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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Comemorem! Nós servidores salvamos o país e o (des)governo do parasita Guedes

Depois da derrota de Paulo Guedes no Senado, Jair Bolsonaro acionou não apenas os líderes do Centrão mas também Rodrigo Maia para tentar mudar o jogo na Câmara e manter o veto do reajuste a servidores públicos. "Eu não posso governar um país se esse veto não for mantido na Câmara... É impossível governar o Brasil, impossível. É responsabilidade de todo mundo ajudar o Brasil a sair do buraco", reclamou com apoiadores.

Uma reunião com o presidente da Câmara e as lideranças do Centrão foi marcada para às 11h de ontem. Arthur Lira (líder do PP) e Elmar Nascimento (do DEM) se comprometeram a orientar suas bancadas a manter o veto. Um dos principais pontos de atrito era a "bancada da bala": deputados ligados à segurança pública tentaram costurar um acordo para adiar a votação e alterar o projeto, mas isso não aconteceu – Rodrigo Maia convergia muito claramente com o governo nessa matéria.

A equipe econômica afirmou que, derrubado o veto, 70% dos servidores de estados e municípios e 60% dos federais poderiam receber reajustes. Há certo apelo popular em congelar esses salários. A partir de dados do IBGE, a Folha de SP indica que durante a pandemia o setor público registrou aumento de 708 mil vagas, enquanto nove milhões de pessoas no setor privado perderam o emprego – fora os contratos suspensos. Além disso, o rendimento médio dos trabalhadores do setor privado caiu 0,5% e chegou a R$ 2.137, já incluído o auxílio do governo, enquanto no setor público ele subiu 1,5%, alcançando R$ 3.776. 

No Twitter, teve milhares de compartilhamentos a hashtag "#traidor", referindo-se aos senadores que apoiaram o reajuste. O governo, de sua parte, ameaçou punir os "traidores": seu vice-líder no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF) deve perder o cargo nos próximos dias após ter votado pela derrubada do veto. Outros podem perder cargos e a liberação de emendas parlamentares.

Além do mais, interlocutores do governo disseram que, se os reajustes fossem mantidos nos próximos 18 meses, a prorrogação do auxílio emergencial poderia ser revista. E tal desgaste poderia entrar na conta dos parlamentares. “Essa decisão é muito importante hoje porque o presidente vai eventualmente anunciar uma prorrogação do auxílio emergencial, e esse impacto pode e vai certamente mudar a possibilidade dos valores e do prazo que esse auxílio vai ser prorrogado”, disse o novo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) – que, segundo o Estadão, também trabalhou pelo veto nos bastidores, num "primeiro teste de sua atuação". 

O empenho do governo gerou resultados: por 316 votos a favor e 165 votos contra, a proibição dos reajustes foi mantida. Um êxito folgado, já que eram necessários 257 votos de deputados para derrubar o ato de Bolsonaro. "Com dezenas de telefonemas, militância virtual, reuniões e pedidos para que deputados estivessem presentes na votação, o Executivo conseguiu sua primeira vitória expressiva neste ano", resumem os repórteres Natália Portinari e Bruno Góes, no Globo. Segundo líderes ouvidos pelo jornal, o Centrão precisava retribuir as concessões feitas desde que começou seu namoro com o governo Bolsonaro.


NÃO TEM MAIS

Paulo Guedes disse que era "crime" dirigir aos servidores recursos que deveriam ser gastos na pandemia, mas na verdade o dinheiro já liberado para a saúde está se perdendo no caminho. O governo federal deixou de gastar, no combate à COVID-19, R$ 12,9 bilhões que haviam sido liberados por medidas provisórias, porque o prazo de 120 dias expirou sem que elas tivessem sido convertidas em lei. Esse dinheiro não pode mais ser usado. 

E o total de verbas desperdiçadas pode crescer ainda mais: outras duas MPs que vencem em setembro (a 967 e a 969) ainda têm gastos não empenhados de R$ 7,7 bilhões no total. Os dados são do boletim semanal do Conselho Nacional de Saúde. "Estamos em uma situação emergencial. Não tem explicação para a demora em gastar", diz Francisco Funcia, da comissão de orçamento e financiamento do CNS.  O boletim revela ainda que a pasta tem R$ 41,2 bilhões para gastar com a pandemia, mas 33,4% estão parados.

Nosso comentário: o presidente da Câmara de Deputados chegou a dar a absurda declaração de que os servidores públicos deveriam entender que o veto a reajuste salarial até o fim de 2021 era "para o bem dos próprios servidores".  Ah, tá.  Então, celebremos estarmos salvando a existência do país com os salários congelados, aliás, há mais de 4 anos.  

Na verdade, o desministro da economia Guedes, que chamou todos os servidores de "parasitas" e que comemorava ter deixado uma "granada" no colo dos servidores (os salários congelados) - além de querer cortar verbas da Saúde e da Educação para 2021, enquanto eleva os gastos do ministério da Defesa, está contente também porque pode tranquilamente continuar pagando as dívidas com seus amados banqueiros.
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