Tem candidato a reitor da UFPR cuja ferramenta essencial de trabalho profissional é a palavra, mas anda reclamando de ter de usá-la "demasiadamente" na campanha e nos debates com seus contendores.
A direita conservadora do Congresso Nacional reduziu pela metade o tempo de campanha eleitoral deste ano dos candidatos a vereador e prefeito. Espera com isto informar e esclarecer menos os eleitores em geral, e também favorecer os próprios candidatos conservadores e reacionários que tenham maior poder econômico. Torcemos para que a maioria do eleitorado reprove em outubro os candidatos conservadores e do poder econômico em todo o Brasil.
Na contramão dessa visão de conservadorismo do Congresso repleto de golpistas, a CPC (Comissão Paritária de Consulta), organizadora da eleição direta da Reitoria da UFPR, estipulou que a campanha podia começar já no final de junho, depois da inscrição das candidaturas, e propôs sete debates oficiais, sendo três deles no interior e o restante em Curitiba.
Ora, por que um candidato que se autoproclama com perfil progressista à reitoria fica a prantear lamúrias contra o "excessivo" tempo de campanha e o "exagerado" número de debates? Para quem se julga mestre na esgrima de palavras, esse candidato deveria ficar animado por poder chegar a todos os rincões onde a UFPR hoje funciona e também debater plenamente suas ideias sobre a Universidade que ele diz ser "sua vida".
Contudo, não. O candidato que até agora recusa expor transparentemente sua ficha funcional e rendimentos na internet tem reclamado. Foi assim no debate online no jornal Gazeta do Povo, de cujo vídeo extraiu trechos para difundir "pegadinha" contra o adversário.
A CPC realiza amanhã o quinto debate entre os reitoráveis, desta vez na distante Palotina. De novo, como nos casos da UFPR-Litoral e de Jandaia do Sul, o de Palotina também grava seu marco histórico. Palotina fica longe, é claro, mas também É UFPR. Se um candidato a reitor faz beicinho por ter de se deslocar até lá para um debate próprio de um processo democrático, quantas vezes ele pretende visitar o campus avançado caso eleito reitor?
Um verso de Milton Nascimento diz que "todo artista tem de ir aonde o povo está". Todo verdadeiro democrata também tem de gastar sola de sapato para ir em qualquer canto onde o povo de uma comunidade de 50 mil almas está, espalhadas por Curitiba e pelo interior do estado.
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