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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Guedes, o parasitário contador de 'causos' do desgoverno

Ontem, na Folha de SP, um grupo de 8 acadêmicos se juntou para uma antologia dos maiores “causos” de Guedes. Apenas um poderia ter compilado seus feitos.

Luís Nassif - Jornal GGN


Uma das características mais presentes nos tempos atuais é a enorme capacidade dos homens públicos de criar narrativas completamente dissociadas da realidade.

Um dos exemplos recentes foi Donald Trump, na convenção republicana, eximindo-se totalmente do fracasso no combate à COVID-19. Outro, o governador fluminense Wilson Witzel, em discurso na frente da sede do governo, sustentando que a operação Lava Jato do Rio de Janeiro não havia apresentado nenhuma prova contra ele. Nos jornais, contratos de sua esposa com escritórios de advocacia ligados a empresas beneficiadas por ele, enquanto governador. Sem contar o insuperável Jair Bolsonaro, debitando aos governadores os reveses no enfrentamento da COVID-19.

Mas, provavelmente, nenhum homem público atual desenvolveu a capacidade de construir ficções como o Ministro da Economia Paulo Guedes. Sua capacidade de chutar números é insuperável.

Seu comportamento, em uma das primeiras viagens aos Estados Unidos, prometendo a uma plateia de investidores vender até o Palácio do Governo é de um ridículo só possível em quem não tem a menor noção sobre a liturgia do cargo.

Ontem, na Folha de SP, um grupo de oito acadêmicos se juntou para uma antologia dos maiores “causos” de Guedes. Apenas um poderia ter compilado seus feitos. O fato de o artigo ter sido escrito a 16 mãos é apenas um sinal da indignação coletiva que Guedes provoca em todo economista sério, de qualquer linha econômica.

Eis a lista dos feitos de Guedes:

* Na campanha de 2018, garantiu, contra todas as evidências, que zeraria o déficit primário de cerca de R$ 130 bilhões no primeiro ano de governo, contra a opinião de todos os técnicos especializados em orçamento. Acabou o ano, o déficit continuou e não se falou mais nisso.

* Prometeu privatizar todas as estatais, calculando que conseguiria arrecadar 30% do PIB, ou R$ 2 trilhões. Como lembram os autores, prometia sempre para “a semana que vem”. Em julho, o BNDES mostrou que a maioria dos estudos sobre os efeitos das privatizações sequer estavam concluídos.

* Em setembro de 2019, Guedes anunciou que apresentaria a proposta de reforma tributária “na semana que vem”. A proposta só foi apresentada fatiada em julho de 2020.

* Em julho de 2019 anunciou que o novo mercado de gás reduziria em 40% o preço da energia. A reforma nunca saiu do papel.

* A reforma administrativa também não saiu do papel.

* Prometeu 3,7 milhões de empregos com a MP da Liberdade Econômica, e outros 4 milhões com a Carteira Verde e Amarela. Nada aconteceu.

* Em abril, comportou-se como agente de um “amigo inglês” que doaria 40 milhões de testes da COVID-19 por mês. E garantiu que “com três ou cinco bilhões” o Brasil venceria a pandemia. Os gastos já somam meio trilhão de reais.

* Assim que assumiu, anunciou uma recuperação "em V" da economia. Ou seja, uma alta súbita depois de uma queda aguda. Em 2019, houve uma redução no ritmo de crescimento do PIB.

O artigo termina com uma definição da economista Esther Duflo, Prêmio Nobel de 2019, sobre os três “iis” que atrapalham o desenvolvimento: inércia, ideologia e ignorância.

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