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domingo, 12 de julho de 2020

Hora de perdoar a Globo

Sabemos que a Globo deseja um Guedes sem Bolsonaro, simplesmente porque o Capitão não topou ajoelhar no "templo da Lopes Quintas".

Por Ricardo Capelli, no Jornal GGN

Nós sabemos que compromisso com a democracia nunca foi o forte da Rede Globo. Eles apoiaram o Golpe de 64 e levaram 49 anos pra se arrepender. Antes tarde do que nunca.

Na primeira eleição democrática após os anos de chumbo, a Globo manipulou de forma vergonhosa a edição do último debate presidencial para favorecer um aventureiro, deposto menos de 2 anos depois.

O saudoso Armando Nogueira, jornalista de verdade, não aceitou tamanha infâmia.

Foi a parceria irresponsável da Globo com a “República de Curitiba” que destruiu a política. Ela foi cúmplice de vazamentos ilegais e de todo tipo de ataque ao Estado Democrático e de Direito. Assassinou reputações, destruiu [as figuras jurídicas] do trânsito em julgado e da presunção de inocência.

Mais grave, dilacerou famílias e destruiu lares. Suas digitais estão marcadas no assassinato do Reitor Cancellier [da UFSC].

Exigiu a prisão do maior líder popular do Brasil sem provas. Fez de sua televisão o comitê de campanha para derrubar uma presidenta séria e honesta. Sem a Globo e seu pupilo Moro não haveria Bolsonaro. Nós sabemos disso.

Mas a Globo não é só isso. A emissora também é Caco Barcellos, Kennedy Alencar, Ilze Scamparini e Heraldo Pereira, gente que faz jornalismo de verdade. A Globo também é André Risek, Clayton Conservani, Carol Barcellos e Tino Marcos.

A emissora tem gente da qualidade democrática de Casagrande e Fernanda Montenegro, encarnação viva da cultura que tanto nos orgulha.

A Globo é muito poderosa. E luta por seus interesses. Nós queremos a “Lei dos Meios”, um simples “copia e cola” da regulação existente nos EUA e na Europa. Ela nos chama de “controladores”. Nós queremos governos com participação popular, ela chama isso de “desvio autoritário”.

Nós sabemos que a Globo deseja um Guedes sem Bolsonaro, simplesmente porque o Capitão não topou ajoelhar no “templo da Lopes Quintas”.

E que pode estar se movendo apenas em função da ameaça crescente aos seus negócios. Netflix, Google, Facebook e YouTube caminham para engoli-la.

Mas, minha gente, nada é pior que Bolsonaro, um claro fascista genocida que ignora 70 mil mortes e que está destruindo a economia brasileira. O "capitão cloroquina" não tem qualquer limite em sua marcha autoritária.

Vamos dispensar o apoio da Globo? Não é razoável. Os petardos disparados pelo Jornal Nacional são fundamentais para desgastar a popularidade do presidente e impedir o pior.

É aquela velha máxima, pra conter o pior vale aliança com qualquer um. Como dizia o velho Mao Zedong, “contradições principais e contradições secundárias”. Uma de cada vez.

Menos fígado e mais política. Hora de perdoar a Globo.

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