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domingo, 19 de março de 2017

Carne Fraca: o xadrez para entender a doideira da PF

A perda de controle sobre a PF e o MPF está promovendo a destruição de setores relevantes na geração de divisas, emprego e tributos.

Por Luís Nassif, no Jornal GGN

Peça 1 – o ambiente interno na Polícia Federal

O maior erro de Dilma Rousseff foi a indicação de José Eduardo Cardozo para Ministro da Justiça. Os dois erros seguintes foram consequência natural do primeiro erro: a indicação do Procurador Geral da República Rodrigo Janot e do Diretor Geral da Polícia Federal Leandro Daiello Coimbra.

Aliás, o erro maior foi quando, pressionado por Gilmar Mendes, Lula afastou o delegado Paulo Lacerda do governo.

A Polícia Federal é composta por vários grupos políticos, sob muita influência do PSDB. Lacerda era o único delegado com liderança que se sobrepunha aos grupos e mantinha a corporação sob controle...



Peça 2 – onde entra a Operação Carne Fraca

Há um jogo de interesses claros entre os delegados do Paraná, os procuradores e Daiello. Do lado da PF do Paraná, os principais operadores são o delegado Maurício Moscardi Grillo, o mesmo que tentou censurar jornalistas, e o delegado Igor Romário de Paula. Ambos criaram um poder paralelo dentro da PF.

A Operação Carne Fraca se insere nessas disputas internas da PF. Igor Romário abriu um inquérito contra Valeixo, para afasta-lo da disputa. Moscardi monta a operação para fortalecer Daiello.

Seu espaço político é garantido pela parceria com a mídia e pela promessa, nunca cumprida, de levar Lula à prisão...



Peça 3 – onde entra o Brasil

Foi uma luta árdua do país, para assumir um protagonismo no mercado mundial de alimentos e, especialmente, no comércio mundial de carnes.

Atualmente, só as exportações de carne bovina, suína e de frango rendem US$ 12 bilhões por ano, para um mercado diversificado, que inclui Arábia Saudita, China e Japão. 

Para a Europa, as exportações começaram em 2000. E apenas no ano passado, o país conseguiu aprovação para embarcar carne in natura para os Estados Unidos, cumprindo todas suas exigências...



Peça 4 – como impedir que PF e MPF destruam a economia

A perda de controle sobre a PF e o MPF está promovendo a destruição de setores relevantes na geração de divisas, emprego e tributos.

No entanto, há uma covardia generalizada tanto das lideranças empresariais como dos grupos de mídia, para estabelecer controles mínimos sobre os “jovens turcos”, impedir que o combate à corrupção não desmonte de vez a economia nacional.

A única ação sensata seria uma liderança que coibisse os abusos de delegados como Moscardi e Igor, de procuradores como Dallagnoll e Carlos Fernando, sem prejudicar o combate efetivo à corrupção.

O que esperar de Temer, um governo reconhecidamente corrupto, que loteou o Ministério entre o que de pior a política brasileira produziu? É Osmar Serraglio, o homem de Eduardo Cunha, que definirá a disciplina na PF? Evidente que não.

É esse o dilema em que se meteu o país e uma imprensa pusilânime, que se tornou refém dos monstros que ajudou a construir.

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