo o processo”.

Notem a gravidade: o método é desonesto, destrutivo e tem o intuito de fragilizar todo o processo.

Eu, Paulo Adolfo (Dodô), que já participei de mais de uma CPC, presenciei nelas debates acalorados, mas nunca, ao longo de quase 40 anos, chegando ao ponto que, me parece, da quase ruptura de relações entre entidades sindicais, o que fragilizaria a CPC. Este estado de coisas pode, de fato, comprometer o andamento do processo eleitoral e – tomara que não – até levar pessoas a questionarem sua legitimidade. Torço para que o ambiente na CPC e entre as entidades se acalme, e se restabeleçam relações de respeito e cooperação efetivos. Sobretudo pensando na UFPR e na defesa da democracia universitária, jamais se deixando levar ao sabor das ondas dos  intereses de grupos politicos internos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lamentável essa situação nesse momento em que defendemos a democracia participativa em tjdis os espaços institucionais principalmente na área da educação pública.