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sábado, 12 de março de 2016

O golpe contra Dilma e o risco do fim da eleição de reitor


A eleição direta de reitor da UFPR e o respeito ao resultado dela foram resultado da grande mobilização democratizante dos anos 1980 pelo fim da ditadura militar.  Graças ao movimento popular das Diretas-Já para presidente da República, a comunidade da UFPR também se mobilizou para poder eleger diretamente seu reitor e, em 1985, findo o regime de arbítrio, pela primeira vez na história foi escolhido um reitor pela consulta direta, o saudoso professor Riad Salamuni.

Desde então, apesar de alguns percalços, sempre aconteceu o processo de escolha direta do reitor da UFPR, sendo o primeiro colocado aceito pelo Conselho Universitário e também pelo MEC.

O movimento democratizante do país, depois do fim da ditadura, passou pelo processo da Constituinte de 1986-88 mas depois sucumbiu diante da tenebrosa década dos governos neoliberais de Collor e FHC nos anos 1990.

Um novo respiro de democracia e mudanças político-sociais (embora não estruturais) adveio com os mandatos de Lula e Dilma desde 2003, trazendo avanços também para a área da Educação Pública, inclusive um reforço para a tese da eleição direta de dirigentes universitários, sem necessariamente atender ao disposto pela LDB (peso de 70% para docentes).

No entanto, o atual clima de crise política produzido pelo consórcio midiático-judiciário, acirrado neste começo de 2016, atrai nuvens cinzentas sobre as perspectivas de aprimoramento da democracia universitária.  Existe já uma clara conspirata entre políticos tradicionais da direita para assegurar a deposição da presidenta Dilma via impeachment, com todo o respaldo do ânimo golpista da Rede Globo.  A intenção de fundo da conspiração é - além de tentar salvar tais políticos de serem presos pela Operação Lava Jato, acabar o quanto antes com novas apurações desta investigação contra figurões do PSDB, PMDB e outros da elite burguesa - e implementar uma agenda de propostas neoliberais ortodoxas, com novas privatizações (ver o terrível conteúdo do programa do PMDB lançado há poucos meses).
Se isto se der, se vingar o golpe antidemocrático do impeachment contra uma presidenta que não tem nenhum crime de responsabilidade pelo qual ser punida, então uma série de conquistas sociais está também sob ameaça.

Mas não só as conquistas sociais, possivelmente também aquelas no terreno da democracia, pois, para impor uma agenda neoliberal hardcore será preciso reprimir as reações populares. E será preciso também calar o grito das universidades públicas, que novamente enfrentarão o risco de um sucateamento pra valer, como ocorreu na Era FHC.  Logo, temos razões para temer pela sobrevivência da eleição direta de reitores das IFES.

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