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quarta-feira, 19 de junho de 2024

Construir proposta adequada e unitária para o desfecho da Greve dos TAE

Estamos com mais de cem dias de vigência do movimento paredista dos servidores técnico-administrativos das IFES (início geral em 11/03), comandado pela FASUBRA/CNG. Ao longo desse período ocorreram várias mesas de negociação entre servidores grevistas e governo federal (MGI e MEC). Até agora, o governo se fixa na proposta de reajuste (recomposição) salarial zero este ano, 9% em 2025 e 5% em 2026, além de elevação dos valores de alguns benefícios, como o aumento para mil reais do vale-alimentação (benefícios que não alcançam os aposentados).

Embora prossiga forte a greve dos TAE em todo o país, constata-se que se chegou no limite da possibilidade de alguma conquista financeira direta para a categoria este ano. Numerosas assembleias de base em todo o país debatem esse quadro e indagam-se quanto a COMO e QUANDO definir um final da greve (ou a sua suspensão, para possível retomada em 2025).

Está claro que essa situação decorre do fato de o governo federal ser alvo de pressão muito forte do segmento da burguesia que ainda dá as cartas no Brasil e o explora e suga – a burguesia do grande capital financeiro, especulativo, parasitário, que nada produz e vive dos rendimentos providos pelos altos juros do BC “independente”. Esta parcela da burguesia “brasileira”, ajudada por boa parte da mídia corporativa canalha, força o governo e o ministro Haddad, da Fazenda, a produzir o chamado arcabouço fiscal para que haja superávit primário alto, de forma a “honrar” o pagamento de juros extorsivos. Assim, sobra dinheiro para banqueiros e especuladores, e falta aos trabalhadores. E no momento conjuntural (nacional e mundial), ainda falta força política para derrubar essa caterva parasita da Avenida Faria Lima (rua de SP que virou “símbolo” dessa turma).

Voltando à greve, temos, pois, que este ano não haverá mesmo reajuste de salários, só dos benefícios, mesmo que uma greve dos TAE se estendesse por mais 100 dias. No entanto, a pauta de greve da FASUBRA não se limita a isso. E corre entre várias lideranças do movimento a ideia de que outros pontos da pauta, sem impacto financeiro imediato e direto, poderiam ser colocados na mesa de negociação com a finalidade de serem incluídos num Termo de Acordo formal, oficial, assinado por ambas as partes. A partir da confecção desse Termo de Acordo, novas assembleias de base seriam chamadas para avaliar e definir um desfecho da greve.

Entre esses pontos outros são citados o compromisso do governo de admitir a concessão do regime de 30 horas (sem redução salarial) para TODOS, o Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) e um reposicionamento de aposentados. Isto poderia ser incluso no Termo de Acordo com PRAZOS claro para o governo atender ao Termo de Acordo, depois da greve.

Sublinhe-se que é fundamental que um final de greve seja antes objeto de consenso entre as diversas correntes do movimento da FASUBRA (UNIR, CTB, Travessia, Combate, Base etc.) e não desta ou daquela corrente político-sindical, pois isso mantém a unidade e a respeitabilidade da Federação dos TAE. Deste modo, também, evita-se que a greve possa acabar por “inanição”, esvaziando-se espontaneamente aos poucos pela perda de esperança nas perspectivas deste ano. E não se pode deixar uma greve morrer de morte morrida, sob pena de ficar difícil retomar o movimento em futuro próximo.

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