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terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Greve dos Professores - só vontade da vanguarda?

Enquanto os servidores técnicos aguardam definição do governo federal sobre o cumprimento de seu Acordo Salarial, surge na imprensa a notícia de que os professores da UFPR e UTFPR estariam rufando os tambores para realizar paralisação por motivos assemelhados.


A entidade nacional dos docentes, a ANDES, realizou em janeiro deste ano seu Congresso, no qual apontou a perspectiva de greve caso não seja atendida uma pauta de reivindicações. No entanto, desde que o movimento docente nacional rachou com o aparecimento da organização paralela denominada PROIFES, os processos de negociação e mobilização dos professores tem sido complicados.


Diga-se de passagem que a criação do PROIFES – que se apresenta como fórum negociador das reivindicações dos professores das Federais – deveu-se a dois fatores conjugados: de um lado, a postura sectária e vanguardista da direção da ANDES (hegemonizada por militantes do PSOL e PSTU), e, de outro, uma tradição de atitudes sindicais paralelistas que foi uma das marcas do PT desde sua fundação, já que o PROIFES foi basicamente uma iniciativa de correntes petistas.


Nos meses finais de 2007, o PROIFES conseguiu negociar com o Ministério do Planejamento um acordo que prevê certos benefícios salariais e também a histórica bandeira de incorporação da GAE ao vencimento básico, uma conquista que a FASUBRA já havia obtido na sua greve de 2001. Porém, mesmo a concretização deste acordo também paira em suspenso devido ao clima de incertezas orçamentárias produzido pelo fim da CPMF. Por outro lado, seria patético que os "companheiros" petistas do governo federal deixassem seus "companheiros" sindicalistas petistas do PROIFES pendurados na brocha ao reter a concessão do previsto no Acordo de dezembro...


Nessa brecha de incerteza, a ANDES quer propor aos docentes uma greve, o tipo de movimento que há muitos anos não se vê ocorrer na Federal do Paraná. Assembléias com baixo comparecimento, restritas a sindicalistas militantes, costumam dizer sim à proposição de greve, mas, quando um grande número de professores participa, a proposta de paralisação tem sido rechaçada. Agora, a direção da APUFPR, atendendo a chamada da ANDES, promete uma Assembléia para a primeira semana de aulas (que começam dia 25/2), quando será defendida a greve dos professores. Há que esperar para ver o pique dos colegas docentes.

2 comentários:

Anônimo disse...

Greve de professores não acontecerá neste primeiro semestre, pois são desunidos e não estão sabendo muito bem o que querem neste momento...

Anônimo disse...

Caro "Pé",

Também creio difícil ser deflagrada uma greve de professores, não apenas na UFPR, mas nacionalmente, pelos motivos que apontei no texto deste blog. A ANDES perdeu prestígio entre os professores das Federais por seu vanguardismo, por sua postura de oposição sistemática ao governo Lula e incapacidade de negociar suas pautas no concreto.

No entanto, a política é dinãmica, e não se pode afirmar coisas categoricamente. Se grande parte dos professores estiver com ânimos acirrados, uma paralisação até pode acontecer, apesar de haver pouca confiança na direção nacional do movimento deles.