Com algo como quinze quatrilhões de aranhas à nossa volta no planeta, não temos como escapar delas. Podemos então aprender a amá-las?
The New Yorker - 20/02/2025
Kathryn Schulz é, como tantos de nós, tendente a ficar petrificada com aqueles bichos de oito patas, frequentemente canibais venenosos que vivem em nossas casas. "Meu sentimento sobre aranhas era o oposto do sentido diante daqueles posters com as caras de bandidos procurados do Velho Oeste: eu não as queria mortas ou vivas", escreve ela, num artigo para o fascículo do centenário da revista The New Yorker. No último outono ela decidiu enfrentar seus medos, selecionando "As vidas das aranhas", livro escrito por Ximena Nelson, professora de comportamento animal. "Em parte um livro-texto, em parte enciclopédia, um livro para a mesa do café das pessoas cujo gosto para decoração é tosco", escreve Shulz, mas o livro é rico em detalhes científicos e desperta um "entusiasmo cativante embora não inteiramente contagiante" acerca do mundo aracnídeo.
Schulz aprende muitos fatos divertidos sobre aranhas: que elas, coletivamente, comem pelo menos 226 milhões de quilos de carne por ano (mais do que o consumido por seres humanos); que elas tem uma propensão para o canibalismo pós-coito; que uma das muitas espécies de aranha vive debaixo d'água, apensando uma bolha de ar à sua teia; que algumas delas são capazes de viajar centenas de milhas em um paraquedas feito de sua própria teia, ocasionalmente aterrisando em navios no meio do oceano. Ela está se achegando às aranhas - ao menos teoricamente. "É humilhante ver uma criatura que eu sempre xinguei se apresentar tão belamente", Shulz percebe. "Humilhante, também, ser lembrada de que nenhum de nós deve jamais esquecer que refletidamente odiar qualquer coisa que parece estranha para nós é o começo da maldade".
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Comentário do Editor deste Blog: desde jovem, tinha medo de aranhas, numerosíssimas em minha casa de infância. Mas também tinha curiosidade e admiração. Por isso, capturei uma espécie de aranha de jardim (não uma aranha marrom) e criei para ela um pequeno terrário, que conservava em meu quarto, em um canto da estante. Sendo também abundantes as moscas domésticas, nunca faltou alimento para minha aranha pet, que ficou bem gordinha. Batizei-a Elizabeth, nome da primeira namoradinha de escola, que tinha se mudado de cidade, partindo meu coração. A Elizabeth de meus aposentos morreu naturalmente, de idade avançada.
Comentário do Editor deste Blog: desde jovem, tinha medo de aranhas, numerosíssimas em minha casa de infância. Mas também tinha curiosidade e admiração. Por isso, capturei uma espécie de aranha de jardim (não uma aranha marrom) e criei para ela um pequeno terrário, que conservava em meu quarto, em um canto da estante. Sendo também abundantes as moscas domésticas, nunca faltou alimento para minha aranha pet, que ficou bem gordinha. Batizei-a Elizabeth, nome da primeira namoradinha de escola, que tinha se mudado de cidade, partindo meu coração. A Elizabeth de meus aposentos morreu naturalmente, de idade avançada.
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