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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Contra Programa “Mais Médicos”, Gazeta do Povo aproveita crise do HC e mistura alhos com bugalhos

Um dos editoriais do jornal Gazeta do Povo de ontem (“A agonia do Hospital de Clínicas”) escreveu bobagens sobre problemas da área de Saúde e da crise do HC.  O editorialista gazeteiro deu uma forcinha ao corporativismo cego de certas entidades da categoria médica no afã de combater o programa federal que está levando médicos para localidades que nunca viram um estetoscópio em uso.  Para isso, utilizaram a recente crise de falta de pessoal do Hospital de Clínicas da UFPR, obrigado a fechar 94 leitos.

Não é preciso falar sobre diversos problemas de nosso SUS, de insuficiência de recursos a problemas gerenciais e também de pessoal.  Mesmo assim, quando a assistência privada falha, é para o SUS que muitos brasileiros acorrem, tenha ou não estrutura razoável para prestar assistência. 

Mas é na tecla da “falta de estrutura”, das condições de trabalho, que os corporativistas insistem em bater para se opor ao Programa “Mais Médicos”.  E, do alto de suas impávidas certezas, encastelam-se imóveis, não se importando se lá no grotão do interior tem uma gestante precisando de orientação pré-natal básica, uma criança com diarreia necessitando de uma simples reposição de soro caseiro, um idoso requerendo controle de sua hipertensão.  “Enquanto não tiver estrutura, ninguém se mexe” para ir às localidades desassistidas, vocalizam os corporativistas. Isto é, o povo que se dane e fique esperando, doente e desorientado, até que a situação “ideal” se configure conforme os critérios dos corporativistas. 

No entanto, qualquer estudante de medicina da segunda metade do curso já sabe que é possível cuidar da ampla maioria dos problemas de saúde com recursos simples, típicos da atenção primária à saúde e da Medicina de Família.  Coisa que, aliás, os médicos vindos de Cuba sabem fazer muito bem.  Com isso, impede-se que um problema frequentemente banal piore e se torne um caso que venha requerer assistência nos níveis mais complexos secundário e terciário, onde, aí sim, é preciso de fato ter mais estrutura, como em ambulatórios especializados e em hospitais como o HC.

Ora, como pode então o sabichão editor da Gazeta do Povo confundir as relativamente simples necessidades estruturais do nível primário de atenção à saúde, área por excelência da atuação dos profissionais do “Mais Médicos”, com requisitos  maiores e mais complexos de um nível terciário, que é o do HC da UFPR?  Só por má fé, e por oposicionismo militante desse jornal da grande burguesia paranaense.  Misturam alhos com bugalhos propositalmente, com fins políticos.

O governo federal, por seu turno, no caso dos hospitais universitários, força a barra para sua adesão ao controle pela EBSERH, retendo recursos e não realizando concursos para novos servidores estatutários.  Isto é claro.  Disso decorre a atual crise de fechamento de leitos do HC e outros problemas.  A prosseguir assim, a situação lentamente piorará no HC.  É uma queda de braço entre a Universidade e a EBSERH, ligada ao MEC.  Não se pode prever seu desfecho imediato e as entidades tem lutado contra o advento da EBSERH.

Mas não venha o jornalão burguês de Curitiba misturar as coisas e fazer politicagem com a crise do HC para atacar um programa federal que é bem visto por toda a população carente e desassistida do país.  Palhaçada. 

2 comentários:

Andrea disse...

Nao entendo porque a Gazeta ficar contra o programa dos médicos pro interior, pra onde nenhum médico do Brasil quer ir.
E também acho que problema do HC nao tem a ver com isso do Mais Medico.

Rita de Cassia disse...

A Gazeta não poupa esforços pra inventar argumentos e confundir os leitores. Vale tudo pra ser do contra.
A falta de pessoal pra levar adiante o trabalho no HC é exatamente o oposto do que eles dizem.