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terça-feira, 18 de agosto de 2020

Um Mani-Infesto ao gosto de Adolf e de Benito

No último final de semana, áreas da UFPR foram alvo de uma nuvem de gafanhotos na forma de pestilenciais argumentos, calúnias, mentiras, prognósticos ameaçadores dignos de um astrólogo de quinquagésima categoria (tipo Olavo de Carvalho) – tudo junto e liquidificado numa mistureba indigesta a que se deu o nome de “Manifesto” contra um suposto autoritarismo na Universidade. 

O extenso e tedioso documento – para um Manifesto, que, usualmente, deve ser objetivo e conciso – tem sete páginas, para quem não dormir antes de chegar ao fim da coisa... Confessamos que é muito aborrecido ler até o fim, que dirá responder aos parágrafos coalhados de bobajada ideológica. 

Contudo, principiemos por um elogio à furibunda peça: ela é franca logo no cabeçalho, embora incompleta. Pois ali se lê que se trata de um manifesto de autoria de “estudantes e professores de DIREITA da UFPR. Incompleta porque deveria de fato designar como autores “estudantes e professores de DIREITA/EXTREMA-DIREITA”. 

Também usam de franqueza quando abertamente assumem seu apoio à chapa 1 dos professores Horácio Tertuliano/Ana Paula, na eleição direta para a Reitoria da UFPR, enquanto acerbamente despejam bombardeios contra a Chapa 2, dos docentes Ricardo/Graciela. 

O tom, de cabo a rabo, é exaltado e alarmista, de nítido viés bolsonarista/weintraubista. O despresidente do desgoverno e o ex-desministro do MEC, que fugiu às escondidas para os EUA de modo a não arriscar ser preso por seus impropérios assacados contra o STF e outras instâncias da República. 

Só por isso, já se resume bem o que norteia as opiniões, mentiras e calúnias contidas no infausto documento, portanto enfarante seria analisar as diversas passagens. As preocupações do “Manifesto” são duas: levar o discurso ideológico direitista anti-Universidade Pública para a “bolha” dentro da UFPR que abriga os idólatras do discurso retrógrado fascistoide, de modo a unificá-los e animá-los a votar na chapa Tertuliano/Paula em 1-2/09. 

E, segundo, denunciar e conclamar o cabeça da chapa 1 a insistir com seu nome, mesmo derrotado na eleição direta, para a composição da lista tríplice, que vai às mãos do despresidente Bolsonaro para nomeação do reitor em dezembro. Nem precisam ficar tão abespinhados com isso, vez que, nos dois debates havidos entre as duas chapas, o professor Horácio já fez largo uso de contorcionismos retóricos para escapar do compromisso de se abster de compor a lista tríplice se não for o primeiro colocado. 


Os autores do mani-infesto - tão agradável a um certo italiano chamado Benito e a um certo austro-germânico de nome Adolf dos meados do século XX (dois caras “gente boa”, tão pacíficos que eram) – falam em uma UFPR “livre”. Devem estar se referindo, mas não o dizem, a uma UFPR livre de bolsas da CAPES (muitas delas cortadas em 2019). Financeiramente asfixiada, livre do repasse, pela União, do volume necessário de verbas de custeio para uma instituição que vem se expandindo desde há muitos anos (MEC quer cortar 18% das verbas de 2021). Uma UFPR livrada de realizar novos concursos públicos para repor quadros docentes e técnicos que já morreram ou se aposentaram. 


Uma UFPR livrada de orçamento decente para assistência estudantil. Uma UFPR livrada, despojada, da indispensável autonomia universitária, e sob risco de intervenções de Brasília, como no caso das MP’s do MEC que queriam meter a colher na escolha de nossos dirigentes universitários este ano. Uma UFPR livrada, ameaçada, de perda de seu caráter público gratuito, como no caso do privatizante Projeto “Future-se”, excretado pelo fujão Weintraub. 

Há quem, talvez, mesmo não fazendo parte da comunidade fascistoide da “bolha”, se deixe enganar por essa retórica hidrofóbica. Mas a democracia universitária resistirá e vencerá.

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