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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Aqueles momentos do "A-ha!"

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De onde surgem os momentos "Eureka!" no cérebro? Psicólogos perguntaram a participantes de um estudo para resolverem complexos e provocativos quebra-cabeças mentais enquanto estavam conectados a máquinas de eletroencefalografia (EEG) e de imageamento por ressonância magnética funcional (fMRI).

Scientific American - 20/02/2025

Quando os participantes tiveram seus momentos "A-ha!" ("Aha-Achei!") enquanto resolviam os enigmas, eles tiveram irrupções de ondas cerebrais de alta frequência em seus lobos temporais direitos, logo acima do pavilhão auricular. Essa parte do cérebro, o giro temporal superior-anterior direito, conecta-se com muitas outras regiões cerebrais. Experimente resolver o quebra-cabeça dos palitos na figura abaixo.


Por que isto é interessante: a compreensão [popularmente se poderia dizer "a sacada para resolver um problema"; em inglês, "insight") é dirigida por processos inconscientes no cérebro. Essa compreensão - ou aquisição de conhecimento - aumenta o aprendizado e a memória, e está associada com nossa habilidade para estabelecer conexões entre áreas aparentemente não relacionadas. Estranhamente, as pessoas que se fiam nessa compreensão (ou intuição) possuem capacidade aumentada para detectar uma informação errônea: os pesquisadores descobriram que aqueles indivíduos propensos aos "momentos aha!" são mais capazes de discernir entre estórias de fato reais e as falsas.

Dois modos de pensar: As pessoas podem tender a confiar na sua "sacada" (insight) ou no pensamento analítico (embora o estado de espírito e as circunstâncias possam influir sobre qual modo a pessoa vai usar em dado momento). Escaneamentos cerebrais mostram que os que confiam mais na "sacada" tem maior atividade de estado de repouso na parte posterior do cérebro (na figura abaixo, à esquerda), ao passo que os participantes que empregam mais o modo analítico tem maior atividade nas áreas frontais (na figura abaixo, à direita; clique sobre ela se quiser ampliar).


O que dizem os especialistas: "Talvez a mais importante lição científica sobre o insight é ser ele tão frágil quanto benéfico", escreve John Kounios, professor de Neurociências e Psicologia da Universidade Drexel, e também Yvete Kounios, instrutora de redação da Universidade Widener. "O momento 'A-ha!' traz novas ideias e perspectivas, levanta o ânimo, aumenta a tolerância quanto a riscos e melhora a capacidade de diferenciar a verdade da ficção. No entanto, a ansiedade e a privação de sono podem esborrachar esses presentes preciosos."
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O artigo completo (no original inglês) pode ser lido aqui:

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Uma aracnofóbica presta homenagem à aranha

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Com algo como quinze quatrilhões de aranhas à nossa volta no planeta, não temos como escapar delas. Podemos então aprender a amá-las?

The New Yorker - 20/02/2025

Kathryn Schulz é, como tantos de nós, tendente a ficar petrificada com aqueles bichos de oito patas, frequentemente canibais venenosos que vivem em nossas casas. "Meu sentimento sobre aranhas era o oposto do sentido diante daqueles posters com as caras de bandidos procurados do Velho Oeste: eu não as queria mortas ou vivas", escreve ela, num artigo para o fascículo do centenário da revista The New Yorker. No último outono ela decidiu enfrentar seus medos, selecionando "As vidas das aranhas", livro escrito por Ximena Nelson, professora de comportamento animal. "Em parte um livro-texto, em parte enciclopédia, um livro para a mesa do café das pessoas cujo gosto para decoração é tosco", escreve Shulz, mas o livro é rico em detalhes científicos e desperta um "entusiasmo cativante embora não inteiramente contagiante" acerca do mundo aracnídeo.


Schulz aprende muitos fatos divertidos sobre aranhas: que elas, coletivamente, comem pelo menos 226 milhões de quilos de carne por ano (mais do que o consumido por seres humanos); que elas tem uma propensão para o canibalismo pós-coito; que uma das muitas espécies de aranha vive debaixo d'água, apensando uma bolha de ar à sua teia; que algumas delas são capazes de viajar centenas de milhas em um paraquedas feito de sua própria teia, ocasionalmente aterrisando em navios no meio do oceano. Ela está se achegando às aranhas - ao menos teoricamente. "É humilhante ver uma criatura que eu sempre xinguei se apresentar tão belamente", Shulz percebe. "Humilhante, também, ser lembrada de que nenhum de nós deve jamais esquecer que refletidamente odiar qualquer coisa que parece estranha para nós é o começo da maldade".
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Comentário do Editor deste Blog: desde jovem, tinha medo de aranhas, numerosíssimas em minha casa de infância. Mas também tinha curiosidade e admiração. Por isso, capturei uma espécie de aranha de jardim (não uma aranha marrom) e criei para ela um pequeno terrário, que conservava em meu quarto, em um canto da estante. Sendo também abundantes as moscas domésticas, nunca faltou alimento para minha aranha pet, que ficou bem gordinha. Batizei-a Elizabeth, nome da primeira namoradinha de escola, que tinha se mudado de cidade, partindo meu coração.  A Elizabeth de meus aposentos morreu naturalmente, de idade avançada.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Vitória das mulheres no movimento sindical

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Pela primeira vez em seis décadas, a Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG) será presidida por uma mulher. Vânia Marques Pinto, da Bahia, atual secretária de Políticas Agrícola e Agrária da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), lidera a chapa única construída em unidade com as Federações para a próxima gestão. Com paridade de gênero e representatividade regional, a nova Diretoria reforça o compromisso com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

"Na presidência, não será a Vânia, e sim as mulheres. Queremos fazer um trabalho coletivo, honrando todas que construíram o movimento sindical e fortaleceram nossa luta", declara Vânia.

O presidente da CTB, Adilson Araújo, expressou imensa alegria com essa conquista e reafirmou sua certeza na combatividade e compromisso de Vânia na defesa da classe trabalhadora rural.

O 14º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais acontecerá de 01 a 03 de abril de 2025, em Luziânia/GO.

Seguimos juntas e juntos na construção de um futuro mais justo para o campo!

Esperar por sonhos pode fazê-los mais fáceis de lembrar

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Diz-se que você sempre deve seguir seus sonhos. Mas, e quando você não consegue se lembrar deles?  Algumas pessoas recordam-se de seus sonhos em detalhes vívidos (e frequentemente recontarão cada ocorrência e reviravolta bizarra), ao passo que outras esquecem suas visões do período noturno imediatamente após acordarem.  Agora, uma nova pesquisa revelou por que certos indivíduos lembram-se de seus sonhos melhor do que outros.

Nature/Communications Psychology - 18/02/2025

Entre 2020 e 2024, cientistas da Itália seguiram o sono e os dados cognitivos de mais de 200 participantes de um estudo, os quais relataram as informações referentes a seus sonhos ao longo de um período de 15 dias.  Com base nas respostas a testes e questionários psicológicos, a equipe determinou que os indivíduos com uma atitude positiva em relação a seus sonhos e uma propensão para divagações mentais tinham muito maior probabilidade de recordar sonhos, como assim o foram os participantes mais jovens e aqueles que passaram períodos de tempo em sono leve.  

Os indivíduos mais idosos, enquanto isso, tendiam a experimentar "sonhos brancos", nos quais relembravam a sensação de terem sonhado mas sem recordar quaisquer detalhes.  Os pesquisadores também descobriram haver alguma variação sazonal, pela qual a capacidade de recordar sonhos declinava durante os meses de inverno e melhorava na época da primavera.

"Nossos achados sugerem que a recordação do sonho não é uma questão de acaso mas um reflexo de como as atitudes pessoais, os traços cognitivos e a dinâmica do sono interagem", explica o autor sênior do estudo Giulio Bernardi, observando que esta nova pesquisa coloca "implicações no sentido de explorar o papel dos sonhos na saúde mental e no estudo da consciência humana".  Esperançosamente, as pesquisas em seguimento a essa podem ajudar a explicar por que eu continuo tendo pesadelos sobre me atrasar para a escola mesmo depois de eu já ter me graduado anos atrás...

Artigo completo em:

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Bolsonaro golpista denunciado: e agora?

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas, incluindo ex-ministros e militares de alta patente, por tentativa de golpe de Estado. A acusação formal inclui crimes como liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e deterioração de patrimônio tombado.

Blog do Esmael - 18/02/2025

A denúncia, assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, detalha um suposto plano coordenado por Bolsonaro e seus aliados para reverter os resultados das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Se a denúncia for aceita pelo STF, Bolsonaro e os demais envolvidos se tornarão réus e enfrentarão um processo penal.

O que diz a denúncia da PGR?
De acordo com a PGR, Bolsonaro teria conhecimento e anuído com o plano, batizado de “Punhal Verde Amarelo”, que previa ataques às instituições democráticas e até mesmo o assassinato de autoridades, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes e o presidente eleito Lula.

A peça acusatória menciona uma escalada retórica contra a democracia desde 2021, intensificada após a anulação das condenações de Lula e o início da campanha eleitoral de 2022. O documento também relata que, após a derrota nas urnas, Bolsonaro se reuniu com militares e assessores para discutir medidas que pudessem impedir a transição democrática do governo.

Entre as ações planejadas, estariam:
*A promulgação de um decreto para anular as eleições;
*A prisão de ministros do STF e do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco;
*A mobilização de militares para garantir a permanência de Bolsonaro no poder;
*A criação de um gabinete paralelo para governar o país sem o Congresso e o Judiciário.

Quem são os denunciados?
Além de Bolsonaro, a PGR denunciou 33 pessoas ligadas ao governo e às Forças Armadas. Entre os principais nomes estão:
  • General Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Bolsonaro em 2022);
  • General Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF);
  • Alexandre Ramagem (ex-diretor da ABIN e deputado federal pelo PL);
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso);
  • Valdemar da Costa Neto (presidente do Partido Liberal, legenda de Bolsonaro);
  • Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha);
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (ex-comandante do Exército).

A PGR argumenta que os acusados dividiram-se em núcleos estratégicos para executar o plano golpista:
  1. Núcleo de Desinformação: responsável por disseminar mentiras sobre fraudes nas eleições.
  2. Núcleo Militar: encarregado de pressionar os comandos das Forças Armadas a aderirem ao golpe.
  3. Núcleo Jurídico: criador de minutas ilegais para justificar a ruptura democrática.
  4. Núcleo Operacional: responsável pela mobilização de manifestantes e financiamento de atos antidemocráticos.
  5. Núcleo de Inteligência Paralela: encarregado de monitorar adversários políticos e autoridades.
  6. Núcleo Coercitivo: teria planejado ações violentas, incluindo o assassinato de Lula e Moraes.

Bolsonaro pode ser preso?
Se a denúncia for aceita pelo STF, Bolsonaro se tornará réu e enfrentará um processo penal. A tramitação pode levar anos até uma eventual condenação, mas há possibilidade de prisão preventiva, caso a Justiça entenda que Bolsonaro representa risco à ordem pública ou pode interferir no andamento das investigações.

A legislação prevê penas de:
  • Golpe de Estado: 4 a 12 anos de prisão;
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito: 4 a 8 anos de prisão;
  • Organização criminosa: 3 a 8 anos de prisão.
Além disso, medidas cautelares podem ser aplicadas, como o uso de tornozeleira eletrônica, bloqueio de bens, proibição de deixar o país e restrição de contato com outros investigados.

O que acontece agora?
O Supremo Tribunal Federal analisará a denúncia e decidirá se abre ou não ação penal contra Bolsonaro e os demais envolvidos (decisão a cargo da 1a. turma do STF). Se a denúncia for aceita, e aberta a ação penal, começa o julgamento propriamente dito, o ex-presidente responderá formalmente como réu e poderá ser condenado ao final do processo.

A situação do ex-presidente se agrava com a série de investigações em curso, incluindo o caso das joias sauditas e o uso da estrutura do governo para atacar adversários políticos. O cerco jurídico sobre Bolsonaro se fecha, e sua permanência na cena política depende das decisões que serão tomadas pelo STF nos próximos meses.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

COPLAD da UFPR normatiza eleição de Superintendente no CHC

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Em sessão extraordinária, o Conselho de Planejamento e Administração (COPLAD), um dos conselhos superiores da UFPR, aprovou nesta segunda-feira (17/2) regras da consulta pública que decidirá mandato de quatro anos a partir de março.

Camile Bropp - SuCom - 17/02/2025

O COPLAD aprovou nesta segunda-feira a Resolução 1/25, que regulamenta a consulta à comunidade para a nomeação ao cargo de superintendente do Complexo Hospital de Clínicas (CHC-UFPR).

A resolução estabelece que o CHC escolherá seu superintendente pela primeira vez(*) desde a sua criação como hospital universitário em 1961. Trata-se de uma reivindicação antiga de servidores e funcionários, que vem desde antes da entrada da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) na administração do hospital.

O edital de inscrição será publicado no próximo dia 20 e os candidatos terão três dias úteis para registrar a chapa. A consulta está prevista para os dias 18 e 19 de março.

Para concorrer ao cargo, os candidatos devem atender a alguns requisitos, entre eles, ser docente da UFPR, com doutorado, lotação no Setor de Ciências da Saúde da UFPR, que desenvolva regularmente atividades de ensino, pesquisa, extensão ou assistência no CHC-UFPR, e que apresente comprovada experiência de no mínimo três anos em gestão pública na área de saúde.

A Resolução prevê que a indicação à superintendência seja feita pelo reitor da UFPR e a nomeação, pela presidência da EBSERH. O mandato é de quatro anos, sendo permitida uma recondução.

“Momento histórico”
Na superintendência do CHC, de forma interina desde 18 de dezembro, a professora Camila Fachin, atual vice-reitora eleita, conduziu um grupo de trabalho para discutir as normas e os encaminhamentos para o processo de consulta e proposta de resolução.

O grupo, formado por aproximadamente 70 pessoas, é composto pelo Conselho de Administração (CoAd), membros da EBSERH e representantes dos sindicatos dos trabalhadores do hospital, entre técnicos, docentes e empregados públicos.

Para Camila Fachin, esse é um momento histórico para o CHC e para a UFPR, em que finalmente a comunidade terá a oportunidade de escolher o(a) superintendente, responsável por um universo formado por aproximadamente 4 mil servidores, sendo cerca de 600 professores, trabalhadores públicos e 2 mil estudantes.

O encaminhamento da consulta não é a única atribuição do grupo de trabalho. A escolha do dirigente é uma das condições para transformar o hospital numa unidade acadêmica, o que exige também a revisão do regimento interno do CHC.

A transformação em unidade acadêmica vai reforçar a autonomia do HC como hospital universitário da UFPR”, ressalta Camila, que permanece na superintendência até a conclusão do processo de consulta para assumir como vice-reitora da UFPR no mês de março.
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(*)Nota: não é a primeira vez que a comunidade que trabalha e estuda no HC e seus anexos participa da escolha em eleição direta de um dirigente do hospital-escola. Isso já ocorreu nas décadas finais do século XX, antes do advento da EBSERH na gestão hospitalar.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Golpe de Estado e a PGR: denúncia contra Bolsonaro já está praticamente pronta

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A denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) por seu envolvimento na trama golpista para impedir a posse de Lula (PT) está praticamente pronta, segundo três fontes que acompanham o caso, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do grupo Globo.


O texto principal já foi finalizado, e a equipe do Procurador-geral da República, Paulo Gonet, faz apenas os ajustes finais. A expectativa é que a acusação formal seja apresentada até o Carnaval.

Gonet, que tem um estilo de trabalho centralizador, realiza múltiplas revisões e checagens detalhadas, inclusive em notas de rodapé. Para seus interlocutores, essa denúncia é a mais relevante de seu mandato, que se encerra em dezembro deste ano.

Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal em novembro do ano passado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, que, somados, podem resultar em uma pena de até 28 anos de prisão.

A denúncia será apresentada em lotes para agilizar a análise no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro estará no primeiro grupo de investigados formalmente acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

No círculo do ex-presidente, há a expectativa de que, após a apresentação da denúncia, o ministro Alexandre de Moraes acelere o processo e leve o caso a julgamento na Primeira Turma do STF já em março. Existe, inclusive, a possibilidade de aumentar a frequência das sessões, que costumam ser quinzenais, às terças-feiras, para dar mais celeridade à análise.

Nessa etapa, os ministros decidirão se há indícios suficientes para abrir uma ação penal contra Bolsonaro e outros investigados. Caso a denúncia seja aceita, o processo avançará para a coleta de novas provas e depoimentos de testemunhas de defesa e acusação.

Aliados de Bolsonaro mais realistas já consideram que a Primeira Turma do STF deve aceitar a denúncia por unanimidade, com os votos de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e os dois ministros indicados por Lula em seu terceiro mandato, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Levando em conta o prazo médio de quatro meses entre a abertura de ações penais e a condenação de outros acusados dos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023, a previsão é que Bolsonaro e os demais denunciados sejam julgados entre setembro e outubro.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Dados do SUS nas calculadoras de risco da saúde privada?

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Sob a lógica da especulação financeira, corporações utilizam a inteligência artificial para decidir quem recebe os melhores tratamentos – e quem fica de fora. Em nome de uma estranha “digitalização da saúde”, Brasil entrega informações a essas empresas…

Leandro Modolo e Raquel Rachid * Seção Outra Saúde - Site Outras Palavras - 11/02/2025

O ano de 2024 terminou com episódio envolvendo uma das maiores seguradoras de saúde dos Estados Unidos, a UnitedHealth (UHG). Retomando os fatos: em 9 de dezembro um de seus diretores executivos foi assassinado de chofre em plena rua na cidade de Nova Iorque, antes de sua participação no dia anual de investidores do grupo. O suspeito é um jovem americano, que deixara um Manifesto contra as empresas do setor de saúde, chamando-as de “parasitas” e mencionando o tamanho descomunal da UHG em seu país.

Não fosse só por isso, após o caso ganhar as redes sociais, “a morte do executivo desencadeou uma onda de sentimentos negativos sobre o setor e atraiu críticas ao próprio braço de seguros”. Em poucas palavras, milhares nas redes sociais saíram a favor do assassino.

Nos projéteis utilizados para execução, o suspeito deixou marcado “Deny, Defend, Depose”, cujo significado Reinaldo Guimarães resumiu aqui no Outra Saúde: “negue o atendimento da demanda para cobertura de serviço, defenda-se no tribunal se o demandante o acionar, e derrube o demandante contando com a morosidade da justiça, quando ele já pode ter morrido”.

O cenário é de uma longa crise estrutural do sistema de saúde estadunidense – um dos mais caros per capita do mundo e um dos mais inefetivos, “curiosamente” também o mais privatizado e financeirizado. Algo que, por sinal, tem feito da agenda dos negócios com a saúde uma corrida ainda mais brutal por “cortes de gastos”.

Como sabemos, uma das maneiras de diminuir custos no setor é a radicalização dos cálculos de riscos. Algumas seguradoras, por exemplo, recusam ou aumentam os preços para pessoas com histórico de doenças, por se tratarem de pacientes potencialmente mais custosos; ou classificam os perfis dos pacientes de maior “custo-benefício” para receber determinados tratamentos, priorizando aqueles com maior expectativa de vida ou chance de recuperação; ou ainda, tornam exames e consultas mais burocráticos ou caras, desestimulando a procura precoce por atendimento. Entre tantas outras possibilidades – legais e ilegais.

De acordo com um relatório recente de Investigações do Senado dos Estados Unidos, as taxas de recusas em assistência à saúde têm crescido anualmente e aceleradamente em todas as seguradoras do país, sendo justamente a UHG a campeã dentre elas – com a marca de 32% de recusa em 2024. Não por acaso, já em 2009 aproximadamente 44 mil trabalhadores e trabalhadoras estadunidenses morriam anualmente por falta de seguro médico, por desassistência deliberada – sem somar as mortes em razão do cálculo voltado ao “custo da operação”.


No Brasil, um processo semelhante
Vale constatar que mesmo no Brasil, ano passado, o MPF acolheu 300 reclamações sobre cancelamentos unilaterais de contratos e recusas de atendimento a pessoas diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) por parte de operadoras, com indícios de discriminação por cálculo de risco – risco de “pacientes custosos”. Como o defensor público André Naves disse ao Outra Saúde: “O que acontece às vezes é o plano de saúde começar a criar muitas dificuldades, muitas burocracias e às vezes até aumentos abusivos para expelir essas pessoas. Planos criam todo um cipoal burocrático ou descredenciam tratamentos essenciais, gerando tantas dificuldades que acabam levando as pessoas a saírem dos planos” – sem contar toda batalha em torno do rol taxativo.

Também podemos lembrar, como é sempre bom, que em 2019 uma das então operadoras do grupo UnitedHealth aqui no Brasil, a Amil, utilizou planilhas de orientação sobre materiais de procedimentos cirúrgicos, indicando próteses mais baratas a pacientes cujos planos não dispusessem de ampla cobertura – discriminando a priori os casos em que havia acesso a produtos de maior qualidade, ao invés de atender a recomendação do profissional habilitado e responsável pelo paciente. Se não se tratou de uma negativa propriamente, certamente tratou-se de prática de cálculo contábil para a saúde dos negócios. Ademais, ainda em 2019, um diretor médico da UHG denunciou a suposta ocorrência de uma fraude interna; sua alegação era que havia pacientes de planos mais baratos com câncer recebendo medicamentos de valor menor e de pior qualidade – inclusive não reagiam à medicação durante o tratamento. (A negligência atribuída ao grupo foi objeto de uma matéria do The Intercept Brasil.)

Com a financeirização do setor da saúde, como diz o economista Carlos Ocké-Reis, “os dados passaram a ser usados não somente para encontrar melhores tratamentos, mas para atingir o melhor desempenho da gestão clínico-financeira”. Na verdade, essa engenharia contábil, se formos ao âmago do problema, é a graxa do mundo das finanças. Falar em capital financeiro é falar de hipotecar o futuro e exigir remuneração acionária para hoje, agora. Donde o cálculo de risco é, justamente, a quantificação das incertezas capaz de tornar a especulação com futuro – e todo seu cassino – uma atividade “racionalizada” para atores de mercado.

Papo reto: no mercado financeiro, o nosso futuro, da nossa saúde, da nossa família, cidade, país ou planeta são um conjunto de números, planilhas de cálculo contábil procurando maior liquidez. Ou, como se naturalizou dizer no mundo dos CEOs de saúde: trata-se de ter uma boa “carteira de vidas”, de preferência de vidas high ticket, capaz de remunerar os acionistas com alta performance.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Frentes Populares de entidades se reúnem em São Paulo para apontar as lutas unitárias de 2025

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As articulações de entidades e partidos de esquerda e progressistas denominadas Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo realizaram nos anos recentes numerosas manifestações em torno de bandeiras democráticas e populares, em especial organizando atos políticos contra as barbaridades perpetradas pelo governo neofascista de Jair Bolsonaro. Contribuíram também bastante para sua derrota eleitoral em 2022, levando Lula de volta ao Palácio do Planalto, além de ajudar na crítica e desmascaramento do golpe de Estado tentado pela organização criminosa capitaneada por Bolsonaro em fins de 2022/começo de 2023.

No entanto, as Frentes estiveram passivas nos últimos tempos. Parece que agora resolveram sacudir a poeira e a inércia passageiras, e reuniram suas representações nacionais em São Paulo, no último 4 de fevereiro. Disso resultaram decisões importantes e um calendário de lutas e eventos para 2025.

Muito bom terem os participantes ressaltado a importância da unidade de todos para essas lutas contra a extrema-direita, neofascista, contra o imperialismo, pelo rechaço total de qualquer tipo de anistia para os golpistas de janeiro de 2023, e para que seja inteiramente implementado o programa de avanços político-econômico-sociais aprovado nas urnas de outubro de 2022.


O principal debate ocorreu acerca da possibilidade concreta de realizar um colossal Plebiscito Popular em 2025, em todo o Brasil, que traria à apreciação do povo os seguintes temas:

Tema 1 - Mundo do trabalho: Redução da jornada de trabalho e fim da escala 6x1;
Tema 2 - Tributação: Taxação dos super-ricos e isenção de IR para quem tem renda até 5 mil reais;
Tema 3 (ainda em debate se será incluído) - Crise climática e questão ambiental.

Para abordar tais temas, as entidades e partidos devem elaborar os tipos de chamadas e de perguntas do Plebiscito. A ideia inicial é realizar o Plebiscito na semana de 1 a 7 de setembro de 2025.

Também foi arrolado um Calendário unitário de datas marcantes, eventos e atividades em 2025 a ser cumprido pelas ações das duas Frentes, conforme segue:

Ø 13 a 15 de fevereiro - Centenário de Elizabeth Teixeira

Ø 8 de março - Dia Internacional de luta das Mulheres

Ø 14 de março - 7 anos do assassinato de Marielle Franco

Ø 28 de março - Jornada de Lutas da Juventude

Ø 31 de março - Ações contra Anistia para Golpistas

Ø Abril de lutas por terra

Ø Abril: Acampamento Terra Livre

Ø 10 a 13 de abril - Congresso Nacional MLB (em BH)

Ø 11 a 13 de abril - Festival MEL (Mulheres Em Luta, em São Paulo)

Ø 1o de maio - Mobilização do Dia dos/das Trabalhadores/as

Ø 7 a 11 de maio - Feira Nacional da Reforma Agrária (São Paulo)

Ø 22 de maio - Marcha da Classe Trabalhadora (a confirmar)

Ø 22 de junho - Parada do Orgulho (São Paulo)

Ø 10/07 a 31/08/2025 - Realização das Plenárias Estaduais da CUT

Ø Julho - Congresso da UNE

Ø 19 a 27 de julho - Encontros estaduais do PT

Ø 25 de julho - Dia da mulher negra latino americana e caribenhas (marchas estaduais)

Ø Agosto - Congresso da Central dos/das Trabalhadores/as do Brasil (CTB)

Ø 1 a 3 de agosto - Encontro Nacional do PT

Ø 7 de setembro - Grito dos Excluídos

Ø 14 a 17 de outubro - 17ª Plenária Nacional da CUT (São Paulo)

Ø 16 a 19 de outubro - Congresso Nacional do PCdoB (Brasília)

Ø 10 a 21 de novembro - COP 30

Ø 20 de novembro - Dia da Consciência Negra

Ø 25 de novembro - Marcha nacional das mulheres negras (Brasília)

Ø 25 de dezembro- Natal Solidário

Por que o reajuste salarial de 9% ainda não foi pago?

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Por causa do Congresso Nacional. 

Os trabalhos do Legislativo brasileiro foram retomados na 2a.feira, 3/2, e são os deputados e senadores que tem que aprovar o Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA), que foi postergado em dezembro de 2024. O reajuste dos servidores federais da Educação de 9% para este ano já foi autorizado por Lula através da MP 1286/2024, mas precisa da chancela do parlamento para ser pago.

Pelo menos, o reajuste é retroativo a janeiro/2025, porém está previsto para ser repassado aos trabalhadores por volta de abril. O PLOA ainda tem que ser aprovado pela CMO (Comissão Mista do Orçamento) e depois pelos plenários de Câmara Federal e Senado, o que deve ocorrer ao longo de fevereiro.

Um entrave para a rápida votação do PLOA reside nas árduas negociações entre Governo e congressistas em torno da liberação das emendas parlamentares, o dinheiro público com que deputados e senadores querem conceder "mimos" a suas bases eleitorais para se reelegerem em 2026, pois eles resistem a atender a regras de controle e transparência sobre esses cobiçados recursos.

Torçamos. Rezemos.
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Figura: adaptado de ilustração da APUFPR

Vasco vaia Bolsonaro em estádio no DF

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Bolsonaro no camarote ao lado do filho Flávio (com camisa do Vasco)

Em Brasília, jogaram na 4a.feira, 5/2, os times cariocas Vasco e Fluminense, pela oitava rodada do campeonato estadual do Rio. Deu na telha do genocida inelegível e de seu filho vascaíno, senador Flávio Rachadinha Bolsonaro (PL-RJ), irem ao estádio para torcer pela equipe cruzmaltina. Aboletou-se a dupla de bandidos num camarote especial, mas, assim que foram reconhecidos pelos torcedores vascaínos, começaram a ser agraciados com vaias e gritos de "Uhu, vai ser preso!".

Além de malquistos pela torcida, a dupla do clã Bolsonaro ainda é pé frio, pois o Vasco perdeu de 2 a 1 para o Fluminense. Logo depois que começaram as vaias e gritos, Jair Bolsonaro e Flávio trataram de dar o fora do estádio para ir chorar em casa.

O genocida da COVID-19 anda com insônia e com aquele orifício inferior de sua anatomia pélvica "na mão", pois a qualquer momento o Procurador-Geral da República pode oferecer denúncia contra ele ao STF, com base no Relatório-bomba feito pela Polícia Federal, e em seguida o tribunal superior da República começa a instruir o processo de julgamento, cuja sentença deverá ser a de encarceramento do ex-presidente muambeiro de joias árabes por longo tempo, ainda este ano.

No Relatório da PF, Bolsonaro é enquadrado, junto com outros indiciados, nos crimes de abolição violenta do Estado de Direito Democrática, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Por tais infrações, o genocida pode ser sentenciado a muitos anos de cadeia, e mal deve dormir, esperando aquele assustador "toc-toc-toc" da PF em sua porta às seis da manhã, para levá-lo a ferros para a penitenciária.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Representação dos TAE nos Conselhos da UFPR: afinal, quando vai ter eleição ?

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No final de 2023, uma Comissão Eleitoral designada por Portaria do Reitor chamou uma eleição para renovar a representação dos TAE nos Conselhos Superiores da UFPR (COPLAD, CEP, Curadores), pois os mandatos daqueles conselheiros estavam chegando ao fim.  Pleito mal organizado, mal convocado, pouca divulgação, quase nenhum debate na categoria...

Resultado: categoria desinformada, quorum baixo de eleitores, diferença pífia de votos entre a chapa "vencedora" e a segunda colocada (12 votos).  A Comissão Eleitoral achou preferível anular aquela eleição, com anuência das chapas.

No entanto, em 2024 não foi novamente chamada uma eleição desses representantes, e os que estavam foram ficando, por inércia, com os mandatos estendidos, embora, até onde se saiba, sem qualquer documentação autorizativa dessa prorrogação do direito de representação.  Chegaram até a participar, no segundo semestre de 2024, da reunião do Colégio Eleitoral que votou a lista tríplice para escolha do novo reitor (referendo do resultado da eleição direta vencida pelo professor Marcos Sunye).

Ainda no começo de 2024 alguns servidores TAE chegaram a levar até a então chefe de gabinete do reitor Ricardo Marcelo uma sugestão de mudança do Regimento Eleitoral, propondo a mudança do sistema de majoritário (pelo qual a chapa com mais votos fica com todos os cargos) para o proporcional (conforme o percentual de votos obtidos por cada chapa é feita a distribuição proporcional dos cargos).  Ainda assim, nada foi encaminhado, e assim persistem os mandatos estendidos por mera inércia, sem legitimidade.

Aguarda-se que a nova gestão da Reitoria resolva logo essa situação esdrúxula, e  nomeie nova Comissão Eleitoral que, espera-se, considere a mudança do sistema de majoritário para proporcional, que é o próprio para indicações de nomes a um parlamento, como o são os Conselhos Superiores.

Quando será chamada a primeira Assembleia Geral Comunitária da UFPR?

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Uma das marcas da campanha vitoriosa do novo reitor professor Marcos Sunye foi a questão do aperfeiçoamento dos mecanismos de diálogo da administração central com a comunidade universitária e da democracia interna, aspectos que teriam sido negligenciados na última gestão do professor Ricardo Marcelo.

Em grande medida, essa crítica foi acertada, pois, nos anos mais recentes, não mais se viram iniciativas como a daquela enorme Assembleia Geral, realizada no Auditório do Centro Politécnico anos atrás, para debater mas também para colocar os pregos no caixão do nefando projeto privatizante da Universidade Pública que era o dito “Future-se”, vomitado pelo egrégio ministro bolsonarista burro Weintraub. Iniciativa que se repetiu em outras IFES Brasil afora e que afastou em definitivo o risco de aprovação daquele funesto projeto.

Contudo, depois disso, nada parecido voltou a ocorrer, e, ao que parece, até mesmo os fóruns estatutários máximos de decisões – os Conselhos Superiores – não chegaram a ser palco de debates mais significativos sobre os rumos da instituição.


Pois então trata-se de colocar em curso novas iniciativas que de fato retomem o intento de se aprimorar o debate interno, a democracia universitária. Assembleias gerais comunitárias podem contribuir tanto para publicizar e democratizar informações às categorias da UFPR como para apontar os rumos citados no parágrafo acima, também auxiliando a própria administração central para tomar pulso do cenário da universidade e tomar decisões com um sentido de coletividade. Outro mecanismo democrático, no que toca a temas relevantes e polêmicos, é o da realização de plebiscitos e referendos envolvendo a todos e a todas.

Assim, espera-se que a nova gestão Sunye/Camila avalie a oportunidade mais adequada, em breve, se possível, e igualmente a preparação da própria comunidade (por exemplo, com boletins próprios, eletrônicos mas também impressos), para a implementação das ações que vão nesse sentido favorável à melhoria do exercício democrático dentro da UFPR.

Já vivemos sob o império global das BigTechs?

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No meu livro de ficção científica “
Nada Mais Será como Antes” (editora Planeta, selo Minotauro), publicado no ano passado, a trama central se desenrola no ano de 2036, enquanto o nosso querido rochedo sideral, já não tão azul, também conhecido por Terra, enfrenta a convergência cataclísmica de múltiplas crises terminais, desencadeadas em grande parte por um modo de vida totalmente insustentável”, imposto goela abaixo para toda humanidade.

Miguel Nicolelis - CNN * 12/01/2025

A sincronização de todas estas crises no ano de 2036 coloca em risco não só a sobrevivência da nossa própria espécie, mas também a viabilidade de todas as outras formas de vida orgânica ao nosso redor.

Do ápice do impacto das mudanças climáticas, que, seguindo um perfeito efeito dominó, desencadearia uma sequência devastadora de eventos mundo afora, como incêndios infernais e furacões e tsunamis jamais vistos, secas prolongadas que quebram safras essenciais e produzem escassez de água potável, queda brutal na produção de energia por fontes renováveis devido à redução do volume das suas barragens de usinas hidrelétricas e até a eclosão de novas pandemias, devido ao surgimento de novos vírus até então desconhecidos da Humanidade, devido ao derretimento das geleiras do Pólo Norte e da Groenlândia! Sim, ela mesma: a Groenlândia! Trump que me perdoe!


Todavia, tragédias como as enchentes no Rio Grande do Sul, a seca épica na região amazônica e os incêndios estarrecedores em Los Angeles neste começo de 2025 começaram a me dar a impressão que, ao invés de ser apenas um livro de ficção científica, o meu enredo tenha rapidamente se transformado num ensaio jornalístico do estado caótico por que passa a Humanidade neste exato momento em que esta coluna está sendo escrita. Ou seja, no presente presentíssimo!

O que era apenas uma desconfiança se transformou em quase certeza quando duas das outras crises existenciais preditas no meu livro para eclodir por volta de 2036 passaram a se tornar totalmente explícitas no nosso momento atual. Na realidade, estas duas crises estão intimamente conectadas, pois uma serve como instrumento fundamental para a manifestação do verdadeiro plano de negócio da segunda. Eu me refiro à primeira como uma serpente – uma Mamba1 Digital, me parece ser a imagem apropriada – de duas cabeças que eu denominei como o “vírus informacional” e a sua gêmea siamesa, conhecida como “a dependência digital”.

Desta Mamba digital de duas cabeças emana o combustível que alimenta a maior de todas as crises previstas na minha ficção científica, mas que claramente está começando a sair da proverbial toca com 11 anos de antecedência. Eu me refiro a um plano de dominação global engendrado pelos Overlords das BigTechs, ou, se vocês preferirem, um “hostile takeover”2 alinhavado pelos cardeais do Culto da Máquina em associação com seus parceiros no mundo das altas finanças, que visa tornar obsoleto os mecanismos tradicionais de governança e funcionamento dos Estados nacionais – incluindo executivo, legislativo e judiciário – por todo planeta...

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1Uma espécie de cobra, muito venenosa.
2Em inglês, “posse hostil”.

Iluminando o "Fator X" do cérebro

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Mesmo antes de os cientistas finalizarem o sequenciamento do genoma humano inteiro, de ponta a ponta, em 2022, pesquisas do Estudos da Associação Genoma Ampliado (GWAS) estavam proporcionando um insight extraordinário para a complexa interação entre genética, saúde e doença. 

Porém, tais estudos frequentemente ignoram a influência do cromossomo X em suas análises, assim deixando de lado colossais 5% de todo o genoma humano. Em anos recentes, os pesquisadores descobriram que esse negligenciado cromossomo joga papel proeminente na conformação do cérebro.

Um estudo de 2021 publicado na “Nature Neuroscience” descobriu, por exemplo, que o cromossomo X exerce uma influência surpreendentemente poderosa em diversas estruturas cerebrais. Conforme o chefe das pesquisas Armin Raznahan disse ao “The Transmitter”, “Já havia algumas indicações de que o cromossomo X provavelmente tinha sua visibilidade própria”. Contudo, ao passo que era já conhecido que muitos genes ligados ao cromossomo X – incluindo aqueles implicados em patologias como a Síndrome do X Frágil e a Síndrome de Rett – tem sua expressão no cérebro, a nova pesquisa revelou que o cromossomo também mantém uma influência mais forte do que a esperada sobre o córtex pré-frontal, o córtex sensório-motor e a junção temporoparietal – regiões envolvidas em funções como atenção, tomada de decisões e habilidades sensoriais e motoras. O impacto sobre a anatomia cerebral é particularmente diversificado e significativo em homens, que em geral somente tem um cromossomo X, enquanto a maioria das mulheres possuem dois.

Um novo estudo da “Science Advances”, que examinou dados de imageamento cerebral de quase 40 mil participantes no Biobank do Reino Unido lançou ainda mais luz sobre o cromossomo X e sua enorme influência sobre o cérebro. Os autores focaram em um processo chamado inativação do X, no qual uma das cópias desse cromossomo é silenciada – o que assegura que pessoas com par XX e pessoas com par XY tenham níveis similares de expressão dos genes ligadas ao cromossomo X. Mas esse silenciamento não é absoluto e, descobriram os autores do estudo, certas partes do cérebro recebem uma dose mais alta [da expressão] dos genes ligados ao X do que outras. A equipe de pesquisa também identificou associações entre localizações dos genes no cromossomo X e várias patologias relacionadas ao cérebro, inclusive esquizofrenia.

Outra pesquisa recente revelou que, quando se trata de impactos sobre o cérebro, nem todos os cromossomos X são criados por igual. De acordo com novo estudo na “Nature”, camondongos fêmeas que expressam genes somente do cromossomo proveniente da mãe mostram envelhecimento mais rápido do cérebro do que aqueles herdados de ambos os pais – e isso potencialmente ajudaria a explicar as diferenças de gênero em doenças como o mal de Alzheimer.

No geral, esses achados estão contribuindo para colocar esse tão negligenciado cromossomo sob os holofotes – e, com esperança, inspirar futuras pesquisas. Segundo coloca Raznahan, “Apreciaremos se esse trabalho, de algum modo, contribuir para encorajar as pessoas a estudarem mais o cromossomo X”.

Artigo completo na "Science Advances":

https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.adq5360?utm_source=sfmc&utm_medium=email&utm_campaign=ScienceAdviser&utm_content=dive&et_rid=983775177&et_cid=5513512

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Fonte: Science Adviser - 31/01/2025