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sexta-feira, 31 de julho de 2020

Ricardo x Horácio: debate inicial sobre a Reitoria da UFPR hoje 16h30

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Hoje, 6a.feira, 31/07, a partir das 16h30, pelas plataformas virtuais da Comissão Paritária de Consulta (CPC) da UFPR, ocorrerá o primeiro debate virtual entre as duas chapas concorrentes à Reitoria, gestão 2021-2024. De um lado, a chapa Ricardo Marcelo/Graciela Bolzón, de outro, Horácio Tertuliano/Ana Paula Cherobim. 

O processo de consulta direta virtual para toda a comunidade universitária está marcado para os dias 1 e 2 de setembro.


Para acessar o debate, deve-se tentar algum dos seguintes endereços da internet: 



Será possível acompanhar as opiniões e propostas à UFPR vindas de visões muito diferentes sobre o cenário educacional universitário e a própria conjuntura nacional. 

Há o reitor atual, professor Ricardo, que, desde 2019, estimulou e participou de várias manifestações protestando contra a asfixia financeira das Universidades Federais (os injustificáveis cortes de verbas e de bolsas de pesquisa em 2019-2020), bem como organizou o debate público sobre o privatizante projeto “Future-se” despejado pelo fujão ex-ministro Weintraub. Projeto que foi amplamente desmascarado e repelido pela comunidade universitária, demonstrando que o MEC bolsonarista não apenas nada faz pela Educação Pública, como ainda tenta desmantelá-la e entregá-la à cobiça de setores privados. 

À direita da chapa Ricardo/Graciela coloca-se o engenheiro elétrico professor Horácio Tertuliano Filho, que, em entrevista ao jornal Plural, acusou a UFPR de ser “assistencialista e doutrinadora”, que admitiu que votou no despresidente chefe de milícias em 2018, mas que, depois de tantas barbaridades perpetradas por Bolsonaro contra a Universidade e o Brasil, tenta se descolar do rótulo de “bolsonarista”. Porém, muitas de suas declarações e posicionamentos são objetivamente iguais às do fascista que empesta o Palácio do Planalto. 

Em patética tentativa de fugir de dar opinião sobre o despresidente, Tertuliano disse ao Plural: “Não posso me posicionar contra quem paga meu salário”. Alguém esqueceu de informar ao candidato Horácio que não é Bolsonaro quem lhe paga os vencimentos, mas sim o Estado, a União, via impostos pagos por todos nós contribuintes. E reitor sem posicionamento sobre um governante que convive tranquilamente com mais de 2,5 milhões de casos de COVID-19 e já quase 100 mil mortes pela pandemia serve para o quê mesmo?

Claramente, esta disputa na UFPR se dá entre a manutenção e fortalecimento da resistência ao autoritarismo fascista geral, em defesa da UFPR Pública Gratuita, versus os riscos de retrocessos democráticos e acadêmicos.

Três emas - da série "Fábulas Fabulíricas" (peça em um ato)

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ERA UMA VEZ, NUM REINO DISTANTE, muito distante, um lindo palácio cravejado de diamantes de 17-quilates em suas paredes, onde morava um rei infeliz, com sua rainha nem tão infeliz. O rei Rhiaj Miziah tinha tudo o que sempre quis na vida, seus filhos o cobriam de carinhos e R-tuitadas (Real-rede social) de apoio, seu povo ia em lufadas todas as manhãs para ruminar e mugir sentidamente o quanto adoravam seu soberano. 

Mas ele estava infeliz, sentia-lhe fugir entre as garras, digo, dedos, o amor de sua esposa Emmishel. E também uma angústia incrustada no peito, que se espalhava até a velha cicatriz no flanco direito, produzida pela adaga de um ogro hidrófobo dois anos antes. Nessa angústia, ele recordava com melancolia os tempos de infância, quando todos os meninos dele troçavam, dele faziam gato e sapato, às vezes gata e sapata… Para se vingar, descontava nos faisões e pavões do criadouro real do quintal palaciano. 

Sentia-se preso dentro de um grande armário à Luiz XVI (ou a la Marie Antoinette), e essa prisão parecia ser o planeta inteiro. Adulto, e coroado, precisava conter os ímpetos diários de finalmente abrir as portas desse armário, de par em par, libertar-se afinal e dar, dar os primeiros passos em direção à felicidade. Depois lembrava-se de que a Terra é plana, poderia estar muito perto da beira e, nesses primeiros passos, acabar mergulhando no abismo do cosmos, num voo sem volta. 

Certa noite de inverno, rolando insone de um lado para o outro no sofá dos aposentos reais (pois Emmishel delicadamente o expulsara da cama, alegando receio de contágio por Crownmeba hystolytica, a peste então disseminada no reino), o rei Rhiaj saiu para o jardim do palácio, macambúzio, à luz de uma romântica e enorme lua. Viu ao longe vultos estranhos se mexendo, um farfalhar de asas, grugulejos. Decidiu se aproximar dos vultos, não sem antes engolir dois comprimidos de ChoroA-Sina, seu remédio para reduzir ansiedade e dar coragem (e lucros para alguns amigos manufatureiros da milagrosa droga, da corte). 

Chegou-se a um dos seres misteriosos e logo se deixou cativar. Lindos cílios ornamentando grandes olhos negros, plumas olorosas, elegante caminhar e um grugulejo que Rhiaj interpretou como um convite amistoso: era uma jovem ema do jardim. Sua pressão subiu, seu sangue ferveu, velhas glândulas semiparalisadas engataram uma terceira e despejaram litros de testosterona na corrente sanguínea, e ele não hesitou. Inspirado por velhas lembranças lúbricas da juventude com os faisões reais, encostou rispidamente a ave na parede do palácio antes que ela pudesse grasnar qualquer ‘nãão!’, baixou o pijama e… Os grugulejos da assustada ema, ele os interpretava como gemidos de prazer, enquanto despejava-lhe no ouvido palavrões de macho aprendidos nos tempos do serviço militar real. Ao fim, quedou-se extenuado e dormiu ali mesmo no gramado, onde, manhãzinha cedo, foi encontrado seminu pela guarda tresoitiana do reino. 

Os dias fluíram. O rei Rhiaj sentia-se “na força do homem” de novo. Só um pouco triste com nostalgia da beldade emálica tão carinhosa e cedente daquela noite de luar. Nem se incomodava mais com a indiferença da rainha. Resolveu voltar aos jardins quando seus atentos ouvidos de ex-militar com histórico de atleta foram atingidos de novo por grugulejos. Contudo, eram sons de timbres um pouco diferentes dos daquela preciosa ave noturna. 

Muniu-se como sempre de seu infalível estoque de ChoroA-Sina, apressou o passo e se extasiou diante do cardume (era o coletivo preferido do rei) de multicoloridamente emplumadas aves flanando sobre o gramado. Andou por entre elas, em aflita busca por sua penosa paixão, quando uma das emas rapidamente se dirige a ele e o bica com força na mão. 

- Aiiii, que é isso?!?!? Por que me bicaste, súdita empenachada? 

- Seu desgraçado! (Sim, naquele distante, muito distante reino aconteciam muitas coisas estranhas e exóticas, incluindo marrecos que já haviam sido juízes e ministros, como também emas que falam.) Seu maldito, essa bicada é pela ruindade que fez a minha pobre e jovem irmã-emazinha virgem!! 

Depois de descontar sua raiva sobre o rei, rapidamente a ema fugiu para longe. 

Desnorteado, o rei voltou cabisbaixo para o palácio, com a mão esguichando um pouco de sangue verde (sim, porque naquele distante, muito distante reino, a hemoglobina do sangue real era tão nobre, tão nobre, que não continha ferro, mas sim cobre, que lhe conferia a cor verde). 

Outros arrastados dias se passaram, e a insônia do rei no sofá voltou. Emmishel andava irritável porque não recebia mais mimos regulares de seu cândido velho amigo Fabritius Rocky Eirosz. 

Em uma modorrenta tarde de sábado, nada que prestasse para ver na TV 17, o rei Rhiaj tornou ao ensolarado jardim, desta vez levando bananas na algibeira. E a onipresente panaceia farmacológica da ChoroA-Sina, para qualquer emergência respiratória. Reencontrou o bando de gazelas emais, ou emas gazelares – porque, na mente sempre doce e poética do rei, o caminhar daquelas aves era tão sestroso que pareciam gazelas despreocupadas galopando na savana. Ia distribuindo aquele símbolo fálico em corpo de fruta, para celebrar e reafirmar sua virilidade real, para as emas que chegavam perto, mas cautelosamente, pois sua mão ainda estava enfaixada desde a última bicada. 

Súbito, uma ema chega por trás do rei, ele se volta estendendo a p…, digo, a banana e – zás – velozmente ela lhe aplica outra bicada, ainda mais forte e dolorosa, na outra mão, cuja artéria radial fendida joga sangue verde para o alto, como um repuxo de jardim. 

- Aiiiiiiiii, muxoxa o rei. Por que mais isto, ó, ema jardinal? 

- Seu canalha, seu sacripanta, seu abusador de menores, seu zoófilo sem escrúpulos, seu filho-de-rapariga! Não sabe por que levou mais essa, paspalho pretensioso e imbecil? 

- Aiiiii!!! (tentando segurar o sangramento a custo e se tingindo de verde). Náááuum! Por que me bicas se até quis bondosamente alimentar você com minha banana??

- Enfie essa banana no seu posterior, belzebu psicopata do palácio! Então não te lembras mais do que fez a minha pobre filha ema virgem naquela nefasta noite? Você a engravidou, falastrão! E a largou por aqui, ao léu. Desse infausto (sim, naquele reino até as emas usavam certos adjetivos), desse infausto momento, gerou-se um ovo, que continha uma mistura de DNA de ema com DNA do monstro que você é! Esse quimérico ovo ficou tão grande, tão grande dentro de minha malsinada filha que, na hora de aquela monstruosidade sair, ela morreu sob terríveis dores e hemorragias no parto pela cloaca!!! Morreu, entendeu? Assassino! Você me paga, seu coisa-ruim!! 

A velha ema mãe investiu de novo contra o acovardado rei, que muito correu e conseguiu se esconder nos estábulos reais, debaixo de seu negro cavalo Relius Grand Noir. Ofegante, mas a salvo, meditou consigo, tentando se consolar e justificar: 

- E daí? Todo mundo um dia tem que morrer… 

[Pano rápido]

quarta-feira, 29 de julho de 2020

A bolha metafísica offline

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Em 23/07 deste ano, o diretor do setor de Ciências Exatas da UFPR, professor Marcos Sunye, concedeu entrevista ao jornalista Rogério Galindo, do jornal online Plural. A matéria publicada mostra com nitidez, infelizmente, traços de ressentimento em Sunye, ecos do resultado da eleição direta para a Reitoria em 2016, que deu vitória ao atual reitor Ricardo Marcelo. O que talvez explique sua análise incompleta e algo distorcida do quadro atual da disputa pela Reitoria. 

O velho professor alemão Georg Hegel (1770-1831), em suas lições, desenvolvendo a antiga dialética de alguns gregos clássicos, discorria sobre a misteriosa interconexão geral de fenômenos e objetos da realidade. Este elemento de sua Lógica, e alguns outros, compunham um conjunto que Engels chamava de “leis” da teoria do conhecimento e do movimento, inspirando ele próprio e um colega jornalista crítico da crítica crítica a embasar na dialética hegeliana, devidamente depurada do idealismo, aquilo que depois se chamou marxismo. 

Na entrevista dada ao Plural, o professor Sunye sustenta sua tese de que seria possível aguardar o fim da pandemia da COVID-19 (cuja data é incerta mesmo para os melhores epidemiologistas do mundo), para, depois disso, realizar a consulta direta para a Reitoria de forma presencial, em oposição ao método virtual aprovado pelo Conselho Universitário em junho. 

Até o arrefecimento da pandemia (de data incerta, reiteramos), o mandato do atual reitor Ricardo Marcelo expiraria em 18/12/2020 e sua vice, Graciela Bolzon, assumiria a condução da UFPR até a hora de fazer a consulta presencial (antes de março, quando acaba também o mandato da vice), a única forma efetivamente virtuosa e democrática a garantir plena participação dos membros da comunidade universitária. 

E não haveria qualquer risco político ou administrativo de o fascista desgoverno Bolsonaro nomear um interventor pro-tempore. Para isso, apoia-se em alguns dispositivos legais em defesa de seu argumento para não se fazer a consulta direta virtual. 

É pelo menos curioso ouvir de um dos expoentes da área da Informática da UFPR a maniqueísta contraposição de que o recurso às tecnologias propiciadas pela internet é impróprio, antidemocrático e inviabiliza o “amplo” debate no seio da comunidade apta a votar, enquanto que o tradicional método presencial seria pleno de virtudes e o único capaz de assegurar democracia interna e legitimidade à chapa eleita. Hoje, aliás, por causa da pandemia, os principais poderes da República (Congresso, STF, STJ) fazem suas sessões virtuais e – oh, sacrilège! - nelas deliberam rumos para o país! 

Isso, no entanto, é de menos quando se constata, vindo do grupo liderado por Sunye, a subestimação flagrante dos riscos reais de intervenção federal na UFPR, se não cumpridos certos prazos legais para a sucessão na Reitoria. 

Não terão ainda, para o grupo desistente do processo, sido suficientemente educativos politicamente os 19 meses do desgoverno Bolsonaro, pleno de arbitrariedades e descumprimento de dispositivos legais? Ou, mais especificamente, os meses de estupidez, desfaçatez, inépcia e deboche do pior ministro da Educação das últimas décadas, o fugitivo Abraham Weintraub? Desministro metido a engraçadinho do Twitter que cortou fundo verbas e bolsas de pesquisa das Universidades Federais e tentou emplacar o privatizante projeto “Future-se”? Seria preciso ainda mais disso para que os subestimadores do autoritarismo bolsonarista entendam que de modo algum vivemos tempos de normalidade democrática? 

Sob o desgoverno Bolsonaro, muita coisa de anormal já ocorreu, ao arrepio das leis e do chamado republicanismo, até usar e abusar do entulho da Lei de Segurança Nacional (vinda da ditadura) contra seus opositores. Logo, não se pode dar “chance pro azar” neste processo sucessório da UFPR, ele tem que ser realizado dentro de prazos legais, para não abrir flancos jurídicos, e, neste momento de incertezas sanitárias, terá de ocorrer pelo método eletrônico virtual (possivelmente trazendo maior quorum de presença de eleitores do que o presencial). 

Mais: o candidato de oposição nesta consulta direta marcada para setembro é um bolsonarista, mesmo que diga que não é. Vem à mente aquele dito: tem cabeça de porco, rabo de porco, patas de porco, mas não é porco… Não se pode formar opinião acerca de uma pessoa por aquilo que ela diz de si mesma, mas sim pelo que faz concretamente. Recomendamos aos leitores a leitura da entrevista  intitulada "Candidato a reitor diz que UFPR é doutrinadora e assistencialista", no mesmo jornal Plural em 20/07, dada pelo candidato da direita, Horácio Tertuliano. Nessa matéria se vê como o professor Horácio manifesta diversos pontos de vista em evidente afinidade com aqueles que Bolsonaro vive tagarelando. Ele sonha entrar na lista tríplice que irá para o MEC, mesmo que seja mal votado na consulta direta, e aí contar com a caneta Bic amiga do seu Jair.

Assim, o caro e bem-intencionado professor Sunye, com seu grupo de apoio, parecem fechar-se em uma bolha metafísica, compartimento estanque que analisa a UFPR isoladamente do cenário nacional repleto de instabilidade. E uma bolha offline, desconectada da multiplicidade de fenômenos do Brasil e do mundo em que está inserida a UFPR. Ainda há tempo de mudar. 

terça-feira, 28 de julho de 2020

Bolsonaro e a cloroquina; os Simpsons e a pedra anti-tigre

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A rádio BandNews FM tem um programa matinal de debate político apresentado pelas jornalistas Sheila Magalhães e Carla Bigatto, e o jornalista Luiz Megale. Hoje, criticando as reiteradas apologias de Bolsonaro à inócua cloroquina e que a dita droga teria estimulado sua cura da COVID-19, Megale oportunamente aludiu a uma historinha do desenho “Os Simpsons”. Historinha sobre falácia filosófica. 

Na mundialmente famosa animação, surge um urso na cidade de Springfield, assustando a população mas, ele próprio, urso, está ainda mais assustado. E trata de fugir do lugar. Mas, aí, a cidade já tivera a iniciativa de criar uma “patrulha anti-urso”, até uniformizada, comandada pelo idiota Homer, que varre a cidade em busca do bicho. Não encontra o urso, que já fugira faz tempo, e Homer sai comemorando o que acha ser o sucesso da “patrulha”. 

Crítica e racional, a filha de Homer, Lisa, discorda da visão de que o sumiço do urso deveu-se às ações da “patrulha”, e mantém o seguinte diálogo (posto aqui de memória) com o pai Homer: 

Homer (exultante): “Viu só, Lisa, o sucesso da nossa patrulha?. Não há mais ursos em Springfield!” 

Lisa (cética): “Pai, tem certeza de que foi a sua patrulha que espantou o urso?” 

Homer: “Mas, claro! Ursos aqui não tem vez com nossa patrulha!! O que é essa pedra em sua mão?” 

Lisa: “Ah, é uma pedra ‘anti-tigres’. Ela espanta os tigres. Você já viu algum tigre nesta cidade?” 

Homer (surpreso mas crédulo): “Humm, é mesmo… Me vende a sua pedra?” 

Sensacional essa comparação do jornalista da BandNews entre a cloroquina “milagrosa” do Jair Messias com a pedra de Lisa Simpson. Pensem nisso. Duvidem das declarações peremptórias de um falastrão como Bolsonaro e notem sua alta capacidade de fingir. Dois fatos que ocorrem ao mesmo tempo nem sempre tem nexo de causa e efeito, mas fake news estão aí para enganar otários. 

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Militares já temem fracasso total na Saúde

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Depois de desmontar ministério, general Pazuello quer sair “de fininho”. Mas não comemore: Bolsonaro trama entrega da pasta ao Centrão. E mais: é genocídio, sim! Mortalidade de indígenas por COVID-19 é até cinco vezes maior que a média.

Por Maíra Mathias e Raquel Torres, na seção Outra Saúde do site Outras Palavras

Pelo visto, a crítica de Gilmar Mendes à presença de militares no Ministério da Saúde em plena pandemia terá o condão de forçar aquilo que entidades e especialistas não conseguiram: a saída do general. Segundo a Folha, Eduardo Pazuello teria apontado ao Planalto dois momentos ideais para a passagem do bastão a um ministro titular. Isso poderia acontecer já no final do mês, quando a pasta prevê que os casos de COVID-19 na porção que vai do centro ao norte do país comecem a declinar. Depois, haveria outra janela entre agosto e setembro, período em que se espera que os números melhorem na porção centro-sul.

As datas se casam com a apuração de O Globo, que revela que o prazo dado pela ala militar para a permanência de Pazuello como ministro interino é agosto. Se quiser continuar depois disso, ele teria de ir para a reserva – o que não faria por ainda ser general três estrelas. Pazuello também parece inclinado a refutar o arranjo no qual voltaria a ocupar o segundo posto mais importante no Ministério, a Secretaria Executiva. Quem defende essa opção calcula que ele poderia ficar afastado do Exército dois anos e, ainda sim, voltar para a ativa e se aposentar como general quatro estrelas. “Ele tem dito a interlocutores, porém, que essa opção não está na mesa, já que a ‘missão’ que lhe foi dada era temporária”, relata a repórter Natália Portinari.

Segundo ela, o Centrão engrossou o cordão dos insatisfeitos com Pazuello. Lembremos que o bloco de partidos de aluguel defendeu ativamente a permanência do general em um "mandato-tampão" – e quem serviu de porta-voz dessa posição não foi qualquer um, mas o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde. A mudança pode indicar uma nova investida do Centrão sobre o Ministério. Os líderes partidários estariam usando como justificativa para pressionar pela saída a ‘falta de experiência’ do general ‘em lidar com políticos’ – coisa que os quadros do Centrão têm de sobra.

Saindo da Esplanada e indo para a Praça dos Três Poderes, o embate entre os militares e o ministro do Supremo continua. Ontem logo de manhã, Gilmar Mendes divulgou uma nota em que manteve sua crítica de que o Exército se associa a um genocídio, mas evitou a palavra. No texto, afirma que não atingiu a honra das Forças Armadas. “Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros”, escreveu. Ainda de acordo com ele, ‘nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das políticas públicas de saúde’ do país. “Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade extrapola a missão institucional das Forças Armadas", afirmou. 

Já de tarde, o ministro do STF voltou a comentar o caso, dando mais ênfase à estratégia do presidente Jair Bolsonaro de se descolar da pandemia. “O Supremo na verdade não disse que os estados são responsáveis pela Saúde. O Supremo disse apenas que isso era uma competência compartilhada, como está no texto constitucional.  Mas o presidente esquece esta parte e diz sempre que a responsabilidade seria do Supremo e a responsabilidade seria dos estados. Então eu disse: se de fato se quer mostrar isso do ponto de vista político, isso é um problema e isso acaba sendo um ônus para as Forças Armadas, para o Exército, porque eles estão lá inclusive na condição de oficiais da ativa”, observou, arrematando: “Na verdade, o meu discurso é de defesa da institucionalidade das Forças Armadas, do seu papel, que eles acabem não se envolvendo. Que eles não se deixem usar nesse contexto.”

Cumprindo o anunciado, o Ministério da Defesa protocolou a representação contra Mendes na Procuradoria-Geral da República (PGR) ontem de tarde. E a Lei de Segurança Nacional, sancionada durante a ditadura e que lista crimes que afetam ‘a ordem política e social’, voltou a aparecer. Segundo o Estadão, a pasta sustenta que o ministro do Supremo pode ser enquadrado no artigo 23, que prevê como crime a prática de incitar ‘à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis’. A pena é de um a quatro anos de prisão. Cabe à PGR seguir com o caso ou arquivá-lo.

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Charge: Jornal de Brasília

Nem conformismo nem deserção: pela democracia feita pela própria comunidade da UFPR

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Datado de 13 de julho, o coletivo chamado “Rede UFPR” - politicamente ligado ao ex-candidato a reitor de 2016 Marcos Sunye, atual diretor do Setor de Ciências Exatas -, publicou um Manifesto, intitulado “Tradição democrática e princípios: porque não participaremos da eleição para reitoria da UFPR”, que explicita razões pelas quais ausenta-se do processo sucessório da Reitoria marcado para setembro. 

Começa errando na datação do processo democrático que os movimentos da comunidade universitária instauraram na UFPR. Não foi em 1986 que começou a luta pela democracia dentro da UFPR, mas desde antes de 1981, ainda em tempos de ditadura militar. Em 1981, APUFPR à frente (o DCE estava sendo reconstruído e o SINDITEST não existia), mas com largo apoio de servidores técnicos e de estudantes, foi realizada a primeira eleição direta para a Reitoria, ainda que revestida de caráter simbólico, na qual o primeiro colocado foi o professor Lamartine, do curso de Direito. Alguns meses depois, a ditadura nomeou seu último reitor “biônico”, o professor Alcy Ramalho, das Engenharias, que assumiu em abril de 1982. 

A luta por democracia na UFPR se elevou de patamar, paralelamente com a pugna pelo fim da ditadura militar, que tomava todo o Brasil, primeiro pela Campanha das “Diretas-Já”, depois no apoio à eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral da própria ditadura, derrotando Maluf, o civil amigo da milicada. Em janeiro de 1984, durante o trote da calourada, uma imensa faixa do DCE estendida no prédio da Reitoria da UFPR clamava: “Queremos eleger o presidente/E o reitor daqui pra frente!”. 


Isto se concretizou, para valer, no segundo semestre de 1985, com a ditadura já fora de cena, quando a eleição direta paritária deu a vitória ao professor Riad Salamuni, da Geologia, confirmado reitor pelo então presidente José Sarney. No ano seguinte, seria eleito, também diretamente, como seu vice o professor da Medicina Dante Romanó Jr., outro expoente das batalhas democráticas da UFPR, em meio ao ninho de reacionarismo que era o HC. 

Quando o Manifesto dos desertores da democracia arrola três parâmetros do processo direto na escolha da nova Reitoria, esquece um: o estímulo ao aberto e disseminado debate de propostas de gestão entre as candidaturas postas. O processo de 2016 foi pleno desses debates, tanto nos campi da capital como nos do interior. No processo deste ano, obrigado a se dar de forma virtual, pela internet, não deve ser diferente, pois as duas candidaturas inscritas no CoUn deverão discutir entre si, frente a frente, nas telas de computadores e celulares, onde quer que estejam os/as eleitores/as. E, claro, desde que as duas chapas se disponham ao confronto de ideias, pois, dentre as que se inscreveram – Ricardo Marcelo/Graciela e Horácio/Ana Paula – pode sempre acontecer de esta última, de corte direitista, se esquivar do debate, a exemplo de certo candidato a presidente de 2018. 

O Manifesto dos desercionistas da “Rede UFPR” acusa como inválido para a democracia universitária o método virtual da consulta direta à comunidade. No processo usual presencial, que vem desde 1985, sempre haverá considerável parcela da comunidade eleitora altamente engajada nas disputas das chapas e nos debates, ao lado de uma porção, não insignificante, de pessoas simplesmente “desligadas” e que só vão saber que há uma eleição em curso quando são abordadas por cabos eleitorais das candidaturas na entrada do campus. Com isto se quer dizer que o processo presencial de uma eleição, per se, não é garantia sólida alguma de “mais” democracia, ou de efetiva democracia. 

Além disso, cabe registrar que, mesmo nas eleições presenciais do passado, envolvendo milhares de corações e mentes dedicadas ao apoiamento a suas candidaturas, jamais o quórum de participação da comunidade atingiu sequer a metade dos aptos a votar, o que quer dizer que, infelizmente, nem todos estão efetivamente voltados a se preocupar com os rumos da instituição a serem dados por dirigentes eleitos. 


Existe mesmo a possibilidade de que, neste ano, a captura da opinião pela internet até eleve o quórum de presença de votantes, inclusive por facilitar a expressão do voto, que dispensa a presença física do eleitor nas dependências da UFPR e, pior, numa eventual fila para votar. Só a título de registro, nos EUA existe a opção de voto a presidente da república pelo correio, terror de reacionários como Donald Trump. E, para os importantes e indispensáveis debates, há rádio, TV e internet. 

Desde que a pandemia do SARS-CoV-2 irrompeu assustadoramente no Brasil, os poderes da República não mais debatem e deliberam presencialmente: Congresso e STF fazem sessões virtuais e nelas tomam decisões, atestando que o método é válido como instrumento para o exercício democrático. Por isso soa tão forçada a repulsa ao emprego da internet para a escolha direta da nova Reitoria da UFPR. O ex-candidato a reitor de 2016 Marcos Sunye, expert na área de informática, sabe perfeitamente de vicissitudes mas principalmente das qualidades das ferramentas de sua própria área de conhecimento e trabalho como auxiliares na vida das pessoas e governos. 

Lamentável constatar como é minimizado o risco de um desgoverno inepto e autoritário, que tem na cabeça um fascista genocida, tentar qualquer brecha dentro da UFPR para introduzir um interventor nomeado em Brasília. Depois das ameaças das MP’s 914/2019 e 979/2020, baixadas pelo ensandecido ex-”ministro” Weintraub, versando sobre o processo de escolha de reitores das Universidades Federais (e felizmente extintas), não nos entra na cabeça que lideranças responsáveis da “Rede UFPR”, autora do Manifesto, possam achar que a eventual intercorrência de uma interventoria na UFPR seja algo de menor importância. Fosse uma nota redigida por estudantes que entraram há poucos anos na Universidade, e jamais viveram sob o tacão de dirigentes universitários nomeados exclusivamente por ditadores de Brasília, seria compreensível. Mas, não, trata-se de professores e servidores que labutam há muitos anos dentro da UFPR, e que, supõe-se, já pelo menos leram livros de História. Cabe, portanto, gritar em alto e bom som que a UFPR é autônoma para escolher quem a dirige, e presta contas à comunidade toda do país e do estado que a sustenta. 

Nesse Manifesto da “Rede” há várias passagens dignas até de riso, tamanhas as hipérboles discursivas a que se entrega. Não obstante, chama a atenção o seguinte trecho: “O rompimento das tradições democráticas (...) preocupa porque abre caminho para que outros candidatos (...) desconsiderem a nossa tradição e exijam que seus nomes componham a lista tríplice.” 

Ora, à exceção de uma única vez, no fim dos anos 1990, todos os candidatos que não alcançaram o primeiro lugar na votação direta da comunidade retiraram seus nomes da composição da lista tríplice exigida pela lei, dando lugar a outros dois apenas para constar (e com a condição de recusar a nomeação caso ocorresse). Por que então o Manifesto da “Rede” fala agora em candidato que exigiria que, mesmo derrotado no pleito direto, seu nome componha a lista? Por sua trajetória política e acadêmica, pode-se afirmar com certeza que o professor Ricardo não faria tal exigência descabida e antidemocrática. Está a “Rede” então a falar do candidato Horácio? Apreciaremos saber a resposta da “Rede” a essa frase de seu Manifesto. 

Encerramos afirmando confiança no processo novo, excepcional dentro de uma situação de enorme exceção provocada pela pandemia COVID-19, que deverá permitir o livre exercício do voto democrático de todos os membros da comunidade UFPR. Processo que, levado a bom termo, poderá também vir a ser empregado para futuras consultas à comunidade sobre temas polêmicos envolvendo o destino da instituição. 

domingo, 12 de julho de 2020

Hora de perdoar a Globo

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Sabemos que a Globo deseja um Guedes sem Bolsonaro, simplesmente porque o Capitão não topou ajoelhar no "templo da Lopes Quintas".

Por Ricardo Capelli, no Jornal GGN

Nós sabemos que compromisso com a democracia nunca foi o forte da Rede Globo. Eles apoiaram o Golpe de 64 e levaram 49 anos pra se arrepender. Antes tarde do que nunca.

Na primeira eleição democrática após os anos de chumbo, a Globo manipulou de forma vergonhosa a edição do último debate presidencial para favorecer um aventureiro, deposto menos de 2 anos depois.

O saudoso Armando Nogueira, jornalista de verdade, não aceitou tamanha infâmia.

Foi a parceria irresponsável da Globo com a “República de Curitiba” que destruiu a política. Ela foi cúmplice de vazamentos ilegais e de todo tipo de ataque ao Estado Democrático e de Direito. Assassinou reputações, destruiu [as figuras jurídicas] do trânsito em julgado e da presunção de inocência.

Mais grave, dilacerou famílias e destruiu lares. Suas digitais estão marcadas no assassinato do Reitor Cancellier [da UFSC].

Exigiu a prisão do maior líder popular do Brasil sem provas. Fez de sua televisão o comitê de campanha para derrubar uma presidenta séria e honesta. Sem a Globo e seu pupilo Moro não haveria Bolsonaro. Nós sabemos disso.

Mas a Globo não é só isso. A emissora também é Caco Barcellos, Kennedy Alencar, Ilze Scamparini e Heraldo Pereira, gente que faz jornalismo de verdade. A Globo também é André Risek, Clayton Conservani, Carol Barcellos e Tino Marcos.

A emissora tem gente da qualidade democrática de Casagrande e Fernanda Montenegro, encarnação viva da cultura que tanto nos orgulha.

A Globo é muito poderosa. E luta por seus interesses. Nós queremos a “Lei dos Meios”, um simples “copia e cola” da regulação existente nos EUA e na Europa. Ela nos chama de “controladores”. Nós queremos governos com participação popular, ela chama isso de “desvio autoritário”.

Nós sabemos que a Globo deseja um Guedes sem Bolsonaro, simplesmente porque o Capitão não topou ajoelhar no “templo da Lopes Quintas”.

E que pode estar se movendo apenas em função da ameaça crescente aos seus negócios. Netflix, Google, Facebook e YouTube caminham para engoli-la.

Mas, minha gente, nada é pior que Bolsonaro, um claro fascista genocida que ignora 70 mil mortes e que está destruindo a economia brasileira. O "capitão cloroquina" não tem qualquer limite em sua marcha autoritária.

Vamos dispensar o apoio da Globo? Não é razoável. Os petardos disparados pelo Jornal Nacional são fundamentais para desgastar a popularidade do presidente e impedir o pior.

É aquela velha máxima, pra conter o pior vale aliança com qualquer um. Como dizia o velho Mao Zedong, “contradições principais e contradições secundárias”. Uma de cada vez.

Menos fígado e mais política. Hora de perdoar a Globo.

Reitoria da UFPR disputada por duas chapas em consulta direta virtual

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Reitor Ricardo Marcelo (com sua vice Graciela) e Prof. Horácio 

Por orientação de sessão do Conselho Universitário, de 18 de junho, o processo de escolha da próxima gestão da UFPR, gestão 2021-2024, será realizado através de consulta virtual a toda a comunidade universitária, ao longo do mês de setembro.

A indicação do método virtual foi referendada em reuniões virtuais das instâncias das três entidades da comunidade, APUFPR, SINDITEST e DCE, que também já escolheram representantes para integrar a CPC (Comissão Paritária de Consulta), organizadora da consulta.  

Foi de entendimento comum que, frente à imprevisibilidade da evolução da pandemia da COVID-19, cujo enfrentamento desrecomenda atividades presenciais nos campi da Universidade, e para atender prazos legais do MEC, será preciso recorrer à internet para aferir a vontade de estudantes, técnico-administrativos e professores (incluindo aposentados).  Trata-se de situação inteiramente excepcional nos 35 anos que decorrem desde a primeira eleição direta de reitor, de 1985.

Nesse meio tempo, a autonomia da UFPR em definir seu reitor e seus processos democráticos internos próprios estiveram ameaçados por duas Medidas Provisórias do desgoverno Bolsonaro, dispondo sobre o tema da indicação de reitores das IFES, a 914/2019 e a 979/2020.  Autoritárias, as MPs já foram devidamente enterradas, sem direito a velório, pelo Congresso Nacional.  Naturalmente, foram iniciativas do nefasto e fugitivo ex-"ministro" Abraham Weintraub, o pior ocupante do MEC de todo o período pós-ditadura militar.

Uma Comissão própria do CoUn estabeleceu um período de inscrição de chapas a quem tivesse interesse de concorrer à Reitoria, que já se encerrou. Um outro período foi também aberto às chapas dispostas a se submeter à consulta virtual perante toda a comunidade universitária (eleição direta), prazo ainda não fechado.

Na primeira instância de inscrição, apresentaram-se duas candidaturas: a do atual reitor Ricardo Marcelo da Fonseca, disputando reeleição; e a do professor Horácio Tertuliano Filho.  Ricardo é professor do curso de Direito da UFPR, além de ser formado em História.  O professor Horácio Tertuliano tem formação em Engenharia Elétrica pela UTFPR e atualmente dirige o Setor de Ciências Tecnológicas.

A CPC definirá regras e calendário de debates pela internet entre as duas candidaturas.  Acompanhe e participe!

Bolsonaro ainda mais irresponsável apesar das 70 mil mortes por COVID-19

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Marca tétrica: mais de 70 mil brasileiros mortos pela COVID-19, em meio a um apagão de seu ministério da Saúde, "comandado" por um milico sem qualquer experiência na área. Nestes dias, o despresidente Bolsonaro informa que estaria vitimado pela COVID-19, supostamente. Anuncia isso com esquisito contentamento e aproveita para fazer uso político da dita situação pessoal.

Usa a repercussão na imprensa local e mundial para seguir em sua criminosa cruzada para menosprezar autoridades de Saúde do país, mantendo atitudes contrárias aquelas recomendadas pela OMS, como distanciamento social e uso de máscara. Amigo dos donos de laboratórios (Apsen, EMS, Cristália) que produzem cloroquina, posa de garotinho-propaganda feliz da droga, cuja eficácia contra a pandemia não está comprovada em nenhum estudo científico sério aqui ou no resto do planeta.  Quanto será que o despresidente pode estar levando "por fora" nessa propaganda enganosa sobre cloroquina?

Só otários poderiam imaginar que Bolsonaro tomaria postura mais comedida agora que estaria, supostamente, contaminado pelo SARS-CoV-2. Tola ilusão. O fascista governante só fez reforçar sua conduta leviana, de crime contra a saúde pública.  Mas usa a dita doença para desviar a atenção da pauta negativa que o assola, como a prisão do aliado, bandido miliciano Fabrício Queiroz, que já confessou que fazia a "rachadinha" na ALERJ para o patrãozinho Flávio Bolsonaro, filho 01 do despresidente (além de outras condutas ilegais).

Nada de testagem em massa, nenhum esforço para fazer rastreamento da contaminação para ajudar ação de governadores e prefeitos.  Nada de sinalizar com iniciativas na área econômica para prestar auxílio emergencial de renda aos brasileiros mais atingidos pela crise geral, nem para ajudar micros e pequenas empresas que impeçam seu colapso final.  Esse é o genocida cujo cérebro parece operar num único modo: ligado direto na necropolítica, na destruição, na morte.

A situação se agravará, pois continuam subindo os números de casos de COVID-19 e de óbitos. E o despresidente na mesma toada, fingindo "quarentena" no Palácio da Alvorada, onde come do bom e do melhor, e tem médicos à vontade para encenar atendimento à suposta virose. Assim, incumbe às forças democráticas no Congresso e do Judiciário, principalmente as da sociedade civil unirem-se em busca de uma plataforma emergencial para salvar vidas, preservar a democracia, proteger o emprego e socorrer as micros, pequenas e médias empresas.

Xeque-mate do STF sobre a abusadora Força-Tarefa da Lavajato

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Força-Tarefa dos supostos "heróis" da LJ, cada vez mais desmascarados

A decisão do presidente do STF de obrigar os procuradores de Curitiba a compartilhar com a Procuradoria Geral da República o conjunto de provas – e de elementos de “convicção” obtidos durante a operação Lava Jato - é um xeque-mate sobre Deltan Dallagnol e sua turma.

Por Fernando Brito, no site Tijolaço

Deixam, com isso, de ser os “donos do processo”, que passa a ser da instituição e não de um agrupamento de procuradores que trabalha sem ter de prestar contas dos seus atos, como se fossem uma instituição autônoma. O que, aliás, não é raro do seu comportamento.

É inacreditável que a PGR tenha tido de recorrer aos tribunais para obter informações de seus próprios integrantes que, segundo o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques, ofereciam “resistência ao compartilhamento, ao intercâmbio e à supervisão das informações que são retidas em bases compartimentadas e estanques, invisíveis ao conjunto do Ministério Público.”

Aguarda-se outra reação furiosa de Deltan, que tem outras frentes ameaçá-lo.

Uma delas é a investigação sobre a distribuição viciada de processos que, segundo relata o site Consultor Jurídico, estava centralizando “nas mãos do grupo lavajatista os feitos que geram manchetes e deram a seus integrantes poder de fogo e munição para intimidar e subjugar todos os figurões da República”.

Melhor a esperar do novo chefete do MEC: ser inoperante

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Que surpresa: o novo ministro da Educação do governo Bolsonaro coleciona falas de estupidez e reacionarismo constrangedores.

Por Luis Felipe Miguel no site DCM

“Educação” pelo castigo e pela dor, submissão das mulheres aos homens nas famílias, feminicídio como gesto de amor, universidades como antros de promiscuidade sexual. Sem esquecer da curiosa linha do tempo que faz da filosofia existencialista um fruto da pílula anticoncepcional.

Com aquela voz suave de pastor, Ribeiro é mais um apologista da violência. Tem um doutorado aparentemente legítimo, mas é tão despreparado e tacanho quanto os outros.

Ele fala diretamente às bases do bolsonarismo: nostalgia das “tradições”, com tudo o que nelas há de injusto e nocivo, contra os avanços que nasceram das lutas por igualdade e emancipação.

Um eixo central, está claro, é o reforço das hierarquias de gênero. É a defesa da família patriarcal ou a justificativa do feminicídio. Mesmo o horror com o avanço da “promiscuidade” reveste obviamente a vontade de restaurar a plena vigência da dupla moral sexual, aquela que dá aos homens liberdades que nega às mulheres.

Outro eixo é a negação dos direitos das crianças – que está, convém lembrar, no coração do projeto “Escola sem Partido” (sic). Um dos seus slogans é “meus filhos, minhas regras”, perversa apropriação do lema feminista, visando exatamente afirmar que filhos são propriedade dos pais.

A lei "Menino Bernardo", conquista essencial nesse terreno, marca uma posição na lei que está adiante da sociedade. Enfrentou oposição cerrada de parlamentares conservadores – da bancada religiosa, sobretudo pastores da Assembleia de Deus (Marco Feliciano, Ronaldo Fonseca, Paulo Freire, Pastor Frankembergen), mas também da bancada armamentista.

A banalização do espancamento de crianças é tema recorrente nos conteúdos disseminados nas redes da direita. Por exemplo, a pergunta “qual desses psicólogos você consultou na infância?” é seguida de imagens de uma chinela, um cinto, uma colher de pau.

O recado é óbvio: se eu, “cidadão de bem”, fui formado à base de castigo físico, é porque ele é útil e necessário. A ironia desta formulação certamente escapa àqueles que a disseminam.

Ribeiro, portanto, se alinha com as visões mais atrasadas e simplórias da base bolsonarista. Sua visão pedagógica é troglodita. Sua longa vinculação com a gestão do ensino privado não inspira nenhuma esperança. O fato de que essa vinculação é com a Mackenzie, ponta de lança do criacionismo no ensino superior brasileiro, só piora a situação.

O melhor que se pode almejar de sua gestão no MEC é que seja inerte e inoperante. Para as escolas e as universidades, o caminho é coragem e resistência.