A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas, incluindo ex-ministros e militares de alta patente, por tentativa de golpe de Estado. A acusação formal inclui crimes como liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e deterioração de patrimônio tombado.
Blog do Esmael - 18/02/2025
A denúncia, assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, detalha um suposto plano coordenado por Bolsonaro e seus aliados para reverter os resultados das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Se a denúncia for aceita pelo STF, Bolsonaro e os demais envolvidos se tornarão réus e enfrentarão um processo penal.
O que diz a denúncia da PGR?
De acordo com a PGR, Bolsonaro teria conhecimento e anuído com o plano, batizado de “Punhal Verde Amarelo”, que previa ataques às instituições democráticas e até mesmo o assassinato de autoridades, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes e o presidente eleito Lula.
A peça acusatória menciona uma escalada retórica contra a democracia desde 2021, intensificada após a anulação das condenações de Lula e o início da campanha eleitoral de 2022. O documento também relata que, após a derrota nas urnas, Bolsonaro se reuniu com militares e assessores para discutir medidas que pudessem impedir a transição democrática do governo.
Entre as ações planejadas, estariam:
*A promulgação de um decreto para anular as eleições;
*A prisão de ministros do STF e do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco;
*A mobilização de militares para garantir a permanência de Bolsonaro no poder;
*A criação de um gabinete paralelo para governar o país sem o Congresso e o Judiciário.
Quem são os denunciados?
Além de Bolsonaro, a PGR denunciou 33 pessoas ligadas ao governo e às Forças Armadas. Entre os principais nomes estão:
- General Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Bolsonaro em 2022);
- General Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF);
- Alexandre Ramagem (ex-diretor da ABIN e deputado federal pelo PL);
- Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso);
- Valdemar da Costa Neto (presidente do Partido Liberal, legenda de Bolsonaro);
- Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha);
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (ex-comandante do Exército).
A PGR argumenta que os acusados dividiram-se em núcleos estratégicos para executar o plano golpista:
- Núcleo de Desinformação: responsável por disseminar mentiras sobre fraudes nas eleições.
- Núcleo Militar: encarregado de pressionar os comandos das Forças Armadas a aderirem ao golpe.
- Núcleo Jurídico: criador de minutas ilegais para justificar a ruptura democrática.
- Núcleo Operacional: responsável pela mobilização de manifestantes e financiamento de atos antidemocráticos.
- Núcleo de Inteligência Paralela: encarregado de monitorar adversários políticos e autoridades.
- Núcleo Coercitivo: teria planejado ações violentas, incluindo o assassinato de Lula e Moraes.
Bolsonaro pode ser preso?
Se a denúncia for aceita pelo STF, Bolsonaro se tornará réu e enfrentará um processo penal. A tramitação pode levar anos até uma eventual condenação, mas há possibilidade de prisão preventiva, caso a Justiça entenda que Bolsonaro representa risco à ordem pública ou pode interferir no andamento das investigações.
A legislação prevê penas de:
- Golpe de Estado: 4 a 12 anos de prisão;
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito: 4 a 8 anos de prisão;
- Organização criminosa: 3 a 8 anos de prisão.
Além disso, medidas cautelares podem ser aplicadas, como o uso de tornozeleira eletrônica, bloqueio de bens, proibição de deixar o país e restrição de contato com outros investigados.
O que acontece agora?
O Supremo Tribunal Federal analisará a denúncia e decidirá se abre ou não ação penal contra Bolsonaro e os demais envolvidos (decisão a cargo da 1a. turma do STF). Se a denúncia for aceita, e aberta a ação penal, começa o julgamento propriamente dito, o ex-presidente responderá formalmente como réu e poderá ser condenado ao final do processo.
A situação do ex-presidente se agrava com a série de investigações em curso, incluindo o caso das joias sauditas e o uso da estrutura do governo para atacar adversários políticos. O cerco jurídico sobre Bolsonaro se fecha, e sua permanência na cena política depende das decisões que serão tomadas pelo STF nos próximos meses.
Clique aqui para ver a íntegra da Denúncia da PGR (272 páginas).
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