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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O Dinão

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O Dinão é um animal mitológico com a cabeça de um dinossauro e o corpo de um dinossauro, mas não do mesmo dinossauro. Diz-se que o dinão dorme mil anos e, de repente, acorda em chamas, principalmente se tiver cochilado fumando.

No terreno da oratória, o Dinão tem o curioso hábito de referir-se a si na terceira pessoa e tratando-se como mestre, sempre que entrevistado. Algo como: "O Mestre Dinão não é mesmo um excelente técnico no Olimpo?"

Parece que Ulisses acordou um dinão que dormia há 600 anos, mas este, ainda meio tonto de sono, implorou-lhe que o deixasse dormir por mais uns 200.

A aparição do dinão costuma trazer má sorte, e geralmente precede a peste, a fome ou o convite para uma noite de autógrafos de Olavo de Carvalho.

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Fonte: adaptado de Woody Allen.

Guedes, o parasitário contador de 'causos' do desgoverno

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Ontem, na Folha de SP, um grupo de 8 acadêmicos se juntou para uma antologia dos maiores “causos” de Guedes. Apenas um poderia ter compilado seus feitos.

Luís Nassif - Jornal GGN


Uma das características mais presentes nos tempos atuais é a enorme capacidade dos homens públicos de criar narrativas completamente dissociadas da realidade.

Um dos exemplos recentes foi Donald Trump, na convenção republicana, eximindo-se totalmente do fracasso no combate à COVID-19. Outro, o governador fluminense Wilson Witzel, em discurso na frente da sede do governo, sustentando que a operação Lava Jato do Rio de Janeiro não havia apresentado nenhuma prova contra ele. Nos jornais, contratos de sua esposa com escritórios de advocacia ligados a empresas beneficiadas por ele, enquanto governador. Sem contar o insuperável Jair Bolsonaro, debitando aos governadores os reveses no enfrentamento da COVID-19.

Mas, provavelmente, nenhum homem público atual desenvolveu a capacidade de construir ficções como o Ministro da Economia Paulo Guedes. Sua capacidade de chutar números é insuperável.

Seu comportamento, em uma das primeiras viagens aos Estados Unidos, prometendo a uma plateia de investidores vender até o Palácio do Governo é de um ridículo só possível em quem não tem a menor noção sobre a liturgia do cargo.

Ontem, na Folha de SP, um grupo de oito acadêmicos se juntou para uma antologia dos maiores “causos” de Guedes. Apenas um poderia ter compilado seus feitos. O fato de o artigo ter sido escrito a 16 mãos é apenas um sinal da indignação coletiva que Guedes provoca em todo economista sério, de qualquer linha econômica.

Eis a lista dos feitos de Guedes:

* Na campanha de 2018, garantiu, contra todas as evidências, que zeraria o déficit primário de cerca de R$ 130 bilhões no primeiro ano de governo, contra a opinião de todos os técnicos especializados em orçamento. Acabou o ano, o déficit continuou e não se falou mais nisso.

* Prometeu privatizar todas as estatais, calculando que conseguiria arrecadar 30% do PIB, ou R$ 2 trilhões. Como lembram os autores, prometia sempre para “a semana que vem”. Em julho, o BNDES mostrou que a maioria dos estudos sobre os efeitos das privatizações sequer estavam concluídos.

* Em setembro de 2019, Guedes anunciou que apresentaria a proposta de reforma tributária “na semana que vem”. A proposta só foi apresentada fatiada em julho de 2020.

* Em julho de 2019 anunciou que o novo mercado de gás reduziria em 40% o preço da energia. A reforma nunca saiu do papel.

* A reforma administrativa também não saiu do papel.

* Prometeu 3,7 milhões de empregos com a MP da Liberdade Econômica, e outros 4 milhões com a Carteira Verde e Amarela. Nada aconteceu.

* Em abril, comportou-se como agente de um “amigo inglês” que doaria 40 milhões de testes da COVID-19 por mês. E garantiu que “com três ou cinco bilhões” o Brasil venceria a pandemia. Os gastos já somam meio trilhão de reais.

* Assim que assumiu, anunciou uma recuperação "em V" da economia. Ou seja, uma alta súbita depois de uma queda aguda. Em 2019, houve uma redução no ritmo de crescimento do PIB.

O artigo termina com uma definição da economista Esther Duflo, Prêmio Nobel de 2019, sobre os três “iis” que atrapalham o desenvolvimento: inércia, ideologia e ignorância.

A História e a história pra boi dormir

Um comentário:

Esta editoria teve a pachorra de assistir a mais de uma hora de um vídeo com uma entrevista do candidato a reitor Horácio Tertuliano.  Há os que leem, estudam e produzem História. E há os parladores de histórias para bovinos caírem no sono. 

Em sua arenga dada à jornalista Cátia, do jornal Gazeta do Povo, por mais de uma dezena de vezes o candidato à Reitoria da UFPR pela Chapa 1 repetiu a alusão a seus 25 anos de trajetória como professor da Universidade.  Esforço para persuadir eleitores/as de que só esse tempo já o gabarita para ser titular da Administração Central.

Quis posar de sabedor de toda a história das eleições diretas para reitor, mas não conseguiu ir além da citação do ex-reitor Carlos Antunes para cá (final da década de 90).  E, com esse recurso mal repisado diante de uma jovem jornalista do pasquim paranaense, atacou as entidades da comunidade, organizadoras da consulta direta virtual deste ano (Sinditest, Apufpr, DCE, da CPC).

Quis convencer a jornalista Cátia de que jamais em pleitos anteriores as entidades apoiaram um candidato a reitor, nem o Conselho Universitário.  Que esse suposto "apoio das entidades" manchava a lisura da disputa, entre outros choramingos para tentar lançar dúvidas sobre ela. Porém, confessou que, em sua trajetória na graduação, nunca participou do centro acadêmico do seu curso nem se "meteu com política".

E talvez por conta desse passado aparentemente "apolítico", entenda-se a confusão do engenheiro candidato (e de sua candidata a vice, pós-graduada em Epidemiologia, Infectologia e Farmacologia pela "AMAN")*.  Conscientemente ou não, a Chapa 1 confunde "entidade de massa" com "coletivo de dirigentes da entidade".  Ora, uma entidade somente pode declarar apoio formal a qualquer candidatura se reunir sua instância superior (uma assembleia) e ali defender e votar esse apoio, (por maioria ou por consenso).  Isso jamais ocorreu neste ano, antes ou depois de as duas chapas se inscrevem para a eleição.

Outra coisa, diversa do conceito de entidade, é quando alguns (ou a maioria) dos dirigentes da entidade, usam seu direito de manifestar uma opinião política pessoal - sem misturar isso com a posição neutra da entidade.  Isto, sim, é real, e boa parte dos membros das direções de Sinditest, DCE e Apufpr tem conhecida suas posições em favor da reeleição do reitor.  O mesmo vale para membros do Conselho Universitário, que tem liberdade para perfilarem ao lado da candidatura que preferirem, como de fato se dá hoje (e o próprio Horácio informa que ao menos 90% dos integrantes do CoUn estariam apoiando a reeleição de Ricardo Marcelo).

E então, um pouco de História, para finalizar.  A eleição - simbólica, pois vivia-se sob uma sanguinolenta ditadura militar - do professor de Direito Lamartine Correa, em 1991, foi fruto  de intensa mobilização em especial do movimento docente e da Diretoria da Apufpr.  Serviu de antessala da primeira eleição direta para valer, em 1985, que consagrou o geólogo Riad Salamuni. De passagem, recordamos que, na época, a eleição do DCE (anterior à de reitor) teve acerba disputa, sendo vitoriosa a chapa que defendia uma proposta simples e clara: unificar numa chapa só os dois únicos candidatos progressistas - Riad e Dante Romanó Jr., para assegurar a derrota dos outros candidatos, todos ligados de algum modo à finada ditadura. Assim, o futuro reitor Riad contou, sim, com forte apoio dos dirigentes  de DCE e Apufpr.

Pouco depois, em 1989, a chapa à Reitoria era um agrupamento unitário de consenso da direção do movimento docente e do DCE - Carlos Faraco e Mário Pederneiras.  Para não encompridar o relato, pode-se afirmar sem hesitar que diversas chapas recebiam apoiamentos explícitos de dirigentes de entidades da comunidade, desde 1985, até hoje.

Os já meio sonolentos bois que quiserem dormitar ouvindo as algaravias fumacentas da Chapa 1, bolsonarista e cloroquinista, estão livres para fazê-lo.  No entanto, dormindo, nada aprenderão de história da UFPR. Nem do Brasil.

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A quem quiser conferir e ouvir as entrevistas das duas Chapas concedidas à Gazeta do Povo, entrem nos links abaixo (50 minutos da Chapa 2 e 01h40min da 1) :

Entrevista do professor Ricardo, da Chapa 2 

Entrevista do professor Horácio, da Chapa 1

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(*)AMAN: Academia Medicalista das Agruras Negacionistas (da Ciência)

Fonte dos vídeos das entrevistas: Gazeta do Povo no Youtube

Vídeo no cabeçalho da matéria ("Escola sem Partido"): Portal Porta dos Fundos.  Em celebração ao candidato que nao toma partido de nada, não é de esquerda nem direita nem centro nem em cima nem embaixo e só dá aulas "técnicas", pois seus universitários tem que se formar só como técnicos, não  como cidadãos conscientes da sociedade em que vivem e trabalham.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Debate da Reitoria: microcosmo da tertúlia autoritária bolsonarista versus universo do diálogo ricardiano

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Reta final da consulta direta para eleição à Reitoria da UFPR 2020-2024: hoje (25) ocorre o último debate entre as chapas 1 e 2, às 16h30, nos canais da CPC. Depois, esforços finais de campanha das chapas buscando convencer a comunidade para suas posições e a eleição virtual em 1 e 2 de setembro. 

Desde princípios de julho, quando as chapas inscritas “UFPR Forte” (1) e “UFPR de Todos Nós (2) lançaram-se à conquista dos votos de alunos, professores e técnicos, foi ficando claro o contraste entre dois pólos antagônicos. De um lado, a chapa direitista dos professores Horácio Tertuliano e Ana Paula revelando, sem maiores véus, seus posicionamentos muito alinhados com a linha do desgoverno fascista de Jair Bolsonaro, de seus intentos privatistas e de cerceamento da autonomia das Universidades Públicas. 

De outro lado, em postura diametralmente colocada, a Chapa 2, “UFPR de Todos Nós”, que postula a reeleição do reitor Ricardo Marcelo e vice-reitora Graciela Bolzón, cuja gestão – ainda que passível de diversas críticas, como em ambiente democrático devem ser postas – sempre se posicionou, combativamente, em defesa da UFPR Pública Gratuita, de qualidade, autônoma e democrática, contra as ameaças do desgoverno Bolsonaro/Weintraub que vieram em 2019 e este ano. Haja vista, como apenas um exemplo, o debate amplo e aberto sobre o projeto weintraubiano chamado “Future-se”, fortemente rejeitado pela comunidade em 2019. 

O debate a ser realizado pelos canais da CPC (Facebook e Youtube) hoje, a partir das 16h30, deve deixar ainda mais claras essas imensas diferenças, demonstrando que, como também defende este Blog, a Chapa 2 de Ricardo e Graciela é a opção correta para a conjuntura atual da UFPR e do Brasil. Que todos e todas participem massivamente dessa última ocasião do confronto de opiniões e propostas. 

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Aproveitamos a postagem para republicar um vídeo bastante ilustrativo (editado pelo grupo estudantil Kizomba, segundo nos foi informado) do grau de obscurantismo que permeia a chapa 1, por exibir opiniões anticientíficas da “doutora” candidata a vice-reitora da Chapa 1, ex-diretora do Setor de Ciências Sociais Aplicadas, acerca da COVID-19. Nele, um professor do setor de Biológicas rebate a candidata da chapa 1. O vídeo demonstra como a ideologia bolsonarista, fanatizante, pode cegar até pessoas com doutorado universitário. 

Neste vídeo, note-se que: 

- a “Doutora” Ana Paula, que parece ter feito ocultamente alguma pós-graduação em Infectologia/Epidemiologia/Farmacologia em instituição incerta, dá sem titubear orientações sobre como lidar com a COVID-19; 

- a “Doutora” Ana Paula sequer sabe expressar de modo correto o gênero do termo “COVID-19”, pois usa-o no masculino, quando o termo refere-se à sigla em inglês “CoronaVirusDisease-19”, isto é, DoençA do Corona Vírus-19”, ou seja, o termo (doença) é feminino; 

- a “Doutora” esposa a mesma invencionice do fascista presidente norte-americano Donald Trump, que propagandeia que o novo coronavírus (SARS-CoV-2) teria sido desenvolvido em laboratórios chineses (com alegados fins de guerra geopolítica); 

- a “Doutora” confunde “guerra química” com “guerra biológica”; 

- a “Doutora” Ana Paula, confundindo-se, diz que não há “pesquisas em torno do COVID-19”, quando na verdade há centenas deles, publicados nas revistas especializadas do mundo todo, inclusive sobre medicamentos possíveis;

- a “Doutora” se auto-outorga a autoridade de prescrever que pessoas usem hidroxicloroquina “ao menor sinal de COVID-19”, como se pessoas sem formação médica devessem se autodiagnosticar e se automedicar com uma droga que não tem eficácia contra COVID-19, o que é atestado por centenas de estudos científicos no mundo já realizados até agora; 

- aparentemente, a “Doutora” Ana Paula vive com a cara afundada numa Harvard Business Review e jamais há de ter lido periódicos científicos mundialmente reconhecidos ligados à área da Saúde, como um New England Journal of Medicine (www.nejm.org), o The Lancet (thelancet.com), a Nature (nature.com), a Science (sciencemag.org), cujas centenas de artigos em 2020 jamais demonstraram qualquer eficácia em COVID-19 de drogas como cloroquina e ivermectina. Aliás, até a Harvard Business Review tem uma seção especial sobre COVID-19 e corrobora os periódicos anteriormente citados. 

Esse o nível “científico” da Chapa 1, que se pretende dirigente da Universidade mais antiga do Brasil. Poupem-nos de tanta “ciência” e “competência”.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A espuma e a fumaça da porrada do fascista Jair Messias

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Todos já sabem da queda da máscara "Jairzinho Paz e Amor", ontem, depois de pergunta incomoda (para ele) de um jornalista sobre a porrada de cheques depositados pelo miliciano Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle.  Porque não se trata apenas das "rachadinhas do senador Flávio Bolsonaro", o filhinho presidencial que tem uma "lavanderia" no Rio que também - gargalhem - vende chocolates.  O desvio de dinheiro público, por parte desse nefasto clã fascista, vem desde os tempos em que o Messias ainda era deputado.

O presidente boquirroto truculento mal demorou dois meses fingindo, e ontem mostrou o tiranete metido a macho valente que julga ser.

No entanto, se o fato de ontem em Brasília ocupou e ocupa os principais espaços de noticiário e de redes sociais, dentro de pouco tempo essa espuma se desfaz na própria internet.  A fumaça da agressão verbal, da bravata de um jumento capenga de 65 anos de idade (possivelmente sequelado físicamente se teve mesmo a COVID-19), serve bem no momento para desviar a atenção do problema real do país, a sua economia em frangalhos e sem rumo, a falta de um verdadeiro Projeto Nacional de Desenvolvimento, soberano e sustentável, que permita retomar a valer o crescimento e reduzir as indecentes taxas de desemprego.

Em vez disso, o parasita desministro Paulo Guedes promete apresentar sua pirotecnia de um "Plano" que não resolve nada (dizem que se chama "Big Bang") e tira recursos de áreas importantes de investimento público e de políticas sociais (reduz orçamentos da Saúde e da Educação, acaba com Farmácia Popular, cassa salário-família e seguro-defeso e série de outras maldades).  Ao passo que quer ampliar o Bolsa-Família batizado agora com o nome de "Renda Brasil, para enganar os desesperados miseráveis da população.

Isso não é debatido a fundo e a sério, e a própria mídia grande, comercial, que deveria respeitar mais o Brasil e seu povo, prefere ficar brincando no parquinho com as escrotices do despresidente Bolsonaro, o "machão" de circo.

Por nós, também queremos encher de porrada a boca de alguém. Encher com porradas de quilos de cimento a boca suja do despresidente.  E cimento de secagem rápida, para ele nunca mais infestar os ares da Nação com seus grunhidos de brontossauro pelancudo.

Fachin, se agora vê, não pode fingir não ver

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Janio de Freitas, em seu artigo dominical na Folha SP (23/08), trata das recentes falas dos ministros Luiz Edson Fachin e Cármem Lúcia, do STF, sobre a “escalada do autoritarismo no Brasil após as eleições de 2018” e o retorno a situações que se pensava estarem sepultadas com “uma fase mais negra da nossa História”.

Sem perdoar o fato de que se trata de pretensões a colocar trincos em portas que deixaram arrombar, Janio afirma que estão obrigados a deixar de lado a omissão com que, diante do que estavam vendo, fingiam não estar vendo.

Fernando Brito - Blog Tijolaço

"Fachin vê, como todos, e diz, como poucos, sobre futuro contaminado por despotismo"

Jânio de Freitas - Folha de São Paulo

A repercussão negada pelos jornalistas não nega ao exame da atualidade pelo ministro Edson Fachin, do Supremo, a condição de mais importante pronunciamento de um integrante das altas instituições brasileiras, ao menos desde iniciado o governo Bolsonaro, se não desde a queda de Dilma Rousseff.

A “recessão democrática” ainda não recebera nada no nível adotado por Fachin, exceto em parte pelo ministro Celso de Mello.

Objetivo como os magistrados evitam ser, claro e simples como os magistrados detestam ser, franco e lúcido como deveriam ser as considerações necessárias dos magistrados, Fachin advertiu que “as eleições de 2022 [as presidenciais] podem ser comprometidas se não se proteger o consenso em torno das instituições democráticas”. Proteger de quê ou de quem?

O diagnóstico é forte e destemido: há “uma escalada do autoritarismo no Brasil após as eleições de 2018”, gerada pela existência de “um cavalo de Troia dentro da legalidade constitucional” do país.

Esse cavalo de Troia apresenta laços com milícias e organizações envolvidas com atividades ilícitas. Conduta de quem elogia ou se recusa a condenar ato de violência política no passado”. O que inflama o presente com “surtos arrogantes e ameaças de intervenção”.

No Supremo, a ministra Cármen Lúcia pareceu dar eco às palavras de Fachin no Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral. Considerou triste a volta forçada do tribunal, diante do dossiê do Ministério da Justiça contra antifascistas, “a este assunto quando já se acreditava ser apenas”, ou ter sido, “uma fase mais negra da nossa História”. Nada a ver com o dito por Fachin, se até agora Cármen Lúcia tinha tal crença. Mesmo a tristeza soa irrealista.

Não faltaram ocasiões em que o Supremo e o TSE foram chamados a sustar a candidatura que atacou a democracia com a defesa da ditadura e da tortura, atacou as instituições constitucionais, prometeu acabar com os petistas e outros, anunciou uma população armada, transpirou ódios preconceituosos e vocação homicida. Isso tudo expelido por uma perturbação mental indisfarçável e com histórico comprovado.

Hoje não faltam crimes de responsabilidade acumulados. Como não faltam mortes pela COVID-19, não combatida de fato e inocentada para os incautos. E nem é só o figurante principal que continua inatingível pela defesa da ordem constitucional e do devido à população.

Flávio Bolsonaro não precisa controlar as revelações que se sucedem sobre sua delinquência, porque controla a passividade do Senado e o vagar dos seus inquéritos. Carlos Bolsonaro nem interesse demonstrou pelas revelações que o atingem. Fabrício Queiroz e seus contatos milicianos estão protegidos.

A instauração e a ameaçadora continuidade do descrito por Edson Fachin, como ninguém ousou fazer nas altas instituições, têm corresponsabilidades no Judiciário e no Congresso. Mas aí mesmo, na impossibilidade de negar o exposto pelo ministro, ficará mais difícil não ver o que está vendo, para não fazer o que deve.
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Fonte: textos do Blog Tijolaço e Folha de S. Paulo; Charge de Laerte.

domingo, 23 de agosto de 2020

Veto ao reajuste dos servidores - como votaram parlamentares do Paraná

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Na sessão da Câmara Federal de 20/08, comandados por Rodrigo Maia, 316 deputados votaram para manter o veto de Bolsonaro ao reajuste ao funcionalismo. Contrários foram 165, houve duas abstenções e 29 ausências. Para que um veto seja derrubado pelo Congresso, são necessários 41 votos no Senado e 257 votos na Câmara. Na véspera (19), o Senado derrubara o veto de Bolsonaro, tendo os senadores paranaenses Álvaro Dias (partido Podemos) e Flávio Arns (partido Rede) votado desse modo. O ricaço senador Oriovisto Guimarães (partido Podemos) ficou ao lado de Bolsonaro e do mercado financeiro, contra o funcionalismo. 

A maior parte das siglas orientou pela manutenção do veto: PSL, MDB, PSD, Republicanos, PSDB, DEM, Podemos, PSC, Cidadania, Novo, Patriota e PV. Os partidos do bloco conhecido como Centrão (PL, PP, Solidariedade, PROS, PTB e Avante), que reúne siglas ao centro e à direita, também foram a favor. Apenas siglas da oposição – PT, PSB, PDT, PSol, PCdoB e Rede – orientaram pela rejeição do veto. 

O trecho vetado pelo presidente Jair Bolsonaro impedia reajustes salariais e contagem de tempo de serviço para profissionais da saúde, da segurança pública e da educação durante a pandemia da COVID-19. 

Do Paraná, votaram contra os servidores os/as parlamentares (e respectivos partidos) a seguir listados.  Guardem bem os nominhos deles e delas para reeleger esses benfeitores do serviço público em 2022. 

Aline Sleutjes – PSL 
Aroldo Martins – Republicanos 
Christiane Yared – PSL 
Diego Garcia – Podemos 
Felipe Francischini – PSL 
Filipe Barros – PSL 
Giacobo – PL 
Hermes Parcianello – MDB 
Leandre – PV 
Luisa Canziani – PTB 
Luiz Nishimori – PL 
Luizão Goulart – PR 
Paulo Martins – PSC 
Pedro Lupion – DEM 
Ricardo Barros – PP 
Roman – Patriota 
Rubens Bueno – Cidadania 
Schiavinato – PP 
Sérgio Souza – MDB 
Toninho Wandscheer – PROS 
Vermelho – PSD 


Votaram em defesa do direito ao reajuste

Aliel Machado – PSB 
"Boca Aberta" – PROS 
Enio Verri - PT 
Gleisi Hoffmann – PT 
Gustavo Fruet – PDT 
Luciano Ducci – PSB 
Sargento Fahur - PSD 
Zeca Dirceu – PT 

O deputado Ney Leprevost (PSD) faltou à sessão. 

De candidaturas à Reitoria com língua portuguesa pouco assentada

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Há poucos dias, a chapa bolsonarista à Reitoria da UFPR (Chapa 1) endereçou à comunidade de técnicos e técnicas do Sistema de Bibliotecas (SiBi), uma "Carta" com propostas caso se elejam no processo de 1-2 de setembro [figura abaixo].  Na última proposta, os professores Horácio Tertuliano e Ana Paula grafam:

"- Propor que o SiBi tenha ACENTO nos órgãos superiores da UFPR."

Diante da inusitada e criativa oferta da lustrosa Chapa 1, pergunta-se:

Onde você, servidor(a), acha que deve recair o ACENTO do SiBi?

1- [   ]Na sílaba SI;

2- [   ]Na sílaba BI;

3- [   ]Nas duas sílabas.

Vote e ganhe de imediato uma caixa de hidroxicloroquina da Dra. Ana Paula, pós-graduada em Infectologia Econômica Aplicada pela AMAN (Academia Médica das Agruras Negacionistas).


sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Comemorem! Nós servidores salvamos o país e o (des)governo do parasita Guedes

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Depois da derrota de Paulo Guedes no Senado, Jair Bolsonaro acionou não apenas os líderes do Centrão mas também Rodrigo Maia para tentar mudar o jogo na Câmara e manter o veto do reajuste a servidores públicos. "Eu não posso governar um país se esse veto não for mantido na Câmara... É impossível governar o Brasil, impossível. É responsabilidade de todo mundo ajudar o Brasil a sair do buraco", reclamou com apoiadores.

Uma reunião com o presidente da Câmara e as lideranças do Centrão foi marcada para às 11h de ontem. Arthur Lira (líder do PP) e Elmar Nascimento (do DEM) se comprometeram a orientar suas bancadas a manter o veto. Um dos principais pontos de atrito era a "bancada da bala": deputados ligados à segurança pública tentaram costurar um acordo para adiar a votação e alterar o projeto, mas isso não aconteceu – Rodrigo Maia convergia muito claramente com o governo nessa matéria.

A equipe econômica afirmou que, derrubado o veto, 70% dos servidores de estados e municípios e 60% dos federais poderiam receber reajustes. Há certo apelo popular em congelar esses salários. A partir de dados do IBGE, a Folha de SP indica que durante a pandemia o setor público registrou aumento de 708 mil vagas, enquanto nove milhões de pessoas no setor privado perderam o emprego – fora os contratos suspensos. Além disso, o rendimento médio dos trabalhadores do setor privado caiu 0,5% e chegou a R$ 2.137, já incluído o auxílio do governo, enquanto no setor público ele subiu 1,5%, alcançando R$ 3.776. 

No Twitter, teve milhares de compartilhamentos a hashtag "#traidor", referindo-se aos senadores que apoiaram o reajuste. O governo, de sua parte, ameaçou punir os "traidores": seu vice-líder no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF) deve perder o cargo nos próximos dias após ter votado pela derrubada do veto. Outros podem perder cargos e a liberação de emendas parlamentares.

Além do mais, interlocutores do governo disseram que, se os reajustes fossem mantidos nos próximos 18 meses, a prorrogação do auxílio emergencial poderia ser revista. E tal desgaste poderia entrar na conta dos parlamentares. “Essa decisão é muito importante hoje porque o presidente vai eventualmente anunciar uma prorrogação do auxílio emergencial, e esse impacto pode e vai certamente mudar a possibilidade dos valores e do prazo que esse auxílio vai ser prorrogado”, disse o novo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) – que, segundo o Estadão, também trabalhou pelo veto nos bastidores, num "primeiro teste de sua atuação". 

O empenho do governo gerou resultados: por 316 votos a favor e 165 votos contra, a proibição dos reajustes foi mantida. Um êxito folgado, já que eram necessários 257 votos de deputados para derrubar o ato de Bolsonaro. "Com dezenas de telefonemas, militância virtual, reuniões e pedidos para que deputados estivessem presentes na votação, o Executivo conseguiu sua primeira vitória expressiva neste ano", resumem os repórteres Natália Portinari e Bruno Góes, no Globo. Segundo líderes ouvidos pelo jornal, o Centrão precisava retribuir as concessões feitas desde que começou seu namoro com o governo Bolsonaro.


NÃO TEM MAIS

Paulo Guedes disse que era "crime" dirigir aos servidores recursos que deveriam ser gastos na pandemia, mas na verdade o dinheiro já liberado para a saúde está se perdendo no caminho. O governo federal deixou de gastar, no combate à COVID-19, R$ 12,9 bilhões que haviam sido liberados por medidas provisórias, porque o prazo de 120 dias expirou sem que elas tivessem sido convertidas em lei. Esse dinheiro não pode mais ser usado. 

E o total de verbas desperdiçadas pode crescer ainda mais: outras duas MPs que vencem em setembro (a 967 e a 969) ainda têm gastos não empenhados de R$ 7,7 bilhões no total. Os dados são do boletim semanal do Conselho Nacional de Saúde. "Estamos em uma situação emergencial. Não tem explicação para a demora em gastar", diz Francisco Funcia, da comissão de orçamento e financiamento do CNS.  O boletim revela ainda que a pasta tem R$ 41,2 bilhões para gastar com a pandemia, mas 33,4% estão parados.

Nosso comentário: o presidente da Câmara de Deputados chegou a dar a absurda declaração de que os servidores públicos deveriam entender que o veto a reajuste salarial até o fim de 2021 era "para o bem dos próprios servidores".  Ah, tá.  Então, celebremos estarmos salvando a existência do país com os salários congelados, aliás, há mais de 4 anos.  

Na verdade, o desministro da economia Guedes, que chamou todos os servidores de "parasitas" e que comemorava ter deixado uma "granada" no colo dos servidores (os salários congelados) - além de querer cortar verbas da Saúde e da Educação para 2021, enquanto eleva os gastos do ministério da Defesa, está contente também porque pode tranquilamente continuar pagando as dívidas com seus amados banqueiros.
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terça-feira, 18 de agosto de 2020

Um Mani-Infesto ao gosto de Adolf e de Benito

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No último final de semana, áreas da UFPR foram alvo de uma nuvem de gafanhotos na forma de pestilenciais argumentos, calúnias, mentiras, prognósticos ameaçadores dignos de um astrólogo de quinquagésima categoria (tipo Olavo de Carvalho) – tudo junto e liquidificado numa mistureba indigesta a que se deu o nome de “Manifesto” contra um suposto autoritarismo na Universidade. 

O extenso e tedioso documento – para um Manifesto, que, usualmente, deve ser objetivo e conciso – tem sete páginas, para quem não dormir antes de chegar ao fim da coisa... Confessamos que é muito aborrecido ler até o fim, que dirá responder aos parágrafos coalhados de bobajada ideológica. 

Contudo, principiemos por um elogio à furibunda peça: ela é franca logo no cabeçalho, embora incompleta. Pois ali se lê que se trata de um manifesto de autoria de “estudantes e professores de DIREITA da UFPR. Incompleta porque deveria de fato designar como autores “estudantes e professores de DIREITA/EXTREMA-DIREITA”. 

Também usam de franqueza quando abertamente assumem seu apoio à chapa 1 dos professores Horácio Tertuliano/Ana Paula, na eleição direta para a Reitoria da UFPR, enquanto acerbamente despejam bombardeios contra a Chapa 2, dos docentes Ricardo/Graciela. 

O tom, de cabo a rabo, é exaltado e alarmista, de nítido viés bolsonarista/weintraubista. O despresidente do desgoverno e o ex-desministro do MEC, que fugiu às escondidas para os EUA de modo a não arriscar ser preso por seus impropérios assacados contra o STF e outras instâncias da República. 

Só por isso, já se resume bem o que norteia as opiniões, mentiras e calúnias contidas no infausto documento, portanto enfarante seria analisar as diversas passagens. As preocupações do “Manifesto” são duas: levar o discurso ideológico direitista anti-Universidade Pública para a “bolha” dentro da UFPR que abriga os idólatras do discurso retrógrado fascistoide, de modo a unificá-los e animá-los a votar na chapa Tertuliano/Paula em 1-2/09. 

E, segundo, denunciar e conclamar o cabeça da chapa 1 a insistir com seu nome, mesmo derrotado na eleição direta, para a composição da lista tríplice, que vai às mãos do despresidente Bolsonaro para nomeação do reitor em dezembro. Nem precisam ficar tão abespinhados com isso, vez que, nos dois debates havidos entre as duas chapas, o professor Horácio já fez largo uso de contorcionismos retóricos para escapar do compromisso de se abster de compor a lista tríplice se não for o primeiro colocado. 


Os autores do mani-infesto - tão agradável a um certo italiano chamado Benito e a um certo austro-germânico de nome Adolf dos meados do século XX (dois caras “gente boa”, tão pacíficos que eram) – falam em uma UFPR “livre”. Devem estar se referindo, mas não o dizem, a uma UFPR livre de bolsas da CAPES (muitas delas cortadas em 2019). Financeiramente asfixiada, livre do repasse, pela União, do volume necessário de verbas de custeio para uma instituição que vem se expandindo desde há muitos anos (MEC quer cortar 18% das verbas de 2021). Uma UFPR livrada de realizar novos concursos públicos para repor quadros docentes e técnicos que já morreram ou se aposentaram. 


Uma UFPR livrada de orçamento decente para assistência estudantil. Uma UFPR livrada, despojada, da indispensável autonomia universitária, e sob risco de intervenções de Brasília, como no caso das MP’s do MEC que queriam meter a colher na escolha de nossos dirigentes universitários este ano. Uma UFPR livrada, ameaçada, de perda de seu caráter público gratuito, como no caso do privatizante Projeto “Future-se”, excretado pelo fujão Weintraub. 

Há quem, talvez, mesmo não fazendo parte da comunidade fascistoide da “bolha”, se deixe enganar por essa retórica hidrofóbica. Mas a democracia universitária resistirá e vencerá.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Mais asfixia financeira bolsonarista sobre Universidades Federais

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Redução de 18,2% das despesas não obrigatórias seria necessária pelos impactos da pandemia, diz MEC.

O Ministério da Educação informou, nesta terça-feira 11, que deve reduzir cerca de 4,2 bilhões de reais do orçamento da pasta em 2021. A informação foi recebida por meio do Referencial Monetário, do Ministério da Economia, e confirmada por nota do próprio MEC.

A redução representa um corte de 18,2% das despesas não obrigatórias do Ministério frente à Lei Orçamentária Anual 2020 (LOA), que deve ser encaminhada para análise do Congresso Nacional ainda em agosto para ser votada.

A LOA dá os parâmetros de despesas que a União terá no próximo ano sem os valores das emendas constitucionais. Durante a tramitação, o texto poderá sofrer alterações dos deputados e senadores, para então ser encaminhado à sanção presidencial.

Em razão da crise econômica em consequência da pandemia do novo coronavírus, a Administração Pública terá que lidar com uma redução no orçamento para 2021, o que exigirá um esforço adicional na otimização dos recursos públicos e na priorização das despesas.”, diz o MEC em nota.
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Fonte: texto e foto de CartaCapital (de 11/08)

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Eleição à Reitoria da UFPR: como votar

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MUITO IMPORTANTE! A comunidade da UFPR apta a votar na consulta direta eletrônica para escolha da futura gestão da Reitoria, mandato 2021-2024, deve prestar muita atenção nas datas e etapas para que todas e todos se habilitem à condição de eleitores/as.

Agosto é o mês para que tudo se apronte, de modo a acontecer, com sucesso, a votação em 1 e 2 de setembro. No começo da noite de 02/09 já se fará a apuração dos votos eletrônicos, lembrando sempre que a eleição é paritária (pesos iguais para alunos, técnicos e docentes).  

Proclamada a Chapa mais votada (dentre as duas que concorrem), ela será em seguida submetida à sessão do Colégio Eleitoral (junção dos membros do Conselho Universitário com os do Conselho de Curadores), de modo a ser elaborada a lista tríplice para envio ao MEC para nomeação do novo reitor, como ocorre desde 1985.

Assista ao curto tutorial no vídeo de Youtube abaixo e em seguida realize os procedimentos para se inscrever como eleitor/a.  Se ainda restar dúvida, consulte o site da Comissão Paritária de Consulta (CPC), ou mesmo as direções da APUFPR, SINDITEST-PR e DCE-UFPR.

POR FIM, anote em sua agenda: o segundo debate entre as Chapas 1 e 2 será realizado amanhã, 3a.-feira, 11/08, a partir das 16h30, nas plataformas de Facebook e de Youtube da CPC.

Catarinense em regime de ozonioterapia para COVID-19

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Então, naquele hospital de Itajaí, sob a orientação do quase-Prêmio Nobel de Medicina Dr. prefeito, depois de múltiplas aplicações de gás ozônio por via retal... 
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Fonte: charge do Dill, via BandNews FM

O silêncio dos vivos

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No sábado, chegamos às cem mil mortes e três milhões de infecções pelo novo coronavírus conhecidas no Brasil. A tragédia sem dimensões na história do país não mereceu panelaços. A imprensa tem se esforçado para dimensionar seu significado em significado em histórias, comparações, simulações e gráficos diversos. 

Da Seção Outra Saúde do site Outras Palavras

Mas alguma coisa parece ter estancado a indignação que era demonstrada numa base diária meses atrás. Concordamos com o advogado Thiago Amparo quando ele diagnostica que o luto coletivo existe, só que estava sendo esmagado pela necropol[ítica. “Bolsonaro está vencendo pelo cansaço”, constata, por sua vez, o jornalista Bernardo Mello Franco. 

No dia do fatídico marco, só atingido até agora pelos Estados Unidos, Jair Bolsonaro celebrou a vitória do Palmeiras [campeão paulista] e replicou a propaganda da sua Secretaria de Comunicação que distorce informações para comemorar números catastróficos. Como os milhões de “recuperados” – conceito extremamente duvidoso em se tratando de uma síndrome que tem mostrado poder para desabilitar permanentemente suas vítimas, com pulmões lesionados, rins danificados. Ou o número de mortes por milhão de habitantes, métrica que não serve. “Se cai um avião com 210 pessoas ninguém diz que foi uma morte por milhão de habitantes”, explica Ricardo Parolin, em entrevista ao UOL. “Com cerca de 3% da população mundial, concentramos 14% dos óbitos registrados por COVID-19", situam as pesquisadoras Jurema Werneck, Gulnar Azevedo e Zeliete Zambon. 


Hoje, a quantidade de vidas perdidas já aumentou mais um ‘muito’: mil cadáveres se acumularam de lá para cá. “E seguimos contando os corpos que não podemos velar”, escreve Antonio Prata, resgatando a conclusão do atual presidente sobre a ditadura – ‘o erro foi ter torturado e não matado’, disse Bolsonaro no rádio em 2016 – para inferir: “Era óbvio, mas segue sendo surpreendente que um presidente eleito hasteando a bandeira da morte nos entregue, vejam só, a morte.”

Diante dos cem mil mortes, Supremo e Congresso decretaram luto oficial. Não há punição à vista para quem optou pelo “caminho da insensatez”. “A responsabilização por esta tragédia humana não pode deixar de ser feita", defendem as entidades da ciência, da advocacia, da imprensa, etc. O difícil é achar quem tenha poder para tal e esteja disposto a assumir a tarefa. Aparentemente, estão todos ‘tocando a vida’.
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Fontes: texto do site Outras Palavras. Vídeo da dep. Jandira Feghali.

domingo, 9 de agosto de 2020

Na UFPR, o melhor candidato a Chefe !

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Na última 3a.feira, 4/8, deu-se um encontro virtual do candidato a reitor da Chapa 1, Horácio Tertuliano, com as/os bibliotecárias/os do Sistema de Bibliotecas. Encontro restrito a esses profissionais, não aberto aos demais servidores técnicos, pela plataforma Teams.

Segundo relato de fonte confiável, participante desse evento, a ocasião foi bastante esclarecedora para muitos e muitas ali formularem sua opção eleitoral para a consulta virtual de 1-2 de setembro. Porque o candidato HT, possível e equivocadamente sentindo-se à vontade no ambiente com tal público, fez algumas declarações bastante explicitadoras de sua real posição política. 

O candidato HT repete que não é de oposição à atual gestão do reitor Ricardo Marcelo, candidato à reeleição pela Chapa 2. Mas por seus atos e falas, ele está 180 graus em oposição ao candidato RM. Votou em Bolsonaro em 2018, diz-se não bolsonarista, mas muito do que pensa está em plena afinidade com opiniões do “capitão”(*) que, no passado, quis explodir um quartel e uma adutora de água no Rio de Janeiro. 

Na reunião online de 4/8, após ser estimulado pela narrativa de uma ex-diretora do SiBi, declarou que fará guerra incessante contra usuários de drogas, membros do segmento LGBT e pessoas que são do ou apoiam o MST (Movimento de Trabalhadores Sem Terra) na UFPR. 

No caso de pessoas drogaditas, que existem em todos os setores da sociedade (até em igrejas), ele adere às declarações do fugitivo ex-ministro Weintraub de que em laboratórios da UFPR se produziriam às escondidas drogas alucinógenas sintéticas. E promete patrulhamento. 

Para os membros da comunidade da UFPR que assumem orientação sexual LGBT, também sinaliza com uma patrulha interna para policiar e perseguir, chegando ao ponto de dizer que não gostaria de que um filho seu frequentasse uma Universidade onde pululassem, em quantidade, gays e lésbicas. O mesmo valendo para a presença do MST na UFPR. 

Com tais declarações, entre outras, HT demonstrou suas lacunas de conhecimento real sobre a própria Universidade onde leciona Engenharia. Não entende, pelo visto, por exemplo, nada de economia nacional, embarcando na opinião direitista que demoniza e criminaliza o MST, sem saber que este movimento organiza os trabalhadores assentados para tocarem agricultura familiar e cooperativas, de onde sai a grande maioria dos alimentos que nutrem o povo brasileiro. 

Pois o gigante agronegócio - “Agro é Pop, Agro é Tudo”, como martela a insistente propaganda na mídia - atua para exportar (sem pagar, aliás, NENHUM imposto) e não para por comida na mesa dos brasileiros. Nem sabe que a UFPR ajuda nesses processos da agricultura familiar, na formação acadêmica de filhos de pequenos agricultores (PRONERA), que fortalece esse importante setor econômico doméstico. 

É uma pena que o vídeo gravado dessa reunião do dia 4 tenha sido subtraído do conhecimento de toda a comunidade universitária, tendo sido disponibilizado apenas um link para o trecho curto inicial, de 20 minutos, em que ocorre a apresentação dos candidatos Horácio e Ana Paula. A alegação é de que, na integralidade da reunião, houve falhas de gravação e a qualidade do vídeo deixaria a desejar. Sei… 

Essa retirada do vídeo - é permitido supor - pode ter sido decidida pelo comando de campanha da Chapa 1, ao verificarem o rol de barbaridades ditas – e algumas respostas firmes de pessoas do SiBi a elas – e o desastre geral que aquilo foi. 

Conforme alguns comentaram durante e depois desse encontro virtual, a decisão sobre em quem votar ficou mais fácil. O nome da Chapa 1 é o melhor candidato a chefe. A chefe de milícia de viés Weintraubiano, bolsonarista, homofóbico, anti-assistência estudantil, antitrabalhadores. 

Em tempo: as candidaturas da Chapa 2 “UFPR de Todos Nós”, Ricardo Marcelo e Graciela Bolzón, reúnem-se com a comunidade do SiBi nesta segunda-feira, 10/08, a partir das 15 horas, pela plataforma Google-Meet. Acompanhem todos/as e registrem os contrastes de ideias e propostas com as da Chapa amiga da turma da “arminha”. 
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(*)O Messias (!) Bolsonaro era tenente, mas, para poder logo desinfetar e cair fora do Exército, deram-lhe a patente de capitão, ainda que sem merecimento.
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Figuras: foto do prof. Horácio emprestada do Instagram do DCE-UFPR e banner (com inserção de legenda feita pelo Blog) copiado da página de Facebook de campanha da Chapa 1.

Parabéns, "papai" Bolsonaro. Você conseguiu! Mortos cem mil

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Hoje é Dia dos Pais.  O pai com grandes motivos para comemorar, assim como seu clã de filhos inteligentíssimos e cordialíssimos, é o despresidente Jair Messias (!) Bolsonaro.  Em entrevista de alguns anos atrás, ele afirmou com aquele brilho mortífero no olhar, que achava que a ditadura militar tinha matado "pouco", que os milicos do golpe de 1964 deveriam ter matado uns 30 mil.

De 2019 para cá, com uma política econômica criminosa, destruidora de empregos e removedora de direitos trabalhistas, e especialmente neste ano, Bolsonaro e seu matador cúmplice Paulo Guedes, favoreceram condições em todo o Brasil para que mais de cem mil vidas de brasileiros virassem pó em função da pandemia COVID-19.  Deve o vendedor da enganadora cloroquina intimamente se regozijar por ter mais que triplicado aquela velha meta dos 30 mil mortos opositores da tortura e do arbítrio.

Comenta  Fernando Brito, do Blog Tijolaço:

"Na média atual [de óbitos], no dia 11 de novembro, daqui a 96 dias, já não serão 100 mil, mas 200 mil vidas perdidas. Um em cada mil brasileiros.  Os infectados, em lugar de beirarem os 3 milhões, serão sete milhões. 30 em cada mil brasileiros.

A pior tragédia da história brasileira não provoca mais que um 'e daí?' do presidente da República.  E, inacreditavelmente, [supostamente] 30% dos brasileiros, doentes de ódio, o apoiam."

Continua, assim, como  nunca, na ordem do dia, a construção de uma Frente Ampla antifascista, pela democracia e pela vida.  Quem não compreender isso e se ativer a diferenças secundárias e/ou eleitorais, objetivamente poderá estar contribuindo para a continuidade do pesadelo do fascismo bolsonarista.

Os dois combates de Flávio Dino

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Num país em que a esquerda abandonou o debate de projetos, para se enredar nas tramas do eleitoralismo, quem ousa outro caminho corre o risco de ser mal interpretado. Há duas semanas, o governador do Maranhão, Flávio Dino, propôs uma frente democrática, para enfrentar o autoritarismo e os retrocessos e reabrir espaço para a crítica e a transformação social. 

Antonio Martins - Site Outras Palavras

O que teria em mente? – perguntou-se. Uma candidatura em aliança com a direita “civilizada”, que combate Bolsonaro mas ajuda a impor o neoliberalismo? Oferecer-se ao PT como plano B, diante do possível impedimento de Lula?

Ao entrevistar Flávio Dino, em 31 de julho, fiz-lhe, em tom maroto, esta provocação. Respondeu-a com tranquilidade. Não procurou afastar a eventual postulação. Mas sustentou que seu objetivo é reacender o debate político esmaecido – porém indispensável – sobre como resgatar a sociedade brasileira do caminho infeliz por que enveredou.

Flávio Dino tem duas opiniões centrais, neste debate. Ele propõe – e o faz de forma clara – reunir todas as forças necessárias para enfrentar a ameaça de fascismo. Cabem neste desenho os esforços do ministro Alexandre de Moraes para desbaratar as milícias, digitais ou armadas. As seguidas ações da OAB (que, em 2016, apoiou o impeachment de Dilma) contra os ataque de Bolsonaro à democracia. Ou mesmo os gestos pontuais de resistência ensaiados por governadores que nada têm de esquerda.

Não significa acreditar – frisa Dino, com uma metáfora que lembra a dos “companheiros de viagem” – que as diferenças de projetos acabaram; que estes aliados, indispensáveis para preservar as liberdades, possam somar forças também na busca de novos rumos para o país. Isso cabe a outros atores. Mas quais?

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