-->

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Veja vai abandonar os fascistas?

Nesta semana, a Editora Abril promoveu mudanças no seu comando. Eurípedes Alcântara, um dos principais responsáveis pelas ações criminosas da “Veja”, foi defenestrado da função de Diretor de Redação. O posto será ocupado por André Petry, que trabalha há mais de duas décadas na empresa, foi chefe da sucursal em Brasília, editor de política e correspondente em Nova York. O anúncio das mudanças, principalmente no comando da revista do esgoto, gerou apreensão entre alguns fascistoides, que temem por uma guinada “esquerdista” da Veja. 

Por Altamiro Borges, em seu Blog

O aloprado Rodrigo Constantino, que no final do ano passado levou um chute no traseiro da famiglia Civita, foi um dos primeiros a reagir irado à mudança. Nas redes sociais, ele postou: “É o fim. VEJA não é mais a mesma. Primeiro foi a minha saída, e logo depois a de Joice Hasselmann. A motivação política era suspeita, mas tudo bem... Mas depois minhas suspeitas só aumentaram, com páginas amarelas com socialistas, mais anúncios de estatais e uma capa patética sobre a juventude hedonista que não quer ‘escolher’ a preferência sexual”. O psicopata com trauma conspirativo concluiu: “A revista mais combativa e independente [sic] sinaliza que quer ficar mais à esquerda, que quer posar de mais ‘moderada’ para agradar os petistas e seus companheiros”.

A jornalista Joice Hasselmann, demitida da revista após o escândalo dos seus plágios, também ficou indignada. “Eu avisei! @VEJA não é mais a mesma há muito tempo e jamais será. Meu pescoço foi só o começo". Para ela, o novo diretor de redação tem “influência política vermelha... Quantas vezes Petry brincou comigo dizendo que não gravaria um programa porque pensava muito diferente de mim. Brincávamos com isso, mas ele sempre pensou diferente. É um homem genial, texto ótimo, mas com convicções políticas que hoje são um desserviço ao país”, disparou, magoada. Nas redes sociais, vários “midiotas”, que antes carregavam cartazes com as capas golpistas da Veja, também ameaçaram suspender suas assinaturas e exorcizar a revista “petista e comunista”.

Deixando de lado as cenas hilárias dos fascistoides na orfandade, as mudanças desta semana não deverão resultar em maiores alterações na linha editorial da revista do esgoto. O blogueiro Luis Nassif, que conhece bem os bastidores da Editora Abril, até destaca as qualidades de André Petry, mas argumenta que a troca “vem com dez anos de atraso”. “Ele está de volta em um momento particularmente delicado e com a missão impossível de resgatar a credibilidade da revista. Veja gastou todo seu estoque de credibilidade com o antijornalismo praticado nos últimos anos. Apostou integralmente num público de ultradireita irracional... Ocorre que a Veja ficou praticamente prisioneira dos tigres que alimentou nesses anos de jornalismo de ódio”.

Já o jornalista Paulo Nogueira, que ocupou posições de destaque na Editora Abril e hoje edita o blog “Diário do Centro do Mundo”, também não acredita na possibilidade de reversão da linha editorial da revista do esgoto. “A remoção do diretor da Veja Eurípides Alcântara chegou com anos de atraso, e a rigor não significa quase nada exceto o desespero da Editora Abril. É como um time de futebol que troca o técnico diante da ameaça do rebaixamento. O novo diretor, André Petry, embora com uma longa passagem pela Veja no passado, é menos comprometido com o jornalismo criminoso adotado pela revista na Era PT. Mas para mudar alguma coisa verdadeiramente você teria que mudar os donos da Abril, os Civita”.

Ou seja: os “midiotas” e seus mentores intelectuais, como Rodrigo Constantino e Joice Hasselmann, estão desesperados à toa. “Veja” continuará sendo um panfleto golpista! Ela talvez até perca alguns leitores fascistoides, mas é bom não gerar ilusões – principalmente entre os pragmáticos do governo Dilma. Paulo Nogueira observa que a recente mudança tem razões financeiras. Em crise e mercenária, a revista nutriria a esperança de voltar a receber dinheiro do governo federal mediante publicidade:

"Depois da capa indecente pró-Aécio na eleição, o Planalto, com fabuloso atraso, parou de anunciar na Veja... Recentemente, um representante da Abril foi a Brasília pedir – suplicar – pelo retorno das verbas suprimidas. A missão foi um fracasso, naturalmente. Como dar dinheiro a uma revista e a uma empresa tão empenhadas num golpe a qualquer preço? É presumível que a Abril retorne em breve a Brasília para mais uma vez mendigar recursos públicos, mas agora com um ‘fato novo’, um gesto de boa vontade”. 

Será que o governo Dilma vai cair novamente nesta conversa fiada?

Nenhum comentário: