Muitas pessoas na UFPR, durante a campanha eleitoral do Sinditest, assim como depois de sabido o resultado, questionavam os membros das chapas 1 e 4 sobre o motivo de sua não-aliança em uma chapa única e receando a volta de antigos grupos à Diretoria sindical. À primeira vista, trata-se de um cálculo político-aritmético simples: se os dois grupos de oposição do HC (de Wilson Messias e de Neris) se unificaram para ganhar a todo custo, engolindo seus próprios sapos-bois, para fazer frente a eles seria necessário a junção dos grupos de concepção sindical diversa da Chapa 2, ou seja, a unidade dos mesmos que comandaram a vitoriosa Greve de 2007. Haveria duas chapas principais em disputa, e uma "Chapa 3" sem chances reais.
Afinal, o inverso disso aconteceu na eleição de 2005: os dois agrupamentos que atuam no HC dividiram-se em chapas distintas (Chapas 1 e 3 na época) e a Chapa 2-"Novos Tempos", presidida por Belotto, contando com votação massiva nas urnas da UFPR extra-HC e na UTFPR, acabou vencedora.
Após terem constituído o núcleo principal do Comando Local de Greve, que carregou nas costas a greve dos 100 dias, as pessoas das Chapas 1 e 4 teriam, a princípio, afinidade para estarem unidas numa nova Diretoria. Essa aliança provou-se muito difícil na prática para construir uma chapa única. Por quê?
Um motivo destacado foi a tradição de hegemonia forçada presente nas principais lideranças da Chapa 4, o chamado "grupo de Roseli Isidoro". O partido da vereadora, desde que ele surgiu no cenário político há mais de 25 anos, tinha por costume impôr não alianças negociadas, mas adesões automáticas e incondicionais. No popular: "ou apóia a gente e vem a reboque, ou não tem aliança". Em boa medida, essa postura auto-suficiente predominou nas iniciativas do "grupo Roseli" logo depois do final da greve, quando começaram por conta própria a chamar reuniões em que se partia do suposto de que o presidente TINHA QUE SER o colega Luiz Fernando e que a chapa se denominaria "de oposição". Logo, se os diretores sindicais presididos por Belotto quisessem participar da Chapa "do Luiz" teriam que desmerecer todo o esforço que fizeram ao longo de quase dois anos à frente do Sinditest e se tornar meros caudatários da linha ditada por outros.
Convenhamos: entrar numa aliança nessa condição subalterna é como entrar numa casa pela porta dos fundos, com o rabo entre as pernas. Essa atitude do "grupo Roseli" não mudou, apesar de muitas e muitas conversas. Por isso, para defender as conquistas políticas (como os bons ACTs da FUNPAR e a Greve da FASUBRA) e patrimoniais (como a reforma da casa de Itapoá e o desmascaramento da compra irregular da "chácara-canil" da gestão 2004-2005), as lideranças do grupo "Novos Tempos" e seus apoiadores decidiram montar uma chapa com identidade própria, a Chapa 1-"Avançar na Luta!". Talvez os articuladores da Chapa 4, acreditando que eram o grupo mais forte para vencer, não contassem de fato com essa atitude de independência da Chapa 1. Calcularam errado.
Sabendo-se das habilidades retóricas de certas saúvas da Chapa 2 de oposição, que havia meses nos corredores da UFPR espalhavam suas versões fabricadas (inverdades sobre fundo de greve, convênios etc), a divisão das demais chapas anunciava a derrota em 4/12, o que ocorreu. Pareceu preferível, entretanto, manter a coerência política, a identidade classista própria e a dignidade, lançando a Chapa 1 – sementes novas lançadas no solo do movimento para impulsionar o Sinditest avante em futuro breve. Naturalmente, com ajuda de toda a categoria para acompanhar nas assembléias e via Conselho Fiscal os passos da nova Diretoria dita "Para Todos". Essa a tarefa, especialmente neste período ainda de incertezas produzido pela extinção da CPMF imposta pelos partidos da direita.
Paulo Adolfo
Biblioteca Central-UFPR
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