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domingo, 15 de novembro de 2015

Paranaense Camila Lanes é eleita a nova presidenta da UBES em seu 41. Congresso

Terminou em Brasília neste domingo (15/11) o 41° Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), entidade que representa todos os estudantes do ensino fundamental, médio e técnico do país. A estudante paranaense Camila Lanes, 19 anos, foi eleita presidenta nacional da organização.

O Congresso, no total, reuniu mais de 7 mil estudantes, representando escolas de todos os 27 estados do Brasil. Além da eleição da nova presidência, também foram definidas as linhas de atuação do movimento nas áreas da conjuntura nacional, educação e movimento estudantil.

Votaram na Plenária Final 2.909 delegados, que foram eleitos representantes de suas escolas em etapas estaduais realizadas antes do Congresso. A chapa de Camila Lanes, “O movimento estudantil unificado pelas mudanças do Brasil”, obteve 2.158 votos, representando 78,5% do total de votos válidos. Também concorreram as chapas “Oposição de esquerda da UBES”, com 426 votos; “Brizola tinha razão. Brasil mostra tua cara”, com 97 votos e, “UBES é pra lutar. Nós não vamos pagar nada”, com 67 votos.

Camila é natural de São José dos Pinhais (PR), região metropolitana de Curitiba. Começou sua trajetória no grêmio de sua escola e depois teve atuação de destaque no acampamento da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), ameaçada de perder a sua sede.

Por sua liderança, tornou-se presidenta da entidade durante os anos de 2103 a 2015. Também participou ativamente dos protestos de estudantes e professores contra as medidas do governador do Paraná, Beto Richa, sendo atingida por estilhaços de bombas lançadas contra os manifestantes.


Um perfil de Camila
Mãe, vou sair de casa”, disse uma menina de 16 anos a sua mãe na cidade de São José dos Pinhais (PR), região metropolitana de Curitiba. O ano era 2012, um antes daquele que mudaria definitivamente a recente a história do país. A menina era uma adolescente de personalidade forte, que já ansiava transformar as coisas à sua volta. Estava decidida a se mudar para um acampamento do movimento estudantil na capital paranaense. A mãe era outra jovem, com apenas 36 anos, professora, solteira. A resposta dela ao pedido da menina impactaria não só a vida daquela família, mas de muitas outras.

Hoje, apenas quatro anos depois, Camila Lanes, 19, filha de Roseli Lanes, vinda do Colégio Estadual Silveira da Motta, transforma-se na principal liderança dos 40 milhões de estudantes do ensino fundamental, médio e técnico de todo o Brasil. A ascensão vertiginosa em direção à presidência da UBES começou com o apoio da mãe que, além de permitir a mudança radical da jovem, também passou a visitar o acampamento, a levar lanche para os jovens que estavam ali como ela, a ajudar da forma que pudesse: “Na verdade ela se tornou a mãe de toda a galera”, brinca Camila.


A causa era importante: recuperar a sede da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), no bairro do Juvevê em Curitiba, que tinha sido destruída por uma empreiteira e cujo terreno estava ameaçado pela especulação imobiliária. A jovem, que já tinha sido presidenta do grêmio da sua escola, imergiu até o pescoço no movimento. Após 136 dias, o acampamento saiu vitorioso e, em seguida, Camila foi eleita presidenta da UPES. O mundo tornava-se maior para a menina que, há pouco tempo atrás, lutava somente pela reforma da quadra e dos banheiros estragados do colégio.

O horizonte dos sonhos se deslocava então para a aprovação do Plano Nacional de Educação no Brasil, para a conquista dos 10% do PIB para o setor, o passe livre, as políticas públicas de juventude. Começou a viajar para outros estados e a participar mais ativamente do movimento estudantil nacional, ocupando espaços, liderando, mobilizando.

Em junho de 2015 viveu seu primeiro grande choque: foi ferida na trágica passeata dos professores e estudantes do Paraná que protestavam contra o pacote de medidas do governador Beto Richa e que foram violentamente massacrados pela Polícia Militar: “Fui ajudar um colega que estava desmaiado e acabei atingida por um estilhaço de bomba na perna”, relata mostrando a cicatriz.

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