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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Novo reitor da UFPR pede unidade contra os cortes da "PEC da Morte"


Estivemos presentes hoje na sessão do Conselho Universitário da UFPR em que se empossou o novo reitor Ricardo Marcelo. Ele foi submetido a um pleito direto perante a comunidade universitária, conduzido pela CPC, como se faz desde 1985, confirmado pelo Conselho Universitário e, à última hora, confirmado reitor pelo presidente usurpador Michel Temer.

Ao menos Temer não ousou confrontar a vontade da comunidade universitária, demorou mas nomeou. Não fazê-lo estabeleceria mais uma crise entre a UFPR e o ilegítimo governo do rapinante do PMDB. Mas o seu MEC golpista rendeu-se e acatou a vontade democrática da comunidade.  Menos mal.

O editor deste Blog, um tanto precário em sua saúde, conseguiu estar presente na metade final da sessão do COUN que empossou o Professor Ricardo Marcelo no Teatro da Reitoria na noite da segunda-feira, 19 de dezembro.


Tivemos a pachorra de ouvir o gosmento discurso do reitor que sai, aquele que em campanha dizia que o único problema da UFPR era falta de "boa gestão", e, como ele era professor de administração, seria uma excelente indicação para o cargo de reitor. Na base desse discursinho fuleiro de quem nunca teve projeto de Universidade e da alta marquetagem financiada com boa grana, o reitor que se despede conseguiu se eleger e reeleger, desde 2008 até agora.  No seu discurso de despedida (ufa!), limitou-se a enumerar suas obras e realizações, sem - de modo mal-agradecido - jamais mencionar que grande parte das obras que inaugurou deveram-se a políticas de expansão patrocinadas pelos governos de Lula e Dilma. Mal-agradecido  e cara de pau.

Mas o "Sobrinho" não se limitou a omitir isso: ainda ao final agradeceu aos ministros golpistas da Educação e da Saúde, responsáveis hoje por tremendas ameaças à educação pública e ao SUS. Eis o reitor camaleônico que tivemos por oito anos: adaptava-se ao PT quando este comandava o governo federal e agora se amizia com os golpistas. Podemos dizer, comunidade universitária: "Ufa, livramo-nos de Zaki, o camaleão!"

Na sequência ao discurso pastoso do reitor que sai, foi exibido um vídeo promocional do que a dupla Zaki-Mulinari fez em seus oito anos, fundamentalmente baseado em aspectos quantitativos. Vídeo assim qualquer empresinha promocional faz. Insuportável aguentar aquele amontoado autoapologético, com trechos risíveis do tipo o vice-reitor afirmando que passaram a acordar mais cedo para dar conta dos desafios... Contem outra!


Por fim, na sessão, após aquela cerimônia um tanto ridícula de o reitor velho passar ao novo um medalhão (serve para ir na balada "ostentar"?) e uma 'pellerine' (manto), o professor Ricardo, abstendo-se de abrir o discurso de posse, passou a palavra para a sua vice Graciela, que fez discurso curto e enaltecedor do papel das mulheres.  Discurso digno da nova vice-reitora.

Ao tomar a palavra, para encerrar a já longa sessão do COUN, Ricardo Marcelo fez um discurso muito centrado na importância do respeito à pluralidade e à diversidade de opiniões dentro da UFPR.  Pediu diálogo e que não se produzam contendas por razões menores que possam prejudicar a UFPR.  Teve seu momento político de referência à PEC 55 de Temer que congela investimentos em Educação e Saúde por 20 anos, ressaltando que será preciso unidade dentro da UFPR para enfrentar isso - a melhor parte de seu discurso. Pode-se talvez entender que, discursando como reitor recem-empossado pelo usurpador presidente Temer, ele não pudesse referir-se ao golpista em termos duros, mas ao menos comentou as ameaças á Universidade Pública por parte do governo do golpista.  

O novo reitor da UFPR fez frequentes alusões literárias e poéticas em sua fala.  Finalizou sua fala com um poema de Paulo Leminski (esse grande eterno bêbado louco dos botecos de Curitiba), dirigindo-o a seus futuros pró-reitores, que diz assim:

"Você pára a fim de ver
o que te espera

só uma nuvem
te separa
das estrelas"


Muito belo fecho de discurso de nosso novo reitor da UFPR. E - com total sinceridade - fazemos votos de que a gestão 2017-2020 seja realmente algo que almeje chegar "às estrelas", que defenda sua comunidade, mas também defenda os direitos de todo o povo trabalhador, ameaçados pelo golpismo vigente na Brasília de Temer (ou de algum outro golpista da elite burguesa). Haverá muitos servidores, técnicos e docentes, dispostos, a ajudar, e estudantes sem medo do bom combate.

Não queremos que, ao final do mandato do professor Ricardo, concluamos com outro poema do romântico e sarcástico incorrigível Leminski:

"Tudo dito.
Nada feito.
Fito e deito."
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Foto: do Face da amiga Jhenifer


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