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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Bolsonaro assina Decreto que pode iniciar privatização do SUS

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Além de ser um desastre no combate à pandemia do coronavírus e não frear as queimadas e o desmatamento na Amazônia e no Pantanal, o presidente miliciano Jair Bolsonaro e o seu ministro da Economia Paulo Guedes fazem de tudo para atrapalhar o que está dando certo e impedindo uma situação mais catastrófica da Covid-19.

Na noite desta segunda-feira (26) ultrapassaram todos os limites do bom senso e editaram o Decreto 10.531, que abre caminho para entregar à iniciativa privada as unidades básicas de saúde ao criar a política de fomento ao setor de atenção primária à saúde no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República.

Esse desgoverno veio para destruir tudo de bom que foi construído há anos neste país”, diz Francisca Pereira da Rocha Seixas, secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Todo mundo está vendo a importância do Sistema Único de Saúde no combate ao coronavírus. Sem o SUS, certamente as mortes seriam em número muito maior. Precisamos dar um basta definitivo nesse desgoverno antes que acabe com o país de vez”.

O decreto presidencial foi publicado no Diário Oficial da União nesta terça-feira (27). A reação do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e de todos os setores democráticos da sociedade foi imediata.

Nós, do Conselho Nacional de Saúde, não aceitaremos a arbitrariedade do presidente da República, que no dia 26 editou um decreto publicado no dia 27, com a intenção de privatizar as unidades básicas de saúde em todo o Brasil. Nossa Câmara Técnica de Atenção Básica vai fazer uma avaliação mais aprofundada e tomar as medidas cabíveis em um momento em que precisamos fortalecer o SUS, que tem salvado vidas. Estamos nos posicionando perante toda a sociedade brasileira como sempre nos posicionamos contra qualquer tipo de privatização, de retirada de direitos e de fragilização do SUS. Continuaremos defendendo a vida, defendendo o SUS, defendendo a democracia”, afirma nota do CNS divulgada nesta terça-feira.

A situação se assemelha à denúncia feita pela ONG Repórter Brasil no sábado (24). Os planos de saúde foram responsáveis por apenas 618 mil exames sobre Covid-19 entre 1º de março e 31 de julho deste ano, ou seja, 7,4% dos 8,3 milhões realizados no país mesmo período. “Justamente porque as empresas de saúde, como qualquer empresa do setor privado, visam lucros e não dão a mínima para a vida das pessoas”, argumenta Elgiane Lago, secretária de Saúde licenciada da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Além disso, durante a pandemia o lucro líquido dos planos de saúde passou de R$ 2 bilhões no primeiro trimestre de 2020 para R$ 9 bilhões no trimestre seguinte. “Estão faturando alto com a desgraça de milhares de pessoas e o desgoverno Bolsonaro quer colocar a nossa saúde nas mãos dessa gente”, critica Elgiane. Ela destaca que apenas 22% (47 milhões de pessoas) da população brasileira possuem plano de saúde.

Isso significa que mais de 160 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do SUS para ter atendimento médico hospitalar. “Entregar o maior sistema universal de saúde do mundo para a iniciativa privada”, portanto, “significa acabar com a possibilidade de atendimento médico para a maioria absoluta da população, principalmente para quem vive distante dos grandes centros”, argumenta Francisca.

Vários deputados fazem Projetos de Decreto Legislativo (PDL) para extinguir esse decreto presidencial. “Bolsonaro repete a estratégia utilizada para privatizar a Petrobras sem autorização do Congresso e começa a destruir o SUS passando para a iniciativa privada as unidades básicas de saúde”, assinala Elgiane. “É o projeto neoliberal em marcha que visa passar o dinheiro público para as mãos dos empresários e a população que se lixe”.

Para Francisca, “Bolsonaro destrói a Amazônia, o Pantanal, a Petrobras, a ciência, a educação pública e avança sobre o SUS. Bolsonaro destrói o país”, mas “a nossa resistência será contundente e permanente até o país ter novamente um governo a favor do Brasil e dos brasileiros”.

ATUALIZAÇÃO às 19h00: tomando pancada dos mais diversos lados por causa de seu funesto decreto privatizante, o despresidente miliciano ficou tentando enrolar e se justificar, mas acabou, 24 horas depois de assinar o Decreto, revogando-o.  Uma vitória do campo popular e democrático!
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Fonte: CTB

Dia do Servidor Público de 2020 poderá ser o último?

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Está apresentada ao Congresso Nacional a proposta do desgoverno miliciano de Bolsonaro para um Reforma Administrativa.  Melhor dizer que se trata de algo des-administrativo, ou desmontativo, tamanha a desordem que pode introduzir nos serviços públicos, principalmente na ponta, nos serviços prestados diretamente à população.

A tal "Reforma" se soma à reforma antitrabalho do período Michel Temer e à reforma (do fim) da Previdência Social nesta gestão fascista bolsonarista, as duas que retiraram muitos direitos trabalhistas e aproximam a morte dos brasileiros.

Os movimentos de servidores públicos estão vigilantes e se mobilizando para resistir a mais essa iniciativa bolsonarista de desmonte do Estado brasileiro, para entregá-lo à gula de interesses privados.

Para se ter uma ideia, dentro da proposta há mecanismos que permitem autênticos poderes ditatoriais ao despresidente miliciano para fazer o que bem entender com órgãos públicos, incluindo extingui-los só com uma canetada.  

Bolsonaro poderia, por exemplo, acabar com um IBAMA e outros instrumentos do Estado que fiscalizam contra crimes sobre o meio ambiente.  Ou exterminar ou limitar as ações do COAF, aquele setor do Estado que verificam movimentações financeiras suspeitas, como  aquele levantamento que encontrou o esquemão das "rachadinhas" praticadas por Flávio Bolsonaro/Queiroz no Rio.

Para o lado das Universidades Federais, a caneta do miliciano que infesta a presidência da república também poderia produzir grandes estragos, quiçá acabar com elas e transformá-las em algo conforme previsto no nefasto e rejeitado projeto "Future-se" do ministro fujão Weintraub (aquele que fugiu para os EUA para não ser julgado e preso no Brasil).

Assim, é absolutamente indispensável a mais ampla união de forças de trabalhadoras e trabalhadores do serviço público para barrar mais essa ameaça, agora a da Reforma Desmontativa.

Ou este 28/10 será o último Dia do Servidor. De 2021 em diante, poderá ser substituído pelo "Dia do Terceirizado Público", ou simplesmente acabar. Unamo-nos, deixando diferenças menores de lado, e lutemos!

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

A eleição municipal e o Blog

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A eleição de prefeitos e vereadores que ocorre em novembro é muito importante. Não só para o futuro imediato de municípios. Para o futuro a médio prazo do país, que a duras penas sobrevive sob o tacão do despresidente miliciano genocida. Pois já crescem indícios e sinais de que candidaturas a prefeito ligadas ao bolsonarismo, em importantes capitais e grandes cidades, podem de fato sair derrotadas. 

Este Blog NaLuta nasceu, no final da década passada, sob o signo de uma tomada de posição, o da defesa do sindicalismo classista, sob a égide da CTB (Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil). Um sindicalismo que não fica apenas na luta economicista, de alcance restrito, mas busca a todo tempo ligá-la com a luta política, em defesa de interesses imediatos e futuros da classe que vive de salário. 

Logo, frente à relevante disputa política da eleição municipal, entendemos indispensável tomar posição. 

Torcemos para que candidaturas de partidos do campo de esquerda, em especial mulheres, obtenham vitórias para prefeituras e vereanças. Isso vai alterar a chamada “correlação de forças” e ajudará a fortalecer a resistência aos políticos que (ainda) apoiam Bolsonaro, baluartes que são de brutais retrocessos sociais em todas as esferas. 

Para além disso, torcemos - e trabalhamos – para que postulantes eleitorais ligados ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), os que se identificam com o número 65. Em Curitiba, Camila Lanes é a jovem candidata a prefeita, sob esse número eleitoral. Mas, do quadro de três dezenas de candidaturas à Câmara Municipal, queremos conduzira obter uma vaga de vereadora a assistente social e professora universitária Elza Maria Campos. 


Pedimos ativamente o voto de todas e todos para o número 65.180 de Elza, em 15/11. Uma ativista de movimentos sociais, em especial os que lutam pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, contra a violência sobre mulheres e meninas (que aumenta assombrosamente no Brasil e em Curitiba), em defesa da Educação Pública e Gratuita. 

Numa Câmara Municipal, dentre 38 cadeiras, apenas 8 delas são ocupadas por mulheres, embora as mulheres sejam mais de 50% da população. É urgente combater essa subrepresentação feminina. 

Para conhecer melhor quem é a candidata Elza Campos e suas propostas, visite a página facebook.com/elzacamposnaluta, seu twitter @elzacampos65180 e o instagram @elzacamposnaluta. 

* Por uma Curitiba de fato democrática, em defesa da vida 

* Por mais mulheres nos espaços de decisão política 

* Rumo à vitória contra o bolsonarismo antidemocrático e antipovo!

Reitores eleitos na comunidade mas não nomeados pelo miliciano Bolsonaro

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Miliciano Bolsonaro abraça o ministro fujão

Três professores de instituições federais se reuniram pela terceira vez na quinta-feira, 22/10, para debater o famoso problema do “ganhou, mas não levou”: apesar de terem vencido as eleições para a reitoria em suas unidades, foram impedidos de tomar posse. 

Por Victor Ohana, em CartaCapital

São eles José Arnóbio de Araújo Filho, do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN); Maurício Saldanha Motta, do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca do Rio de Janeiro (Cefet-RJ); e Maurício Gariba Junior, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).

Os docentes tentam montar uma articulação nacional com movimentos sociais para atrair visibilidade aos casos. Graças a dois encontros, eles dizem ter realizado uma reunião com o Ministério da Educação (MEC) na quarta-feira 21, por mediação da deputada federal Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO). “Esse canal foi aberto. Tem a a promessa de "olharem os processos”, diz um dos reitores eleitos. Eles conversaram com Wandemberg Venceslau Rosendo dos Santos, recém-chegado na chefia da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC-MEC).

Na gestão do presidente Bolsonaro, cresceram conflitos por eleições vencidas e não cumpridas nas instituições de ensino. O tema virou discussão no Supremo Tribunal Federal (STF): em 9 de outubro, o ministro Edson Fachin abriu as votações referentes à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6565, movida pelo PV, que diz que o governo Bolsonaro vem promovendo “intervenção branca” nas universidades federais ao usar uma lei para não dar posse aos primeiros colocados em eleições para a reitoria. Os ministros ainda devem discutir a pauta no plenário.

Só que Arnóbio, Motta e Gariba não devem ser afetados diretamente pelo julgamento, segundo avaliação do grupo. Isso porque a pauta do Supremo trata das universidades federais, enquanto os três foram eleitos para dirigir instituições que têm uma legislação distinta.

Diferentemente das 69 universidades federais brasileiras, essas instituições pertencem à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, criada em 2008. A rede conta com 38 institutos federais, além dos CEFETs do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, as escolas técnicas vinculadas às universidades federais, o Colégio Pedro II e a Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR).

Essas instituições têm uma forma particular de fazer eleições para a reitoria. Enquanto as universidades federais elegem uma lista com os três mais votados – a chamada lista tríplice, submetida à escolha do presidente da República – , as instituições federais elegem somente um nome para a reitoria, conforme descreve o Artigo 10 do Decreto nº 6986/2009: “O processo de consulta será finalizado com a escolha de um único candidato para cada cargo”.

O decreto não diz claramente que o chefe do Palácio do Planalto é obrigado a acatar o nome escolhido pela comunidade. Por outro lado, o Artigo 1º, que trata da questão, diz que esses institutos “serão dirigidos por um reitor, nomeado pelo presidente da República, a partir da indicação feita pela comunidade escolar“.

É a esse artigo que os três se apegam para reivindicar o direito à posse. Mas o componente político, segundo eles, também conta. Em relatos a CartaCapital, os docentes se dizem vítimas de informações falsas, de desrespeito à autonomia do sistema democrático e de meses de atraso na conclusão dos impasses.

Militares caem na armadilha. Bem feito

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O prazo de validade de Ricardo Salles no governo já venceu há muito tempo. Ainda que saibamos que o descalabro na política ambiental tem a digital explícita de Jair Bolsonaro, uma simples troca na pasta do Meio Ambiente já teria, há meses, melhorado o ambiente internacional e a imagem do Brasil nesse assunto. 

Por Helena Chagas, no site DCM

Mas Salles, espertamente, se abraçou ao bolsonarismo ideológico, e agora sua saída — ou não — virou uma batalha importante na guerra entre essa ala e os militares. Até mesmo os filhos presidenciais pegaram em armas em sua defesa neste fim de semana.

Do outro lado, os militares, sobretudo no Alto Comando do Exército, estão furiosos — e não só com o fato de Salles ter chamado o general Luiz Eduardo Ramos de Maria Fofoca. Além das trombadas do ministro do Meio Ambiente com o vice Hamilton Mourão, não estão gostando da forma como outro general, Eduardo Pazuello, foi tratado pelo chefe do episódio da vacina “chinesa” contra o coronavírus. Sem contar no vazamento gratuito de notícias de que o próprio Mourão será rifado da chapa presidencial de 2022.

algo de podre no reino de Bolsonaro, que depois do acordo com o Centrão está se sentindo muito seguro para cutucar e desautorizar seus generais — aqueles mesmos que, lá trás, dizia-se que iriam “tutelá-lo”. Assim como, justiça seja feita, o presidente vem fazendo com os próprios ideológicos em sua estratégia de se recompor com o establishment político e o próprio STF.

Talvez Bolsonaro tenha percebido que nem ideológicos e nem militares têm para onde ir sem ele. Uns, porque não vão encontrar, nem em 2022 nem nunca, um candidato mais à direita do que ele para apoiar. Outros, porque entraram numa canoa furada e agora não têm como sair.

Bolsonaro miliciano com general Luís "Maria Fofoca" Ramos

Ao passar por cima de valores como a lealdade ao Estado — e não a governos — os militares que correram para apoiar Bolsonaro e ocupar, aos milhares, os cargos da administração, talvez não tenham percebido a armadilha em que caíram. Ou talvez os espaços a preencher na volta ao poder tenham falado mais alto.

Agora, divididos e enfraquecidos, os militares percebem que sua imagem se colou à de um governo que contraria tudo aquilo que prometeu no quesito austeridade e combate à corrupção. O inevitável desgaste das Forças Armadas já se manifesta nas pesquisas. Bem feito.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

'Deep-fake', a arma radical contra a democracia

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Como tornou-se possível hackear a realidade, manipulando-a de forma tão crível. As implicações dramáticas na política: pode haver debate público em meio a múltiplos mundos paralelos? Como a ultradireita planeja criar um caos cognitivo.

Por Tomás Ansorena, traduzido por Simone Paz ao site Outras Palavras

Em menos de seis anos, o desenvolvimento da inteligência artificial tornou possível que quase qualquer um pudesse criar imagens falsas indistinguíveis da realidade. Do negócio pornográfico ao golpe no Gabão, a Internet dissemina essa nova ameaça fantasma: a de nunca mais sabermos o que é verdade.

Nas últimas eleições legislativas em Nova Déli, o candidato Manoj Tiwari surpreendeu seus eleitores com um vídeo falando em hindi, outro em inglês e outro em haryanvi. Antes de se tornar a figura principal do Partido Popular Indiano (BJP, na sigla em hindi) na capital do país, Tiwari foi ator, cantor popular e estrela de um reality show, mas ninguém desconfiava que ele falasse inglês (capital muito valorizado nas classes urbanas), e muito menos o dialeto da região de Haryana. 

Alguns dias depois, a verdade foi descoberta: uma agência publicitária propôs ao BJP — mesmo partido do primeiro-ministro Narendra Modi — expandir a oferta eleitoral utilizando inteligência artificial para criar deep-fakes de Tiwari. Com gravações anteriores e software de última geração, puseram em sua boca palavras que ele desconhecia e levaram sua mensagem por WhatsApp para eleitores fora de seus núcleos de apoio. Não é a primeira vez que um candidato altera ou atua com sua voz para abordar novos cidadãos. Nem é o primeiro a usar inteligência artificial na política. Mas, até onde sabemos, é a primeira vez que um candidato transforma seu próprio corpo e voz usando deep learning para melhorar seu desempenho.

A deep-fake surgiu, pela primeira vez, em 2017: ano crucial no boom das fake news. O usuário do Reddit de nome /r/deepfakes postou suas primeiras criações pornográficas usando algoritmos e bancos de imagens gratuitas, com resultados surpreendentes. Em sintonia com o surgimento do TikTok e dos aplicativos de envelhecimento ou rejuvenescimento facial, a técnica desse usuário anônimo se tornou popular e logo o primeiro aplicativo aberto apareceu para incorporar qualquer rosto a algum vídeo já existente. 

Desde Bolsonaro como o Chapolin Colorado, até Cristina Kirchner como a drag queen Ru Paul, a Internet ficou cheia de vídeos com fins principalmente humorísticos, embora a grande maioria ainda seja pornográfica. O mais notável, três anos após o seu aparecimento, é a melhoria da sua qualidade. Em agosto, um fã postou sua própria versão das cenas do jovem Robert De Niro no The Irishman. A comparação entre o trabalho de CGI (imagens geradas por computação gráfica) da Netflix e a deep-fake deste usuário do YouTube — e os milhões de dólares de diferença — dão a diretriz da acessibilidade e eficácia em potencial desta ferramenta.

Para essas criações, é usado um autocoder, que cria uma imagem latente com apenas algumas variáveis ​​(padrões de sorriso, de testa franzida, etc.) e acrescenta mais algumas variáveis à imagem final (os mesmos gestos com outro rosto, ou o mesmo rosto com outro discurso, por exemplo). Mas não se trata só de imagens estáticas ou em movimento, também estamos falando de som.

O falso furo de reportagem, baseado em um áudio viral, sobre a suposta mudança de Lionel Messi para o Manchester City poderia ter acontecido mesmo sem um imitador talentoso. O áudio poderia muito bem ter sido criado com um software como o usado pelo Boston Children’s Hospital para recriar as vozes daqueles que perderam a fala. Em setembro, ficamos sabendo do primeiro grande golpe da deep-fake: de acordo com o Wall Street Journal, o CEO de uma empresa inglesa transferiu 220 mil euros, atendendo as ordens de um software que imitava a voz de seu chefe alemão.

A mera existência dessa tecnologia não só possibilita a criação de fakes — com consequências políticas e sociais inusitadas — como também destitui a realidade de seu status: se o que realmente existe pode ser adulterado ou inventado diretamente, todos têm o direito à desconfiança. Como contou Rob Toews na Revista Forbes, o exemplo mais paradigmático desse problema ocorreu no Gabão. Por muitos meses, em 2018, seu presidente, Ali Bongo, não apareceu publicamente. Rumores sobre sua saúde, e até mesmo a suspeita de que ele havia morrido, forçaram o governo a revelar que Bongo sofreu um AVC, mas que estava se recuperando e que faria um discurso no Ano Novo. Os movimentos rígidos e aparentemente artificiais do líder na mensagem gravada despertaram rapidamente a psicose da oposição: o vídeo é falso, exclamaram. Uma semana depois, baseados na suposta acefalia do governo, uma fração do Exército quis dar um golpe no Gabão, mas foi reprimido… pelo próprio Bongo, que continua a liderar o governo. O vídeo não tinha sido falsificado.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Um novo vírus surge no Alasca

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Esquilo Vermelho do Alasca, possível vetor

A pandemia da COVID-19 tornou mais conhecidos os riscos que corremos de que vírus desconhecidos se espalhem, alguns com potencial de desencadear crises semelhantes. Um jeito de que isso pode acontecer é via contato com bichos selvagens, que vem sendo facilitado por fatores como desmatamento, que expulsa os animais de seus habitats naturais, e ocupação humana de áreas que eram antes isoladas. 

O último alerta vem do Alaska, que acaba de divulgar seu segundo caso de “alaskapox”, uma doença causada por um novo vírus do mesmo gênero daquele que causa a varíola. A suspeita é que o patógeno seja transmitido por alguma espécie de roedor selvagem. A infecção atingiu uma mulher em agosto. Uma lesão acinzentada na pele foi o primeiro sintoma. Levou seis semanas para secar e deixou cicatriz. Ninguém da sua família desenvolveu sintomas, nem ela precisou ser hospitalizada. A primeira infecção desse vírus aconteceu em 2015, também com uma mulher que apresentou lesão cutânea como sinal diferencial.

Eric Mooring, do Centro para Controle de Doenças (CDC) de Anchorage, no estado americano do Alasca, informou que "o primeiro paciente de que se teve notícia contou que vários animaizinhos em volta de sua casa estavam deixando dejetos e que suas crianças caçavam esquilos.  O segundo paciente disse que um de seus gatos capturou e matou pequenos mamíferos em sua propriedade".

O paciente mais recente procurou o hospital por causa de uma mancha de pele cinzenta, mas sem maiores sintomas, e não desenvolveu nada de grave. O exame do vírus infectante dessa pessoa mostra similaridades com o que causou gravíssimos surtos de varíola mortal ao longo de séculos no mundo.  A varíola está erradicada há várias décadas, o último caso reportado sendo de 1977 (OMS).

Apelidou-se a nova patologia de "Alaskapox" por causa dessas similaridades com a "Smallpox", nome inglês para varíola.

Espera-se que seja um evento totalmente marginal e sem maior significação médico-epidemiológica.  No entanto, desde que o vírus SARS-CoV-2 (novo coronavírus) surgiu como espécie mutante em morcegos na China, os próprios chineses estudam freneticamente sobre a possibilidade de outros animais selvagens desenvolverem dentro de si variações mutantes de vírus capazes de se tornarem infectantes patológicas para seres humanos.
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Fonte: com informações do site Outra Saúde/Outras Palavras e da BBC

Ministro Fachin defende nomeação à Reitoria do primeiro da lista. Combinou com os russos?

Um comentário:

Sendo, pelo menos nisso, coerente com sua trajetória político-acadêmica quando ainda professor da UFPR, o ministro do STF Luiz Edson Fachin há alguns dias emitiu parecer defendendo que o primeiro indicado na lista tríplice para Reitoria seja o nomeado reitor pela presidência da república.

Esse voto de Fachin animou bastante os defensores da democracia na UFPR, pois, à primeira vista, deve garantir que o professor Ricardo Marcelo seja reconduzido a mais quatro anos de mandato na Reitoria.

Mas esse parecer ainda vai à apreciação do plenário de 11 ministros do STF em próximos dias, locus onde muitas vezes acontecem reviravoltas ao sabor das variadas interpretações das leis das eminências togadas.  Muito pior agora, em que o STF é presidido pelo oportunista e manobrista Luiz Fux.

Se essa interpretação dada por Fachin predominar entre os ilustres magistrados, então sim os corações e mentes dos democratas da UFPR podem ficar mais aliviados.  Até lá, não se pode afirmar nada com 100% de certeza.  Pois, dentre os 11 ministros, existiam e ainda podem existir divergências políticas, entre, por exemplo, viúvas de sérgio moro (minúsculas sempre para esse crápula agente dos EUA) e bolsonaristas de última hora.

Ademais, deve-se levar em conta que está em curso, uma repactuação política entre Bolsonaro e o chamado "Estado profundo" (Congresso Nacional, STJ e STF, MPF, setores importantes do Judiciário e Estado Maior das Forças Armadas), razão pela qual, de um lado, o despresidente desbocado e bravateiro obriga-se a se comporta melhor enquanto as demais instituições o tratam respeitosamente como "parça".  Haja vista o quanto os presidentes da Câmara Federal (Maia) e do Senado (Alcolumbre) vez por outra estão em banquetes com o miliciano do Palácio do Planalto. E com isso também garantem a reeleição do capitão expulso do Exército, em 2022.

Logo, caros leitores e leitoras, é bom esperar vigilantemente os próximos acontecimentos, pois no Brasil do bolsonarismo, a letra da lei é rolha de cortiça ao sabor das ondas do autoritarismo estatal embrionário.

Pior da pandemia COVID-19 já passou! Passou?

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Assiste-se no Brasil a um processo de liberação geral de atividades, um afrouxamento das medidas de prevenção do contágio pelo novo coronavírus. Os dados últimos da pandemia no Paraná mostram total de 191.942 casos confirmados desde março, com total até aqui de 4.737 mortos.  Há 799 pessoas internadas e Curitiba registrou ontem mais oito óbitos.  Na capital do estado, até o prefeito Greca contraiu a COVID-19, mas se safou, apesar de obeso e sexagenário.

No entanto, vai se liberando e liberando, e cada vez mais se vê aglomerações. Depois da 'liberada geral' na Europa, vários países de lá voltaram a ter registro de aumento de casos da pandemia, forçando  autoridades a retomarem medidas restritivas contra aglomerações e obrigatoriedade de uso  de máscaras  e de higiene.

Então, cabe a pergunta: no Brasil, com acúmulo de mais de 5.100.000 casos e mais de 150 mil óbitos, embora com certo declínio médio das taxas, o pior já passou?

Na opinião de um dos maiores cientistas brasileiros, o médico neurocientista Miguel Nicolelis (foto  acima) é uma leviandade afirmar que o pior da COVID-19 já era.  Diz ele, em matéria da revista CartaCapital:

"Eu não teria a irresponsabilidade de falar isso. Nós tivemos uma pequena queda que já foi vista em outros países, como nos EUA, mas a situação lá explodiu de novo no começo de junho. [...] Ou seja, nós estamos em um patamar de instabilidade, onde qualquer surto mais importante pode levar a um crescimento de casos, vide o que aconteceu no Rio de Janeiro. Há duas semanas, a taxa de ocupação de leitos da rede pública na cidade do Rio de Janeiro chegou a 79%, e na rede privada chegou a 90%. É muito difícil dizer que o pior já passou. No Brasil, a gente aprendeu que essa frase é extremamente perigosa de ser usada."

Todos ansiamos para poder de fato voltar ao normal, no trabalho, na vida em geral, poder sair de casa, ir abraçar parentes e amigos, voltar a frequentar lugares com tranquilidade e segurança.  

No entanto, neste momento, para usar a metáfora do tiroteio: se antes, com intensa troca de tiros nas ruas, dificilmente alguém sairia de casa arriscando-se a tomar uma bala.  O tiroteio se abrandou, mas persiste; pode-se arriscar sair nessas condições, mas ainda há média probabilidade de se levar um teco na testa.  Ou nos pulmões.  Logo...

Abaixo, um gráfico da evolução da COVID-19 no Paraná desde o começo, em 16/03, até 12/10 (clique na figura para ampliar).

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Fonte: com informações de CartaCapital; figuras de CartaCapital e da SESA