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quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Por que precisamos tomar reforços da vacina da COVID tão frequentemente

Imagem de microscópio do vírus da COVID-19

Pessoas que tomaram múltiplas doses vacinais para COVID mas também se infectaram com o SARS-CoV-2 (vírus causador da COVID) possuem a mais robusta imunidade contra a doença. Mas mesmo essas podem ainda sofrer surtos de COVID-19, e crescentes evidências sugerem que não é meramente porque o virus desenvolve variantes que enganam um sistema imune já instruído. Um novo estudo sugere que um pouco conhecido tipo de célula imune na medula óssea desempenharia papel importante nesta falha.

Pesquisadores descobriram que pessoas que receberam doses repetidas das vacinas de RNA mensageiro (mRNA) para COVID-19, e, em alguns casos contraíram a infecão com o SARS-CoV-2, falharam bastante em criar células produtoras de anticorpos chamadas células plasmáticas de vida longa (LLPCs, na sigla em inglês). Muitas respostas imunes diferentes ajudam a nos proteger contra o vírus, mas anticorpos circulantes jogam papel crítico, e a equipe de pesquisa liderada pelos imunologistas Frances Eun-Hyung Lee e Doan Nguyen sugerem uma maneira de elaborar vacinas que produzem mais LLPCs e, por sua vez, proteção mais duradoura.

Na produção de LLPCs, como a destilação de liquor, requer-se diversos passos. O processo começa quando células B “inocentes” encontram um virus ou um pedaço dele, tal como a proteína de superfície do SARS-CoV-2 codificada pelas vacinas de mRNA e exposta nas células humanas. O espaçamento entre as proteínas do “espinho” ('spikes'; o vírus parece um porco-espinho esférico) da superfície do vírus ou uma célula humana afeta o destino subsequente da célula B: se os “espinhos” estão bem próximos, os receptores em formato de Y das células B podem fazer um”link cruzado” com duas proteínas virais, o que leva à formação de LLPCs. Mas o SARS-CoV-2, por sua vez, tem largamente espaçado mais os “espinhos” em sua superfície, o que dificulta o link cruzado.

O ponto de partida é que isso pode ajudar a “evitar as lacunas”: se as vacinas de COVID-19 apresentaram “espinhos” com menor espaço entre eles, isso poderia levar a níveis mais altos de LLPCs e proteção mais duradoura. “A má notícia é uma falha das próprias vacinas mRNA anti-SARS-CoV-2 - com ou sem infecções naturais – em induzir formação de LLPCs na medula óssea”, diz Nguyen. “A notícia boa é que esta falha, em si, provê oportunidades de pesquisa para achar um jeito de mudar para melhor o destino de vacinas de curta atuação.”
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